DEZOITO
Eu acordei encarando o teto sem graça e branco da clinica.
Uma luz filtrada - amenizada para
os pacientes Moroi –brilhava em mim. Eu me sentia estranha,
meio desorientada, mas sem
dor.
‘Rose.”
A voz era como seda na minha pele. Gentil.Rica. Virando
minha cabeça, eu encontrei os negros
olhos de Dimitri. Ele estava sentado numa cadeira ao lado da
cama onde eu estava deitada,
seus cabelos que batiam em seu ombro inclinado pra frente
emoldurando seu rosto.
“Hey,” Eu disse, minha voz soando como um resmungo.
“Como você se sente?”
“Estranha. Meio groge.”
“A Dra. Olendzki deu pra você algo pra dor – você parecia
bem mal quando nós te trouxemos
aqui.”
“Eu não me lembro disso... quanto tempo eu estive
inconsciente?”
“Algumas horas.”
“Deve ter sido forte. Ainda deve ser forte.” Alguns detalhes
voltaram. O banco.Meu tornozelo
ficando preso. Eu não conseguia me lembrar muito depois
disso.Tentada, eu tentei mover os
dedos do meu pé saudável. “Não dói nada.”
Ele balançou sua cabeça. “Não.Porque você não ficou muito
machucada.”
O som do meu tornozelo quebrando voltou na minha mente.
“Você tem certeza? Eu lembro...o
jeito que eu cai.Não. Algo deve ter quebrado.” Eu consegui
me sentar, para que eu pudesse
olhar para o meu tornozelo.
“Ou pelo menos torcido.”
Ele se moveu pra frente para me impedir. “Tome cuidado. Seu
tornozelo pode estar bom, mas
você provavelmente ainda está um pouco fora de si.”
Eu cuidadosamente fui para a ponta da cama e olhei pra
baixo.Meus jeans estavam dobrados
pra cima. O tornozelo estava um pouco vermelho, mas eu não
tinha machucados ou marcas.
“Deus, eu tive sorte. Se eu tivesse me machucado, isso me
tiraria do treino por um tempo.”
Sorrindo, ele voltou pra cadeira. “Eu sei. Você ficou me
dizendo isso enquanto eu carregava
você. Você estava bem chateada.”
“Você... me carregou até aqui?”
“Depois que nos quebramos o banco e soltamos o seu pé.”
Cara. Eu perdi bastante coisa. A única coisa melhor que
imaginar Dimitri me carregando em
seus braços, era imaginar ele me carregando sem camiseta em
seu braços. Então a realidade
da situação me atingiu.
“Eu fui derrubada por um banco,” eu suspirei.
“O que?”
“Eu sobrevivi o dia todo com o negocio de ser guardiã da
Lissa, e vocês disseram que eu fiz um
bom trabalho. Então eu voltei pra cá, e conheci a minha
queda em um banco.” Ugh. “Você
sabe o quão embaraçoso isso é?E todos aquelas caras viram,
também.”
“Não foi sua culpa,” ele disse. “Ninguém sabia que o banco
estava podre. Parecia ótimo.”
“Ainda sim. Eu deveria ter ficado na calçada como uma pessoa
normal. Os outros novatos vão
gozar com a minha cara quando eu voltar.”
Os lábios dele seguraram um sorriso.”Talvez presentes te
animem.”
Eu sentei direito. “Presentes?”
O sorriso escapou, e ele me entregou uma pequena caixa com
um pequeno papel.
“Isso é do Principe Victor.”
Surpresa no fato de Victor ter me dado qualquer coisa, eu li
a nota. Eram só algumas linhas
escritas com pressa em um pedaço de papel.
Rose-
Estou muito feliz de ver que você não sofreu ferimentos
sérios devido a sua queda. Na verdade
foi um milagre. Você leva uma vida charmosa, e Vasilisa tem
sorte em ter você.
“Isso foi gentil dele,” eu disse, abrindo a caixa. E então
eu vi o que tinha dentro. “Whoa. Muito
gentil.”
Era o colar rosa, o que a Lissa tinha querido me dar mas não
podia pagar. Eu o segurei, virando
sua corrente entre as minhas mãos para que o brilhante,
diamante ficasse pendurado e livre.
“Isso é bem extremo pra um presente de ‘fique bem logo,” Eu
notei, lembrando o preço.
“Na verdade ele comprou em homenagem a você ter ido tão bem
no seu primeiro dia como
uma guardiã oficial. Ele viu você e Lissa olhando isso.”
“Wow.” Era tudo o que eu podia dizer. “Eu não acho que eu
fiz um trabalho tão bom.”
“Eu acho.”
Sorrindo, eu coloquei o colar de volta na caixa e a coloquei
numa mesa ali perto. ‘Você disse
“presentes,” certo? Tipo, mais de um?”
Ele riu abertamente, e o som me envolveu como um carinho.
Deus, eu adorava o som da
risada dele. “Isso é meu pra você.”
Ele me deu uma sacola pequena e plana. Deslumbrada e
excitada, eu a abri. Gloss, o tipo que
eu gostava. Que eu tinha reclamado pra ele um numero enorme
de vezes pra ele que estava
acabando, mas que eu nunca pensei que ele estava prestando
atenção.
“Como você conseguiu comprar isso?Eu vi você o tempo todo no
shopping.”
“Segredos de guardião.”
“Pra que foi isso? Pelo meu primeiro dia?”
“Não,” ele disse simplesmente. “Porque eu pensei que iria
fazer você ficar feliz.”
Sem nem ao menos pensar, eu me inclinei pra frente e o
abracei.”Obrigado.”
Julgando pela sua postura dura, eu claramente o peguei de
surpresa. E sim... também tinha me
pego de surpresa. Mas ele relaxou alguns momentos depois, e
quando ele pos as mão nas
minhas costas, eu pensei que fosse morrer.
“Estou feliz que você esteja bem,” ele disse. Sua boca soava
quase como se estivesse quase em
meu cabelo, um pouco acima do meu ouvido.
“Quando eu vi você cair...”
“Você pensou, “Wow, ela é uma perdedora.’”
“Não foi isso que eu pensei.”
Ele foi levemente pra trás, para que ele pudesse me ver
melhor, mas ele não disse nada. Seus
olhos eram tão negros e profundos que eu queria mergulhar
neles. Olhar pra eles me fez sentir
calor em todo o meu corpo, como se eles tivessem fogo dentro
deles. Devagar, com cuidado,
aqueles longos dedos dele traçaram a beira das minhas
bochechas, se movendo para cima do
meu rosto. Ao primeiro toque da pele dele na minha, eu me
arrepiei. Ele segurou um pouco do
meu cabelo com um dedo, como ele tinha feito na academia.
Engolindo, eu arrastei meus
olhos para os seus lábios. Eu estava contemplando o que
parecia que seria um beijo. O
pensamento me excitava e assustava, o que era estúpido. Eu
tinha beijado muitos caras e
nunca pensei muito sobre isso. Não tinha razão para que
outro – mesmo um mais velho –
devesse significar tanto. Ainda sim o pensamento dele diminuindo
a distancia e colocando seus
lábios no meu fez o mundo girar. Houve uma batida suave na
porta, e eu apressadamente fui
pra trás. A Dra. Olendzki enfiou sua cabeça pra dentro. “Eu
pensei que tinha ouvido você falar.
Como se sente?”
Ela andou para mais perto e fez eu me deitar. Tocando e
curvando meu tornozelo, ela
procurou por qualquer dano e finalmente balançou a cabeça e
então ela tinha terminado.
“Você tem sorte. Com todo o barulho que você fez vindo aqui,
eu pensei que teria que
amputar seu pé. Deve ter sido só choque.” Ela deu um passo
pra trás.”Eu me sentiria melhor
se você não fizesse seu treinamento normal amanha, mas fora
isso, você pode ir.”
Eu dei um suspiro de alivio. Eu não lembrava da minha
histeria – e na verdade era meio
embaraçoso que eu tinha feito algo assim – mas eu estava
certa sobre o fato de que o tombo
deveria ter causado um osso quebrado ou uma torção. Eu não
podia perder tempo aqui; eu
precisava fazer meus testes e me graduar na primavera.
A Dra. Olendzki me liberou pra ir e então eu sair do quarto.
Dimitri foi até uma outra cadeira e
me trouxe meus sapatos e um casaco. Olhando pra ele, eu me
senti corar um pouco enquanto
eu lembrava o que tinha acontecido antes da doutora entrar.
Ele observou enquanto eu colocava um sapato. “Você tem um
anjo da guarda.”
“Eu não acredito em anjos,” eu disse a ele. “Eu acredito no
que eu posso fazer por mim
mesma.”
“Bom, então você tem um corpo incrível.” Eu olhei pra cima
para ele com um olhar
questionador.
“Para se curar, eu quero dizer. Eu ouvi sobre o acidente...”
Ele não expecificou que acidente era, mas só podia ser um.
Falar sobre isso normalmente me
encomodava, mas com ele, eu sentia que podia dizer qualquer
coisa.
“Todos falaram que eu não deveria ter sobrevivido,” eu
expliquei. “Por causa do lugar onde eu
estava sentada e a forma com o carro bateu na arvore. Lissa
era realmente a única que estava
sentada num lugar seguro. Ela e eu saímos ilesas com apenas
alguns arranhões.”
“E você não acredita em anjos ou milagres.”
“Nope. Eu –“
É verdadeiramente, um milagre. Você leva uma vida
encantadora...
E bem assim, um milhão de pensamentos vieram na minha mente.
Talvez... talvez eu tivesse
um anjo da guarda afinal de contas...
Dimitri notou a mudança dos meus sentimentos imediatamente.
“Qual o problema?”
Procurando dentro da minha mente, eu tentei expandir nossa
ligação e afastar os efeitos
dormentes da medicação. Alguns outros sentimentos de Lissa
vieram através da ligação.
Ansiedade. Magoa.
“Onde está Lissa? Ela está aqui?”
“Eu não sei onde ela está. Ela não saia do seu lado quando
eu te trouxe aqui. Ela ficou bem
perto da cama, até o doutor chegar. Você se acalmou quando
ela sentou perto de você.”
Eu fechei meus olhos e senti como se eu fosse desmaiar. Eu
tinha me acalmado quando Lissa
estava perto de mim porque ela tinha aliviado a dor. Ela
tinha me curado...
Assim como ela tinha feito na noite do acidente.
Tudo fazia sentido agora. Eu não deveria ter sobrevivido.
Todo mundo tinha dito isso. Quem
sabia que tipo de ferimentos eu realmente tinha sofrido?
Hemorragia interna. Ossos
quebrados. Não importava porque Lissa tinha concertado,
assim como ela concertava tudo
mais. É por isso que ela estava inclinada perto de mim
quando eu acordei. É provavelmente
por isso também, que ela desmaiou de exaustão quando eles a
levaram para o hospital. Ela
tinha estado exausta por dias depois disso. E foi ai que a
sua depressão começou. Tinha
parecido uma reação normal depois de parecer sua família,
mas agora eu me perguntava se
não tinha mais além disso, se me curado tinha tido algum
papel na situação.
Abrindo minha mente de novo, eu a alcancei, precisando
encontra-la. Se ela tinha me curado
não dava pra saber como ela estava se sentindo agora. Seu
humor e magia eram ligados, e
esse tinha sido um show de mágica bem intenso. As drogas
estavam quase fora do meu
sistema, e bem assim, eu entrei na mente dela. Era quase
fácil agora. Uma onda de emoções
tomou conta de mim, pior do que quando os pesadelos dela
tomavam conta de mim. Eu nunca
tinha sentido tanta intensidade dela antes. Ela estava
sentada na capela, chorando. Ela não
sabia direito porque ela estava chorando. Ela se sentia
feliz e aliviada que eu não estava ferida,
que ela tinha sido capaz de me curar. E ao mesmo tempo, ela
se sentia fraca tanto mental
quanto fisicamente. Ela estava exausta, como se ela tivesse
perdido parte de si. Ela se
preocupava que eu ficasse com raiva porque ela tinha usado
seus poderes. Ela temia passar
por mais um dia de aula amanhã, fingindo que ela gostava de
estar perto de um bando de
gente que não tinha outro interesse a não ser gastar o
dinheiro de sua família e gozar com a
cara daqueles mais feios ou menos populares. Ela não queria
ir ao baile com Aaron e ver ele a
olhar com tamanha adoração – e sentir ele tocar ela – quando
ela só sentia amizade por ele. A
maioria dessas preocupações eram normais, mas elas a
atingiram com força, com mais força
que eles atingiriam uma pessoa normal, eu imaginei. Ela não
consegui passar por eles ou
imaginar como resolve-los.
“Você está bem?”
Ela olhou pra cima e tirou seu cabelo de onde estava grudado
em suas bochechas. Christian
estava parado na entrada do sótão da igreja. Ela nem tinha
ouvido ele subir as escadas. Ela
estava muito perdida em sua própria dor. Um vacilo tanto de
raiva como de saudade acendeu
dentro dela.
“Eu estou ótima,’ ela surtoi. Fungando, ela tentou parar de
chorar, não querendo que ele a
visse como uma fraca.
Se apoiando contra a parede, ele cruzou seus braços e tinha
uma expressão ilegível.
“Você... você quer conversar?”
“Oh...” Ela riu duramente. “Você quer conversar agora?Depois
que eu tentei tantas vezes-“
“Eu não queria aquilo! Aquilo foi a Rose-“
Ele a cortou e eu estremeci. Eu tinha sido completamente.
Lissa levantou e foi em direção a ele. “O que tem a Rose?”
“Nada,” Sua mascara de indiferença de volta em seu lugar.
“Esqueça.”
“O que tem a Rose?” ela deu um passo mais pra perto. Mesmo
através da sua raiva, ela ainda
sentia uma atração inexplicável por ele. E então ela
entendeu. “Ela obrigou você, não é? Ela
falou pra você parar de falar comigo?”
Ele ficou olhando pra frente. “Foi provavelmente pro melhor.
Eu teria estragado as coisas pra
você. Você não estaria onde está agora.”
“O que isso quer dizer?”
“O que você acha que significa? Deus. As pessoas vivem ou
morrem ao seu comando agora,
Vossa Altesa.”
“Você está sendo meio melodramático.”
“Eu estou? O dia todo, eu escuto pessoas falando sobre o que
você está fazendo e o que você
está pensando e o que você está usando. O que você aprova.
Quem você gosta.Quem você
odeia. Eles são suas marionettes.”
“Não é desse jeito.Além do mais, eu tinha que fazer isso.
Para me vingar de Mia...”
Virando seus olhos, ele olhou pra longe dela. “Eu nem sei
pelo que você está se vingando
dela.”
A raiva de Lissa aumentou. “Ela fez com o que o Jesse e o
Ralf disessem aqueles coisas sobre a
Rose!Eu não podia deixar ela escapar ilesa disso.”
“Rose é durona. Ela teria superado.”
“Você não a viu,” ela respondeu obstinada. “Ela estava
chorando.”
“E daí? As pessoas choram. Você está chorando.”
“A Rose não.”
Ele se virou pra ela, com um sorriso negro em seus labios.
“Eu nunca vi nada como vocês duas.
Sempre tão preocupadas uma com a outra. Eu entendo ela – é
algum tipo de coisa dos
guardiões – mas você é igual.”
“Ela é minha amiga.”
“Eu acho que é assim tão simples. Eu não saberia.” Ele
suspirou momentaneamente pensativo,
e então voltou para o modo sarcástico. “De qualquer forma.
Mia. Então você se vingou sobre o
que ela fez com a Rose. Mas você está perdendo o ponto.
Porque ela fez isso?”
Lissa franzir as sobrancelhas. “Porque ela estava com inveja
de mim e Aaron-“
“Tem mais que só isso, Princessa. Porque ela teria ciúmes?
Ela já tinha ele. Ela não precisava
atacar você para tê-lo. Ela poderia ter feito um grande show
sobre estar com ele. Meio como o
que você faz agora,” ele adicionou ironicamente.
“Ok. O que mais tem aí,então? Porque ela quer arruinar minha
vida? Eu nunca fiz nada pra ela
– antes disso tudo, eu quero dizer.”
Ele se inclinou pra frente, com seus olhos azuis-cristalinos
encarando os dela.
“Você está certa. Você não fez- mas seu irmão sim.”
Lissa se afastou dele. “Você não sabe nada sobre o meu
irmão.”
“Eu sei que ele fudeu a Mia. Literalmente”
“Pare, pare de mentir.”
“Eu não estou. Eu juro por Deus ou pelo que mais você quiser
acreditar. Eu costumava
conversar com a Mia de vez em quando, quando ela ainda era
caloura. Ela não era muito
popular, mas ela era esperta. Ainda é.Ela costumava
trabalhar em muitos comitês com a
realeza – bailes e coisas assim. Eu não sei de tudo. Mas ela
conheceu o seu irmão em um
desses comitês, e eles meio que ficaram juntos.”
“Eles não ficaram. Eu saberia. Andre teria me dito.”
“Não. Ele não disse a ninguem. Ele disse a ela não contar
também. Ele a convenceu que
deveria ser algum tipo de romance secreto quando, na
realidade, ele só não queria que
nenhum de seus amigos soubessem que ele estava ficando
pelado com uma garota caloura
que não era da realeza.”
“Se a Mia te falou isso, ela estava inventando,” exclamou
Lissa.
“Sim, bom, eu não acho que ela estava inventando quando eu a
vi chorando. Ele se cansou
dela algumas semanas depois e a largou. Disse a ela que ela
era muito nova e não poderia ficar
serio com uma pessoa que não era de uma boa família. Pelo
que eu entendi, ele nem foi legal
sobre o que aconteceu – nem se incomodou com a parte do
‘vamos ser apenas amigos””
Lissa foi pra perto do rosto de Christian. “Você nem
conhecia Andre! Ele nunca faria isso.”
“Você não o conhecia. Eu tenho certeza que ele era legal com
sua irmãzinha; tenho certeza
que ele te amava. Mas na escola, com os amigos dele, ele era
tão idiota quanto o resto da
realeza. Eu o vi porque eu vejo tudo. É fácil quando ninguém
nota você.”
Ela segurou um soluço, sem saber se devia ou não acreditar
nele. “Então é por isso que Mia me
odeia?”
“Sim. Ela te odeia por causa dele.Isso, e porque você é da
realeza e ela fica insegura ao redor
de todos da realeza, e é por isso que ela trabalhou tanto
para subir no rank e ser amiga deles.
Eu acho que foi uma coincidência que ela acabou com o seu
ex-namorado, mas agora que você
voltou, isso provavelmente fez a situação piorar. Entre
rouba-lo e espalha aquela história sobre
os pais dela, vocês escolheram o melhor jeito para fazê-la
sofrer. Bom trabalho.”
Uma pequena quantidade de culpa se apoderou dela. “Eu ainda
acho que você está
mentindo.”
“Eu sou muitas coisas, mas não sou um mentiroso.Esse é o seu
departamento. E o de Rose.”
“Nós não –“
“Contam histórias exageradas sobre a família das pessoas?
Dizem que me odeiam? Fingem ser
amigas de pessoas que vocês odeia? Namoram caras que vocês
não gostam?”
“Eu gosto dele.”
“Gosta ou GOSTA?”
“Oh, tem uma diferença?”
“Sim. Gosta é quando você namora um grande e loiro idiota e
ri das suas piadas estúpidas.”
E então do nada, ele se inclinou pra perto dela e a beijou.
Foi quente e rápido e furioso, uma
efusão de raiva e paixão e desejo que Christian sempre
manteve preso dentro de si.
Lissa nunca tinha sido beijada daquele jeito, e eu senti a
resposata dela, a resposta dela pra ele
– como ele a fazia sentir tão mais viva do que quando ela
estava com Aaron ou qualquer outra
pessoa. Christian se afastou do seu beijo mas menteve seu
rosto perto do dela. “Isso é o que
você faz com alguém que você GOSTA.”
O coração de Lissa batia com raiva e desejo. “Bom, eu não
gosto ou GOSTO de você. E eu acho
que você e Mia estão mentindo sobre Andre. Aaron nunca
inventaria algo assim.’
“Isso é porque Aaron não diz nada que necessite de palavras
de mais de uma silaba.”
Ela se afastou. “Vai embora.Fique longe de mim.”
Ele olhou em volta se divertindo. “Você não pode me
expulsar. Ambos assinamos o aluguel.”
“Sai. Daqui!” ela gritou. “Eu odeio você!”
Ele se curvou. “O que você quiser, Vossa Altesa.” Com um
ultimo olhar negro, ele saiu do
sótão.
Lissa caiu de joelhos, deixando sair as lagrimas que ela
tinha segurando. Eu mal podia fazer
sentido do que estava machucando ela. Só Deus sabia das coisas
que me deixavam chateada –
como o incidente com o Jesse – mas eles não me atacavam da
mesma forma. Eles faziam uma
confusão nela, batendo no seu cérebro. As histórias sobre o
Andre. O ódio de Mia. O beijo de
Christian. Me curar. Isso, eu percebi, era o que a
verdadeira depressão era. Era como se sentir
maluca. Sujeita a sua própria dor aterradora, Lissa tomou a
única decisão que ela pode.A única
coisa que ela podia fazer para canalizar aquelas emoções.
Ela abriu sua bolsa e encontrou uma
pequena navalha que ela sempre carregava...
Afundando, e ainda sim incapaz de se quebrar, eu senti
quando ela cortou seu braço, fazendo
marcas perfeitas, assisti quando o sangue fluiu através de
sua pele. Como sempre, ela evitou
veias, mas seus cortes eram mais profundos dessa vez. A dor
do corte era horrível, ainda sim
fazendo isso, ela era capaz de se focar na dor física, e se
distrair da angustia mental para que
ela pudesse sentir no controle.
Pingos de sangue respingaram no chão sujo, e ela começou a
ficar tonta. Ver seu próprio
sangue a intrigava. Ela tinha tirado sangue de outros a sua
vida toda. De mim. Dos
alimentadores. Agora, aqui estava vazando. Com uma risada
nervosa, ela decidiu que era
engraçado.Talvez por deixar ele sair, ela estivesse dando de
volta para aqueles de quem ela
tinha roubado. Ou talvez ela estivesse desperdiçando,
desperdiçando o sagrado sangue
Dragomir por qual todo mundo era tão obcecado.
Eu forcei minha saída da cabeça dela, e agora eu podia
entender. As emoções dela tinham me
entrelaçado agora – elas eram fortes e muito poderosas. Mas
eu tinha que escaper – eu sabia
com todo o meu ser. Eu tinha que impedi-la. Ela estava muito
fraca por ter me curado para
perder tanto sangue. Era hora de contar a alguém. Quebrando
nossa ligação, eu me encontrei
de volta na clinica. As mãos de Dimitri em cima da minha
gentilmente me balançando
enquanto ele dizia o meu nome de novo e de novo num esforço
de chamar minha atenção. A
Dra. Olendzki estava atrás dele, com a face negra de
preocupação. Eu encarei Dimitri, vendo
de verdade o quanto ele se preocupava e se importava comigo.
Christian tinha me dito para
arranjar ajuda, para arranjar alguém a quem eu confiava pra
ajudar Lissa. Eu ignorei seus
avisos porque eu não confiava em ninguém exceto ela. Mas
olhando para Dimitri agora,
sentindo aquele senso de compreensão que nós partilhávamos,
eu sabia que eu confiava em
mais alguém. Eu senti minha voz rachar quando eu falei. “Eu
sei onde ela está. Lissa. Nós
temos que ajuda-la.”
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