10 - FORMATURA
DE VAMPIROS
|
CORRI ESCADA ACIMA
O MAIS RÁPIDO QUE
PUDE E então arranquei minha camisa e
atirei-a no
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chão.
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- Posso sugerir que vista algo simples? – uma voz me
instruiu sem segundas intenções.
|
Virei para a janela e fiquei sem fôlego. Josh!
Rapidamente, cobri minha blusinha estilo sutiã. Era tarde, no
|
entanto; Josh a tinha visto. Então, agora ele sabia
que eu conhecia roupas de mulher.
|
- Não pretendo controlar cada faceta de sua vida – ele
continuou, tomando minha mão e fechando a janela
|
com ela. – Mas acredito que não seria inteligente da
sua parte usar algo chamativo na formatura. O tema é
|
Baile de Máscaras Veneziano, e você estará numa sala
cheia de vampiros. Qualquer tecido que você tenha
|
que se camufle às paredes ou à pista de dança seria o
melhor.
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- Como você entrou aqui?
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- Pela janela. Dããã. Esqueceu que eu sou um vampiro?
|
- Mas a minha janela mal tem sessenta centímetros de
altura.
|
- Dããã. Fiz aquele truque vampírico em que você se
encolhe com um raio vampírico e depois se bombeia
|
vampirescamente de volta ao tamanho normal.
|
Comecei a fazer perguntas, mas fomos interrompidos por
uma violenta batida na porta.
|
- Onde ele está? – gritou Jim. – Aquele vampiro está
aí dentro?
|
Josh disparou na minha direção e colocou a mão sobre a
minha boca.
|
-
|
Nãão
|
– ele disse com uma voz baixa e máscula. –
|
Só a sua filha humana… completamente sozinha.
|
Tirei sua mão da minha boca.
|
- Não, pai – eu falei. – Não vejo nenhum vampiro por
aqui. Mas vamos continuar procurando assim mesmo!
|
Quer dizer, eu continuarei procurando!
|
Depois de uma longa pausa, escutamos o som dos seus
passos pesados descendo a escada.
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Voltei-me para Josh.
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- Não posso acreditar que você tenha dito a ele que
era um vampiro! Jim detesta vampiros.
|
- Ficou
constrangida por minha causa? –
ele perguntou provocativamente. Então, agarrou minha cintura e
|
me puxou para mais perto. – E agora, hein? – ele
disse, fazendo uma humilhante dança do pinguim.
|
- Não, não estou constrangida por sua causa. Apenas
precisamos manter o seu vampirismo em segredo dos
|
meus amigos e da minha família para todo o sempre,
certo?
|
Ele parou de dançar.
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- Espera aí. Para todo o sempre?
|
Suspirei exasperada. Edwart podia ser ingênuo, mas não
fazia metade dessas perguntas.
|
- Sim, para sempre. Assim que você tenha me mordido e
me tornado sua companheira vampira.
|
Ele recuou devagar.
|
- Espere aqui, Belle – ele disse, abrindo a janela
atrás de suas costas. – Existe algo que preciso fazer… em
|
outro lugar.
|
Quando escutei seu carro dar a partida e sair cantando
pneus, voltei minha atenção ao meu
|
closet
|
. O que se
|
deveria vestir num baile de máscaras? Atirei tudo o que possuía sobre a cama. Atirei o gesso
da perna, o
|
gesso da perna
esquerda, o do
pescoço, o de
vários dedos. No
final, decidi ir
com todo o
meu corpo
|
engessado.
|
Um carro parou cantando pneus do lado de fora. Escutei
vozes vindas da sala. Josh havia retornado! Rastejei
|
para a entrada, escutando o barulho de Jim recolocando
seu rifle no mostruário de vidro na parede. Ele devia
|
ter convencido Jim de que não era um vampiro, pelo
jeito, porque tudo o que eu ouvia era o zumbido baixo
|
da conversa deles.
|
Asseguro ao senhor que sou um cara muito conservador,
Sr. Goose, prometo fazer tudo de acordo com as
|
regras. – Josh estava dizendo. – Aqui está o acor do
que um intelectual da cidade vizinha redigiu para mim.
|
Ele diz que, em troca de namorar sua filha, eu te
oferecei quatro gansas poedeiras, um fardo de barrotes de
|
madeira para barril e o uso da minha maior foice
durante três semanas.
|
- Isso me agrada –
respondeu Jim. –
Sou um pai
extremamente permissivo que nunca
sonhou exigir um
|
arranjo
desses, mas sou
declaradamente um aficionado
por barrotes de
madeira para barril.
Toma uma
|
bebida comigo para celebrar?
|
Escutei o som de glub-glub sendo derramado em copos de
vidro.
|
- Mas o que você havia dito que era mesmo, Josh, meu
garoto?
|
Inspirei profundamente e cerrei os olhos com for a.
Não diga vampiro .
|
- Um artista de grafite, senhor. Um artista de
grafite em janelas.
|
- Sei…
|
De repente, o som de vidro se quebrando soou pela
casa. Josh fugiu escada acima até o meu quarto, batendo
|
a porta atrás dele. Jim venceu rapidamente os degraus
atrás dele, ficando mais e mais irritado a cada vez que
|
disparava seu rifle, enterrando as balas antigas, de
valor incalculável, em nossos lambris de madeira feitos
|
na Frísia no século XVII.
|
- O que foi que eu disse de errado? – Josh gritou sem
fôlego, empurrando minha penteadeira na frente da
|
porta.
|
- Jim é lavador
de janelas, Josh. E, de
acordo com uma camiseta que ele
tem, também é um
Inspetor do
|
Corpo Feminino. Acho que é tipo um ginecologista, mas
sempre fico muito nauseada para perguntar.
|
Em todo o
caso, ele detesta
grafiteiros. Na verdade,
as únicas pessoas
que ele não
detesta são os
|
descendentes de lobisomens. Tente isso da próxima vez.
|
- O que você está vestindo? – perguntou Josh,
admirando minha fantasia.
|
- Você gosta? É um gesso de corpo inteiro.
|
- Do que é essa fantasia? Algum tipo de múmia
sinistra?
|
- Sim –
eu respondi, desconfortável. Estava
um pouco sentida
que ele não tivesse dito
que era um belo
|
casulo. Talvez não tivéssemos sido feitos para criar
três danchshunds
|
19
|
juntos, afinal.
|
- Você está fantasiado de quê? – perguntei.
|
Josh estava vestindo um smoking preto formal com um
colete cinza cor de fumaça.
|
- Sou um Cara Humano – ele disse com um sorriso
forçado, fazendo seus falsos dentes humanos cintilarem.
|
Estremeci. Por que será que os caras insistem em
vestir os trajes menos atraentes que conseguem encontrar
|
para festas à fantasia? – pensei justamente no momento
em que Jim derrubou a porta.
|
- Você! – ele disse, apontando o rifle para Josh.
Atirou.
|
BANG!
|
Josh voou para a esquerda, escapando sobrenaturalmente da bala.
|
BANG!
|
Josh deu um salto, escapando humanamente da bala.
|
Meu pai recarregou a arma. Primeiro, colocou a
pólvora. Então, empurrou-a para baixo com uma vareta tipo
|
escova e adicionou
as balas. Naquele
momento, pude apostar
que Jim realmente
se arrependera de
ter
|
comprado aquele rifle da Guerra da Independência,
embora o tivesse conseguido por um preço inacreditável.
|
Demorou
cerca de noventa
segundos para recarregar.
Não parece muito,
mas experimente esperar
em
|
silêncio apenas por cinco segundos. Parece muito
tempo.
|
Um…
|
Dois…
|
Três…
|
Cinco…
|
Entende o que estou falando?
|
- Relaxe, pai
– eu disse,
antes que este
rídiculo desperdício de
papel pudesse continuar.
– Ele é um
|
lobisomem.
|
Jim abaixou seu Rifle.
|
- Oh, sinto muito – ele murmurou. Então olhou para
minha fantasia. – Uau, Belle! Você parece uma mulher
|
realmente madura!
|
Tive de admitir, eu estava formidável para uma
embalagem de pupa de lagarta. Lucy e Laura diriam que eu
|
estava sexy
deliciosa , mas acho formidável uma palavra muito melhor. Eu tinha
recentemente comprado
|
um dicionário. Você não pode imaginar quantas palavras
existem nele! Quando abri aquele livro, eu fiquei
|
tipo assim Uau,
uma festa de palavras! .
|
Depois que extraímos as balas da parece, descemos as
escadas para executar o tradicional ritual pai-esse-é-o-
|
meu-namorado.
|
- Então… Josh. Como vai a escola? – Jim perguntou.
|
- Bem.
|
- Hummm. Ah, você pratica algum esporte?
|
- Não. Importa-se se eu tirar meus dentes falsos? É
difícil falar com eles – ele os tirou e expôs suas presas
|
afiadas e
pontudas. Pude ver o sangue
fugir do rosto
aterrorizado de Jim para a sua perna direita: o lugar
|
mais distante dos dentes de Josh que ele podia ficar.
|
- Você, hum, tem visto algum filme ultimamente?
|
- Por que pergunta? – Josh disse, calmamente, apertando
um torniquete em torno da perna de Jim. Ela estava
|
agora inchada de sangue. Sangue delicioso, nutritivo.
|
- Bem, você
sabe… simplesmente uma
daquelas perguntas que
você faz aos
lobisomens. Todo o
|
lobisomem gosta de filmes, certo? – meu pai riu
sabiamente.
|
- Essa é uma generalização muito ousada de se fazer,
Sr. Jim. Pode permanecer imóvel por um
segundo? –
|
Josh tirou uma seringa do bolso e começou a extrair
sangue da perna de Jim.
|
- Não estou sendo preconceituoso! Pode acreditar,
alguns de meus melhores amigos são lobisomens.
|
- Bem, francamente, sou mais de televisão. Já
assistiu True Blood? É sobre vampiros.
Divertido, mas não
|
muito realista. Cara, um sangue sintético que satisfaz
vampiros? Sem Chance! Você precisa
da coisa real.
|
De preferência, o sangue de uma adolescente. Tudo
certo, Belle, está pronta?
|
- Sim! – levantei-me, exibindo as pregas suaves do meu
gesso.
|
Comecei a girar graciosamente, mas depois que você
começa é difícil parar. Senti-me como uma patinadora
|
de gelo, tanto em minha graça quanto em meu desejo de
vomitar.
|
Josh finalmente me agarrou pelos ombros para me parar.
|
- Pare, Belle. Basta.
|
Sorri de volta para ele e olhei profundamente dentro
de suas gigantescas pupilas perversas de vampiro. Ele
|
olhou friamente dentro das minhas.
|
- Agora sei por que eles a chamam de Bele – ele disse
gentilmente. – Sabia que Belle significa
bela em
|
espanhol?
|
- Shhhh – disse Josh, efetivamente me silenciando. –
Deixe Josh falar de agora em diante.
|
Ele era tão charmoso.
|
- Trarei sua estúpida filha para casa por volta da
meia-noite, Sr. Jim – ele disse. – O senhor pode ficar com
|
isso – ele atirou a seringa de sangue de volta para
ele. – Acho que estou pronto.
|
- Você quer
assistir ao jogo dos Seahawks aqui em
casa no domingo? – Jim perguntou. Jim era solitário.
|
Realmente, ele não tinha muitos amigos além do cara da
cadeira de rodas.
|
- Já tenho compromissos, Sr. Jim. Jogos de futebol são geralmente durante o dia, e o senhor sabe…
- ele
|
disse, timidamente apontando para sua pele e fazendo
movimentos cintilantes com as mãos.
|
- Não compreendo. Meu outro amigo lobisomem assiste
futebol o tempo todo.
|
- O.k., tchau, pai! – eu disse.
|
Josh guiou-me
porta afora na direção
de sua limusine preta. Antes que me empurrasse para dentro, olhou
|
para mim de cima a baixo.
|
- Ei, Belle, você sabe qual é o seu volume?
|
- O quê? – questionei, tentando pensar se uma esfera
ou um cilindro eram uma representação melhor do meu
|
tipo de corpo.
|
- Então, quanto sangue você tem em seu corpo?
|
- Eu… eu não
sei. Primeiro preciso descobrir qual
o meu raio,
Josh – eu
havia decidido que
cilindro
|
funcionaria melhor por causa da superficie achatada do
meu crânio.
|
Em nosso
caminho para a formatura, Josh
insistiu em me dar
uma aula de direção. Ele apoiou
os pés no
|
painel e ficou gritando Acelerar!
ou Frear! para mim enquanto eu manejava os pedais em
baixo do seu
|
banco. Ele era um tipo de motorista controlador – não
me deixou improvisar nenhuma vez. Eu nem podia
|
controlar o
rádio de onde eu estava sentada no chão do carro. Josh escutava em
um volume ensurdecedor
|
suas canções
|
techno
|
de vampiro. Nenhuma de Schubert.
|
Como o tema do baile era Baile de Máscaras Veneziano,
você poderia pensar que a formatura fosse melhor
|
decorada – havia um par de bandeiras pretas e um balão
preto excessivamente inflado. Mas então eu disse a
|
mim mesma para ter a mente aberta. A maioria das lojas
de artigos de festa fecha antes do pôr do sol. Se um
|
vampiro
fosse até uma
loja à luz
do dia, iria
parecer que ele
estava roubando um
monte de glitter
|
esfregando-o em seu corpo. Que confusão seria, do
ponto de vista legal.
|
- Espero que
você não ache
os trajes desinteressantes –
Josh disse em
tom de desculpas,
enquanto
|
caminhávamos
através do ginásio para chegar
ao fotógrafo. – O comitê
de formatura escolheu
um tema
|
muito sem graça em
termos de trajes
neste ano. Parece que
todo mundo decidiu
ser humano. Existe
um
|
gigantesco fenômeno de romances sobre humanos
acontecendo no mundo vampiro agora. Você deveria ter
|
visto as fantasias dos últimos anos de formatura:
cafetões e suas prostitutas de rua; CEOs e suas prostitutas
|
de
escritório; soldados Joe
e seus prostitutos
de combate; jardineiros
e duas ferramentas
de jardim;
|
bombeiros e suas mangueiras de incêncido… Se você me
perguntar, acho que o tema de baile de máscaras
|
não é lisonjeiro para as feiçes de ninguém nem define
os papéis de gênero muito claramente.
|
- Issi é brilhante – eu disse, mas uma pequena parte
de mim desejava ter Edwart ao meu lado em vez daquele
|
vampiro impressionantemente belo. Alguém que sempre
estaria lá para parecer mais desajeitado do que eu.
|
Josh e eu paramos para tirar uma foto de formatura.
Ficou muito bonita, embora meu namorado parecesse
|
simplesmente um monte de roupas flutuando no ar. Mesmo
assim, a luz captou magnificamente as fibras de
|
seda de sua gravata.
|
Enquanto
caminhávamos em direção
à vasilha de
ponche, não pude
deixar de pensar
que Josh estava
|
envergonhado por me ter como parceira. Talvez fosse o modo como ele ficava cochichando Ela não est
|
comigo
para quem passava.
Não sei. Tenho problemas em compreender
os sinais dos meninos
algumas
|
vezes. Como diz o ditado, meninos são de Marte e
meninas são de um planeta completamente normal.
|
Quando todos os vampiros romperam numa dança coreografada, afundei-me num sentimento de alienação.
|
Quando todos eles haviam encontrado tempo para
praticar juntos? A dança estilo zumbi era realmente muito
|
boa, mas acho que muitos dos movimentos eram
fortemente influenciados por um certo vídeo de um certo
|
Rei do Pop imortalizado – Black or White.
|
Fiquei
parada junto à
mesa do ponche
enquanto os vampiros
dançavam o último
verso. Havia quatro
|
vasilhas etiquetadas,
AB positivo , O negativo , AB negativo
e Saco de Surpresas .
|
- Vou tomar AB positivo – disse a Josh quando ele
voltou da pista de dança. – Do que é feito? Abacaxi e
|
banana?
|
- Oh, claro. Estava só brincando – respondi, bebericando da minha
taça horrorizada. Aquilo realmente exigia
|
uma entrega.
|
Enquanto
segurava minha taça de sangue, Josh me apresentou
a seus amigos,
Levi e Zeke.
Eles ficaram
|
observando estupidamente minha fantasia.
|
- O que vocês estão olhando? – perguntei na defensiva.
– Pelo menos eu tenho uma fantasia.
|
- Uau! – disse Levi. – Diga isso outra vez!
|
- Dizer o que outra vez?
|
- Há! Escutou isso, Zeke? Ela soa tãão humana.
|
- olá – disse Zeke, com uma voz profunda e
inalterável. – Meu nome é Cara Humano.
|
Um grupo de vampiros se juntou a nossa volta, rindo.
|
- Ah, deixe-me tentar! – falou um deles. – olá, meu
nome é Cara Humano.
|
Todos riram outra vez.
|
- Olá – disse Levi. – Sou um Humano.
|
- Porque humanos falam assim? – Zeke perguntou. –
Humanos sempre falam desse jeito!
|
- Ninguém diz isso! – eu disse a eles, mas isso só fez
com que rissem ainda mais.
|
- Olá – disse Josh. – Meu nome é Sr. Cara Humano –
eles choraram de rir.
|
-
|
Josh
|
– sussurrei ferozmente. –Você não vai me
|
defender
|
?
|
- Ora, vamos,
Belle, você sabe como você
soa. Não é culpa sua – ele
acrescentou rapidamente. – É uma
|
falha inerente aos
de sua espécie. Sei
que você não pode evitar e nunca
será capaz de corrigir isso –
ele
|
segurou meu queixo coberto de gesso em sua mão e
acariciou meu cabelo coberto de gesso. – Orgulhe-se de
|
quem você é, Belle. Não se desculpe por suas
diferenças. Suas diferenças esquisitas e defeituosas.
|
Naquele momento, alguém tocou meu ombro.
|
- Belle! – gritou uma voz familiar. Voltei-me para ver
ninguém menos do que Lucy!
|
- Lucy, o que está fazendo aqui?
|
Ela riu loucamente.
|
- Belle, comprei mais de uma dúzia de vestidos de
formatura porque você não conseguia me dizer qual era o
|
melhor.
Quer dizer, estes
vestidos simplesmente não
iam vestir a
si mesmos! É
o meu quinto
baile de
|
formatura nesta semana.
|
- Mas… você nem gosta de vampiros! Eu gosto de
vampiros. Isso é uma coisa
|
minha
|
. Quem a convidou?
|
- Levi me convidou – ela baixou a voz e falou
diretamente em meu ouvido. – Belle Goose, se você arruinar
|
minha chance de ser a rainha da formatura nesta noite,
vou me assegurar de que você viva o suficiente para
|
testemunhar a morte de seus entes queridos – ela sorriu
e saiu caminhando para juntar-se a Levi na pista de
|
dança.
|
- Vamos, Belle – disse Josh. – Essa é a minha música
favorita, vamos dançar!
|
- Eu realmente não quero dançar.
|
-
|
Dance comigo
|
, Belle – ele rosnou.
|
- Sério, Josh? A do Green Day
|
20
|
? Eles já são tão batidos.
|
.
|
- Errado – ele gritou. – Estiveram aqui somente nas
últimas vinte formaturas.
|
- O quê? Vinte formaturas!
|
- Sim, esta é a minha octogésima sexta formatura. Sou
imortal, lembra?
|
- Sim, eu sei disso. Quer dizer, só acho que eu nunca…
realmente… pensei a respeito – outra
vez, desejei
|
Edwart. Edwart, que nunca deixaria escapar que ele já
havia tido oitenta e seis formaturas pois ele não tinha
|
a menor idéia do que era o Green Day.
|
- Dance – Josh ordenou.
|
- Você não sabe o que está me pedindo – alertei.
|
- Só
|
uma vez
|
– ele determinou.
|
- Sério, Josh, eu nunca dancei sem causar,
involuntariamente, uma revolta política.
|
-
|
Uma dança
|
– ele
decretou, puxando-me para
a pista e
manipulando-me como se eu fosse
uma boneca,
|
usando polias que ainda estavam presas ao meu gesso de
corpo inteiros.
|
- O.k.,
|
uma
|
dança – fiz
o meu irônico
sapateado. É uma
coreografia complicada, mas
os espectadores
|
confundem sua falta de jeito com ironia se você ergue
suas sobrancelhas o suficiente.
|
Como previsto, houve uma revolução quando terminei.
|
Uma multidão de vampiros ultrajados invadiu a pista,
tentando freneticamente parar o sapateado que agora
|
tinha
saído de controle.
Uma centena de
vampiros sapateando estava
se empurrando e
se chutando na
|
tentativa
de completar a
coreografia. Escorreguei para
a parede ilesa
quando um casal
de sapateadores,
|
irritados pelo opressivo tratamento da multidão,
violentamente desmontou os alto-falantes, interrompendo a
|
música. O ginásio encheu-se com a algazarra da
multidão. Um vampiro se jogou sobre a
mesa de ponche
|
como se ela fosse um escorregador de água, enquanto
seus amigos derramavam sobre si mesmos o conteúdo
|
das vasilhas molhando tudo à sua volta.
|
Outro
vampiro, injuriado com
a molhadeira, atirou
seu ponche de
sangue nos olhos
de um atirador
de
|
ponche e começou a jogar o ponche excedente. Isso dividiu
os vampiros em dois times:
pró-molhadores e
|
antimolhadores.
|
Esperei pacientemente a baderna acalmar, bebericando meu
ponche de sangue numa cadeira dobrável no
|
canto do salão, entediada demais ate para dizer
Eu avisei (mas não tão
entediada para transmitir isso no
|
sistema de alto-falantes).
|
Vi lucy sendo socada enquanto tentava escapar da onda
de vampiros.
|
- Cuidado –
gritei, mas já era tarde de mais. Alguém a tinha agarrado pelo vestido,
soltando um alfinete de
|
segurança cuidadosamente preso em sua manga.
|
- Ui! – ela disse, examinando a espetadela em seu
braço. Uma gota de sangue brotou.
|
Os
vampiros pararam a
baderna. Ficaram todos
realmente quietos e
começaram a lamber
os lábios,
|
aproximando-se
de Lucy. Comecei
a lamber os
lábios também, pois
isso é uma
daquelas coisas sub-
|
conscientes e contagiosas, como espirrar, mas então
parei porque não valia a pena se você se esquecesse de
|
passar hidratante no lábios.
|
A gota escorregou
pelo braço e
caiu no chão.
Três vampiros arremessaram-se sobre
ela imediatamente.
|
Outra
escorregou. Mais três
vampiros mergulharam para
o chão. Foi
quando a hemofilia
dela irrompeu.
|
Sangue começou a jorrar de seu braço, como água de um
hidratante. Os vampiros levantaram seus rostos e
|
abriram suas bocas para apanhar o sangue que caía como
chuva, alguns gritando em volta e brincando nas
|
torrentes carmesins como crianças num dia quente de
verão.
|
- Furem aquela garota! – Lucy gritou, apontando para
mim. – Ela é humana também. Furem-na!
|
Alguns vampiros olharam para o meu lado. Sorri e
acenei para eles generosamente. Eu era o Il Duce
|
deles,
|
21
|
a face da revolução.
|
- Peguem-na! – os vampiros gritaram. De repente, eu
era a garota mais popular da
formatura. A multidão
|
mobilizou-se em direção à minha cadeira e ergue-me em ombros. Começaram
a cantar entusiasticamente,
|
dizendo Mais
sangue humano! Levem-na ao palco! Mais sangue humano! Furem o seu braço! Mais
sangue
|
humano!
|
Apesar de minha
recém-descoberta
popularidade, fiquei muito
surpresa quando eles
anunciaram do alto-
|
falante: e esta
noite o Rei e a Rainha da Formatura são… Joshua Vampiro e Belle Goose!
|
Quatro vampiros me colocaram no palco perto de Josh
antes de voltarem para seus lugares na platéia com
|
um brilho louco e faminto nos olhos.
|
- Não posso acreditar que sou Rainha da Formatura! –
sussurrei excitada para Josh.
|
- Eu sei –
ele disse, passando o braço em torno de
mim. – Também não posso acreditar nisso. Para mim,
|
você sempre será a minha Escrava da Formatura.
|
Franzi
minhas sobrancelhas. De
repente, nada parecia
certo. Lucy tentando
escapar de uma
dúzia de
|
vampiros famintos; a atitude dominadora mas de alguma
forma não romântica de Josh em relação a mim;
|
nossa coroação como Rei e Rainha da Formatura, quando
essa honra obviamente deveria ter sido
concedida
|
a um casal
diferente, que tivesse
demonstrado mais coragem
como o vampiro
|
gay
|
dançando
com seu
|
namorado no canto. Apesar dos olhares desaprovadores,
eles não iam deixar ninguém reprimir o seu amor.
|
O ginásio inteiro estava nos aplaudindo. Lucy estava
apontando para o ar acima da minha cabeça, gritando
|
alguma
coisa. Olhei para
cima, para onde
ela estava apontando,
para contemplar a
minha tiara. Perdi
o
|
fôlego. A nefasta
mensagem epilética de
Angélica ressoou em
meu cérebro: VEJO
UMA SALA NO
|
CAPÍTULO DEZ. UMA SALA CHEIA DE VAMPIROS. NO CANTO DA
SALA, UMA CADEIRA DE
|
METAL DOBRÁVEL… CUIDADO COM A COROA.
|
Baixei a cabeça a tempo para me desviar um pouco da
queda de um haltere de vinte quilos com uma tiara
|
cheia de espinhos presa a ele. Pulei do palco.
|
- Agarrem-na! – Josh gritou opressivamente.
|
Voltei-me para enfrentá-lo.
|
- Já estou cheia de suas ordens autoritárias, Joshua.
Estou cansada de vampiros.
|
Saí correndo do ginásio para o puro as da noite,
sentindo-me perdida e sem amigos porque, honestamente,
|
conversar com Jim é
como falar com a parede. Não tinha
ninguém a quem recorrer – nem
vampiro nem
|
humano. Deus, preciso de um amigo lobisomem, pensava,
enquanto caminhava para o estacionamento.
|
Então, algo divertido aconteceu. Minha visão formou um
túnel e tudo que eu podia ver era uma luz branco-
|
pastel brilhando no horizonte. Passei no topo das
escadas que levavam ao estacionamento e me
apoiei no
|
corrimão.
A luz continuava
a brilhar, tão
pálida como antes,
mas agora duas
luzes verdes foram
|
acrescentadas na direção do topo, e então surgiu um
sorriso pateta, cheio de aparelhos metálicos nos dentes.
|
Edwart. Eu
estava vendo Edwart.
Toda a minha
ansiedade e confusão evaporaram quando percebi o que
|
tinha de fazer.
|
Primeiro, no entanto, precisava descer aqueles degraus
sem me machucar. Com Edwart brilhando como um
|
farol em minha mente, olhei friamente para o caminho
de obstáculos fatais sobre os degraus diante de mim.
|
Nunca havia me sentido tão calma em minha vida.
|
Saltei de um pé para o outro, escada abaixo, rolando
quando necessário na hora em que machados suspensos
|
caíam a minha
volta, aparentemente do
nada. Eu estava
conseguindo! Estava realmente
conseguindo.
|
Desviei-me de uma estaca que brotou do chão. Isso
quase me atrasou, abrindo um buraco em minha fantasia.
|
Quando o
relógio bateu meia-noite, pude
sentir meu casulo de gesso começando a se
desfazer.
|
Logo me
|
transformaria
numa abóbora.
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Ou numa moça indefesa? Uma borboleta,
talvez? Em todo o caso,
alguma
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coisa
estava mudando de
uma maneira que
implicava que minha
natureza tinha se
desenvolvido. Mais
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pertinentemente, minha capacidade para me equilibrar.
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Mas eu não tinha terminado.
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O.k., Belezinha
, eu disse a mim mesma, ganhando
coragem por causa do meu apelido autoestabelecido,
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