domingo, 2 de dezembro de 2012

Capítulo 3 (Opúsculo-A Paródia)


3. PICADA NA MÃO
O MÊS SEGUINTE AO ACIDENTE COM A BOLA DE NEVE foi duro. As pessoas continuavam olhando
pra mim, especialmente quando os professores liam meu nome na lista de chamada e eu dizia  presente . Por
algum motivo, o novo apelido que dei para Edwart,  Herói , não pegou. Então, decidi romper com percepção
não escrita, não falada e não pensada de Edwart e começar a contar nossa historia.
Primeiro,  contei  a  Tom  e  Lucy  que  Edwart  tinha  me  salvado  de  uma  bola  de  neve.  Eles  não  ficam
impressionados. Então, comecei a dizer que Edwart havia me salvado de uma rocha coberta de neve por cima
e,  depois  de  uma  avalanche.  Um  dia,  eu  disse  que  Edwart  havia  corrido  com  velocidade  sobre-humana,
parando com sua força sobre-humana um carro que estava prestes a me atropelar.
- Espere ai – disse uma garota do primeiro ano na fila do refeitório. – Edwart Mullen? Esta falando daquele
garoto com roupas pequenas demais?
Lancei um olhar para Edwart, sentado sozinho, fazendo a lição de casa do mês seguinte.
- Sim – eu disse bem séria, engolindo uma colherada  do meu pudim para me  impedir de dizer mais alguma
coisa.
- Você deve ser nova por aqui – a garota disse, apanhando sua bandeja.
-  Humpf,  blargh  –  eu  disse,  cuspindo  pequenas  partículas  de  pudim  de  chocolate  em  cima  dela.  Ela  não
respondeu. Eu sabia que ninguém me compreenderia em Swichblade.
E, ainda por cima, Edwart estava frio comigo. Eu sabia que ele desejava que aquilo nunca tivesse acontecido
–  que  ele  nunca  tivesse  me  salvado  -,  que  eu  nunca  tivesse  começado  a  usar  uma  camiseta  que  dizia:
Obrigada  Edwart!   uma  tarde,  na  aula  de  Biologia,  cerca  de  um  mês  depois  do  acidente,  não  consegui
agüentar muito mais. Edwart parecia tão meigo com seu cabelo vermelho-cacheado e suas sardas como a foto
antes   de  um  anúncio  de  clareador  de  sardas  para  homens.  E  estava  tão  despreocupado,  como  se  não
precisasse de mim e do meu formato de orelha sedutor para passar para a sua prole. Eu tinha que fazer alguma
coisa.
Cutuquei o rapaz á minha frente. Ele se virou, parecendo surpreso.
- Ei, você é o Peter, certo? – perguntei.
- É – ele respondeu, seduzido.
- Quer ir ao baile de formatura comigo? – perguntei bem alto para que Edwart pudesse escutar.
- Hummm...claro –  ele disse. –  Estaria tudo bem se agente saísse junto algumas  vezes antes? Não conheço
você realmente.
Será que Edwart havia percebido? Estaria enciumado? Disfarçadamente, olhei para seu anel de humor para
descobrir.  Ainda  marrom-púrpura!  Claramente,  eu  teria  que  fazer  mais  –  um  encontro  para  o  baile  de
formatura não era o suficiente. Voltei-me para o rapaz sentado atrás de mim, á direita.
- Zach – eu disse.
- O que é? – ele perguntou, olhando o quadro-negro para tomar notas.
- Você vai ao baile de formatura comigo?
- Mas...você não acabou de convidar o Peter?
- Sim – eu disse. – quero ir com você também.
Ele hesitou.
- Bem não tenho um par ainda, então tudo bem, eu acho.
- Ei, Adam – chamei do outro lado da sal.
- Belle, por favor. Estou tentando dar aula, disse o professor Franklin. Mas, quando chamei Adam, ele deve ter
compreendido que essa era uma interrupção importante, uma interrupção por amor, por que ele simplesmente
suspirou e continuou o desenho da célula que estava fazendo.
- Já tenho par, Belle – Adam sussurrou audivelmente.
- Tom! – gritei.
- Belle! – o professor Franklin levantou a voz.
Sentei-me em minha carteira, satisfeita. Edwart estava olhando para mim agora.
A chuva  estava tão  forte  na  hora  da  saída  que  tive  que  fazer meu  caminhão-bau  flutuar até  a  minha  casa.
Fiquei em  PE em  cima do caminha e o  guiei  com um pau comprido,  fingindo que estava em Nova Orleans
salvando Edwart da enchente.

- Então, Belle... – meu pai começou a falar aquela noite ao jantar. – Algum rapaz na escola te interessou? Que
tal o Tom Newt? Ele parece legal.
- Sim, deve ser – eu disse, imaginando como seria se Tom se parecesse com Edwart. Ele pareceria gostoso. –
Não vai comer seu espinafre?
- Você quer, querida?
- Não, você deve comê-lo – eu disse. – e o meu também. É bom para sua saúde. Vamos pai. Abra a boca!
Espetei o Máximo de espinafre que pude com meu garfo e o levei ate sua boca. Um pouco de espinafre caiu
sobre o seu descanso de mesa. E um pouco no seu colo.
- Olha o trenzinho chegando! Triiiim. Triiiim, triiiim! – cantarolei.
- Belle, esse não é o barulho que um trem faz – ele disse. – Eles fazem piuíí, piuííí, piuííí!
- Talvez em Swichblade – eu disse com ceticismo. Este lugar certamente era muito atrasado.
Eu queria me mostrar especialmente bonita na aula de Biologia do dia seguinte, porque estava certa de que era
o dia em  que Edwart me perguntaria se  poderia ser  meu  terceiro  par no  baile  de formatura.  Naquela noite,
enrolei meu cabelo em molas da poltrona da nossa sala de estar para cacheá-lo. Até coloquei dentes postiços.
No  caminho  para  escola  na  manha  seguinte,  senti-me  leve  e  saltitante,  mas  podia  ser  porque  ainda  tinha
deixado algumas molas.
Fui para sala de Biologia no quarto horário para me assegurar de chegar a tempo para o sexto. Estava escuro
e  o  professor  Franklin  estava  classificando  provetas  no  armário.  Ele  me  deixou  almoçar lá,  desde  que  eu
cobrisse minha carteira com papel alumínio por questões de higiene.
O sinal tocou. Sentei-me bem ereta em minha carteira e sorri com meus longos dentes. Os alunos começaram
a passar pela porta. Tom, Adam, Lucy, seguidos por mais alunos. Nada de Edwart. Parei de sorrir e removi os
dentes.  Justamente  quando  pensei  que  Edwart  seria  um  menino  normal,  ciumento,  ele  f az  uma  coisa
imprevisível, como não aparecer na aula com um buquê de rosas.
- O.k, meninos – começou o professor Franklin. – Meu sobrinho precisa de uma transfusão de sangue, então
quero saber todos os seus tipos sanguíneos.
Ele  parecia  orgulhoso dessa  id ia.  Vestiu  um par de luvas  de  borracha, que fizeram  um  agourento   slap
quando atingiram sua pele. Eu me encolhi toda. Slap. Slap. Slap.
- O.k vou para – ele disse. – É um som tão legal!
Ainda  nada de Edwart. Por que  faltar em Biologia  justo neste dia?  Ele havia estado na  aula de  inglês.  Eu
sabia disso porque havia entregado um bilhete para ele  do escritório do diretor  quando ele estava na classe.
Dizia  Oi, fofinho . Realmente, gostaria de ser a diretora desta escola. Daria a ele muito castigo. Ele merecia,
por matar aula em vez de me convidar para sair.
O professor Franklin estava detalhando o procedimento.
- Vou passar a todos um formulário de consentimento medico, então não comecem ate ele chegar ate vocês.
Aqueles que não forem tipo AB podem se sentar no fundo da classe e conversar – alguns meninos aplaudiram.
–  Mas!  –  ele  continuou.  –  Não  ate  que  eu  saiba  o  tipo  sangüíneo  de  todos.  Agora,  quero  que  vocês
cuidadosamente cortem seus próprios dedos com uma destas facas da minha cozinha...
Ele agarrou a mão de Adam e cortou fora um pedaço do seu dedo indicador. O sangue jorrou sobre o avental
do professor Franklin e na parte de trás da blusa de uma garota que estava perto.
Enquanto eu observava o gotejante arco de carmim, de repente me senti nauseada. Onde estava ele? Por que
faltou num dia em que estávamos fazendo uma aula de laboratório tão divertido?
De  repente,  ele  estava  lá.  Edwart.  Edwart,  parado  lá  com  seu  cabelo  cortado  á  maquina  e  seu  maxilar
másculo, sob a pele áspera e sua barba clara. Havia algo vermelho preso em seus dentes. Com um acesso de
náusea, de repente compreendi o que ele era. Paciente de dentista!
Percebi que a classe toda estava silenciosa, olhando para mim.
Acho que  devo ter dito aquilo em voz  alta. Oops.  Então pensei,  não, isso não pode estar certo. Edwart tem
dentes naturalmente per feitos.

Levantei rapidamente da minha carteira e então pude bater ligeiramente no rosto de Edwart com meu cabelo.
Aproximei-me  da  mesa  de  matérias,  onde  ele  estava parado,  enfiando  um  pacote  de  Twizzlers
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dentro  da
mochila. Sacudi a cabeça...
... E então,  a próxima coisa de  que eu me dei  conta foi  que  eu estava  olhando para cima, para o  rosto do
professor Franklin e de Lucy.
- Oi, pessoal – eu disse.
- Belle, você caiu! – Lucy exclamou, invejosamente.
- Não, não cai.
-  Sim,  Belle,  você  tropeçou  na  perna  de  sua  carteira.  Acho  que  ficou  inconsciente por  alguns  segundos  –
explicou o professor Franklin.
- Não – reafirmei.
O professor Franklin levantou-se e esfregou as têmporas como se estive desenhando círculos nelas.
- Querido Deus – ele murmurou. Por que hoje? Edwart! – chamou ele. – Como você já esteve neste laboratório
comigo durante o intervalo, por favor, leve Belle á enfermaria.
- Desculpe o atraso, professor Franklin, mas a equipe da olimpíada de física precisava de uma substituto  e...
- Vá logo – disse o professor Franklin. – E, Belle, não mencione nada sobre o que estávamos fazendo na aula
hoje...
Olhei bem dentro dos olhos do professor Franklin. Ele devia ser algum tipo de cientista maluco! Conduzindo
experimentos  secretos!  Se  as  coisas  não  funcionassem  com  Edwart,  eu  ainda  poderia  ser  tipo  o  seu  Igor,
desenterrando ossos e ensinando Inglês a eles por uma ninharia.
- Certo – eu disse, piscando para o professor Franklin com um olho, e então com outro, para mostrar que tinha
realmente entendido.
- Não de sua ajuda para caminhar! – insisti aborrecidamente enquanto me arrastava para fora da classe sobre a
minha barriga.
- Edwart, você não pode carregá-la? – perguntou o professor Franklin.
- Você escutou, ela quer um cara maior para fazer  isso – ele disse, cruzando os braços e arqueando suas costas
para  que  eu  pudesse  saltar  sobre  elas  mais  facilmente.  Ele  se  endireitou  quando  agarrei  seus  cabelos  em
minhas mãos como rédeas e lhe dei um gentil pontapé para fazê-lo andar. Então, ele desmaiou.
- Edwart – eu disse, cutucando sua forma esborrachada embaixo de mim. – Você esta bem? Acho melhor eu
carregar você até a enfermaria.
-  Não!  Eu  posso  fazer isso! – disse  ele, levantando-se num pulo. Ele  levantou  todos os meus três  quilos  e
setecentas gramas (para ser honesta, não havia me pesado nos últimos anos) e saímos vagarosamente da sal. –
Vamos lá, Edwart, meio passo de cada vez – ele murmurou silenciosamente, sem querer perturbar meu débil
repouso. - Certo. Agora meio passo a cada duas vezes.
Descansei a cabeça sobre seu ombro firme e suado. Senti alguma coisa acariciando meu cabelo. Então  senti
que Edwart colocara um pouco do meu cabelo embaixo do seu nariz, ajeitando-o sobre o lábio. Ele ficava bem
com um e espesso  bigode.  De repente, ele  soltou  meu cabelo. Tirou  um  pouco  de  desinfetante do  bolso  e
freneticamente o esfregou em sua boca.
- Então, hã, Belle... você tem algum animal de estimação?
- Não – eu disse tristemente, lembrando de jared, a iguana.
No fim, eu tive que devolvê-la para o lugar onde eu a havia encontrado: a classe de 3 ano do professor Rich.
- Minha mãe não me deixa  ter  animais  de estimação – Edwart disse. – Não que ela  pense que eu  não  seja
responsável ou algo assim. Ela simplesmente acha que ficaria com nervos aflorados demais para cuidar deles,
e provavelmente ela certa. Mas... – ele continuou. – Encontrei um morcego no meu sótão e o apanhei! Claro,
era um morcego morto.
Morcegos, hein? Pensei, repetitivamente. Talvez Edwart tivesse contraído raiva!
Entramos na enfermaria. A enfermeira era uma mulher mais velha que precisava de óculos, mas preferia usá-
los em torno do pescoço com um cordão colorido. Ela tirou os olhos de seu livro, Lua cheia.
- Um segundo, - ela disse – estou quase terminando o capitulo. Edwart e eu esperamos.
- Pronto – ela disse. - Venha aqui e deite-se, vou arranjar gelo para sua cabeça.
Edwart me pôs no chão e a enfermeira me levou para dentro da sala contigua com duas esteiras servindo de
camas. Edwart ficou me olhando deixá-lo tristemente, com as mãos estendidas em suplica em minha direção.
Quando a enfermeira se virou, ele espertamente disfarçou seu gesto, fingindo-se de robô.

Depois que a enfermeira me deixou, ele ficou lá por um tempo, parecendo uma estrela de um infocomercial
explicando o que aconteceu ao seu irmãozinho quando ele fumou maconha.
- Você não tem nada pra fazer? – a enfermeira perguntou depois de alguns minutos.
- Sim.
- Espere – ela disse de repente – Você não é Edwart Mullen? Tenho chamado você á enfermaria todos os dias
durante toda a semana! Você precisa tomar suas vacinas para sua viagem á Transilvânia.
- Não!  Não preciso de vacinas! Você me confundiu com outra pessoa! Deve estar pensando em outro garoto
muito maior que e mais corajoso e que tem um nome normal!
Ele se voltou e  saiu correndo da enfermaria. A enfermeira chegou a  pensar segui-lo, mais então suspirou e
voltou para sua leitura. Estiquei o pescoço para ver Edwart dobrar o corredor e finalmente me ergui da cama
para segui-lo por todo o caminho de volta á classe. Transilvânia, eu pensava, enquanto passava pelas classes.
Porque esse país soa tão familiar? Então pensei, talvez Edwart seja um aluno de intercâmbio!
Olhei pelo vidro da janela de nossa sala de aula. Edwart havia se sentado próximo á minha carteira vazia. Foi
quando percebi que, não importava o que ele fosse, - um metro e setenta e três ou um metro e noventa, como
ele dizia em seus formulários médicos – eu amava aquele louco super-humano.
De volta á enfermaria, coloquei cuidadosamente o relatório médico de Edwart de volta ao armário na gaveta
Atenção especial . O que ele estaria escondendo, algumas de múltiplas alergias alimentares? O que ela era? Já
era tempo de tentar descobrir. Sentei-me no chão da enfermaria e assumi uma postura de meditação, minhas
mãos pousadas com as palmas para cima sobre minhas pernas cruzadas. Comecei a murmurar  ommm .
Minha mente estava trabalhando rapidamente: aquela coisa vermelha na boca de Edwart, sua chegada com
atraso á  aula  durante o  laboratório  de  sangue,  os morcegos, Transilvânia...  Não fazia sentido. Pensei mais.
Tomei um refresco de fruta de garrafinha. Pensei um pouco mais.
Então,  de  repente,  lembrei-me  do  acidente,  e  do  corpo  á  prova  de  neve  de  Edwart, e  de  seus  olhos  que
mudavam de sei-lá-que-cor para verde, e eu descobri. SIM! VAMPIRO!

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