Capitulo 15 A Caverna do Leão
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Fazia um bom tempo
desde que Luce havia dado uma boa olhada no espelho.
Ela costumava nunca se importar com seu reflexo, seus olhos
claros esverdeados,
seus pequenos e retos dentes, seus espessos cílios, e sua
densa cabeleira negra. Isso
era antes. Antes do verão passado. Após a mãe dela ter cortado
todo o cabelo dela,
Luce havia começado a evitar espelhos. Não era só por causa
do cabelo curto, ela
não achava que gostava mais de quem ela era, então ela não
queria ver nenhuma
evidência. Ela começou a olhar para baixo e para as mãos dela
quando ela as lavava
no banheiro. Ela mantinha seu rosto olhando para frente quando
passava em frente
a janelas de vidros fumados e desviava de pós compactos com
espelhos.
Mas vinte minutos antes do horário que ela deveria se encontrar
com Cam, Luce
ficou parada em frente ao espelho no banheiro feminino vazio
em Augustine. Ela
achava que aparentava tudo bem. O cabelo dela estava finalmente
crescendo, e o
peso estava começando a soltar alguns dos seus cachos. Ela
deu checada nos
dentes, então endireitou os ombros e olhos para o espelho
como se estivesse
olhando Cam nos olhos. Ela tinha que lhe dizer algo, algo
importante, e ela queria
ter certeza que conseguiria manobrar um olhar que exigisse
que ele a levasse a
serio.
Ele não havia ido à aula hoje. Nem Daniel, então Luce presumiu
que Mr. Cole havia
colocado os dois em algum tipo de liberdade condicional. Ou
isso ou eles estavam
lambendo as feridas. Mas Luce não tinha duvidas que Cam iria
esperar por ela hoje.
Ela não queria ver ele. De jeito nenhum. Pensar sobre os punhos
dele batendo em
Daniel fez o estomago dela se revirar. Mas era culpa dela
eles terem brigado, em
primeiro lugar.
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Ela havia iludido
Cam e se ela fez por que ela estava confusa ou lisonjeada ou
estivesse o menor que seja interessada não importava mais.
O que importava era
que ela fosse direta com ele hoje.
Não havia nada entre eles.
Ela respirou fundo, puxou sua camiseta em direção aos quadris
e abriu a porta do
banheiro.
Se aproximando dos portões, ela não conseguia ver ele. Mas
então, era difícil ver
qualquer coisa além da zona de construção no estacionamento.
Luce não havia
estado de volta à entrada da escola desde que eles haviam
começado as renovações
ali e ela estava surpresa do quão complicado era se mover
através do esburacado
estacionamento. Ela desviou de poças e tentou se esquivar
do radar da equipe de
construção, abanando a fumaça do asfalto que parecia nunca
dissipar.
Não havia sinal de Cam. Por um segundo ela se sentiu tola,
quase como se ela
tivesse caído em algum tipo de pegadinha. Os portões de metal
alto eram cheios de
bolha e ferrugem vermelha. Luce olhou através deles para um
bosque fechado de
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antigas olmeiras do outro lado da rua. Ela estalou as juntas
dos dedos, pensando na
vez que Daniel havia lhe dito que ele odiava quando ela fazia
aquilo. Mas ele não
estava ali para vê-la fazer aquilo, ninguém estava. Então
ela notou um papel
dobrado com o nome dela nele. Estava preso no galho espesso
da árvore de
magnólia próxima ao interfone.
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Eu estou
salvando você dos eventos sociais esta noite. Enquanto nossos colegas
estudantes apresentam uma reencenação da Guerra Civil
triste, mas verdadeira, você
e eu iremos pintar a cidade de vermelho. Um sedan
preto com uma placa dourada irá
trazer você até mim. Achei que nós dois podiam usar
uma dose de ar fresco. C.
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Luce tossiu da fumaça. Ar fresco era uma coisa, mas um sedan
preto buscando ela
do campus? Para levá-la até ele, como se ele fosse algum tipo
de monarca que
podia arranjar em um impulso para que mulheres fossem buscadas?
Onde estava
ele afinal?
Nada disso era parte do plano dela. Ela havia concordado se
encontrar com Cam
somente para dizer a ele que ele estava sendo muito avançado
e ela realmente não
conseguia se ver se envolvendo com ele. Porque, apesar de
que ela nunca contará a
ele, cada vez que os punhos dele atingiram Daniel na noite
anterior, algo dentro
dela havia se esquivado e começado a ferver.
Claramente ela precisava cortar essa coisinha com o Cam pela
raiz. Ela tinha o colar
dourado de serpente no bolso. Era hora de devolvê-lo.
Exceto que agora ela se sentia estúpida por presumir que Cam
iria querer só
conversar. È claro que ele tinha algo mais embaixo da manga.
Ele era esse tipo de
cara.
O som das rodas do carro desacelerando fez Luce virar a cabeça.
Um sedan preto
parou em frente aos portões. A janela esfumada do banco do
motorista rolou para
baixo e uma mão peluda saiu e pegou o receptor do interfone
do lado de fora dos
portões.
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Após um momento,
o receptor estava de volta no seu lugar e o motorista se
inclinou sobre sua buzina.
Finalmente os grandes portões de metal gemeram e se partiram
e o carro entrou
parando na frente dela. As portas se destrancaram suavemente.
Ela ia mesmo
entrar naquele carro e ir para sabe-se-lá-onde para se encontrar
com ele?
A ultima fez que ela havia estado parada naqueles portões
havia sido para dizer
adeus aos pais dela.
Sentindo falta deles antes mesmo de eles irem embora, ela
havia abanado daquele
mesmo lugar, próxima do interfone quebrada dentro dos portões
e, ela se lembrava
de ter notado uma câmera de segurança mais moderna. O tipo
com detectores de
movimento, dando zoom nela toda vez que ela se movia. Cam
não podia ter
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escolhido um ponto pior para o carro buscar ela.
Do nada ela teve visões do confinamento solitário na cela
do porão. Paredes de
cimento úmido e baratas correndo pelas pernas dela. Sem luz
de verdade. Os
rumores ainda estavam correndo pelo campus sobre aquele casal,
Jules e Phillip,
que não haviam sido mais vistos desde que eles haviam escapado.
Cam achava que
Luce queria tanto ver ele que ariscaria saindo do campus em
plena visão das
vermelhas?
O carro ainda estava com o motor ligado em frente a ela. Após
um momento, o
motorista, um homem de óculos escuros estilo esportivo com
um pescoço grosso e
cabelos ralos estendeu sua mão. Nela estava um pequeno envelope
branco. Luce
hesitou um segundo antes de ir para frente e tirar ele dos
dedos dele.
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O material personalizado
de Cam. Um cartão pesado de cor marfim com o
nome dele impresso em letras douradas decadentes no canto
inferior a esquerda.
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Devia
ter mencionado antes, as vermelhas foram fitadas. Veja por si mesma. Eu
cuidei disso, como irei cuidar de você. Vejo você
logo, espero.
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Fitadas? Ele quis
dizer? Ela ousou uma olhada para as vermelhas. Ele fez. Um
círculo de fita preta havia sido colocado perfeitamente sobre
as lentes da câmera.
Luce não sabia como essas coisas funcionavam ou quanto tempo
levaria para a
escola descobrir, em uma maneira estranha, ela estava aliviada
por Cam ter
pensado em cuidar disso. Ela não podia imaginar Daniel pensando
tão à frente.
Ambos Callie e os pais dela estavam esperando telefonemas
esta tarde. Luce havia
lido a carta de dez paginas da Calli três vezes e ela tinha
todos os detalhes
engraçados da viagem do final de semana da amiga dela a Nantucket
memorizados, mas ela ainda não saberia como responder a qualquer
uma das
perguntas de Callie sobre sua vida em Swords & Cross.
Se ela se virasse e fosse para
dentro para pegar o telefone, ela não saberia como começar
a contar à Callie e seus
pais sobre a sinistra virada que os últimos dois dias haviam
tomado. Mais fácil não
contar nada a eles, ou até que ela encerrasse as coisas de
um jeito ou de outro.
Ela deslizou no luxuoso assento de couro bege do sedan e colocou
o cinto. O
motorista ligou a inguinissão do carro sem dizer uma palavra.
― Aonde nós vamos?
― ela perguntou a ele.
Um lugarzinho que fica no remanso do rio. Sr. Briel gosta
das cores locais. Apenas
se recoste e relaxe, querida. Você verá. ―
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Sr. Briel? Quem
era esse cara? Luce nunca gostou que a mandassem relaxar,
especialmente quando parecia uma ameaça para não fazer mais
nenhuma
pergunta. De qualquer maneira, ela cruzou os braços sobre
o peito, olhou para fora
da janela e tentou esquecer do tom do motorista quando ele
a chamou de querida.
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―
Através dos vidros fumados, as árvores la fora e a estrada
cinza pavimentada
embaixo delas pareciam marrons. Na virada onde a bifurcação
levava á
Thunderbolt, o sedan preto virou para o leste. Eles estavam
seguindo o rio em
direção a coMiss Uma vez ou outra, quando o caminho deles
e o rio convergiam,
Luce podia ver a água turva marrom se retorcendo ao lado deles.
Vinte minutos
depois o carro desacelerou até parar em frente ao bar batido
de beira de rio.
Era feito de uma madeira cinza, apodrecida e inchada, havia
marcas de água sobre
a porta da frente vermelha que se lia STYX em
irregulares letras vermelhas pintadas
a mão. Bandeirolas de plástico de propaganda de cerveja haviam
sido grampeadas
em um feixe de madeira embaixo do telhado de zinco, uma tentativa
medíocre de
festividade. Luce estudou as imagens impressas nos triângulos
de plástico,
palmeiras e garotas bronzeadas de biquínis com garrafas de
cerveja nos seus lábios
sorridentes, e se perguntou quando foi a ultima vez que uma
garota de verdade
havia colocado os pés naquele lugar.
Dois punks mais velhos se sentaram fumando no banco que ficava
de frente para a
água. Moicanos cansados caiam sobre as testas de meia-idade
deles, e as suas
jaquetas de couro tinham uma aparência feia e suja de algo
que eles estivessem
usando desde que punk era novidade. A expressão vazia dos
seus bronzeados e
caídos rostos fazia a cena toda parecer ainda mais desolada.
O pântano que beirava a rodovia de duas vias havia começado
a cobrir o asfalto, e a
estrada parecia meio que sumir por entre a grama do pântano
e a lama. Luce nunca
havia estado tão longe no rio pantanoso.
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Enquanto ela se
sentava, incerta do que ela faria uma vez que saísse do carro,
ou se essa era realmente uma boa idéia, a porta da frente
do Styx se abriu
abruptamente e Cam andou para fora. Ele se inclinou descontraidamente
contra a
tela da porta, uma perna cruzada sobre a outra. Ela sabia
que ele não podia ver ela
através da janela esfumada do carro, mas ele levantou sua
mão como se ele
pudesse e gesticulou para ela ir até ele.
― Aqui vai nada. ―
Luce resmungou antes de agradecer o motoriMiss Ela abriu a
porta e foi recebida por uma rajada de vento salgado enquanto
subia os três
degraus até a varanda de madeira do bar.
O cabelo bagunçado de Cam estava solto ao redor do rosto dele
e ele tinha uma
expressão calma em seus olhos verdes. Uma manga da camiseta
preta dele estava
puxada sobre o ombro dele, e Luce podia ver a suave marcação
do bíceps dele. Ela
dedilhou a corrente de ouro no bolso dela. Lembre-se porque
você está aqui.
O rosto de Cam não mostrava nenhum sinal da briga da noite
anterior, o que a fez
se perguntar, imediatamente, se Daniel tinha alguma marca.
Cam a deu um olhar inquisitivo, correndo sua língua ao longo
do seu lábio inferior.
― Eu só estava calculando quantos drinques de consolação eu
precisaria se você me
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desse o cano hoje. ― Ele falou, abrindo os braços para um
abraço. Luce andou até
eles. Cam era uma pessoa muito difícil de dizer não, até mesmo
quando ela não
estava totalmente certa sobre o que ele estava pedindo.
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― Eu não daria
o cano em você. ― Ela falou, então imediatamente se sentiu
culpada, sabendo que as palavras dela vieram do senso de dever,
não o romance
que Cam teria preferido. Ela estava ali somente porque ela
ia dizer a ele que não
queria se envolver com ele. ― Então, o que é esse lugar? E
desde quando você tem
um serviço de carro? ―
― Cola em mim, criança.
― Ele falou, parecendo tomar a pergunta dela como um
elogio, como se ela gostasse de ser arrastada para bares que
cheiravam como o
interior de um ralo de pia.
Ela era tão ruim nesse tipo de coisa. Callie sempre dizia
que Luce era incapaz de
honestidade brutal e era por isso que ela ficava presa em
tantas situações
desagradáveis com caras que ela devia apenas ter dito não.
Luce estava tremendo.
Ela tinha que desabafar aquilo. Ela pescou no seu bolso e
tirou o pendente. ― Cam.
―
― Oh que bom, você
trouxe. ― Ele pegou o colar das mãos dela e girou ela, ―
Deixe-me ajudar você a colocar ele. ―
― Não, espere. ―
― Pronto. ― Ele falou.
― Ele realmente combina com você. Dê uma olhada. ― Ele
a acompanhou ao longo do assoalho de madeira que rangia até
a janela do bar,
onde um numero de bandas havia colocado posters para shows.
OS VELHOS
BEBES. PINGANDO COM ÓDIO. RACHADORES DE CASAS. Luce teria preferido
estudar qualquer um deles a olhar seu reflexo. ― Viu? ―
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Ela não conseguia
distinguir direito as feições dela no enlameado vidro da
janela, mas o pendente de ouro brilhava na sua pele quente.
Ela pressionou sua
mão nele. Ele era adorável. E tão distinto, com sua pequena
serpente esculpida a
mão pairando no centro. Não era como nada que você vê nas
vitrinas dos
mercados, onde vendedores locais superfaturam os trabalhos
manuais para
turistas, suvenires da Geórgia feito nas Filipinas.
Atrás do reflexo dela na janela, o céu estava com uma cor
rica de laranja-picolé,
quebrado por linhas finas de nuvens rosa.
― Sobre a noite passada
..., ― Cam começou a dizer. Ela conseguia ver vagamente
os lábios rosados dele se moverem pelo vidro sobre os ombros
dela.
― Eu queria falar sobre
a noite passada, também. ― Luce falou, parando do lado
dele. Ela podia ver as pontas da tatuagem em formato de raios
de sol atrás do
pescoço dele.
― Venha para dentro.
― Ele falou guiando ela de volta para a porta de tela meio
caída. ― Nós podemos conversar lá. ―
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O interior do bar era de madeira plainada, com algumas fracas
lâmpadas laranja
provendo a única luz. Todos os tamanhos e formar de galhadas
estavam
amontoados na parede, e uma cheetah empalhada posava sobre
o bar, parecendo
pronta para da o bote a qualquer momento.
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Um retrato desbotado
composto com as palavras Condado de Pulaski
Clube de Oficiais Alce 1964-1965 era a única outra decoração
na parede, mostrando
cem faces ovais, sorrindo modestamente acima de laços cor
pastel. A jukebox
tocava Ziggy Stardust, e um cara mais velho com a cabeça raspada
e calça de couro
estava cantarolando e dançando sozinho no meio de um pequeno
palco elevado.
Além de Luce e Cam, ele era a única outra pessoa naquele lugar.
Cam apontou para dois banquinhos. As almofadas verdes de couro
gastas haviam
se partido no meio, a espuma bege saia para fora como um pedaço
maciço de
pipoca. Já havia uma taça pela metade onde Cam havia se sentado.
A bebida nela
era marrom e aguada com gelo, banhada com suor.
― O que é isso? ― Luce
Perguntou.
― Luar da Geórgia.
― Ele falou tomando um gole. ― Eu não recomendo ele para
começar. ― Quando ela olhou torto para ele, ele falou, ― Eu
estive aqui o dia
inteiro. ―
― Encantador. ― Luce
falou dedilhando o colar de ouro. ― Quantos anos você tem,
dezessete? Sentado em um bar sozinho o dia inteiro? ―
Ele não parecia obviamente bêbado, mas ela não gostava da
idéia de ir toda aquela
distância até lá para terminar tudo com ele, e ele estar bêbado
demais para
entender. Ela estava começando a se perguntar como ela iria
voltar para a escola.
Ela nem sabia onde era aquele lugar.
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― Ai. ― Cam esfregou
seu coração. ― A beleza de ser suspenso das aulas,
Luce, é que ninguém sente a sua falta durante as aulas. Eu
achei que eu merecia um
tempinho para me recuperar. ― Ele levantou a cabeça. ― O que
está realmente
incomodando você? É este lugar? Ou a briga da noite passada?
Ou o fato de não
estarmos tendo nenhum atendimento? ― ele elevou a voz para
gritar as ultimas
palavras, auto o bastante para fazer um enorme, bruto bar tender
se virar em frente
a porta da cozinha atrás do bar. O barman tinha cabelos longos,
repicados com
franja, e tatuagens que pareciam cabelos humanos trançados
que percorriam seus
braços de cima a baixo. Ele era só músculos e devia pesar
uns cento e cinquenta
quilos.
Cam se virou para ela e sorriu. ― Qual é o seu veneno? ―
― Eu não me importo.
― Luce falou. ― Eu na verdade não tenho meu próprio
veneno. ―
― Você estava bebendo
champanhe na minha feMiss ― Cam falou. ― Viu quem
estava prestando atenção? ― ele esbarrou nela com seu ombro.
― Seu champagne
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mais fino aqui. ― Ele falou para o bar tender que jogou a cabeça
para trás e soltou
uma risada maléfica.
Não fazendo nenhuma tentativa de ver a identidade dela ou
até mesmo olhar ela
tempo o bastante para adivinhar sua idade, o bar tender se
abaixou sobre um
pequeno refrigerador com uma porta de vidro de correr. As
garrafas se bateram
enquanto ele cavava e cavava. Após o que pareceu como um longo
tempo, ele
emergiu novamente com uma pequena garrafa de Freixenet. Parecia
que tinha uma
coisa laranja crescendo em volta da base.
― Eu não aceito nenhuma
responsabilidade por isso. ― Ele falou entregando a
garrafa.
Cam estourou a rolha e elevou sua sobrancelha a Luce. Ele
serviu o Freixebet
cerimoniosamente nas taças de vinho.
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― Eu queria me
desculpar. ― Ele falou. ― Eu sei que eu tenho forçado um
pouco a barra. E a noite passada, o que aconteceu com Daniel,
eu não me sinto bem
a respeito daquilo. ― Ele esperou Luce consentir com a cabeça
antes de continuar.
― Ao invés de ficar bravo, eu só devia ter ouvido você. É
com você que eu me
importo, não ele. ―
Luce observou as bolhas subirem no seu vinho, pensando que
se ela tivesse que ser
honesta, ela diria que era com Daniel que ela se importava,
não Cam. Ela tinha que
contar a Cam. Se ele já se arrependia de não ter escutado
ela na noite passada,
talvez agora ele iria começar a ouvir. Ela ergueu a taça dela
para beber um gole
antes de ela começar.
― Oh, espere. ― Cam
colocou sua mão no braço dela. ― Você não pode beber até
que nós tenhamos brindado alguma coisa. ― Ele ergueu a taça
dele e segurou os
olhos dela. ― O que deve ser? Você escolhe. ―
A porta de tela bateu e os caras que haviam estado fumando
na varanda entraram.
O mais alto, com cabelos pretos oleosos, nariz cortado e unhas
muito sujas, deu
uma olhada em Luce e foi até eles.
― O que estamos celebrando?
― ele olhou ela, batendo na taça erguida dela com
seu copo. Ele se inclinou mais perto, e ela pode sentir a
carne dos quadris dele
pressionando os dela através da camisa de flanela. ― É a primeira
noite fora do
bebê? Qual é a hora do toque de recolher? ―
― Nós estamos celebrando
você levando seu traseiro de volta para fora agora
mesmo. ― Cam falou agradavelmente como se ele tivesse anunciado
que era o
aniversário de Luce. Ele fixou os olhos verdes no homem, que
mostrou seus
pequenos dentes pontudos e a boca cheia de gengiva.
― Lá fora, é? Só se
eu levar ela comigo. ―
Ele agarrou a mão de Luce. Após o jeito que a briga com Daniel
havia começado,
Luce esperava que Cam precisaria de pouca desculpa para perder
o controlo de
novo.
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Especialmente se ele realmente tivesse bebido o dia inteiro.
Mas Cam se
manteve excepcionalmente calmo.
Tudo que ele fez foi espanar a mão do cara para longe com
a velocidade, graça e
força brutal de um leão espanando um rato.
Cam assistiu o cara cambalear para trás vários passos. Cam
sacudiu sua mão com
uma expressão desinteressada no rosto, então acariciou o pulso
de Luce onde o
cara tinha tentado agarrar.
― Lamento por isso.
Você estava dizendo, sobre a noite passada? ―
― Eu estava dizendo...
― Luce sentiu o sangue drenar de seu rosto. Diretamente
sobre a cabeça de Cam, uma enorme sombra preta havia se aberto,
se esticando
para frente e se desdobrando até que se tornou a maior, mais
negra sombra que ela
jamais havia visto. Um sopro de ar ártico soprou de seu centro,
e Luce sentiu o gelo
da sombra mesmo nos dedos de Cam, ainda traçando a pele dela.
― Oh. Meu.Deus. ― ele
sussurrou.
Houve um estrondo de vidro quando o cara quebrou o copo sobre
a cabeça de Cam.
Lentamente, Cam ficou de pé em frente a cadeira dele e sacudiu
alguns dos
estilhaços de vidro do cabelo. Ele se virou para encarar o
homem que era
facilmente duas vezes a sua idade e vários centímetros mais
alto.
Luce se acovardou em seu banco de bar se esquivando do que
ela sentia que estava
prestes a acontecer entre Cam e esse outro cara. E o que ela
temia que poderia
acontecer com a espalhada, negra como a noite sombra que estava
sobre as
cabeças
― Separando. ― O enorme
bar tender falou categoricamente sem nem se
preocupar em tirar os olhos da sua revista de luta.
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Imediatamente,
o cara começou a lançar socos cegamente em Cam que
tomou os socos sem sentido como se eles fossem tapas vindas
de uma criança.
Luce não era a única espantada pela compostura de Cam. O dançarino-usador-de-
calças-de-couro estava se acovardando contra o jukebox. E
após o cara de cabelo
oleoso socar Cam algumas vezes, até ele foi para trás e ficou
ali, confuso.
Enquanto isso, a sombra estava se juntando contra o forro,
ramos escuros como
ervas e descendo para cada vez mais perto de suas cabeças.
Luce se retraiu e se
esquivou assim que Cam se esquivou de um último soco do cara
sórdido.
E então decidiu contra-atacar.
Foi só um simples virar dos dedos dele, como se Cam estivesse
retirando uma folha
morta. Em um minuto, o cara estava em cima de Cam, mas quando
os dedos de
Cam conectaram com o peito do oponente dele, o cara foi voando,
jogado de pés
para cima no ar, garrafas de cerveja se quebrando com sua
subida até as costas dele
baterem na parede oposta próxima ao jukebox.
Ele esfregou a cabeça e, gemendo, começou a se amontoar e
ficar agachado.
― Como você fez aquilo?
― Os olhos de Luce estava arregalados.
|
Cam ignorou ela, se virou em direção ao amigo mais baixo,
mais parrudo do cara e
falou. ― Você é o próximo? ―
O segundo cara levantou suas palmas. ― Não é minha briga,
cara. ― Ele falou se
esquivando para longe.
|
Cam encolheu os
ombros, andou em direção ao primeiro cara e o levantou do
chão pelas costas da camiseta dele. Seus membros balançavam
vulneravelmente
no ar, como de uma marionete. Então, com um fácil giro de
pulso,Cam jogou o cara
contra a parede. Ele quase parecia grudar lá enquanto Cam
se soltou, socando o
cara e dizendo de novo e de novo, ― Eu falei vá para fora!
―
― Basta! ― Luce gritou,
mas nenhum deles ouviu ou se importou. Luce se sentiu
mal. Ela queria tirar os olhos do nariz e gengivas sangrentas
do cara pendurado
contra a parede, da força quase sobre humana de Cam. Ele queria
dizer a ele para
esquecer, que ela acharia o caminho para escola sozinha. Ela
queria, mais que tudo,
fugir da sombra medonha que agora cobria o teto e pingava
pelas paredes. Ela
agarrou a sua bolsa e correu noite adentro E direto nos braços
de alguém.
― Você está bem? ―
era Daniel.
Como você me encontrou aqui? ― ela perguntou, desavergonhadamente
enterrando sua face no ombro dele. Lágrimas com as quais ela
não queria lidar
estavam se enchendo dentro dela. ― Venha. ― Ele falou ― Vamos
sair daqui. ―
|
Sem olhar para
trás, ela deslizou sua mão para dentro da mão dele. Calor se
espalhou acima do braço dela e através do seu corpo. E então
as lágrimas
começaram a rolar. Não era justo se sentir tão a salvo quando
as sombras ainda
estavam tão perto.
Até Daniel parecia agitado. Ele estava arrastando ela através
do lote tão rápido, ela
quase precisou correr para alcançá-lo.
Ela não queria olhar para trás quando ela sentiu as sombras
se derramarem para
fora da porta do bar e ganhar forma no ar. Mas então, não
precisava. Elas flutuaram
em um fluxo constante sobre a cabeça dela, sugando toda a
luz do caminho deles.
Era como se o mundo inteiro estava sendo rasgado em pedaços
bem diante de seus
olhos. Um cheiro podre de enxofre ficou preso em seu nariz,
pior do que qualquer
coisa que ela conhecia.
Daniel olhou para cima também, e fez uma careta, só que parecia
que ele estava
apenas tentando se lembrar onde tinha estacionado. Mas então
a coisa mais
estranha aconteceu. As sombras se encolheram para trás, se
afastando em jatos
pretos que se aglomeravam e dispersavam
Luce vagou seus olhos em descrença. Como Daniel tinha feito
aquilo? Ele não tinha
feito aquilo, ou tinha?
― Quê? ― Daniel perguntou,
distraído. Ele destrancou a porta do lado do caroneiro
de um branco Taurus Station Wagon. ― Alguma coisa errada?
―
|
― Nós não temos tempo para eu listar todas as muitas, muitas
coisas que estão
erradas. ― Luce falou, se afundando no acento do carro. ―
Olha. ― Ela apontou em
direção a entrada do bar. A porta de tela se abriu no Cam.
Ele deve ter desacordado
o outro cara, mas ele não parecia que tinha estado em uma
briga. Os punhos dele
estavam fechados.
|
Daniel sorriu
e sacudiu a cabeça. Luce estava batendo seu sinto de segurança
inutilmente de novo e de novo na fivela até ele estender as
mãos e tirar as mãos
dela do caminho. Ela segurou a respiração enquanto os dedos
dele roçaram o
estômago dela. ― Tem um truque. ― Ele sussurrou, encaixando
a tranca na base.
Ele ligou o carro e, em seguida recuou lentamente, tomando
seu tempo enquanto
eles passavam a porta do bar. Luce não conseguia pensar em
uma única coisa a
dizer a Cam, mas sentiu perfeito quando Daniel abriu a janela
e disse simplesmente.
― Boa noite, Cam. ―
― Luce. ― Cam falou
andando em direção ao carro. ― Não faça isso. Não vá
embora com ele. Vai acabar mal. ― Ela não podia tirar os olhos
dos olhos dele, os
quais ele sabia que estavam apelando para ela voltar. ― Eu
sinto muito. ―
Daniel ignorou Cam inteiramente e só dirigiu. O pântano parecia
nublado no
crepúsculo, e as matas em frente a eles pareciam ainda mais
nubladas.
― Você ainda não me
disse como me achou aqui. ― Luce falou. ― Ou como você
sabia que eu fui me encontrar com Cam. Ou onde você conseguiu
esse carro. ―
― É da Srta Sophia.
― Daniel explicou, ligando o farol alto enquanto as árvores
cresciam juntas a frente e deixando a estrada na sombra densa.
― Srta Sophia deixou
você pegar o carro dela emprestado? ―
― Depois de anos vivendo
em Skid Row em L.A. ― ele falou encolhendo os
ombros. ― Você pode dizer que eu tenho um toque mágico quando
se fala em ―
emprestar ― carros. ―
― Você roubou o carro
da Miss Sophia? ― Luce zombou, perguntando-se como a
bibliotecária iria anotar este desenvolvimento em seus arquivos.
― Nós vamos levar de
volta. ― Daniel falou. ― Além disso, ela estava muito
preocupado com a noite da encenação da Guerra Civil. Algo
me diz que ela não vai
nem mesmo notar que ele se foi. ―
|
Foi só aí que Luce
percebeu o que Daniel estava vestindo. Ela assimilou o
uniforme azul de soldado da União dele com sua ridícula tira
de couro jogada
diagonalmente sobre o peito dele. Ela tinha estado tão aterrorizada
das sombras,
de Cam, de toda a horrorosa cena que ela não tinha nem pausado
para assimilar
Daniel.
― Não ria. ― Daniel falou tentando não rir. ― Essa noite você
se safou do
possivelmente pior evento social do ano. ―
|
dos botões de Daniel. ― Uma pena. ― Ela falou, usando um sotaque
suliMiss ― Eu
tinha acabado de mandar passar meu vestido-bela-do-baile.
―
Os lábios de Daniel se contorceram em um sorriso, mas então
ele suspirou. ― Luce,
essa noite, as coisas podiam ter acabado muito feio. Você
sabia disso? ―
Luce olhou para a estrada, incomodada que a atmosfera havia
mudado tão de
repente para uma depressiva. Uma coruja cantadora olhou para
ela de uma árvore.
― Eu não tinha a intenção
de vir aqui. ― Ela falou o que parecia ser verdade. Foi
quase como se Cam tivesse enganado ela. ― Eu queria não ter
vindo. ― Ela
adicionou quietamente, se perguntando onde a sombra estava
agora. Daniel bateu
os punhos no volante fazendo ela pular. Ele estava rangindo
os dentes, e Luce
odiava que ela era quem havia feito ele parecer tão zangado.
― Eu não consigo acreditar
que você está envolvida com ele. ― Ele falou.
― Eu não estou. ― Ela
insistiu. ― A única razão que me fez aparecer era para dizer
a ele … ― era sem sentido. Envolvida com Cam!. Se Daniel soubesse
que ela e Penn
passavam a maioria do tempo delas pesquisando a família dele
… bem, ele
provavelmente ficaria igualmente irritado.
|
― Você não precisa
se explicar. ― Daniel falou, acenando com a mão. ― É
minha culta de qualquer jeito. ―
― Sua culpa? ―
Aquela altura Daniel havia saído da rua e parado o carro em
uma pequena estrada
de areia. Ele apagou os faróis e eles ficaram olhando para
o oceano. O céu
acinzentado estava com um tom extraordinariamente profundo
e o pico das ondas
pareciam quase prata, brilhando. A grama da praia sacudia
no vento, fazendo um
alto, desolado som de assovio. Um bando de gaivotas sentaram
em uma longa linha
ao longo do parapeito da passarela, ajeitando as penas.
― Nós estamos perdidos?
― ela perguntou.
Daniel ignorou ela. Ele saiu do carro e fechou a porta, começou
a andar em direção
a água, Luce esperou dez agonizantes segundos, assistindo
a silhueta dele ir
diminuindo no crepúsculo púrpura, antes dela pular para fora
do carro e seguir ele.
O vento jogou o cabelo dela contra seu rosto. Ondas batiam
na costa, levando
linhas de conchas e algas marinhas de volta para sua contracorrente
submarina. O
ar estava mais frio perto da água. Tudo tinha um aroma forte
de maresia.
― O que está acontecendo,
Daniel? ― ela falou, correndo ao longo da duna. Ela se
sentiu mais pesada andando na areia. ― Onde nós estamos? ―
E o que você quis
dizer , é sua culpa? ― ele se virou para ela. Ele parecia
tão abatido, sua fantasia de
uniforme toda amassada, seus olhos cinza caindo. O barulho
das ondas quase
abafaram a voz dele. ― Eu só preciso de um tempo para pensar.
―
Luce sentiu um nó crescendo de novo na sua garganta. Ela finalmente
havia parado
de chorar, mas Daniel estava dificultando tudo. ― Por que
me resgatar então? ―
Por que vir todo o caminho até aqui para me apanhar, então
gritar comigo e então
|
me ignorar? ― ela secou os olhos na barra da camiseta preta
dela e o sal do mar nos
dedos dela fizeram seus olhos arderem. ― Não que isso seja
alguma diferença do
jeito que você tem me tratado na maioria do tempo, mas. ―
|
Daniel se virou
e bateu na testa dele com as duas mãos. ― Você não entende,
Luce. ― Ele sacudiu a cabeça. ― Isso é o que você nunca entende.
―
Não tinha nada maldoso na voz dele. Em fato, era quase bondosa
demais. Como se
ela fosse lenta demais para captar o que quer que seja que
era tão obvio para ele. O
que fez ela ficar absolutamente furiosa.
― Eu não entendo? ― ela perguntou. ― Eu não entendo? Deixe
eu te dizer uma
coisa sobre o que eu não entendo. Você se acha tão esperto?
Eu passei três anos
com uma bolsa integral na melhor escola preparatória do país.
E quando eles me
chutaram, eu tive que fazer uma petição, petição! Para que
eles não apagassem
meu histórico das minha notas quatro-ponto-zero. ―
|
Daniel se afastou,
mas Luce perseguiu ele, dando um passo a frente a cada
passo de olhos arregalados que ele dava para trás. Provavelmente
assustando ele,
mas e daí? Ele estava pedindo por isso toda vez que ele era
condescendente com
ela.
― Eu sei Latim e Francês,
e no ensino médio, eu ganhei a feira de ciências três anos
seguidos. ―
Ela tinha encurralado ele contra o parapeito da passarela
e estava tentando se
segurar para não cutucar ele no peito com o dedo dela. Ela
não tinha terminado.
― Eu também faço as
palavras cruzadas do jornal Sunday, algumas vezes em
menos de uma hora. Eu tenho um preciso sentido de direção
... apesar de isso nem
sempre se aplicar aos garotos. ― Ela engoliu e tomou um momento
para recuperar
o fôlego.
― E algum dia, eu serei
uma psiquiatra que realmente ouve os pacientes e ajuda
pessoas. Ok? Então não fique falando comigo como se eu fosse
uma estúpida e não
me diga que eu não entendo só porque eu não consigo decodificar
seu erradico,
falho, quente-num-minuto-frio-no-outro, francamente. ― Ela
olhou para ele,
soltando a respiração. ― Realmente insensível comportamento.
― Ela secou as
lágrimas, zangada consigo mesma por ter ficado tão exaltada.
― Cala a boca. ― Daniel
falou, mas ele falou suavemente e tão carinhosamente que
Luce surpreendeu ambos ao obedecer.
|
― Eu não acho
que você é estúpida. ― Ele fechou os olhos. ― Eu acho que
você é a pessoa mais esperta que eu conheço. E a mais gentil.
E. ― ele engoliu,
abrindo os olhos para olhar diretamente para ela. ― A mais
bonita. ―
― Com licença? ―
Ele olhou para o oceano. ― Eu só ... estou tão cansado disso.
― Ele parecia tão
|
exausto.
― Do quê? ―
Ele olhou para ela, com a mais triste expressão no rosto dele,
como se ele tivesse
perdido algo precioso. Esse era o Daniel que ela conhecia,
apesar de ela não poder
explicar como ou de onde. Este era o Daniel que ela ... amava.
― Você pode me mostrar. ― Ela sussurrou.
Ele sacudiu a cabeça. Mas os lábios dele ainda estavam tão
perto dos dela. E a
expressão nos olhos dele era tão fascinante. Era quase como
se ele quisesse que ela
mostrasse para ele primeiro.
|
O corpo dela tremia
de nervos enquanto ela ficava nas pontas dos pés e se
inclinava em direção a ele.
Ela colocou a mão dela na bochecha dele e ele piscou, mas
ele não se moveu. Ela se
moveu lentamente, tão lentamente, como se ela estivesse com
medo de assustar
ele, cada segundo sentindo se petrificar. E então, quando
eles estavam perto o
bastante que os olhos dela estavam quase vesgos, ela fechou
eles e pressionou os
lábios dela contra os dele.
O mais leve, como uma pena, toque dos lábios deles era tudo
o que conectava eles,
mas um fogo que Luce jamais havia sentido antes passou por
ela, e ela soube que
ela precisava mais que tudo de Daniel. Seria pedir demais
que ele precisasse dela da
mesma maneira, segurar ela nos braços dele como ele havia
feito tantas vezes nos
sonhos dela, retribuir o beijo esperançoso dela com um mais
poderoso.
Mas ele fez.
|
Os músculos dos
braços dele circularam a cintura dela. Ele puxou ela até ele, e
ela podia sentir a linha definida dos seus corpos conectando,
pernas se enrolando
em pernas, quadris pressionados em quadris, peitos arfando
em sincronia um com o
outro.Daniel a colocou com as costas contra o parapeito da
passarela, prendendo
ela mais perto dele até que ela não conseguia de mover, até
ele ter ela exatamente
onde ela queria estar. Tudo isso sem nenhuma vez quebrar a
apaixonada ligação de
seus lábios.
E então ele começou a realmente beijá-la, carinhosamente a
principio, fazendo
sutis, adoráveis sons de selinhos no ouvido dela. E então
longo e doce e ternamente
ao longo da mandíbula dela e abaixando até o pescoço dela,
fazendo ela gemer e
jogar sua cabeça para trás. Ele puxou firmemente no cabelo
dela e ela abriu os olhos
para vislumbrar, por um segundo, as primeiras estrelas aparecerem
no céu da noite.
Ela se sentiu mais perto do céu do que ela jamais sentiu antes.
Finalmente, Daniel voltou aos lábios dela, beijando ela com
tanta intensidade,
sugando os lábios inferiores dela, então esticando sua língua
macia só até um
pouco depois dos dentes dela. Ela abriu a boca dela mais,
desesperada para deixar
|
mais dele entrar, finalmente sem medo de mostrar o quanto
ela ansiava por ele.
Para empatar a força dos beijos dele com a dela.
|
Ela tinha areia
na boca dela e entre seus dedos do pé, o vento salgado levantou
arrepios em sua pele, e o mais doce, sentimento de fascinação
derramava do seu
coração.
Ela poderia, naquele momento, ter morrido por ele.
Ele se afastou e olhou para ela, como se ele quisesse que
ela dissesse algo. Ela sorriu
para ele e beijou ele delicadamente nos lábios, deixando os
lábios dela perdurar nos
dele. Ela não conhecia nenhuma palavra, não tinha maneira
melhor de comunicar o
que ela estava sentindo, o que ela queria.
― Você ainda está aqui. ― Ele suspirou.
― Eles não conseguiriam me arrastar. ― Ela riu.
Daniel deu um passo para trás e com um olhar sombrio para
ela, o sorriso dele havia
sumido. Ele começou a andar de um lado para o outro, esfregando
sua testa com as
mãos.
― O que está errado? ― ela perguntou levemente, puxando as
mangas dele para
que ele voltasse para outro beijo. Ele correu os dedos dele
pelo rosto dela, pelo
cabelo dela, ao redor do pescoço dela. Como se ele estivesse
se certificando que ela
não era um sonho.
― Esse foi seu primeiro beijo de verdade? ― ela achou que
não devia contar Trevor,
então tecnicamente era. E tudo parecia tão certo, como se
ela tivesse sido
destinada para Daniel, e ele para ela. Ele cheirava ... lindo.
A boca dele tinha um
gosto doce e rico. Ele era alto e forte e escorregando do
abraço dela.
|
― Onde você está
indo? ― ela perguntou.
Seus joelhos dobrados e ele afundaram alguns centímetros,
inclinando-se contra o
parapeito de madeira da passarela e olhando para o céu. Ele
parecia estar com dor.
― Você disse que nada
poderia arrastar você. ― Ele falou em uma voz apressada. ―
Mas elas vão. Talvez elas só estejam atrasadas. ―
― Elas? Quem? ― Luce
perguntou, olhando ao redor para a praia deserta. ― Cam?
Eu acho que despistamos ele. ―
― Não. ― Daniel começou
a andar para longe pela passarela. Ele estava tremendo.
― É impossível. ―
― Daniel. ―
― Vai vir. ― Ele sussurrou.
― Você está me assustando.
― Luce seguiu atrás tentando alcançar. Porque de
repente, mesmo ela não querendo, ela tinha o pressentimento
que sabia o que ele
queria dizer. Não Cam, mas outra coisa, alguma outra ameaça.
A mente de Luce pareceu enuveada. As palavras dele bateram
em seu cérebro,
soando estranhamente verdade, mas o raciocínio por trás deles
escapou dela.
|
Como o fio de um sonho que ela não conseguia se lembrar
dele todo.
― Fale comigo. ―
Ela falou. ― Me diga o que está acontecendo. ―
Ele se virou, sua face pálida como o florecer de uma
peônia, os braços dele erguidos
em rendição. ― Eu não sei como parar isso. ― Ele
suspirou. ― Eu não sei o que
fazer.
|
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