4. PESQUISAS
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QUANDO EU CHEGUEI
EM CASA NAQUELA
TARDE, DISSE A
meu pai que
eu tinha um
crime a
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resolver, para que ele me deixasse sozinha. Estava
contente de ter estabelecido aquela agência de detetives no
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ultimo verão chamada
Belle Goose solta . Fiz
panfletos com um desenho meu como Sherlock Holmes e os
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espalhei
por toda a
cidade de Phoenix.
Pena que só
tivesse conseguido um
caso: o roubo
das sobras do
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panfleto. O culpado ainda está for agido.
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Depois de bater a porta do meu
quarto para parecer que
estava perto de alguma
pista, procurei nas minhas
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coisas não desempacotadas até achar o CD de risada de
hiena que o novo marido de minha mãe me havia dado
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no dia em que deixei os dois sozinhos em Phoenix.
Naquela época, eu não conseguia evitar a sensação de que
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ele estava se esforçando demais para ganhar meu
respeito. Agora, estava contente de ter uma distração dos
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pensamentos de Edwart. Coloquei o disco no meu CD player, pus
meus fones de ouvido e deitei
na minha
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cama, cobrindo a cabeça com travesseiros. Mesmo assim,
pensava no vampiro que eu amava, então coloquei
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mais duas maletas sobre os travesseiros.
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Quando o CD terminou, eu sabia que não podia mais
protelar. Era uma hora da manhã – a hora da noite em
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que eu pesquisava sobre coisas paranormais. Minha
Internet funcionava via telefone a lata.
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Uma lata está na parte de trás do nosso computador, e
a outra na do computador do nosso vizinho, que tem
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Internet. Demora um pouco para o outro computador
sussurrar os códigos para o nosso, então, enquanto isso,
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comi um pouco de cereal – Conde Chócula. Depois disso,
ainda não tinha acessado a Internet, então rearranjei
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os móveis para assustar meu pai. Sem Internet ainda.
Fui dormir.
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Duas noites depois tive acesso à Internet.
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Digitei uma simples palavra: vampro . O Google perguntou: Você quis dizer vampiro? . Eu disse sim .
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Senti-me estupefata e confusa com os resultados: Nosferatu ,
Treinamento de verão Buffy , O
princípio de
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romance de Kristen Stewart , O sol da meia-noite vazou , Robert Pattinson excelente cantor de blues
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Estranho. O que qualquer dessas coisas tinha a ver com
vampiros? Levantei da minha escrivaninha, sentindo-
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me tola por
olhar para figuras de um belo
casal que claramente
não eram vampiros. Essa busca
tinha sido
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infrutífera: apareceram somente 62.500.000 resultados. Teria que me apoiar em meu próprio conhecimento.
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Então pensei, por que não compartilho esse
conhecimento com o mundo? Sentei-me de volta ao computador e
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fui para a página do verbete vampiro
na Wikipedia. Acrescentei uma frase ao artigo: Edwart Mullen, de
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Switchblade,
Oregon, é um
vampiro, mas não
o mate porque
eu o amo!
então, acrescentei uma
foto dos
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músculos abdominais do Edwart.
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Ótimo, pensei, desligando o computador. Imaginei que
isso fosse basicamente o mesmo que dizer ao meu pai
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que eu estava apaixonada por um vampiro, especialmente
porque ele monitorava minha atividade na Internet.
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De repente, lembrei-me da canção que meu pai costumava
cantar para mim toda noite quando eu era pequena:
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Se você algum dia tiver uma paixão
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Por um vampiro
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Irei enganá-lo
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Fazê-lo entrar num carro
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Então eu dirigirei o carro
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Para dentro de um lago
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E por cima do carro
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Colocarei algumas pedras
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Parei de cantar
alegremente, percebendo que
meu pai provavelmente teria
algum problema com Edwart.
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Humm.
Decidi que diria
a ele que
Edwart era um
vampiro vegetariano, que
se banqueteava somente
de
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ketchup.
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Na manhã seguinte, eu estava indo para minha primeira
aula quando alguém me agarrou por trás, fazendo-me
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lembrar do vice-diretor da minha antiga escola me
puxando para fora do palco durante o show de talentos em
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Phoenix. Ainda não sei por que minha atuação havia
sido interrompida tão cedo; meu alter ego BelGo é um
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tremendo rapper e dançarino de break.
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Virei-me ansiosamente, mas não era o vice-diretor
Decherd, eranEdwart.
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- Oh, então você está falando comigo agora? –
perguntei timidamente.
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- Sim, é claro. Quando foi que não falei com você?
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Lembrei-me da noite passada, em que havia ligado
repetidamente para Edwart, fingindo vender afiadores de
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dentes. Ele desligou todas as vezes. Decidi não
mencionar isso.
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- Você ficou bem ontem, depois que te deixei na
enfermaria? – Edwart perguntou.
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- Sim. E você, está bem? – perguntei, presumindo que
vampiros experimentavam profunda dor na alma.
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- Acho que sim.
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- O.k., ótimo. A gente se vê! – voltei-me rapidamente
para que Edwart pudesse me ver de costas. Eu tinha uma
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presilha de
caveira no cabelo, só para
ele! (Tenho um arsenal de bijuterias temáticas para Halloween. Tudo
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começou naquele verão em que uma praga empestou meu
aquário. Naquele mesmo verão, ocupei meu tempo
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entalhando espinhas de peixe.)
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Quando entrei na aula de Inglês, ainda estava
ensaiando técnicas de amasso com a mão.
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- Que bom você se juntar a nós, Belle. – disse o Sr.
Schwartz.
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- Sim – eu
disse, percebendo que podia estar em qualquer outro lugar naquele exato
momento, mesmo num
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túmulo com Edwart. –
Muita gentileza de minha parte.
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Virei minha carteira de frente para a janela para que
eu fosse a primeira a ver se um asteróide estava vindo.
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Sinceramente,
descobri que o
costume atual de
todas as carteiras
ficar em viradas para
a frente é
muito
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perigoso. Quem é
o nosso vigia para os
outros três lados? O professor? Não
dá, se ele está constantemente
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gritando comigo para baixar meu binóculos e para parar
de fazer shhh , quando eu peço o
silêncio quando ele
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começa a falar.
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Olhei para fora da janela para a bela, bela chuva. Uma
figura estava de pé no estacionamento com os braços
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esticados em direção ao céu. Edwart. Numa mão, ele
tinha um sabão que lavou o rosto, começando a esfregá-
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lo
vigorosamente. Depois, ele jogou o
sabão num balde
e virou a
cabeça para as
nuvens cúmulos-nimbos,
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deixando a água
lavá-lo enquanto cantava
um velho tema
musical de um
programa sem significado
para
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ninguém. De sua mochila, puxou um computador
embrulhado num saco plástico. Do bolso da frente, puxou
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um estojo e tirou dele uma antena parabólica de
tamanho médio com a palavra
Datastorm escrita nela. Subiu
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em seu carro e tirou sua capa plástica, espetando a
antena parabólica no capô.
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Meu
coração parou. Iria
perseguir uma tempestade?
Com aquele tempo?
Quando a garoa
da manhã se
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extinguiu e o sol voltou, ele saiu dirigindo par a
longe. Era um homem que gostava de assumir riscos, mas era o
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meu homem que gostava de assumir riscos.
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Ao voltar meus binóculos da janela para o pôster com a imagem dos dez maiores
magnatas do petróleo da
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Forbes
lendo Jane Eyre,
pude escutar angélica
balbuciando alguma coisa.
A questão de
sentar perto de
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Angélica é que ela era o tipo de garota quieta – o
tipo que adora receber ordens e concorda com você quando
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sua voz alcança certo volume. Mas hoje ela não parava de
gritar, sem se importar com
ninguém. Escutei a
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inflexão sobe e desce de sua voz, que foi minha deixa
apara engasgar chocada. Sacudi a cabeça com pena para
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ensinar-lhe uma lição.
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Foi quando descobri que ela estava tendo um ataque
epilético.
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- Desculpe! – ela disse. Enquanto tinha uma série de
espasmos corporais.
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- Está
tudo bem – eu
disse, compreensiva. Melhor Angélica do
que Lucy, que nunca
se desculpa por
ter
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ataques epiléticos perto de mim. Angélica
definitivamente era uma melhor amiga do que as outras, mas ainda
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assim ela não era feita do melhor material para uma
melhor amiga. Uma verdadeira melhor amiga se sentiria
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confortável
tendo um ataque
epilético na minha
frente, parando para
rir quando eu
fizesse minha irônica
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imitação epilética.
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De repente, os olhos de Angélica rolaram para trás.
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- VEJO UMA SALA NO CAPÍTULO DEZ – ela disse com uma
voz áspera do futuro. – UMA SALA CHEIA
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DE VAMPIROS.
NO CANTO DA
SALA HÁ UMA
CADEIRA DE METAL
DOBRÁVEL, DOBRADA,
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COM UM ASSENTO
VERMELHO, TRÊS PÉS DA
CADEIRA TÊM PROTETORES
DE BORRACHA
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PRETOS
PREVENIR RUÍDOS ESTRIDENTES. O
QUARTO PÉ NÃO.
ALGUÉM PODE
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TEORICAMENTE
EMBALAR-SE NELA, MAS ISSO
NºAO É ACONSELHAVEL.
CUIDADO COM A
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Seria um
presságio? Que eu saiba,
somente vampiros e meninas que tinham
lido os principais
trabalhos de
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Jane Austin tinham habilidades únicas. Em todo caso,
não via por que eu tinha de ser cautelosa para conseguir
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uma coroa e
possivelmente controlar uma
nação inteira sentada
em um trono
confortável. Eu tenho
uma
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tendência para a diplomacia, mesmo em jogos como War,
decretando um cessar -fogo para todo mundo com
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um murro na mesa.
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- Isso é importante, Angélica – eu disse, quando ela
acordou de seu estupor. – Edwart estava naquela sala de
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vampiros?
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A classe inteira estava nos rodeando e gritando: Deixe-a tomar um pouco de ar! Como se o ar fosse uma
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dádiva maravilhosa que eu não pudesse obrá por mim
mesma.
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- Humm. Estou com sono – Angélica murmurou.
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Diabos! Ela tinha voltado ao seu estado normal.
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- Vampiros o
código para Edwarts ?
– perguntei. – E coroa
o código para nuggets envenenados
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disfarçados de uva-passa que você tira fora do cereal
de qualquer forma e então não precisa se preocupar com
|
isso?
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Mas Angélica não estava prestando atenção.
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- Minha voz
está cansada – ela suspirou
quando a enfermeira da escola a
colocou sobre a amaca e a levou
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embora.
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Por que tenho que tomar cuidado? Será que Edwart iria
me ferir? Por que já não tinha me ferido? Será que não
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mereço ser machucada?
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Não. Eu estava sendo insegura. Eu era digna de um monte de machucados, elaboradamente
planejados para
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acontecer numa velha sala de aula de balé com espelhos
facilmente quebráveis para completar o gloriosamente
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sangrento
espetáculo. Se Edwart
não achasse que
eu era digna,
estou certa de
que algum outro
vampiro
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acharia.
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Antes de almoçar, corri para o estacionamento para
saber se o carro de Edwart tinha voltado. Deixei escapar
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um longo e desinflado rugido suspirado enquanto percorria todas as quinhentas vagas do
estacionamento. O
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carro não estava lá. Pensei em voltar para casa –
valeria a pena uma educação sem perspetiva de casamento?
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Então, uma voz explodiu em minha cabeça. Uma voz
baixa, melodiosa, cantando Schubert baixinho – minha
|
alucinação de Edwart.
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Eu tinha essa alucinação sempre que punha em risco meu
futuro como Prêmio Nobel de Física.
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- Com licença
– cantou a
voz. – Tenho
o terrível hábito
de escorregar para
Schubert em momentos
de
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urgência,
um entre muitos
que adquiri em
minhas viagens místicas
pela Itália. Belle,
- ela continuou
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harmonicamente – tire seu diploma de ensino médio. Por
mim. A voz diluiu-se numa música indice: Claire de
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Lune.
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Estava resolvido. Eu não estava certo sobre o tipo
de carreira que uma educação conseguiria para mim que
|
eu não pudesse conseguir usando minha rotina de
fantoche e minha tenacidade, mas tinha fé nas minhas vozes.
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Por que, logo no outro dia em que escorreguei, não
tive uma visão de que eu pudesse cair? Resolvida, decidi
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colocar minha vida nas mãos da minha precária fábula
cerebral e terminar o ensino médio.
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No dia seguinte, uma Feira de Atividades estava
acontecendo no refeitório. Cada mesa estava circundada com
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uma
cartolina decorada como
estande. Admirei particularmente o
cartaz Adolescentes pelo
Fascismo .
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Aqueles
adolescentes deviam ser
realmente devotados ao
seu clube, já
que usavam tesouras
zigue-zague.
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Talvez eu não tivesse dado ao fascismo a consideração
que ele merecia.
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- Belle!
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Olhei em volta. Lucy estava de pé atrás de uma cartolina dos Fãs de Buffy, a caça-vampiros .
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- Junte-se ao meu clube!
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¬- Não, obrigada – eu disse gelidamente. Mas não
estava agradecida e acho que transmiti isso pelo meu tom
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de voz. Não tinha a intenção de apoiar uma mostra que
encorajava o genocídio de uma já ameaçada espécie de
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imortais. Decidi usar
O Poder do Franzido . Você socialmente dissuade as pessoas a serem
intolerantes ao
|
franzir as sobrancelhas às suas
observações ignorantes. Levei a coisa a uma conclusão real, olhando
aquele
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pôster direto no meu olho e franzindo as sobrancelhas
até sentir o poder do meu triunfo moral circulando pelo
|
meu sistema circulatório. Agarrei aquele pôster,
virei-o, desenhei nele um crânio e ossos cruzados e o rasguei.
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Eu me tornaria uma pirata de mesa-estande. Quem seria
o primeiro a descobrir minha esperteza?
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Vi uma mesa
com um letreiro
que dizia: A
Beleza da Elasticidade de
Preços e Pizza
Grátis! . Fiquei
|
indignada com a elasticidade dos preços, mas
gostava de pizza grátis. Cheguei mais perto do biombo para
|
roubar uma fatia, de repente discernindo a figura no
comando ali. Edwart estava de volta!
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