À primeira vista, a
Escola de Pelham me parecera exatamente como eu havia
esperado depois de presenciar o cochilo do Matt Katz no
primeiro dia de aula:
tranquila. Mas rolava bullying por lá — e não eram
simplesmente comentários
depreciativos sobre o meu nome.
Na segunda
semana na escola nova, saí da aula de física mais cedo para
pegar meu caderno no laboratório e vi o Chris Cho, um
garoto da minha aula
de ciências nutricionais, no corredor vazio. Cho era
calouro, mas é tão magro
e pequeno que parecia uma criança meio perdida. Ele é
uma daquelas pessoas
que sempre parecem tristes, mas aquele dia parecia mais
deprimido que o
habitual. Então vi que ele não estava sozinho no
corredor — estava com o
Chris Perez.
Chris Perez
estava no segundo ano e tinha a cabeça raspada. As meninas
eram loucas por ele — em parte porque ele era bonito e
em parte porque era
durão. Ele era conhecido por Perez. Todo mundo falava
dele. Quer dizer, eu
estava ali fazia uma semana e meia e já tinha ouvido
várias lendas a seu
respeito. Perez deixava o carro no estacionamento dos professores
— de
alguma maneira tinha convencido o diretor a deixar que
ele ficasse com a vaga.
Perez tinha subido a parede de escalada inteira sem
equipamento de segurança
na aula de educação física. Perez tinha disparado o
alarme de incêndio. Perez
era mais macho do que qualquer um da escola. Ele era
conhecido em Pelham
porque estava sempre metido em encrenca. Espera aí,
correção: deveria estar
|
sempre metido em encrenca. Mas, quando os professores o
pegavam
escrevendo nas mesas com canivete ou roubando a
cantina, ele bancava a
vítima. Contava uma história elaborada sobre como seus
pais atravessaram a
fronteira e lutaram para aprender a falar inglês — e
saía impune.
Mas agora
ele não parecia uma vítima. Estava bancando o valentão para
cima do Chris Cho, cutucando as costelas do menino com
os punhos.
— Ei,
amigão! — ele disse numa voz alta e desagradável, mostrando que
não era amigo do Cho de jeito nenhum.
Cho baixou a
cabeça e tentou passar pelo Perez e seguir pelo corredor.
Mas o fortão deu um passo para o lado e bloqueou
facilmente o caminho do
garoto.
— Nã-nã-nã —
falou Perez, sacudindo a cabeça. — Tem que pagar
pedágio.
Cho olhou
para cima sem saber o que fazer. Eu estava vendo tudo do
meu armário no fim do corredor, mas Perez se aproximou
tão rápido do Chris
Cho que eu não saquei o que tinha acontecido até que o
vi segurando a
carteira do Cho com o braço para cima.
— Vejamos o
que temos aqui — disse Perez. Ele baixou a carteira de
couro e a abriu com as duas mãos. — Dez... dezoito
dólares. Nada mal hoje,
Cho.
Perez tirou
cinco notas da carteira do Cho antes de jogá-la no chão.
Dobrou as notas ao meio e colocou no bolso. Em seguida
deu um tapinha no
ombro do garoto, como se os dois fossem amigos, e se
afastou.
Quando
passei pelo Cho, ele estava recolhendo a carteira do chão.
Lembrei que vampiros não se importavam com interações
humanas triviais.
Eu era um vampiro, portanto não me preocupava com o que
estava
acontecendo com Chris Cho. Não me senti mal por ele nem
tive pena — de
jeito nenhum.
Jenny
Beckman foi a primeira menina que virou minha amiga.Ficar perto
de uma menina — literalmente perto, a um metro dela —
era algo novo para
mim.
O lema nos
bailes do St. Luke era ―Deixe um lugar para o Espírito
Santo‖. O
diretor e as professoras diziam isso a qualquer garoto que estivesse
|
dançando muito perto de uma menina. Eu não tenho
certeza se eles estavam
mais preocupados com a presença do Espírito Santo ou
com o fato de os
caras do St. Luke ficarem esfregando as partes íntimas
nas pobres meninas.
Quanto ao Espírito Santo, tenho certeza absoluta de
que, se ele pudesse estar
em qualquer lugar do céu ou da terra, não escolheria
ficar suando naquele baile
careta e derrubando Tang na camisa como o resto de nós.
Nunca me
disseram para ―deixar um lugar para o Espírito Santo‖. É
claro, só fui a dois bailes no St. Luke — um no nono
ano, quando eu tinha
esperança de conhecer meninas, e um no primeiro ano do
ensino médio,
quando fiquei recolhendo os ingressos. Não dancei em
nenhum dos dois, e na
verdade fiquei mais perto de uma menina quando estava
pegando os ingressos.
Fiquei na mesma mesa de uma líder estudantil
desconfiada do St. Mary’s, que
me acusou de roubar dinheiro do caixa. Fiquei
recontando o maço de notas
amassadas de cinco dólares e as bitucas de cigarro do
caixa enquanto, no
centro da pista de dança, Luke gritava até ficar rouco
e dançava com os braços
para cima no meio de um círculo de garotas. Ele não tem
medo de parecer
idiota, por isso dança bem. E também não tem medo de
ficar fisicamente
perto de meninas, que é a principal razão de eu ter
evitado dançar por
dezesseis anos.
Agora eu
tinha a Jenny por perto o tempo todo, sem lugar para o Espírito
Santo. Eu podia presenciar todas as suas loucuras e
emoções bem de perto. E,
nossa, ela tinha um monte de emoções.
— Eu não
acredito que a Kayla Bateman foi dispensada da aula de
educação física hoje — ela disse. — Só precisa, tipo,
usar um sutiã esportivo.
Tenho certeza que dá para jogar queimada com peitos
grandes. Eles são tipo
uma proteção extra.
Parece que a
Kayla Bateman tem algum problema de saúde que faz com
que seus peitos não parem de crescer. É tipo um
gigantismo nos seios. Ela é o
Golias dos peitos. Embora eu tenha visto a Kayla
conversar com o professor
de educação física, tenho certeza que não foi o
atestado médico que fez com
que ela fosse dispensada da aula.
Depois de
três semanas de amizade, eu já tinha decidido que um monte
das frustrações da vida da Jenny vinha do fato de que a
Kayla Bateman tinha
|
peitos enormes e ela não tinha peito nenhum. Quer
dizer, não peito nenhum.
É claro que eu teria dado uma olhada se ela tivesse
mostrado um pouquinho.
É que a Jenny tinha seios pequenos. Ela nunca admitiria
que tinha inveja da
Kayla, mas eu saquei isso mesmo assim. Eu tinha mais
sensibilidade do que a
média masculina de usuários de Clean.
Pessoalmente, eu achava que uma ótima solução seria pegar um pouco
dos peitos da Kayla Bateman e dar para a Jenny. Tipo,
fazer uma lipo nos
peitos da Kayla e injetar o material na Jenny. Era a
solução perfeita. A menina
que tinha muito daria para a que não tinha quase nada.
Seria uma
redistribuição de recursos, uma espécie de comunismo
peitoral. Peitonismo. A
Jenny ficaria feliz com peitos maiores, e o
quiroprático da Kayla
provavelmente ficaria satisfeito ao saber que ela não
estava mais carregando
aquelas coisas por aí.
Pensar em
peitos em termos econômicos hipotéticos não era nada de
novo para mim. Eu já havia pensado sobre peitos em mais
contextos do que
Karl Marx havia pensado sobre o proletariado. Mas falar
sobre peitos com
alguém que tinha peitos (mesmo pequenos como os da
Jenny)... eu nunca
tinha feito isso antes. Era revolucionário!
Mas eu tinha
de considerar que havia meninos e meninas naquela escola.
Nós estávamos nadando numa piscina cheia dos nossos
próprios hormônios e
feromônios. Havia sexo em toda parte. Até entre alunos
e professores! Uma
professora, a sra. Anderson, recebia pedidos de
casamento de garotos do
último ano em todos os períodos. Tudo porque ela tinha
um magnífico par de
seios arredondados. Aqueles peitos eram objeto de muita
especulação na
escola — será que eram verdadeiros ou falsos? Jason
Burke falou tudo quando
declarou que os seios da sra. Anderson eram ―bons
demais para ser verdade‖.
|
Jenny não era minha única amiga na Escola de Pelham.
Era difícil deixar de
fazer amizade com os outros alunos que ela havia me
apresentado,
considerando que eu tinha sete aulas por dia com a
maioria deles. No primeiro
período no laboratório de física, Jason Burke perguntou
se eu queria ser sua
dupla.
|
— Eu não
queria ficar com a Ashley Milano — ele explicou.
Não era o
motivo mais lisonjeiro para começar uma amizade. Mas era
bom saber que eu estava acima de Ashley Milano no
ranking... ou de Nate, o
caçador de tatu.
Ashley
Milano, por sua vez, um dia me chamou assim que entrei na aula
de literatura.
— Finn,
senta a bunda na cadeira — ela disse. — Você tem que ouvir
essa.
Alguém
prestou atenção em mim!, pensei, feliz da vida. Alguém tinha
prestado atenção em mim... e na minha bunda! Mesmo com
Jason, Kayla,
Matt Katz e a Jenny por lá, o público da Ashley não
estava completo. Ela
precisava de mim também.
Enquanto
sua história — que, como a maioria das histórias de Ashley
Milano, envolvia um cara do último ano e especulações
sobre plástica no nariz
— se arrastava, percebi que eu estava tão ocupado
fazendo amigos que meio
que me esqueci de ser distante e misterioso. Quer
dizer, eu planejei a coisa
toda de vampiro para justificar o fato de não me
encaixar em nenhum lugar, o
fato de não fazer amigos, o fato de ser tão diferente.
Mas parece que eu não
era tão diferente assim, e estava começando a fazer
amigos. Droga! Meu plano
tinha ido por água abaixo!
Para voltar
aos trilhos, enquanto Ashley Milano contava sua história,
lancei um olhar assustador sobre ela e tentei
―enfeitiçá-la‖ para que calasse a
boca. Totalmente concentrado, visualizei seus lábios se
unindo, magicamente
selados por minha única vontade. Se o Finbar Vampiro
calasse a boca da
Ashley Milano, seria saudado como um herói. Melhor
ainda, como super-
herói.
Funcionou
durante meio segundo. Ela parou a história para dizer:
— Credo,
Finn, você está de olho no meu decote?
Até parece.
Com a Kayla Bateman a um metro de distância? Sem chance.
Mas era evidente que eu tinha de treinar meu feitiço.
Na verdade, eu tinha de
melhorar meu plano de vampiro como um todo. Minha
tática planejada era
primeiro convencer a Jenny de que eu era um vampiro,
para que em seguida
ela contasse isso para todo mundo. A Jenny era
perfeita: era grande fã de
|
coisas fantásticas, um pouco carente e já tinha
conduzido uma sessão espírita e
ateado fogo nos próprios cabelos — ou seja, ela
obviamente acreditava em
coisas malucas. Mas Jenny frustrou meu plano quando
virou minha amiga. Ela
estava sempre por perto. Vampiros não fazem coisas
humanas banais, como,
digamos, comer ou respirar. No lance de comer eu
poderia dar um jeito, já que
meu horário de almoço não era o mesmo da Jenny, e eu
não me sentia muito
tentado pelos hambúrgueres congelados que eram vendidos
em máquinas sem
refrigeração perto da sala de descanso. E a respiração?
Não dava para
abandonar esse hábito. E, para falar a verdade, eu até
que tentei.
Mas a Jenny
não estava sacando as dicas. E eu certamente não podia dizer
na cara ela: ―Sou um vampiro‖. Por causa da obsessão dela por coisas
fantásticas, eu estava esperando que ela viesse me pôr
contra a parede —
―Você é um vampiro, não é? Eu sei que é!‖ — e me deixasse fazer aquele ar
misterioso de indiferença do Chauncey Castle. Mas ela
não estava fazendo
nada disso.
|
Outra razão que me fez dar um tempo na minha aventura
vampiresca foi a
seguinte: eu conheci uma menina.
Durante
minha primeira semana e meia na Escola de Pelham, não
enfrentei o refeitório na hora do almoço, preferindo
recuar para o meu lugar
favorito, a biblioteca. Como eu era o único aluno do
segundo ano a ter aulas
de latim avançado com os alunos do terceiro (graças aos
meus sádicos
professores católicos e seu amor pelas declinações em
latim), eu não almoçava
com o pessoal da minha classe. Meu horário de almoço
era no quarto período,
quando a maioria dos alunos do primeiro ano almoçava.
No meu
primeiro dia no refeitório, vi uma garota sentada sozinha numa
mesa, lendo um livro. Isso me deixou tremendamente
desconfiado. Por quê?
Porque eu pensei que era uma armadilha para Finbar.
Ratoeiras têm queijo, e
armadilhas para Finbar têm morenas de cabelo brilhante
lendo os melhores
livros do New York Times.
Apesar
das minhas suspeitas, me aproximei da garota. E me senti como
minha mãe deve ter se sentido quando se apaixonou pelo
meu pai com todos
|
aqueles protetores e a máscara de hóquei. Eu amei
aquela menina mesmo com
ela de costas para mim, quando tudo que eu podia dizer
era que ela usava um
xampu bom pra caramba e que tinha passado em todos os
exames de escoliose
que já tinha feito. Eu tinha que chegar nela. Eu tinha
de me aproximar. Essa
necessidade era maior que minha timidez, minha falta de
experiência com
garotas e meu medo de derrubar o espaguete do
refeitório em cima dela, que
seria provavelmente a pior coisa que eu poderia
derrubar em alguém.
Quando ela
se virou, vi que era linda. Estava de óculos, e atrás deles tinha
uns cílios que se podiam contar um por um, como as
pernas de uma aranha, e
olhos castanhos que absorviam em grandes goles tudo ao
seu redor. Em
seguida ela voltou para o livro, que, enquanto eu me
aproximava, consegui ver:
era A vida de Pi, de Yann Martel.
— O cara
vive — eu disse a ela. — Mas o Richard Parker morre.
A vida de Pi
é sobre o sobrevivente de um naufrágio que acaba à deriva
num barco salva-vidas no meio do oceano. Ele fica preso
lá com um tigre
enorme do zoológico chamado Richard Parker. O grande
suspense da história
é se o cara vai sobreviver no barco, se vai ser
resgatado ou se vai ser comido
pelo tigre. Então ele fica amigo do tigre, e aí você
começa a pensar se o animal
vai sobreviver. Eu tinha acabado de estragar a
surpresa.
Ela torceu
um dos lados da boca. Sempre fico impressionado com
pessoas que são capazes de fazer coisas de um lado só,
como levantar apenas
uma sobrancelha. Com a menina era ainda melhor. Ela
tinha lábios fantásticos.
— Eu sei —
ela disse.
— Ah...
Desculpe.
Eu me
atrapalhei com o pedido de desculpas, o que era irônico já que ela
disse que eu não tinha estragado o final do livro. Mas
eu achava que ela é que
seria surpreendida pelo meu comentário — e não eu pelo
dela.
A menina
sorriu, mas voltou para A vida de Pi. Me senti desajeitado ali,
parado quase em cima dela. Diga alguma coisa ou dê o
fora, Finbar. Lute ou
suma.
— Você já
tinha lido? — perguntei insuportavelmente alto, animado com
a possibilidade de que ela pudesse já ter lido aquele
livro. A única coisa melhor
do que uma menina que lê livros é uma menina que lê o
mesmo livro duas
|
vezes. Uma releitora. Essa menina podia ser uma
releitora!
— O quê? —
ela olhou para cima, e seu cabelo escuro caiu sobre os
olhos.
— É por isso
que você sabia? O fim? — expliquei.
— Eu leio
primeiro a última página — ela sussurrou, se inclinando um
pouco na minha direção. Em seguida se escondeu atrás da
própria franja,
como se tivesse vergonha de ter arruinado o fim do
livro para si mesma.
—
Inaceitável — sacudi a cabeça. — Isso é uma vergonha, senhorita...
Mexendo a
cabeça para tirar a franja dos olhos, a menina virou o livro,
que ficou voltado para baixo ao lado da bandeja do
almoço. Era um ótimo
sinal. Eu havia oficialmente ganhado a atenção dela,
mais do que um naufrágio
e um tigre.
— Gallatin —
ela disse. — Kate Gallatin.
Então ela
colocou a mão no lugar ao lado dela na mesa. E eu me sentei,
simples assim. Bem, primeiro tive de colocar minha
mochila num lugar
estranho no chão, e ela bloqueou as pernas de trás da
cadeira, então tentei
puxar a cadeira mas não consegui. Aí movi a mochila,
mas minhas pernas
estavam na frente da cadeira, por isso tive de sair
para o lado, puxar a cadeira e
então me sentar. Mas, basicamente, eu me sentei ao lado
dela.
— Meu nome é
Finbar — falei. — Eu sou, hum, novo aqui.
Tentar o
feitiço de vampiro é muito difícil com uma garota linda. Franzi
as sobrancelhas enquanto fixava os olhos em Kate pela
primeira vez, mas de
repente o comentário da Ashley Milano sobre eu estar
olhando para o decote
dela apareceu na minha cabeça. Eu não queria que a Kate
pensasse isso!
Por sorte
ela, como todo mundo, ignorou meu olhar intenso e hipnótico.
— Eu sou
nova também! — ela disse. — Eu não vi você nas minhas
aulas. Você está no primeiro ano?
— Não, é...
no segundo — falei.
— Ah — ela
sorriu. — Então você repetiu no almoço?
Eu ri alto.
Ela era tão perspicaz. Eu teria que aprimorar minhas reações,
evoluir dos ―hums‖ e ―és‖ e
de ficar repetindo meu nome.
— Não
consegui ser aprovado no uso de garfos — falei.
— Alguns
caras nunca aprendem a lidar com o polegar opositor — Kate
|
balançou a cabeça.
Ri outra
vez, quebrando o ritmo de vaivém de nossa provocação mútua.
Ela aproveitou a brecha e disse:
—
Provavelmente você só tem permissão para comer aperitivos. Pena
que hoje é dia de massa.
— Não conte
a ninguém que estou aqui — brinquei. — Você se
importaria em esconder um fugitivo?
Ela sorriu.
Exceto pelo jeito que as minhas costelas estavam se fechando
— como se fossem as paredes de uma caverna e o meu
coração fosse o
Indiana Jones –, aquela conversa me fez sentir como se
eu conhecesse Kate
desde sempre.
Só que, é
claro, se eu conhecesse essa menina desde sempre, eu não seria
um virgem de 16 anos melancólico e cínico que finge ser
um vampiro. Mas de
qualquer maneira...
— Na verdade
— eu disse — tenho que almoçar neste horário por causa
de uma aula esquisita de latim que tenho. Quer dizer,
é... uma aula de latim
avançado.
Talvez os
meus conhecimentos de latim fossem uma qualidade sexy.
— Você
pareceria mais descolado se insistisse naquela história de ―repetir
no almoço‖ — ela disse.
Talvez não.
— É, tá
certo — falei. — Mas será que sou descolado o suficiente para
almoçar com você?
— Tomara que
sim — ela respondeu. — Sou ótima com isso aqui —
acrescentou, balançando o garfo. — Posso te ensinar uma
coisinha ou duas.
— Vamos ver,
aluna do primeiro ano — ameacei, apertando os olhos.
Então, fiquei o almoço inteiro sentado com Kate, uma
menina inteligente,
engraçada, culta e incrivelmente sexy. Eu estava tão
animado que realmente
esqueci como usar o garfo.
|
Fiquei completamente distraído o resto da tarde,
pensando em Kate. Quando
a Jenny se aproximou de mim, mal percebi que ela estava
me convidando para
|
ir a algum lugar no sábado à tarde. Ainda sonhando com
Kate, fantasiando
com fazer as palavras cruzadas do New York Times
juntos, depois de uma
sessão de sexo profano na manhã de domingo, concordei
com qualquer coisa
que a Jenny estivesse me pedindo.
— Legal! —
ela disse. — Não se preocupe, não precisamos usar fantasia.
E nenhuma das armas é de verdade.
— Hã?
Congelei
enquanto ela se afastava alegremente. Ou Jenny e eu tínhamos
sido contratados como animadores de uma festa de
aniversário com tema de
O senhor das moscas, ou eu tinha acabado de aceitar um
convite para uma
orgia sadomasoquista.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário