segunda-feira, 17 de março de 2014

50 Tons Mais Escuros(Capitulo 2)

Capítulo 02




Ele me leva para um restaurante, pequeno e intimo.
—Este lugar vai ter que servir, — Christian resmunga. —Nós não temos
muito tempo.
O restaurante me parece muito bom. Cadeiras de madeira, toalhas de
linho, e as paredes da mesma cor da sala de jogos de Christian, vermelho
profundo, com pequenos espelhos colocados aleatoriamente, velas brancas e
pequenos vasos de rosas brancas. Ella Fitzgerald canta suavemente no fundo,
What is this thing called love? Muito romântico.
O garçom nos leva a uma mesa para dois em uma pequena alcova, e eu me
sento, apreensiva e imaginando o que ele vai dizer.
—Nós não temos tempo, — Christian diz ao garçom enquanto nos
sentamos. —Então, vamos querer bife de lombo de vaca mal passado, com molho
béarnaise, se você tiver, batatas fritas e legumes verdes, o que o chefe tiver, e me
traga a carta de vinhos. 
—Certamente, senhor. — O garçom foi embora, surpreendido com a
eficiência de Christian, frio e calma. Christian colocou seu Blackberry na mesa.
Caramba, eu não tenho uma escolha?
—E se eu não gostar de bife? 
Ele suspira. 
—Não comece, Anastásia.
—Eu não sou uma criança, Christian.
—Bem, então pare de agir como uma.
Foi como se ele me desse uma tapa. Eu pisco para ele. Então é assim que
será, uma conversa agitada e tensa, embora estamos em um ambiente muito
romântico, mas certamente sem ‘corações e flores’.
—Eu sou uma criança, porque eu não gosto de bife? — Eu murmurar
tentando esconder minha dor.


—Você, deliberadamente, me fez sentir ciúmes. É uma atitude infantil. Você
não tem respeito pelos sentimentos do seu amigo, agindo daquela forma? —
Christian apertou os lábios em uma linha fina e estava com cara feia quando o
garçom retornou com a carta de vinhos.
Eu coro, eu não tinha pensado nisso. Pobre José, eu certamente não quero
encorajá-lo. De repente, eu estou mortificada. Christian tem razão, foi uma coisa
impensada o que fiz. Ele olha para a lista de vinhos.
—Você gostaria de escolher o vinho? — Pergunta ele, erguendo as
sobrancelhas para mim com expectativa, a arrogância em pessoa. Ele sabe que eu
não sei nada sobre vinhos.
—Você escolhe, — eu respondo, chateada, me sentindo castigada.
—Dois copos de Barossa Valley Shiraz, por favor.
—Er... nós só vendemos o vinho em garrafa, senhor.
—Uma garrafa então, — Christian disparou.
—Senhor. — Ele se retirou, subjugado, e eu não o culpo. Eu franzo o cenho
para Cinquenta. O que está acontecendo com ele? Oh, em algum lugar nas
profundezas da minha psique, a minha deusa interior, provavelmente ainda
sonolenta, se alonga e sorri. Ela esteve adormecida por um tempo.
—Você está muito mal-humorado.
Ele olha para mim, impassível.
—Eu me pergunto por que será
—Bom, seria bom escolher o tom adequado para uma discussão animada e
honesta sobre o futuro, não acha?— Eu sorrio para ele docemente.
Pressiona sua boca em uma linha dura, mas depois, quase a contragosto,
eleva os lábios, e eu sei que ele está tentando abafar o seu sorriso.
—Sinto muito, — diz ele.
—Desculpas aceitas, e tenho o prazer de informá-lo que eu não estou
decidida a me tornar uma vegetariana desde a última vez que comi.
—A última vez que você comeu, eu acho que isso já é um ponto discutível.
—Oh não, essa palavra de novo, discutível.
—Discutível, — sua boca e seus olhos suavizam com humor. Ele passa a
mão pelos cabelos, e ele está sério de novo. —Ana, a última vez que conversamos,
você me deixou. Estou um pouco nervoso. Eu disse a você, eu quero você de volta,


e você não disse... nada. — Seu olhar é intenso e cheio de expectativa, sua
franqueza é totalmente desarmante. O que diabos eu falo sobre isso?
—Eu senti sua falta... realmente, senti sua falta, Christian. Os últimos dias
têm sido... difíceis. — Eu engulo, e um nó na minha garganta se forma, quando eu
recordo da minha desesperada angústia porque eu o deixei. 
Esta última semana foi a pior da minha vida, a dor que eu senti é quase
indescritível. Nada se compara com isso. Mas a realidade me atinge novamente,
sinto-a me envolve.
—Nada mudou. Eu não posso ser o que você quer que eu seja. —Eu
consigo exprimir estas palavras após o nó na garganta. 
—Você é o do jeito que eu quero que seja, — diz ele, sua voz é suave e
enfática.
—Não, Christian, eu não sou.
—Você está chateada por causa do que aconteceu na última vez. Eu me
comportei de forma estúpida, e você... bem e você. Por que não usou a palavra de
segurança, Anastásia? — Ele muda o tom, tornando-se acusador.
O quê? Nossa que mudança de direção. Eu ruborizo, piscando para ele.
—Responda-me.
—Eu não sei. Fiquei muito sobrecarregada. Eu estava tentando ser o que
você queria que eu fosse, tentando lidar com a dor, e a palavra saiu da minha
mente. Você sabe... Esqueci-me, — eu sussurro envergonhada, encolhendo os
ombros apologeticamente.
Puxa, talvez pudéssemos ter evitado toda essa mágoa.
—Você se esqueceu! — Ele suspirou com horror, olhou para os lados da
mesa e voltou-se para mim. Eu murcho sob seu olhar. 
Merda! Ele está furioso novamente. Minha deusa interior olha para mim,
também. Veja, você é responsável por esta situação!
—Como posso confiar em você? — Diz ele, em voz baixa. —Sempre? 
O garçom chega com o nosso vinho, enquanto nós estamos olhando um
para o outro, olhos azuis para cinza. Nós dois estamos cheios de recriminações
não ditas, enquanto o garçom retira a rolha com um floreio desnecessário e
despeja um pouco de vinho no copo de Christian. Automaticamente Christian
alcança e toma um gole.


—Isso é bom. — Sua voz é concisa.
Cautelosamente o garçom enche nossos copos, colocando a garrafa sobre a
mesa antes de bater em retirada. Christian não tirou os olhos de mim o tempo
todo. Eu sou a primeira a quebrar o contato visual, pegando meu copo e tomando
um grande gole. Eu mal sinto o gosto.
—Sinto muito, — eu sussurro, de repente, nos sentimos estúpidos. Saí
porque eu achei que éramos incompatíveis, mas ele está dizendo que eu poderia
tê-lo detido?
—Desculpa, por quê? —Diz ele alarmado.
—Por não usar a palavra de segurança.
Ele fecha os olhos, como se ficasse aliviado.
—Poderíamos ter evitado todo esse sofrimento, — ele resmunga.
—Você parece bem. — Mais do que bem. Você se parece com você.
—As aparências podem ser enganosas, — diz ele calmamente. —Eu não
estou nada bem. Eu sinto que o sol se pôs e não pode subir durante cinco dias,
Ana. Eu estou em uma noite perpétua.
Estou sem fôlego com a sua admissão. Oh meu Deus, como eu.
—Você disse que nunca iria embora, mas as coisas ficaram difíceis e você
saiu caiu fora.
—Quando eu disse que nunca iria embora? 
—Em seu sono. Foi a coisa mais reconfortante que eu ouvi em muito
tempo, Anastásia. Isso me fez relaxar.
Meu coração aperta e eu pego o meu vinho.
—Você disse que me amava, — ele sussurra. —E agora é passado? — Sua
voz é baixa, cheia de ansiedade.
—Não, Christian, não é.
Ele olha para mim, e ele parece tão vulnerável quanto ele exala. —Bom, —
ele murmura.
Estou chocada com a sua admissão. Ele teve uma mudança no coração.
Quando eu disse a ele que o amava, ele ficou horrorizado. O garçom está de volta.
Rapidamente ele coloca os pratos na nossa frente e vigia à distância.
Santo inferno. Comida.
—Coma, — Christian comanda.


No fundo eu sei que eu estou com fome, mas agora, meu estômago deu um
nó. Sentada em frente ao único homem que eu já amei, debatendo o nosso futuro
incerto, não promove um apetite saudável. Eu olho com dúvida para minha
comida.
—Que Deus me ajude, Anastásia, se você não comer, eu vou botá-la nos
meus joelhos, aqui neste restaurante, e isso não tem nada a ver com a minha
satisfação sexual. Coma!
Jesus, se acalme Christian. Meu subconsciente olha para mim sobre seus
óculos de meia-lua. Ela está inteiramente de acordo com Cinquenta Tons.
—Ok, eu vou comer. Mantenha sua palma da mão recolhida, por favor. 
Ele não sorri, mas continua a me encarar. Relutantemente eu elevo meu
garfo e faca e corto a minha carne. Ah, isto está bom, de dar água na boca. Eu
estou com fome, muita fome. Eu mastigo e ele relaxa visivelmente. 
Nós comemos o jantar em silêncio. A música mudou. Uma mulher de voz
suave canta ao fundo, suas palavras ecoando em meus pensamentos.
Olho para Cinquenta. Ele está comendo e me observando. Fome, desejo e
ansiedade, combinados em um olhar quente.
—Você sabe quem está cantando? — Eu tento ter alguma conversa normal.
Christian faz uma pausa e escuta. —Não... mas ela é boa, quem quer que
seja.
—Eu gosto dela também.
Finalmente, ele sorri seu sorriso particularmente enigmático. O que ele está
planejando?
—O quê? — Eu pergunto.
Ele balança a cabeça. 
—Coma, — ele diz suavemente. 
Eu comi metade da comida no meu prato. E não posso comer mais nada.
Como posso negociar isso?
—Não consigo mais. Eu não comi o suficiente, senhor?
Ele me olha impassível, não respondendo, em seguida, olha para o relógio.
—Estou muito cheia, — eu acrescento, tomando um gole do vinho delicioso.
—Temos que ir logo. Taylor está aqui, e você tem que ir para o trabalho no
período da manhã.


—Você também.
—Eu funciono com muito menos sono do que você, Anastásia. Pelo menos
você comeu alguma coisa.
—Não vamos voltar no Charlie Tango? 
—Não, eu pensei que eu poderia tomar um drinque. Taylor virá nos
recolher. Além disso, esta é uma forma que eu tenho de estar com você no carro,
só para mim por algumas horas, pelo menos. O que podemos fazer, além falar?
Oh, esse é o seu plano.
Christian chama o garçom para pedir a conta, em seguida, pega seu
Blackberry e faz uma chamada.
—Estamos no Le Picotin, Terceira Avenida South West. — Ele desliga.
Caramba, ele é seco por telefone.
—Você é muito rude com Taylor, de fato, com a maioria das pessoas.
—Apenas falei diretamente, Anastásia.
—Você não falou diretamente está tarde. Nada mudou, Christian.
—Tenho uma proposta para você.
—Isso tudo começou com uma proposta.
É uma proposta diferente.
O garçom volta e Christian lhe entrega o seu cartão de crédito, sem verificar
a conta. Ele olha para mim de forma especulativa, enquanto o garçom pega o seu
cartão. O telefone de Christian vibra uma vez, e ele olha para ele.
Ele tem uma proposta? E agora? Um par de cenários percorrem a minha
mente: sequestro, trabalhar para ele. Não, nada faz sentido. Christian acaba de
pagar.
—Venha. Taylor está lá fora.
Nós levantamos e ele pega a minha mão.
—Eu não quero perder você, Anastásia. — Ele beija meus dedos
carinhosamente, e o toque de seus lábios na minha pele ressoa por todo meu
corpo.
Lá fora, o Audi está esperando. Christian abre a minha porta. Entrando, eu
afundo no couro macio. Ele vai para o lado do motorista, Taylor sai do carro e eles
falam brevemente. Este não é o seu protocolo habitual. Estou curiosa. O que eles
estão falando? Momentos depois, ambos entram no carro, e eu olho para Christian


que está vestindo seu rosto impassível, quando ele olha para frente. 
Permito-me um breve momento para analisar o seu divino perfil: nariz reto,
lábios carnudos esculpidos, cabelo caindo deliciosamente sobre a testa. Este
homem divino não é, certamente, para mim.  
Uma música suave se infiltra na parte traseira do carro, uma peça
orquestral que eu não conheço, Taylor liga o carro e o conduz para o tráfego leve,
em direção à I-5 e Seattle. 
Christian se move e me encara. 
—Como eu estava dizendo, Anastásia, eu tenho uma proposta para você.
Olho nervosamente para Taylor.
—Taylor não pode ouvir, — tranquiliza-me Christian.
—Como?
—Taylor, — Christian chama. Taylor não responde. Ele chama de novo,
ainda sem resposta. Christian se inclina e toca seu ombro. Taylor remove um
protetor da orelha. Eu não tinha notado isso.
—Sim, senhor? 
—Obrigado, Taylor. Tudo bem, retome a sua escuta.
—Senhor.
—Feliz agora? Ele está ouvindo seu iPod. Puccini. Esqueça que ele está
aqui. Eu esqueço.
—Será que você deliberadamente pediu para ele fazer isso? 
—Sim.
Oh. 
—Ok, sua proposta?  
Christian se vê repentinamente determinado e metódico. Puta merda.
Estamos negociando um acordo. Eu escuto com atenção.
—Deixe-me lhe perguntar algo primeiro. Você quer uma relação baunilha
regular, sem nenhuma foda depravada a final?
Minha boca cai. 
—Foda depravada? — Eu chio.
—Foda depravada.
—Eu não posso acreditar que você disse isso.— Olho nervosamente para
Taylor.


—Bem, eu disse. Responda-me, — Ele diz calmamente.
Eu fico passada. Minha deusa interior está de joelhos com as mãos postas
em súplica, implorando.
—Eu gosto da sua foda depravada, — eu sussurro.
—Foi isso o que pensei. Então do que você não gosta?
Não ser capaz de tocá-lo. Você curtindo minha dor, a batida do cinto...
—A ameaça de punição cruel e incomum.
—O que significa isso? 
—Bem, você tem todos esses bastões e chicotes e outras coisas na sua sala
de jogos, e eles me apavoram. Eu não quero que você use isso comigo.
—Ok, então nada de chicotes, ou bastões, ou cintos, por qualquer motivo,
— ele diz sarcasticamente.
Eu olho para ele perplexa. 
—Você está tentando redefinir os limites rígidos? 
—Não como tal, eu só estou tentando entendê-la, obter uma imagem mais
clara do que você gosta ou não gosta.
—Fundamentalmente, Christian, sua alegria em me infligir dor é difícil de
aguentar. E a ideia de que você vai fazer isso, por eu ter cruzado alguma linha
arbitrária. 
—Mas não é arbitrária, as regras estão escritas.
—Eu não quero um conjunto de regras.
—Nenhuma? 
—Não, sem regras. — Eu sacudo a cabeça, mas meu coração está na minha
boca. Aonde ele quer chegar com isso?
—Mas você não se importou quando eu bati em você
—Bateu-me com o quê
—Isso. — Ele levanta sua mão.
Eu me contorço desconfortavelmente. —Não, não realmente. Especialmente
com aquelas bolas de prata... — Graças a Deus está escuro, meu rosto está
ardendo e minha voz se extingue quando eu me lembro daquela noite. Sim... Eu
faria isso de novo.
Ele sorriu para mim. —Sim, foi divertido.
—Mais do que divertido, — eu murmuro.


—Então, você pode lidar com alguma dor.
Eu dou de ombros. —Sim, eu suponho. — Oh, onde ele está querendo ir
com isso? O meu nível de ansiedade disparou diversas magnitudes na escala
Richter. 
Ele acaricia o queixo, perdido em pensamentos. —Anastásia, eu quero
começar de novo. Vamos começar com a baunilha e, em seguida, talvez, uma vez
que você confie mais em mim, e eu confie que você possa ser honesta e se
comunique comigo, poderíamos seguir em frente e fazer algumas das coisas que eu
gosto de fazer. 
Eu fico olhando para ele, atordoada, sem pensamentos na minha cabeça,
em tudo semelhante a uma pane de computador. Ele olha para mim
ansiosamente, mas não posso vê-lo claramente, enquanto estamos envoltos na
escuridão do Oregon. Isto me ocorre, finalmente, é isso.
Ele quer que a luz, mas posso lhe pedir para fazer isso por mim? Eu não
gosto do escuro? Algum escuro, às vezes. Memórias da noite Thomas Tallis
atravessam a minha mente. 
—Mas e sobre os castigos? 
—Não há castigos. — Ele balança a cabeça. —Nenhum.
—E as regras? 
—Não há regras.
—Nenhuma regra? Mas você tem necessidades. 
—Eu preciso mais de você, Anastásia. Estes últimos dias têm sido um
purgatório. Todos os meus instintos me dizem para deixar você ir, me dizem que
eu não a mereço. 
—Essas fotos que o menino tirou... Eu posso ver como ele vê você. Você
parece tão serena e bela, não que você não esteja bonita agora, mas você sentada
aqui. Eu vejo sua dor. É difícil saber que eu sou a pessoa que fez você se sentir
desta forma. 
>>>Mas eu sou um homem egoísta. Eu quis você desde o momento que
você entrou em meu escritório. Você é requintada, honesta, quente, forte,
inteligente, sedutoramente inocente; a lista é interminável. Eu tenho respeito por
você. Eu quero você, e o pensamento de alguém tê-la é como uma faca cravada em
minha alma negra.


Minha boca fica seca. Puta merda. Meu subconsciente concorda com
satisfação. Se isso não é uma declaração de amor, eu não sei o que é. E as
palavras caem em mim, como uma barragem rompida. 
—Christian, por que você acha que tem uma alma escura? Eu nunca diria
isso. Triste talvez, mas você é um homem bom. Eu posso ver isso... você é
generoso, você é bom, e você nunca mentiu para mim. Fui eu que não me esforcei
o suficiente.  
>>>Sábado passado foi um choque para o meu sistema. Foi a minha
chamada de despertar. Eu percebi que você facilitou as coisas para mim e que eu
não poderia ser a pessoa que você queria que eu fosse. Então, depois que eu saí,
me dei conta de que a dor física que você me infligiu não foi tão ruim quanto a dor
de perder você. Quero agradá-lo, mas é difícil.
—Você me agrada o tempo todo, — ele sussurra. —Quantas vezes eu tenho
que lhe dizer isso? 
—Eu nunca sei o que você está pensando. Às vezes você está tão fechado...
como uma ilha. Você me intimida. E é por isso que me mantenho quieta. Eu não
sei como seu humor vai variar. Ele oscila de norte a sul, em um nanosegundo. É
confuso e você não me deixa tocá-lo, e eu quero muito mostrar a você o quanto eu
te amo.
Ele pisca para mim na escuridão, cautelosamente eu acho, e eu não posso
resistir-lhe mais. Eu desamarro meu cinto de segurança e pulo em seu colo,
pegando-o de surpresa, e pego a sua cabeça em minhas mãos.
—Eu te amo, Christian Grey. E se você está preparado para fazer tudo isso
por mim. Então sou a única que não o merece, e eu acho uma pena que eu não
possa fazer todas essas coisas para você. Talvez com o tempo... Eu não sei... mas
sim, eu aceito sua proposta. Onde eu assino? 
Ele enrola os braços em volta de mim e esmaga-me.
—Oh, Ana, — ele respira, enquanto enterra seu nariz no meu cabelo.
Nós nos sentamos, com os nossos braços em volta um do outro, ouvindo a
música de um piano suave, uma peça que espelha as emoções no carro, a calma
doce e tranquila depois da tempestade. Eu me aconchego em seus braços,
descansando minha cabeça na curva do seu pescoço. Ele gentilmente acaricia
minhas costas.


—Tocar é um limite difícil para mim, Anastásia, — ele sussurra.
—Eu sei. Eu queria entender por quê
Depois de um tempo, ele suspira, e com uma voz suave, ele diz, —Eu tive
uma infância terrível. Um dos cafetões da prostituta do crack... — Sua voz está
desligada, e seu corpo está tenso, ele se lembra de algum horror inimaginável. —
Eu me lembro disso, — ele sussurra, estremecendo.
De repente, meu coração se aperta ao lembrar das cicatrizes de
queimaduras que estragam a sua pele. Oh, Christian. Eu aperto meus braços em
volta do pescoço.
—Ela era abusiva? A sua mãe? — Minha voz é baixa e suave, com lágrimas
não derramadas.
—Não que eu me lembro. Ela era negligente. Ela não me protegeu do seu
cafetão.   
Ele bufa. —Eu acho que fui eu quem cuidou dela. Quando ela finalmente se
matou, levou quatro dias para alguém dar o alarme e nos encontrar... Lembro-me
disso.
Eu não posso conter a minha exclamação de horror. Puta Merda. A bile
sobe para a minha garganta.
—Isso é muito fodido, — eu sussurro.
—Cinquenta Tons, — ele murmura.
Viro a cabeça e pressiono os meus lábios contra seu pescoço, buscando e
oferecendo consolo, enquanto eu o imagino, um pequeno e sujo menino de olhos
cinzentos perdidos e solitário, ao lado do corpo de sua mãe morta. 
Oh, Christian. Eu inspiro o cheiro dele. Ele cheira divinamente, meu
perfume favorito no mundo inteiro. Ele aperta os braços em volta de mim e beija o
meu cabelo, eu sento envolta em seu abraço enquanto Taylor dirige velozmente
pela noite.





Quando eu acordo, nós estamos dirigindo através de Seattle.


—Ei, — Christian diz em voz baixa.
—Desculpe, — murmuro enquanto me sento, piscando e me alongando.
Ainda estou em seus braços, no seu colo.
—Eu poderia assistir você dormir para sempre, Ana.
—Eu disse alguma coisa? 
—Não. Estamos quase em sua casa.
Oh?
 —Nós não estamos indo para a sua? 
—Não.
Sento-me e olho para ele. 
—Por que não? 
—Porque você tem que trabalhar nesta amanhã.
—Oh. — Eu amuo.
Ele sorri para mim. 
—Por que, você tem algo em mente? 
Eu ruborizo. 
—Bem, talvez.
Ele ri. 
—Anastásia, eu não vou tocar em você de novo, não até você me implorar.
—O quê!
—Assim que você começar a se comunicar comigo. Da próxima vez que
fizermos amor, você vai ter que me dizer exatamente o que você quer, nos mínimos
detalhes. 
—Oh. —Ele me tira do seu colo, enquanto Taylor estaciona na frente do
meu apartamento. Christian sai e mantém a porta do carro aberta para mim.
—Eu tenho algo para você. — Ele se move para a parte de trás do carro,
abre a mala e pega uma caixa grande, embrulhada para presente. Que diabo é
isso?
—Abra quando você entrar.
—Você não vai entrar? 
—Não, Anastásia.
—Então, quando eu vou ver você
—Amanhã.


—Meu chefe quer que eu vá tomar uma bebida com ele amanhã.
O rosto de Christian endurece. 
—Você vai? — Sua voz é amarrada com uma ameaça latente.
É para comemorar minha primeira semana, — eu adiciono rapidamente.
—Onde? 
—Eu não sei.
—Eu poderia encontrá-la lá.
—Ok... Eu vou mandar um e-mail ou texto para você.
—Bom.
Ele me leva até a porta de entrada e espera enquanto eu acho minhas
chaves na minha bolsa. Quando eu abro a porta, ele se inclina para frente e segura
o meu queixo, inclinando a minha cabeça para trás. Paira sua boca sobre a minha,
e fechando os olhos, ele corre um rastro de beijos do canto do meu olho para o
canto da minha boca.
Um pequeno gemido escapa da minha boca, enquanto minhas entranhas
derretem e desenrolam.
—Até amanhã, — ele respira.
—Boa noite, Christian, — eu sussurro, e eu ouço a necessidade na minha
voz.
Ele sorri.
—Você deve entrar, — ele ordena, e eu ando pelo saguão carregando meu
pacote misterioso.
—Até mais tarde, querida, — Ele fala, então se vira com graça, regressando
para o carro.
Uma vez no apartamento, eu abro a caixa de presente e encontro o meu
computador portátil MacBook Pro, o Blackberry, e outra caixa retangular. O que é
isso? Eu desembrulho o papel de prata. Dentro está um fino estojo de couro preto.  
Abrindo o estojo, eu acho um iPad. Puta merda... um iPad. Um cartão
branco está descansando na tela com uma mensagem escrita com a caligrafia
Christian:

Anastácia - Isto é para você.


Eu sei o que você quer ouvir.
A música aqui diz isso para mim.
Christian

Merda. Eu tenho um Christian Grey mix-tape sob o disfarce de um iPad de
alta tecnologia. Sacudo a cabeça em desaprovação por causa da despesa, mas no
fundo eu adoro isso. Jack no escritório tem um, então eu sei como eles funcionam.
Eu o ligo e ofego como a imagem do papel de parede que aparece: um
planador de modelo pequeno. Oh meu Deus. É o Blanik L23 que eu dei a ele,
montado em um suporte de vidro no seu escritório. Eu fico pasma.
Ele o montou! Ele realmente o montou. Agora me lembro que ele mencionou
na nota com as flores. Estou tremula, eu sei que ele colocou uma grande
quantidade de pensamento para preparar este presente. 
Eu deslizo a seta na parte inferior da tela para destravá-lo e suspiro
novamente. A fotografia de fundo é de Christian e eu na minha formatura, na
marquise. É aquela que apareceu no Seattle Times. Christian está tão bonito e eu
não ajudá-lo com meu sorriso entediante, enquanto isso minha deusa interior se
enrola, se abraçando em sua espreguiçadeira. Sim, e ele é meu!
Com um toque de meu dedo, a mudança de ícones, e vários novos
aparecem na tela seguinte. Um aplicativo Kindle, iBooks, Words, seja lá o que for. 
Puta merda! A Biblioteca Britânica? Eu toco no ícone e um menu aparece:
acervo histórico. Rolando para baixo, eu seleciono romances do século 18 e 19.
Outro menu. Eu toque em um título: O AMERICANO de HENRY JAMES. Uma nova
janela se abre, oferecendo-me uma cópia digitalizada do livro para ler. Caramba, é
a primeira edição, publicada em 1879, e está no meu iPad! Ele me comprou a
British Library com um simples toque de botão.
Eu saio rapidamente, sabendo que eu poderia ficar perdida neste aplicativo
para toda a eternidade. Eu percebo uma “boa comida”, um aplicativo que me faz
revirar os olhos e sorrio ao mesmo tempo, um aplicativo de notícias, um aplicativo
de tempo, mas seu bilhete se refere a música. Eu volto para a tela principal, aperto
o ícone do iPod e uma lista é exibida. Eu percorro as músicas, a lista me faz sorrir.


Thomas Tallis. Eu não vou esquecer tão rápido. Eu a ouvi duas vezes, depois de
tudo, enquanto ele me açoitava e depois me fodia.
— Witchcraft2. — Meu sorriso se alarga, dançando em volta da grande sala.
A peça de Marcello Bach3, oh não, isso é muito melancólico para mim agora. Hmm.
Jeff Buckley, sim, eu ouvi falar sobre ele. Snow Patrol4 - minha banda favorita, e
uma música chamada “Principles of Lust”5, de Enigma. Como Christian. Eu sorrio.
Outra chamada de “Possession6”... oh sim, muito Cinquenta Tons. E outrasa
canções que eu nunca ouvi falar.
Selecionando uma música que me chama a atenção, eu pressiono o play.
“Try”, com Nellie Furtado. Ela começa a cantar, e sua voz é um invólucro de lenço
de seda em volta de mim, envolvendo-me. Eu me deito na cama. 
Isso significa que Christian vai tentar? Tentar esta nova relação? Eu bebo a
letra da musica, olhando para o teto, tentando entender o seu retorno. Ele sentiu a
minha falta. Eu senti a falta dele. Ele deve ter algum sentimento por mim. Ele
deve. Este iPad, essas músicas, esses aplicativos, ele se importa. Ele realmente se
importa. Meu coração se regozija com a esperança.
A música acaba e lágrimas pulam dos meus olhos. Eu rapidamente me
deslocar para outra “The Scientist”, do Coldplay7, uma das bandas favoritas de
Kate. Eu conheço a música, mas eu nunca realmente ouvi a letra antes. Eu fecho
meus olhos e deixo que as palavras lavem sobre e através de mim.
Minhas lágrimas começam a fluir. Eu não posso conte-las. Se isto não é um
pedido de desculpas, o que é? Oh, Christian. 
Ou isso é um convite? Será que ele vai responder às minhas perguntas?
Estou lendo muito para isso? Provavelmente estou lendo muito sobre isso. Meu
subconsciente me acena com a cabeça, tentando esconder a sua pena.
                                                          
2 Witchcraft: Bruxaria. Uma canção da banda Pendulum. Fala sobre mudanças. Alguém é regatado de um  lugar escuro, e é
aconselhado de se afastar de sua escuridão.
3 Bach Marcello: a peça que toca Christian quando está em seu piano, a primeira vez que dorme em seu apartamento.
4 Snow Patrol: Banda do Rock alternativo e indie. Originária da Escócia.
5 Princípios de Luxúria. Uma canção da banda Enigma.
6 É uma canção de Sarah McLachlan a canção fala sobre o não querer perder e prender a  pessoa que a afasta
da solidão.
7 The Scientist”, do Coldplay  - Na canção o autor pede desculpas e perdão. Pede que recomessem porque as
coisas são difíceis mas não quer separar-se, pede-lhe que volte e lhe diga que o ama. Pede-lhe que lhe conte
seus segredos e que lhe pergunte o que quer saber.


Eu limpo as minhas lágrimas. Tenho que mandar um e-mail para ele e
agradecer. Eu pulo para fora da minha cama para ir buscar o laptop.
O Coldplay continua, enquanto eu sento de pernas cruzadas na minha
cama. Eu ligo o Mac e dou o log in.



De: Anastásia Steele
Assunto: IPAD
Data: 09 de junho de 2011 23:56
Para: Christian Grey

Você me fez chorar mais uma vez. 
Eu amei o iPad. 
Eu amei as musicas. 
Eu amei os aplicativos da Biblioteca Britânica.
Eu te amo. 

Obrigada.

Boa noite.
Ana xx




De: Christian Grey
Assunto: iPad
Data: 10 junho de 2011 00:03
Para: Anastásia Steele

Estou feliz que você tenha gostado. Eu comprei um para mim também. 
Agora, se eu estivesse ai, eu iria beijar a suas lagrimas. 
Mas não estou, então vá dormir.



Christian Grey 
CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc.



Sua resposta me faz sorrir, ainda tão mandão, ainda tão Christian. Será
que ele vai mudar, também? E eu percebo, nesse momento, que eu espero que
não. Eu gosto dele como é, autoritário, contanto que eu possa enfrentá-lo sem
medo de punição.



De: Anastásia Steele
Assunto: Sr. Mal-humorado
Data: 10 junho de 2011 00:07
Para: Christian Grey

Você parece estar no seu estado natural de mandão e possivelmente tenso,
possivelmente mal-humorado, Sr. Grey. Eu sei de algo que poderia melhorar isso.
Mas então, você não está aqui, você não quis ficar, e você ainda espera que eu
implore... 
Siga sonhando, senhor.

Ana xx
PS: Eu notei que você incluiu o hino do perseguidor. “Every Breath You
Take” do The Police. Eu aprecio o seu senso de humor, mas o Dr. Flynn o conhece?



De: Christian Grey
Assunto: Zen-como calmo
Data: 10 junho de 2011 00.10
Para: Anastásia Steele

Minha Querida Senhorita Steele 


Espancamentos ocorrem nas relações baunilha, também, você sabe.
Normalmente, consensualmente e num contexto sexual... mas eu estou mais do
que feliz em fazer uma exceção. Você ficará aliviada ao saber que o Dr. Flynn
também gosta do meu senso de humor. Agora, por favor, vá dormir já que você não
vai ter muito tempo amanhã.
A propósito, você vai implorar, confie em mim. Eu estarei esperando por
isso. 

Christian Grey 
CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc.



De: Anastásia Steele
Assunto: Boa noite, Doces Sonhos
Data: 10 junho de 2011 00:12
Para: Christian Grey

Bem, desde que você me peça gentilmente, e eu gosto da sua ameaça
deliciosa, eu me enrolei com o iPad que tão gentilmente você me deu e adormeço
navegando na Biblioteca Britânica, ouvindo a música que você colocou.

A xxx



De: Christian Grey
Assunto: Mais um pedido
Data: 10 junho de 2011 00:15
Para: Anastásia Steele

Sonhe comigo.
X



Christian Grey 
CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc.



Sonhar com você, Christian Grey? Sempre.
Eu visto rapidamente o pijama, escovo os dentes, e caio na cama. Coloco
meus fones, eu puxo o balão achatado do Charlie Tango de debaixo do meu
travesseiro e o abraço.  
Estou transbordando de alegria, um estúpido sorriso de boca larga não
deixa o meu rosto. Que diferença um dia pode fazer. Como é que eu vou dormir? 
José Gonzalez começa a cantar uma melodia suave, com um solo de
guitarra hipnótico, e eu derivo lentamente para o sono, maravilhando-me como o
mundo se endireitou em uma noite e imaginando preguiçosamente se eu deveria
fazer uma lista para o Christian.


Um comentário:

  1. estou completamente apaixonada por esta historia, ansiosa para ir ate ao fim.

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