domingo, 2 de dezembro de 2012

Capítulo 8 (Opúsculo-A Paródia)


8. O CEMITÉRIO

CAMINHAMOS JUNTOS, NOSSOS DEDOS INDICADORES romanticamente entrelaçados. O cemitério
crescia  à  nossa  frente,  encoberto  pelo  escuro  nevoeiro  da  noite,  iluminado  somente  por  um  facho de  luar.
Crepúsculo! Quero dizer, Opúsculo.
Eu podia sentir a excitação borbulhando dentro de mim. Sim, minha conquista romântica estava finalmente
chegando à realização. Provaria a Edwart que eu era merecedora de me tornar uma vampira por levá-lo a um
lugar que tangencialmente tinha a ver com vampiro! Era um plano perfeito.
Cara, meu pai e minha mãe ficariam surpresos! E o pessoal em Phoenix! Pelo fim da noite, não apenas seria
uma vampira, mas
final mente
teria a parte de cima da minha orelha furada. Antes que Edwart me mordesse,
eu ia pedir que ele apertasse minha mão com força
e
cravasse uma presa através da cartilagem da minha orelha
esquerda. Eu Esperava que ele tivesse trazido um brinco hipoalergênico com ele. Ficava imaginando o que o
pessoal da escola pensaria quando visse me novo Eu. Poderiam pensar: "Ahhh! Uma vampira! Empalhem-na!
Mas,  quando  estávamos  nos  aproximando  do  portão,  Edwart  começou  a  ficar  desconfortável,  minha
primeira pista de que algo estava terrivelmente errado. Nosso  passo  tinha se transformado  em  arrastar-se e,
quando  olhei  para  ele,  percebi  que  até  o  seu  andar  estava  se  tornando  anormal.  Ele  estava  cambaleando
atabalhoadamente  e  apertando  seu  estômago  com  uma  expressão  estranha  no  rosto  -  a  expressão  de  um
morcego, cambaleando pelo cemitério em suas patas traseiras. Para ser honesta, era isso o que a maioria das
expressões de Edwart me lembrava.
- O que há de errado, Edwart? - perguntei.
- Temos de atravessar o cemitério? São os meus remédios. Faz dois dias que não os tomo e qualquer coisa
que cause medo me faz ficar nauseado. Na verdade, qualquer coisa que cause emoção me deixa nauseado.
"Por que o medo seria um problema?", fiquei imaginando. Estávamos indo a um cemitério, o Playcenter dos
vampiros! Mas eu sabia que tinha que desempenhar o papel de namorada atenciosa.
-  Vamos  encontrar  um  lugar  onde  você  possa  se  deitar  - eu  disse  com  um jeito  maternal,  mas  também
sedutor.  Peguei  na mão  dele e  o arrastei através  do portão, mas  ele se  agarrou  a  uma  das barras do por tão
lutando teimosamente. Eu soltei seus dedos um por um, enquanto ele choramingava. Finalmente, usando todo
o meu peso, fui capaz de empurrá-lo para o lado de dentro do portão. Tínhamos entrado no cemitério ou, como
eu  presumia  que  os vampiros  o  chamassem,  o  ce-mi-tenha-tério.  (Mais  tarde descobri  que,  de  fato,  eles  o
chamam de cemitério.)
Enquanto Edwart falava alguma coisa (quem saberia sobre o que ele estava falando? Quem escutaria? Ele
era adorável, de qualquer modo), balancei nossas mãos entrelaçadas um pouco, colocando minha outra mão
sobre  sua  boca  afetuosamente.  Imaginei  como  eu  ficaria  depois  que  a  transformação  tivesse  acontecido.
Poderia provavelmente vestir  leggings  como  calças  todos  os dias, e  ninguém  diria nada  porque  as pessoas
teriam medo  que  eu  as  mordesse.  Qual  seria  meu nome  especial?  Provavelmente  Alice,  porque  esse  é um
nome sonoro para um vampiro. Qual seria o meu podei especial? Provavelmente . beber sangue sem precisar
de sal de frutas.
O  astral  era  perfeito.  Encoberto  pela  luz  sombria,  o  cemitério  parecia  gritar:  "Chupe  o  sangue  de  sua
namorada! Ela está pronta! Ela quer! Você não precisa empregar nenhuma energia. Tudo o que precisa fazer é
abrir sua  boca  e  a  garota pode  colidir  com  o  seu dente  se você estiver  cansado".  -  Assim que  percebi  que
estava gritando isso no ouvido de Edwart, parei e polidamente me desculpei, dando um  passo atrás para lhe
dar espaço.
Depois de um último olhar nervoso para as sepulturas, ele me puxou para perto dele.
- Não... saia.... do... meu... lado - ele gaguejou, apoiando-se em meu braço e enterrando a cabeça embaixo
do meu ombro. Pareceu natural. Examinei os arredores e mentalmente formulei uma descrição deles. Túmulo
após  túmulo  emergia  da  relva.  Era  como  uma  formação  de  soldados-túmulos,  alinhados  num  batalhão  de
túmulos de proporções  tumulares.  Uma visão realmente tumular.  Acho que havia  algumas árvores e  outras
coisas.
Enquanto  caminhávamos  ao  longo  dos caminhos  sinuosos,  tive  um  pensamento.  Foi um pensamentinho,
dito por uma vozinha interior, como aquela que pergunta se você está com medo, você diz que não e ela diz
que
se tentar  se livrar  de  mim  viverá para se  arrepender.
Meu pensamento foi:  o que  acontece se  eu  me
tornar uma incrível vampira sedenta de sangue? O que acontece se essa for a única razão para Edwart não ter
me mordido e, dessa forma,  destruído minha alma? E o que aconteceria se, quando a mãe dele me ofereceu
torta de pêssego, eu não tivesse comido pedaço após pedaço até não sobrar nenhum, enquanto a família dele
observava com olhos famintos?

Talvez  eu  não  devesse  ter  comido todos  os  cachorros  quentes também? Mas  não  seria rude  deixar toda
aquela comida humana desperdiçada? Ainda não sei porque, depois de fazer um prato de comida para mim,
Ava havia servido os membros de sua família vampira também  Era terrivelmente suspeito. E se eu não tivesse
tido vontade de andar em torno da mesa, empilhando a  comida sobre o meu prato?
-  Edwart -  eu disse, decidindo  que já era  hora de  ser  direta. -Se eu fosse  uma vampira, não teria nenhum
problema para resistir ao sangue das pessoas, mesmo o de Lucy. Sei que disse a você que, se alguma vez eu
me tornasse uma vampira, a primeira coisa que faria seria convidar Lucy para um filme de ação num cinema
escuro e deserto, mas eu estava brincando. Com toda a seriedade, a primeira coisa que eu faria seria morder
um  belo arbusto  de  rododendro e ganhar um Prêmio Nobel por  criar um  tipo de flora imortal que  pudesse
sobreviver até mesmo em desertos.
- Belle  -  ele disse, tomando minhas  duas  mãos.  - Se  não nos sentarmos,  eu  vou  vomitar.  Não sei exatamente  o  que,
pois não comi nada hoje além de tomar um refrigerante de laranja, mas poderia ser qualquer coisa do meu rim para meu
outro rim.
- O.k.
Depois de  vinte  minutos de  passeio  enluarado,  a gente    se instalou  sobre  a sepultura de  aparência  mais confortável
que pude encontrar, que estava coberta de couro aveludado. "James C. 'Rei do Couro' Murphy, 1906-1975, Rei do Couro
e também proprietário de uma Loja de Artigos de Couro", dizia.
A  gente  se  ajeitou ali  e  começamos  a  desfrutar  do  romance  um com  o outro, quase  como  se tivéssemos  uma  brasa
morna dentro de nós. É assim que os adultos casados se sentem o tempo todo.
- Edwart - eu disse - Sou muito grata por estar aqui com você -Está se sentindo melhor?
- Sim, Belle. Muito melhor.
Sorri  para  mim  mesma  e  para  minha  futura  imagem  de  vampira.  Estava  feliz,  lembrando  o  quanto  tinha  sido
constrangedor  para  esta  garota que  o pai  dela  fosse  muito  mais  velho  que os  outros  pais  na  oitava  série.  Edwart  e  eu
nunca ficaríamos velhos.  Comecei a reaplicar  meu  perfume de
grapefruit
para que meu sangue  não  tivesse um gosto de
sem-banho-há-semanas quando ele me mordesse.
- Que cheiro é esse?
Grapefruit? -
Edwart perguntou. Eu estava surpresa por ele não ter perdido a memória a respeito
da  comida  humana, como a  maioria dos vampiros. Mas,  ao  mesmo  tempo,  não estava  surpresa:  eu  realmente  cheirava
muito a
grapefruit.
-
Você adora mesmo estar entre todos esses mortos? - perguntei, apontando para os arredores.
- Bem, para ser honesto, realmente acho essa parte um pouco estranha. O que eu mais queria era sair deste cemitério,
ter a  certeza de que  você chegou segura  em  sua  casa e  então me aconchegar em  minha  cama  com um  copo  grande  de
refrigerante diluído.
Que gentileza a dele, dizer algo que não fazia sentido um vampiro dizer. Casualmente, estendi meu pescoço para ele,
banhando-o na luz da lua.
- Tudo bem com o seu pescoço? - ele perguntou.
- Não sei. Está? O que você acha, Edwart? - massageei o pescoço
sugestivamente, sugerindo que tinha dormido sobre
uma pilha de carvões.
- Está doendo? - ele perguntou.
Eu tinha de pensar depressa. Ele queria que doesse? Será que era uma dessas coisas estranhas de vampiro,
que eles preferiam morder pescoços
que doem, da mesma forma que minha mãe sempre me dizia que você
sabe quando uma fruta está madura porque parece que ela dói?
-  Hum,  s-sim  -  gaguejei,  silenciosamente  agradecendo  pelos  motivos  que  me  levaram  à  aula  de
improvisação que tive no último verão. - Dói. Dói terrivelmente.
Então, algo mágico aconteceu. Edwart apalpou meu pescoço r logo percorreu meu corpo todo. Agarrei seu
dedo,  intoxicada  pela carícia,  e  lutei  por mais  ar  como  um  peixe  fora d'água  luta por  menos ar. Ele  deu
alguns  tapinhas  no  meu  pescoço.  Imaginei  se  ele  estava  colocando  álcool  nele,  do  mesmo  modo que os
médicos fazem antes de aplicar uma injeção.
- Como está agora? Ele perguntou.
- Feliz  - a verdade é:  a sensação era completamente indescritível. Um canteiro de amoras silvestres: era
como eu a descreveria.
- O.k., ótimo! - ele disse e parou. - Foi rápido!
- Oh, hum,  sabe de uma coisa? - eu disse, improvisando outra vez. - Está doendo de novo. Pior. Muito,
muito pior. Tive uma idéia! Você poderia
me morder
e então
eu nunca sentiria dor outra vez.
Ele  me olhou como  se  eu estivesse  louca  - louca  de  paixão  já  que  na  mesma  hora  o  chão  começou  a
tremer violentamente.
- O que está havendo? Isso é parte do processo de transformação? - perguntei, um pouco enervada.
- Um terremoto? - Edwart sugeriu, com o raciocínio friamente calculado de um vampiro.
De repente, o chão se abriu embaixo de nós, partindo a lápide ao meio e, da tumba, emergiu uma figura
com presas manchadas de sangue e uma capa preta, cuja gola alta e curva era impecávelmente justa, numa
óbvia provocação às modernas tendências da moda.
- V-v-você é... o Rei do Couro? - consegui perguntar.
- Não - disse a figura. - Não me reconhece, sério?
Olhei para ele mais de perto: a face pálida, a capa, os olhos
ver
melhos
, as presas ridiculamente grandes.
Não conseguia situá-lo em m minha memória.
- Hum, conheço você do trabalho? - esforcei-me para lembrar se ele era um de meus colegas de trabalho.
Esforcei-me para lembrai
eu tinha um trabalho.
SE
- Santa tumba, Belle! Eu me sentava perto de você todo dia na aula de Inglês.
- Sinto muito. Todos os rostos da escola ficam misturados para mim num conglomerado sem graça, exceto
o de Edwart Mullen amor da minha vida.
Ele aplaudiu vagarosa e sinistramente.
- Bem, parabéns a
vocês dois
ele disse. Espero que tenham uma vida realmente feliz para sempre em sua
doce casinha atrás de um gramado primorosamente aparado. O que vocês dois têm é especial, sabem de uma
coisa?
Realmente
especial. Estamos todos com muita veja do amor avassalador de um pelo outro.
- Obrigada.
-  Para ir direto ao ponto,  sou  Joshua.  Um vampiro. Não  pretendo ser rude, mas estão invadindo minha
propriedade tumular. Sinto muito por tudo isso, Belle. Honestamente, acho você é muito atraente, embora
não use maquiagem ou preste atenção à moda. Para fazer uma confissão, eu tinha a intenção de convidá-la
para o baile de formatura na primeira  semana  de escola. Mas agora terei de tirar suas vidas, infelizmente,
para me alimentar.
Fiquei  frustrada.  Outro  vampiro?  Pensei  que  fazia  sentido;  os  estados  do  noroeste  do  Pacífico  eram
conhecidos por suas leis permissivas
a respeito de monstros.
Ao  meu  lado,  Edwart  gritou  e  cobriu  os  olhos,  provavelmente  dualizando  seu  triunfo  sobre  aquele
vampiro exibido. Relaxei, confortavelmente me acomodando dentro da sepultura, pronta para observar o que
toda garota espera ver um dia: uma luta de vampiros na vida real.
- Não tão depressa, Josh - eu disse. - Corte-o em pedacinhos e queime tudo, Edwart!
-
O què?
Por  que  eu  faria isso?  -  ele ponderou e então  me  deu  m  olhar penetrante.  -  Não! Não  estou
ponderando isso, Belle! Estou rindo histericamente agora. Estou experimentando o maior medo que já senti
na minha vida.
Edwart estava tremendo visivelmente. Acho que isso acontece quando vampiros vegetarianos ficam sem
comer um urso por um tempo ou algo assim.
-  Edwart,  não  temos  tempo  para  outra  DR
Existe  outro  vampiro  agora  e  não  acho  que  ele  esteja
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familiarizado com
A
ética do que
comemos,
de Peter Singer.
_ Outro vampiro? - ele olhou paia trás.    - Onde está o primeiro? - ele gaguejou, mais provavelmente de
fome.  Ele me  deu  outro  olhar  penetrante.  - NÃO!  Pare! Não  estou gaguejando  de  fome!  Isso não  faz  o
menor sentido.
- Vamos lá, Edwart — bajulei. - Ele é um vampiro, você é um vampiro: ao trabalho!
- Pare, Belle! Isto é sério, não é um bom momento para RPG
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- RPG?
- É, RPG. Como daquela vez que fingimos que eu poda erguer o carro de Tom Newt ou quando fingimos
que eu podia alcançar velocidades superiores a 160 km/h. Ou quando tive que usar dentes de vampiro e dizer
a você o  quanto desejei esvaziar  todo o seu  sangue quando  bati os  olhos em você  pela primeira vez - ele
congelou. — Ei. Algumas dessas coisas estão começando a
fazer sentido.
Voltei-me para Joshua, sinalizando que precisávamos de um tempo para trabalhar aquilo.
- Você sabe de uma coisa? - Joshua disse. - Embora eu seja um vampiro de verdade, o que significa que
por natureza sou frio e muito temperamental, darei a vocês algum tempo. Não se importem comigo, ficarei
bem aqui, silenciosamente me enfurecendo e lampejando os olhos.
-  Então,  esse  tempo  todo  você  pensou  que  eu  era  um
vampiro!
—  Edwart  sussurrou  furiosamente,
puxando-me algumas polegadas para a esquerda.
- Claro - eu disse. — Você sabe, o leão apaixonou-se pelo cordeiro...
- O quê?
- Desculpe. É mais fácil para mim se eu explicar em termos animais!
- Então você pensou que eu era um... cordeiro?
- Não, um leão. Ou, você sabe, você era o tubarão e eu, a foca
Ele olhou para mim inexpressivamente.
- O.k. - tentei outra vez. - Você é a girafa e eu, a folha.
- Você está terminando comigo? - ele perguntou baixinho.
- Claro que não — eu disse ternamente. - Só se você não fosse um vampiro.
- Mas eu não sou um vampiro.
- Mas... você é um controlador compulsivo. Como um vampiro.
-  Você
me fez
mandar em você! E, já que  estamos  sendo  honestos, você é minha primeira namorada  e,
antes de conhecer você, eu tinha dúvidas se eu tinha os músculos da boca necessários para falar em  voz alta.
Senti toda minha hierarquia de monstro, com Edwart Vampiro no topo, realinhar-se dramaticamente.
- Mas e quando conversamos  sobre  os diferentes tipos de sangue e você ficou falando sobre  como cada
um tinha seus méritos únicos, da mesma forma que diferentes tipos de vinho, e fez um discurso de quinze
minutos sobre  homogeneização  do sangue?  E então  enveredou por  um  elaborado truque  de  memorização
sobre  os  vários  passos  a  se  dar  quando  se bebe  sangue? Você sabe, os  cinco Ss:  salivar, sugar,  sorver...
sorver outra vez... e então...
- Saborear.
- É saborear.
- Não havia outro?
-Acho que sim. Tenho isso anotado em umas fichas lá em casa.
-  Então, como você não é vampiro?  - perguntei, propositadamente  não  dando inflexão à minha voz no
final da pergunta, par a obter um efeito de advogado.
- Belle, eu... sinto muito. Não sou um vampiro. Sou somente um bebedor
social
de sangue. Gosto de meus
hambúrgueres
mal passados.
-  Ok, estamos todos prontos? - perguntou Josh, atirando outra toupeira murcha em uma pilha.   Como é
civilizado,  pensei,  ter  um  lugar  designado  para  os  restos  dos  aperitivos,  assim  como  um  bom  anfitrião
oferece uma vasilha para os rabos dos camarões.
- Acho que sim — eu disse. - Agarre-o, Edwart!
-  Não,  Belle,  não  posso  lutar  com  um  monstro!  Nunca  estarei  à  altura  de  suas  fantasias  anormais  e
perversas!
Aquilo doeu. Muitas adolescentes desejariam que seus namorados fossem vampiros. Durkheim culparia os
valores da sociedade por isso. Eu quase concordava que o problema  vinha de outro lugar externo  ao meu
cérebro.
- Estou dando o fora daqui! - Edwart disse, começando a recuar. - Se você me ama, vamos!
- Mas, Edwart! - eu gritei atrás dele. - Temos de derrotai este vampiro! Você vai me deixar aqui sozinha
com ele?
- Não é isso que você quer?
Bem,  isso  esclareceu  tudo.  Um  vampiro  de  verdade  teria  sugado  meu  sangue  enquanto  dizia  isso.
Observei  enquanto  Edwart  desaparecia  na  neblina,  dessa  vez  não  de  maneira  mágica,  mas  numa  sonora
queda, significando que tinha tropeçado numa lápide. Josh e eu observamos quando ele reapareceu, saltando
sobre  as lápides  enquanto  corria.  Cada  vez  que  caía,  ele  gritava,  olhando  para  nós  por  sobre  o  ombro  e
tornando-se a levantar sobre seus pés tortos.
Josh e eu ficamos sentados lá, em um silêncio constrangedor que rapidamente se instalou. Peguei minha
pequena mochila de lembranças de Edwart. Detestava fazer isso na frente de um estranho, mas
precisava de
algum alívio. Com determinação, comecei a queimar os itens, um por um: meu relatório de Biologia, meu
Drácula de pelúcia, um toco de lenha que cortei durante nossa subida à montanha, o chumaço de cabelos que
arranquei da garçonete no Buca di Beppo. Eu me senti bem melhor depois disso.
- Humm - eu disse animadamente. - Devemos contar histórias de fantasma?
-  Não  estou  certo  de  que  você  esteja  consciente  do  perigo  de  sua  situação,  Belle.  Veja
bem:  sou  um
vampiro faminto e amoral e você, uma garota mortal vulnerável e cheia de sangue. Apesar de tudo, gostaria
de partilhar com você uma história de fantasma. Eu chamo essa história de "O Conto do Medalhão de Muito
Tempo Atrás" - Josh disse, com uma voz trêmula f antasmagórica.
Eu já havia escutado essa história antes com certeza. Comecei a  assobiar para me impedir de cair no sono.
- Qual é o problema? - perguntou Josh. - Não está interessada? É uma história
realmente
assustadora.
- Sei que é. Eu a vi num episódio de
Você tem Medo do Escuro?
Josh olhou para mim com raiva.
- Que pena - ele disse. – É  muito ruim que você saiba tanto sobre histórias de fantasma. Diga-me, você
sabe quais os melhor es  meios de sobrevivência  para uma garota mortal  quando um vampiro avança?  - ele
perguntou, avançando.
Bocejei.
- Sim, acho que vi esse episódio também.
Ele se inclinou para mais perto.
- Corra. A resposta é corra - ele disse, encolhendo se na posição de pré-ataque.
De repente, entrei em pânico, saindo da posição de pós-ataque. Estava errado, tudo errado! Eu devia ser
mordida  por  Edwan  e  me  tornar  eu  mesma  uma  vampira!  Não  deveria  ser  mordida  por  outro    vampiro
estranho  e  morrer!  Todo  mundo  sabe  que  existe  uma  fina  e  melindrosa  linha  entre  a  vida-eter na-como-
vampira e a morte-como-uma-humana.
- Espero que goste de morrer - disse Josh, calmo e confiante da mesma maneira com que você falaria com
suas batatas amassadas
Quando ele deu outro passo em minha direção, pelo canto do olho vi Edwart, machucado e amarfanhado,
depois de finalmente  ultrapassado todas aquelas lápides, fugindo pelo portão enquanto Joshua se inclinava
para me morder.

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