Capítulo 01
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Tenho sobrevivido durante três dias sem Christian, e é meu primeiro dia de
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trabalho. Tem sido uma boa distração. O tempo voou por entre uma névoa de
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caras novas, trabalho a fazer e Sr. Jack Hyde. Sr. Jack Hyde... ele sorri para mim,
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com seus olhos azuis cintilantes, enquanto ele se inclina contra
a minha mesa.
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— Excelente trabalho, Ana. Eu acho que nós vamos fazer uma grande
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equipe.
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De alguma forma, eu consegui erguer a cabeça para curvar meus lábios em
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um semblante de um sorriso.
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— Eu estou indo para casa, se estiver tudo bem com você, — eu murmuro.
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— Claro, é cinco e meia. Vejo você amanhã.
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— Boa noite, Jack.
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— Boa noite, Ana.
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Pegando a minha bolsa, eu encolho os ombros no meu casaco e
saio. Para o
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ar do início da noite em Seattle, eu respiro fundo. Ele não consegue preencher o
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vazio no meu peito, um vazio que está presente desde sábado de manhã, uma
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lembrança dolorosa e oca, da minha perda. Eu ando em direção ao ponto de
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ônibus com a cabeça baixa, olhando para meus pés, meio triste por estar sem
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minha amada Wanda, meu velho Fusca... ou o Audi.
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Eu fecho imediatamente a porta desse pensamento. Não. Não posso pensar
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nele. Claro, eu posso comprar um carro, um carro novo, agradável. Eu suspeito
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que ele foi demasiado generoso em seu pagamento, e o pensamento
me deixa com
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um gosto amargo na boca, mas eu o rejeitei e devo manter a minha
mente fechada
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e o mais vazia possível. Eu não posso pensar nele. Eu não quero começar a chorar
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de novo, não na rua.
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O apartamento está vazio. Tenho saudades de Kate, e eu
a imagino deitada
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em uma praia em Barbados, bebericando um coquetel gelado. Ligo a
televisão de
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tela plana, mais para ter algum ruído do que para preencher o vácuo e
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proporcionar uma aparência de companhia, mas eu não ouço ou assisto. Eu sento
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e olho fixamente para a parede de tijolos. Estou dormente. Eu não sinto nada,
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apenas dor. Quanto tempo eu vou suportar isso?
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A campainha da porta me tira da minha angústia e meu coração salta uma
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batida. Quem poderia ser? Eu aperto o interfone.
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—Entrega para a Sra. Steele. — Uma voz cansada e entediada
responde, e a
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decepção me atravessa. Eu desço as escadas com indiferença, para encontrar um
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jovem mascando chiclete ruidosamente, segurando uma caixa de
papelão grande,
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e inclinando-se contra a porta da frente. Eu assino o
recebimento do pacote e o
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levo para cima, comigo. A caixa é enorme e surpreendentemente leve.
Dentro estão
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duas dúzias de rosas brancas com haste longa, e um cartão.
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Parabéns pelo seu primeiro dia de trabalho.
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Espero que tudo tenha ocorrido bem.
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E obrigado pelo planador. Isso foi muito atencioso.
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Eu o tenho com orgulho sobre a minha mesa.
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Christian
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Olho para o cartão digitado, e o buraco no meu peito
se expande. Sem
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dúvida, sua assistente enviou esta mensagem. Christian,
provavelmente, tem
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muito pouco a ver com isso. É doloroso demais só de pensar. Examino as rosas,
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elas são lindas, e eu não posso jogá-las no lixo. Obedientemente, eu vou
para a
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cozinha, para procurar um vaso.
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E assim se desenvolve um padrão: acordar, trabalhar, chorar e
dormir.
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Bem, tentar dormir. Eu não posso escapar dele, mesmo em meus
sonhos. Olhos
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ardentes cinzas, seu olhar perdido, seu cabelo reluzente e brilhante,
tudo me
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assombra. E a música... tanta música, que eu não posso suportar ouvir qualquer
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música. Eu tenho muito cuidado para evitá-la a todo custo. Até mesmo os jingles
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em comerciais me fazem tremer.
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Eu não falei com ninguém, nem mesmo com minha mãe ou Ray. Eu não
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tenho condições de conversar com ninguém agora. Não, eu mão quero nada disso.
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Eu me tornei uma ilha. Uma terra devastada pela guerra, onde
nada cresce e os
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horizontes são sombrios. Sim, esta sou eu. Sou
capaz de conversar
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impessoalmente no trabalho, mas só isso. Se eu falar com minha mãe, eu sei que
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vou quebrar ainda mais e já não tenho mais nada para quebrar.
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Estou encontrando dificuldades para comer. Na hora do almoço, na quarta-
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feira, eu consegui tomar um copo de iogurte, e é a primeira coisa que eu comi
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desde sexta-feira. Estou sobrevivendo com uma tolerância recém descoberta de
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café expresso com leite e Coca Cola Diet. A cafeína que me faz continuar, mas está
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me deixando ansiosa.
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Jack começou a pairar sobre mim, me irritando, me fazendo perguntas
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pessoais. O que ele quer? Eu sou educada, mas eu preciso mantê-lo a distancia de
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um braço.
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Sento-me e começo a vasculhar uma pilha de
correspondência dirigida para
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ele, e eu estou satisfeita com a distração do trabalho adicional. Meus
e-mails
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chegaram, e eu rapidamente reviso para ver de quem é.
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Puta merda. Um e-mail de Christian. Oh não, não aqui... não no trabalho.
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De: Christian Grey
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Assunto: Amanhã
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Data: 08 de junho de 2011 14:05
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Para: Anastásia Steele
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Cara Anastásia
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Perdoe essa intromissão no seu trabalho. Espero que ele
esteja indo bem.
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Você recebeu minhas flores? Lembrei que amanhã é a abertura da exposição do
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seu amigo na galeria, e eu tenho certeza que você não teve tempo para comprar
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um carro, e é uma longa viagem. Eu ficaria mais
do que feliz em levá-la, se você
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assim desejar. Me informe, por favor.
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Christian Grey
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CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc.
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Lágrimas inundam meus olhos. Eu apressadamente deixo a minha mesa
e
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vou para o banheiro para escapar em uma das cabines. A exposição de José.
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Droga. Eu tinha esquecido tudo sobre ele, e eu prometi a ele que
eu iria. Merda,
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Christian está certo; como vou chegar lá?
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Pressiono minha testa. Por que José não telefonou? Pensando bem, por que
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ninguém me telefonou? Eu estive tão distraída, que não reparei que o meu telefone
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celular estava muito silencioso.
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Merda! Eu sou uma idiota! Ele ainda está desviando as chamadas para o
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Blackberry. Santo inferno. Christian estava recebendo as minhas
chamadas, ao
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menos que ele tenha jogado fora o Blackberry. Como ele conseguiu
o meu endereço
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de e-mail?
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Ele sabe até o tamanho do meu sapato, um endereço de e-mail não seria
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um problema difícil de resolver.
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Posso vê-lo novamente? Será que eu poderia suportar isso? Eu
quero vê-lo?
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Fecho os meus olhos e inclino a cabeça para trás, enquanto a tristeza cai sobre
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mim. Claro que sim.
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Talvez, talvez eu possa lhe dizer que eu mudei de ideia... Não, não, não. Eu
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não posso estar com alguém que tem prazer em me infligir dor,
alguém que não
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pode me amar.
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Memórias torturantes lampejam através da minha mente, o planador,
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andar de mãos dadas, os beijos, a banheira, sua gentileza, seu humor, e seu
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escuro e sexy olhar pensativo. Sinto falta dele. Já se passaram cinco dias, cinco
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dias de agonia, que pareceram com uma eternidade.
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Eu envolvo meus braços ao redor do meu corpo, me abraçando com força,
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me segurando. Sinto falta dele. Eu realmente sinto falta dele...
Eu o amo. É
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simples assim.
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Eu choro sozinha à noite, até dormir, desejando que eu não tivesse ido
|
embora, desejando que ele pudesse ser diferente, desejando que
estivéssemos
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juntos. Quanto tempo vai durar esse sentimento horrível e esmagador? Estou no
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purgatório.
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Anastásia Steele, você está no trabalho! Eu devo ser forte, mas
eu quero ir a
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exposição de José, e no fundo, a masoquista em mim quer ver Christian. Tomando
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uma respiração profunda, eu voltar para minha
mesa.
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De: Anastásia Steele
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Assunto: Amanhã
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Data: 08 de junho de 2011 14:25
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Para: Christian Grey
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Oi Christian
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Obrigada pelas flores, são lindas. Sim, eu gostaria de
receber uma carona.
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Obrigada.
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Anastásia Steele
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Assistente de Jack Hyde, Coordenador Editorial, SIP
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Verifico o meu telefone, descubro que ele está programado para desviar as
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chamadas. Jack está em uma reunião, então eu rapidamente ligo para José.
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— Oi, José. É Ana.
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— Olá, estranha. — Seu tom é tão caloroso e acolhedor que é quase o
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suficiente para me empurrar para a borda novamente.
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— Eu não posso falar muito. A que horas devo estar lá amanhã, para sua
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exposição?
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— Você virá amanha? — Ele parece animado.
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— Sim, claro. — Eu sorrio meu primeiro sorriso genuíno em cinco dias,
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enquanto imagino seu sorriso largo.
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— Às sete e meia.
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— Vejo você depois. Adeus, José.
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— Adeus, Ana.
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De: Christian Grey
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Assunto: Amanhã
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Data: 08 de junho de 2011 14:27
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Para: Anastásia Steele
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Cara Anastásia
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A que horas devo buscá-la?
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Christian Grey
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CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc.
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De: Anastásia Steele
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Assunto: Amanhã
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Data: 08 de junho de 2011 14:32
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Para: Christian Grey
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A exposição de José começa às 7:30. Que horas você sugere?
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Anastásia Steele
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Assistente de Jack Hyde, Coordenador Editorial, SIP
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De: Christian Grey
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Assunto: Amanhã
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Data: 08 de junho de 2011 14:34
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Para: Anastásia Steele
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Cara Anastásia
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Portland é meio longe. Vou buscá-lo às 5:45. Estou ansioso para vê-la.
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Christian Grey
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CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc.
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De: Anastásia Steele
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Assunto: Amanhã
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Data: 08 de junho de 2011 14:38
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Para: Christian Grey
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Vejo você então.
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Anastásia Steele
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Assistente de Jack Hyde, Coordenador Editorial, SIP
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Oh meu Deus. Vou ver Christian, pela primeira vez em cinco dias,
meu
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espírito se levanta um pouco e me permito querer saber como ele está.
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Será que ele sentiu minha falta? Provavelmente não, não como eu senti a
|
dele. Será que ele encontrou uma nova submissa, seja lá de onde elas venham? O
|
pensamento é tão doloroso que eu o dispenso
imediatamente. Eu olho para a pilha
|
de correspondência para Jack que precisa ser
classificada, e tento empurrar
|
Christian para fora da minha cabeça, mais uma vez.
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Naquela noite, na cama, eu viro e reviro, tentando dormir. É a primeira vez
|
que eu não chorei até dormir.
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Em minha mente, eu visualizo o rosto de Christian na última vez que o vi,
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quando saí do seu apartamento. Sua expressão torturada me assombra. Lembro
|
que ele não queria que eu fosse, o que era estranho. Por que eu iria ficar
quando
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as coisas tinham atingido tal impasse? Estávamos sempre fugindo de nossos
|
próprios problemas, meu medo da punição, seu medo de... de quê? Amar?
|
Virando de lado, eu abraço meu travesseiro, cheia de uma
grande tristeza.
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Ele acha que não merece ser amado. Por que ele se
sente assim? Tem algo a ver
|
com sua criação? Com sua mãe biológica, a prostituta viciada em crack?
Meus
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pensamentos me atormentam até as primeiras horas da madrugas, até que
|
finalmente, eu caio em um agitado e exausto sono.
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O dia se arrasta e arrasta, Jack é extraordinariamente atencioso. Eu
|
suspeito que é devido ao vestido ameixa de Kate e
as botas negras de salto alto,
|
que eu roubei do seu armário, mas eu não vou me debruçar sobre esse
|
pensamento. Eu resolvi que iria comprar roupas com o meu
primeiro salário. O
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vestido está mais solto em mim do que estava
antes, mas eu finjo não perceber.
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Finalmente, é cinco e meia, e eu pego meu casaco
e bolsa, tentando
|
acalmar meus nervos. Eu vou vê-lo!
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— Você tem um encontro esta noite? — Jack pergunta enquanto ele
passeia
|
por minha mesa no seu caminho de saída.
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— Sim. Não. Não realmente.
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Ele levanta uma sobrancelha para mim, o seu interesse é claramente
|
aberto.
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— Namorado?
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Eu ruborizo.
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— Não, um amigo. Um ex-namorado.
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— Talvez amanhã você pudesse tomar uma bebida depois do
trabalho. Você
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teve uma estelar primeira semana, Ana. Devemos comemorar. — Ele
sorri e
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alguma emoção desconhecida esvoaça em seu rosto, fazendo-me
inquieta.
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Colocando as mãos nos bolsos, ele passa pelas
portas duplas. Eu franzo a
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testa para as suas costas. Beber com o chefe, isso é uma boa ideia?
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Sacudo a cabeça. Eu tenho uma noite com Christian
Grey para enfrentar
|
em primeiro lugar. Como vou fazer isso? Corro para o banheiro
para fazer os
|
ajustes de última hora.
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No grande espelho na parede, eu dou uma olhada, muito dura em
meu
|
rosto. Eu estou com o meu jeito habitual pálida, olheiras muito grandes ao
redor
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dos meus olhos. Eu pareço magra, assombrada.
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Puxa, eu gostaria de saber como usar maquiagem. Eu aplico algum
rímel,
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delineador e aperto as minhas bochechas, na esperança de trazer um pouco de cor
|
a sua maneira. Arrumo o cabelo para que ele caia artisticamente
pelas minhas
|
costas, eu respiro profundamente. Isto é tudo o que posso fazer.
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Nervosa, eu ando pelo hall de entrada com um sorriso e uma aceno
para
|
Claire, na recepção. Eu acho que eu e ela poderíamos nos tornar amigas. Jack está
|
falando com Elizabeth quando eu saio pelas portas. Com um largo
sorriso, ele se
|
apressa em abri-las para mim.
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— Depois de você, Ana, — ele murmura.
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— Obrigada. — Eu sorrio, envergonhada.
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Lá fora, no meio-fio, Taylor está esperando. Ele abre a porta
traseira do
|
carro. Olho hesitante para Jack que me seguiu. Ele está olhando para o SUV Audi
|
com desânimo.
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Eu viro e subo na parte de trás, e lá está Christian Grey sentado, vestindo
|
seu terno cinza, sem gravata, a camisa branca aberta no
colarinho. Seus olhos
|
cinzentos estão brilhando.
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Minha boca esta seca. Ele parece glorioso, exceto que ele está olhando para
|
mim com cara feia. Oh não!
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— Quando foi a última vez que você comeu? — Ele dispara, enquanto
|
Taylor fecha a porta atrás de mim.
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Droga.
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— Olá, Christian. Sim, é bom ver você também.
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— Eu não quero sua boca inteligente agora. Responda-me. — Seus olhos
|
ardem.
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Puta merda. .
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— Um... Eu tomei um iogurte na hora do almoço. Oh, e uma banana.
|
— Quando foi a última vez que uma boa refeição? — Pergunta ele, com
|
azedume.
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Taylor desliza para o banco do motorista, liga o carro, e puxa
para o
|
tráfego.
|
Olho para cima e Jack está acenando para mim, como se pudesse
me ver
|
através do vidro escuro, bem não sei. Aceno de volta.
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— Quem é esse? — Christian dispara.
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— Meu chefe. — Eu olho para o belo homem ao meu lado, e sua boca
está
|
apertada.
|
— Bem? Sua última refeição?
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— Christian, realmente isso não é da sua conta, — Eu murmuro,
sentindo-
|
me extraordinariamente corajosa.
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— Aconteça o que acontecer, sempre será da minha conta. Diga-me.
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Não, não é. Eu gemo de frustração, desvio meu olhar para o céu enquanto
|
Christian aperta os olhos. E pela primeira vez em muito tempo,
eu quero rir. Eu
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sofro para sufocar o riso que ameaça borbulhar. O rosto de Christian
amolece
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enquanto eu me esforço para manter uma cara séria, e vejo um traço de um
|
sorriso atravessar seus lábios maravilhosamente esculpidos.
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— Bem? — Pergunta ele, com sua voz suave.
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— Pasta Alla Vongole, sexta-feira passada, — eu sussurro.
|
Ele fecha os olhos enquanto a fúria e, eventualmente, o
arrependimento,
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varrem todo o seu rosto. — Eu vejo, — diz ele, com sua voz
inexpressiva. —Parece
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que você perdeu pelo menos cinco quilos, possivelmente mais, desde então. Por
|
favor, coma, Anastásia, — ele me repreende.
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Olho para baixo, para os dedos entrelaçados no meu colo. Por que ele
|
sempre me faz sentir como uma criança errante?
|
Ele muda de posição e se dirige em minha direção.
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— Como vai você? — pergunta ele, sua voz bem suave.
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Bem, eu estou realmente na merda... Eu engulo. —Se eu te
dissesse que eu
|
estou bem, eu estaria mentindo.
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Ele inala drasticamente. — Eu também, — ele murmura. Estende o braço e
|
aperta minha mão. — Eu sinto sua falta, —
acrescenta.
|
Ah, não. Pele contra pele.
|
— Christian, Eu...
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— Ana, por favor. Nós precisamos conversar.
|
Eu vou chorar. Não.
|
— Christian, eu... por favor... Eu chorei muito, — eu sussurro,
tentando
|
manter minhas emoções sob controle
|
— Oh, querida, não. — Ele puxa a minha mão, e antes que eu perceba que
|
estou em seu colo. Ele tem seus braços em volta de mim, e seu nariz está no meu
|
cabelo. —Eu senti sua falta demais, Anastásia, — ele respira.
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Eu quero lutar para sair dos seus domínios, para manter alguma distância,
|
mas seus braços estão ao meu redor. Ele está me pressionando contra o peito. Eu
|
derreto. Oh, este é o lugar onde eu quero estar.
|
Eu descanso minha cabeça contra ele, e ele beija meus
cabelos
|
repetidamente. Este é o meu lar. Ele tem cheiro de linho,
amaciante de roupas,
|
corpo limpo e o meu favorito, cheiro de Christian. Por um
momento, permito-me a
|
ilusão de que tudo ficará bem, e isso alivia a minha alma
devastada.
|
Poucos minutos depois, Taylor conduz o carro para uma parada na
|
calçada, mesmo que ainda estejamos na cidade.
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— Vem, — Christian me tira de seu colo — nós ficamos aqui.
|
O quê?
|
— O heliponto é no topo deste edifício. — Christian olha em direção ao
|
prédio como meio de explicação.
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Claro. Charlie Tango. Taylor abre a porta e eu deslizo para
fora. Ele me dá
|
um sorriso quente e paternal que me faz sentir segura. Eu sorrio
de volta.
|
— Eu deveria lhe devolver seu lenço.
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— Mantenha-o, Srta. Steele, com os meus melhores cumprimentos.
|
Eu ruborizo, enquanto Christian vem ao redor do carro e pega a
minha
|
mão. Ele olha intrigado para Taylor que olha impassível de volta para ele, não
|
revelando nada.
|
— Às nove? — Christian diz-lhe.
|
—Sim, senhor.
|
Christian acena, enquanto se vira e me leva pelas portas duplas
para o hall
|
de entrada grandioso. Eu me deleito com a sensação de sua mão grande, seus
|
dedos longos e hábeis enrolados em torno de mim. Eu
sinto aquela pressão
|
familiar. Estou atraída como Ícaro indo para o seu sol. Eu já fui queimada e aqui
|
estou eu novamente.
|
Alcançando os elevadores, ele aperta o botão de chamada. Eu olho para ele,
|
e ele está usando seu meio sorriso enigmático. Quando as portas abrem, ele
solta
|
minha mão e me convida para entrar.
|
As portas se fecham e eu arrisco uma segunda olhada. Ele olha
para mim,
|
com seus olhos cinzentos vivos, e a eletricidade está lá, no ar, entre nós. É
|
palpável. Eu quase posso tocá-la, pulsando entre nós, atraindo-nos um para o
|
outro.
|
— Oh meu Deus, — eu ofego enquanto me deleito brevemente na
|
intensidade desta atração primitiva.
|
— Eu sinto isso também, — diz ele, seus olhos estão nublados e intensos.
|
O desejo pulsa de forma obscura e mortal em minha virilha. Ele
aperta a
|
minha mão e roça meus dedos com o polegar, todos os meus músculos se
|
apertam, deliciosamente, dentro de mim.
|
Nossa senhora. Como ele ainda pode fazer isso comigo?
|
— Por favor, não morda o lábio, Anastásia, — ele sussurra.
|
Eu olho para ele, liberando o meu lábio. Eu o quero. Aqui, agora, no
|
elevador. Como eu não poderia quer?
|
— Você sabe o que isso faz comigo, — ele murmura.
|
Oh, eu ainda o afeto. Minha deusa interior desperta de seu mau
humor de
|
cinco dias.
|
De repente, as portas se abrem, quebrando o feitiço, e estamos no telhado.
|
Esta ventando, e apesar de usar a minha jaqueta preta, eu estou
com frio.
|
Christian coloca o braço em volta de mim, me puxando para o
seu lado, e nos
|
apressamos para onde está Charlie Tango, no centro do
heliponto, com as pás do
|
rotor girando lentamente.
|
Um homem alto, loiro, de queixo quadrado, vestindo um terno
escuro salta
|
e, abaixando-se, corre em direção a nós. Troca um aperto de mão com Christian e
|
ele grita por cima do ruído dos rotores.
|
— Pronto para ir, senhor. Ela é toda sua!
|
— Toda a checagem foi feita?
|
— Sim, senhor.
|
— Você vem buscá-la em torno de oito e meia?
|
— Sim, senhor.
|
— Taylor está esperando por você lá na frente.
|
— Obrigado, Sr. Grey. Tenha um voo seguro para Portland.
Senhora. — Ele
|
me saúda. Sem soltar-me, Christian acena, se abaixa e leva-me à porta do
|
helicóptero.
|
Uma vez lá dentro, ele me afivela firmemente no meu acento e aperta com
|
força os cintos. Ele me joga um olhar astuto e um sorriso secreto.
|
—Isso deve mantê-la em seu lugar, — ele murmura. —Devo
dizer que gosto
|
deste cinto em você. Não toque em nada.
|
Eu fico totalmente corada, e ele corre o dedo indicador na minha
bochecha,
|
antes de me entregar os fones de ouvido. Eu gostaria de tocar em
você, também,
|
mas você não vai me deixar. Eu faço uma carranca para ele. Além disso, ele pôs as
|
tiras tão apertadas que eu mal consigo me mover.
|
Ele senta em sua cadeira e afivela a si mesmo, em seguida, começa a
|
executar a checagem de pré-vôo. Ele é tão competente. É muito sedutor. Ele coloca
|
seus fones de ouvido e aciona um interruptor e a velocidade dos
rotores aumenta,
|
ensurdece-me.
|
Virando-se, ele olha para mim. — Pronta, querida? — Sua voz ecoa
através
|
dos fones.
|
— Sim.
|
Ele sorri com seu sorriso de menino. Uau. Faz tanto tempo que eu
não vejo
|
isso.
|
— Sea-Tac torre, este é Charlie Tango-Tango Echo Hotel,
liberado para
|
decolagem para Portland via PDX. Por favor, confirme, confirme.
|
A voz do controlador de tráfego responde, ela dá as instruções necessárias.
|
— Confirmo, torre, Charlie Tango posição, confirmo e fim.— Christian vira
|
dois interruptores, agarra o controle, e o helicóptero sobe lenta e suavemente para
|
o céu da noite.
|
Seattle e meu estômago caem para longe de nós, e há tanta coisa para ver.
|
— Nós perseguimos o amanhecer, Anastásia, agora o crepúsculo, — sua voz
|
vem através dos fones de ouvido. Viro-me para olhá-lo surpreendida.
|
O que isso significa? Como ele pode dizer essas coisas tão românticas? Ele
|
sorri, e eu não posso deixar de sorrir timidamente
para ele.
|
— Assim, com o sol da tarde, há mais para se ver neste momento, —
ele
|
diz.
|
A última vez que viajei para Seattle estava escuro, mas esta noite
a vista é
|
espetacular, literalmente fora deste mundo. Estamos no meio dos
edifícios mais
|
altos, indo mais e mais alto.
|
— O Escala é ali. — Ele aponta para o edifício. — O Boeing está lá, e ali
|
você pode ver o Obelisco Espacial1.
|
Eu viro a minha cabeça. — Eu nunca estive lá.
|
— Vou levar você, podemos comer lá.
|
O quê?
|
— Christian, nós terminamos.
|
— Eu sei. Mas eu ainda posso levar você lá e alimentá-la. —Ele olha pra
|
mim.
|
Eu sacudo a cabeça e ruborizo, antes de tomar uma
abordagem menos
|
agressiva. — É muito bonito aqui, obrigada.
|
— Impressionante, não é?
|
— Impressionante que você possa fazer isso.
|
— Você me lisonjeia, Srta. Steele? Mas eu sou um homem de muitos
|
talentos.
|
— Estou plenamente consciente disso, Sr. Grey.
|
Ele se vira e dá um sorriso forçado para mim, e pela primeira vez em
cinco
|
dias, eu relaxo um pouco. Talvez isso não vá ser tão ruim.
|
— Como está o novo emprego?
|
— Bem, obrigada. É interessante.
|
— Como é o seu novo chefe?
|
— Oh, ele está bem. — Como posso dizer a Christian
que Jack me deixa
|
desconfortável? Christian volta a olhar para mim.
|
— O que há de errado? — Pergunta ele.
|
— Além do óbvio, nada.
|
— O óbvio?
|
— Oh, Christian, você às vezes é realmente muito obtuso.
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— Obtuso? Eu? Eu não tenho certeza se aprecio o seu
tom, Srta. Steele.
|
— Bem, então não aprecie.
|
Seus lábios se contorcem em um sorriso. — Eu senti falta da sua boca
|
inteligente.
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Eu suspiro e eu quero gritar, eu senti falta de você, de você todo, e não
|
apenas de sua boca! Mas eu continuo calma e olho para fora do
aquário de vidro
|
que é o para-brisa do Charlie Tango, enquanto continuamos para o sul.
O
|
|
1 É uma torre de 184 metros, edificada em Seattle
|
crepúsculo está a nossa direita, o sol está baixando no horizonte, em chamas de
|
fogo laranja e eu sou Ícaro novamente, voando muito perto.
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O crepúsculo tem nos seguido de Seattle, e o céu está repleto de opalas,
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rosas, e águas marinhas, tecidos perfeitamente em conjunto, como só a Mãe
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Natureza sabe fazer. É uma noite clara e nítida, e as luzes de Portland
cintilam e
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piscam nos acolhendo, enquanto Christian maneja o helicóptero para baixo no
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heliponto. Estamos no topo de um edifício com uma estranha construção de tijolos
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marrons em Portland, de onde saímos a menos de três semanas atrás.
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Jesus, nós nos conhecemos há tão pouco tempo. No entanto, eu sinto
como
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se o conhecesse por toda a vida. Ele desliga o Charlie Tango,
apertando vários
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botões para parar os rotores e, finalmente, tudo o que ouço é a minha própria
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respiração através dos fones. Hmm. Isto me recorda minha breve experiência em
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Thomas Tallis. Eu empalideço. Eu não quero ir para lá agora.
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Christian desafivelou seus cintos e se inclina para desfazer os
meus.
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— Boa viagem, Srta. Steele? — Ele pergunta, sua voz suave, seus
olhos
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cinzentos brilhando.
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— Sim, obrigada, Sr. Grey, — eu respondo educadamente.
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— Bem, vamos ver as fotos do menino. — Ele estende a sua mão para mim
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e eu a pego para sair do Charlie Tango.
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Um homem de cabelos grisalhos, com uma barba, caminha ao nosso
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encontro, com um largo sorriso, e eu reconheço-o como o senhor da última vez que
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estivemos aqui.
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— Joe. — Christian sorri e solta minha mão, para apertar a de Joe
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calorosamente.
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— Mantenha-a segura para Stephan. Ele vai estar aqui em torno de
oito ou
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nove.
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— Vou fazer, Sr. Grey. Senhora, — diz ele, acenando para mim. —No
andar
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de baixo seu carro o espera, senhor. Oh, e o elevador está na manutenção, você vai
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ter que usar as escadas.
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— Obrigado, Joe.
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Christian pega a minha mão, e vamos para as escadas de emergência.
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— É bom para você que só são três andares, com estes saltos, — ele
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resmunga para mim, com desaprovação.
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Não é brincadeira.
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— Você não gosta das botas?
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— Eu gosto muito delas, Anastásia. — Seu olhar escurece e acredito
que ia
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dizer outra coisa, mas ele se detém. —Venha. Vamos com calma. Eu não quero
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que você caia e quebre seu pescoço.
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Nós sentamos em silêncio, enquanto nosso motorista nos
leva para a
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galeria. Minha ansiedade voltou com força total, e eu percebo que o nosso
tempo
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no Charlie Tango foi o olho da tempestade. Christian está bem quieto, pensativo...
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apreensivo inclusive, o nosso bom humor, de antes, se dissipou.
Há tanta coisa
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que eu quero dizer, mas esta viagem é muito curta. Christian olha
pensativo para
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fora da janela.
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— José é apenas um amigo, — eu murmuro.
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Christian se volta e olha para mim, seus olhos estão escuros e alertas, não
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transparecendo nada. Sua boca, ah, sua boca é uma distração espontânea.
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Lembro-me dela em mim, em todos os lugares. Minha pele aquece.
Ele se move em
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seu acento e franze a testa.
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— Esses olhos tão lindos estão muito grandes em seu rosto, Anastásia. Por
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favor, diga que você vai comer.
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— Sim, Christian, eu vou comer, — eu respondo automaticamente,
em um
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chavão.
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— Estou falando sério.
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— Você está? — Eu não posso manter o desprezo da minha voz.
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Honestamente, a audácia deste homem, este homem que me
colocou no inferno ao
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longo dos últimos dias. Não, isso está errado. Eu me coloquei no inferno.
Não. Foi
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ele. Sacudo a cabeça, confusa.
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— Eu não quero brigar com você, Anastásia. Eu quero você de volta, e eu
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quero que você saudável, — diz ele em voz baixa.
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O quê? O que significa isso?
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— Mas nada mudou. — Você ainda tem Cinquenta Tons ruins.
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— Vamos falar sobre isso no caminho de volta. Nós chegamos.
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O carro estaciona na frente da galeria, e Christian sai,
deixando-me sem
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palavras. Ele abre a porta do carro para mim, e eu saio.
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— Por que você faz isso? — Minha voz é mais alta do que eu esperava.
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— Fazer o quê? — Christian diz surpreendido.
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— Dizer algo como isso e depois parar.
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— Anastásia, nós chegamos. Você não queria estar aqui. Vamos fazer
isso e
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depois falamos. Eu particularmente não quero uma cena na rua.
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Eu fico passada e olho ao redor. Ele está certo. É muito público. Eu
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pressiono os meus lábios e ele olha para mim.
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— Ok, — eu resmungo de mau humor. Pegando minha mão, ele me leva
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para dentro do prédio.
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Estamos em um armazém convertido, com paredes de
tijolos, piso de
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madeira escura, teto branco e pilastras brancas. É moderno e arejado, e há várias
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pessoas que andam por todo o salão da galeria, bebendo vinho e
admirando o
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trabalho de José. Por um momento, meus problemas
desaparecem, quando eu
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entendo que José realizou o seu sonho. Um caminho a
percorrer, José!
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— Boa noite e bem vindo a amostra de José Rodriguez. — Uma jovem
|
mulher, vestida de preto, com cabelo castanho muito curto, batom
vermelho
|
brilhante e grandes brincos de argola, nos cumprimenta. Ela olha
rapidamente
|
para mim. Então ela observa Christian, muito mais
tempo do que é estritamente
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necessário, então ela se vira para mim, piscando enquanto cora.
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Minha testa enruga. Ele é meu ou era. Tento não fazer uma cara feia para
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ela. Quando seus olhos recuperam seu foco, ela pisca novamente.
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— Oh, é você, Ana. Nós queremos a sua opinião sobre tudo isto, também.
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—Sorrindo, ela me entrega um folheto e me dirige a uma mesa com
bebidas e
|
lanches.
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Como ela sabe meu nome?
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— Você a conhece? — Christian faz uma carranca.
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Sacudo a cabeça, igualmente intrigada.
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Ele dá de ombros, distraído.
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— O que você gostaria de beber?
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— Eu vou tomar um copo de vinho branco, obrigado.
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Sua testa enruga, mas ele mantém sua língua e vai para o bar.
|
— Ana!
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José aparece através de uma multidão de pessoas.
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Caramba! Ele está usando um terno. Ele parece estar
bem e está sorrindo
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para mim. Ele envolve-me em seus braços, abraçando-me com força. E é tudo que
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eu posso fazer para não chorar. Meu amigo, meu único amigo, enquanto Kate está
|
fora. Lágrimas dançam em meus olhos.
|
— Ana, eu estou tão feliz que você veio, — ele sussurra em meu ouvido,
em
|
seguida, faz uma pausa e de repente me segura no comprimento do
braço, me
|
encara.
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— O quê?
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— Ei, você está bem? Você parece, assim, estranha. Deus meu, você perdeu
|
peso?
|
Eu pisco afastando as lágrimas.
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— José, eu estou bem. Estou tão feliz por você. — Droga, não ele, também.
|
—Parabéns pela exposição. — Minha voz oscila enquanto vejo
a sua preocupação
|
em seu, oh - rosto tão familiar, mas eu tenho que me
segurar.
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— Como você chegou aqui? — Ele pergunta.
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— Christian me trouxe, — digo, de repente, fico apreensiva.
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— Oh. — O rosto de José muda e ele me libera. —Onde ele está? — Sua
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expressão escurece.
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— Ali, foi buscar bebidas. — Aceno com a cabeça na direção de Christian e
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vejo que ele troca gentilezas com alguém que está esperando na fila. Nossos
|
olhares, o meu e de Christian, se cruzam, quando eu olho o seu
caminho e os
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nossos olhos se fixam um no outro. E naquele breve momento,
estou paralisada,
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olhando para um homem incrivelmente bonito, que olha para mim
com alguma
|
emoção insondável. Seu olhar quente, queimando em mim, e estamos perdidos por
|
um momento, olhando para o outro.
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Macacos me mordam... Este belo homem me quer de volta, e no
fundo,
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dentro de mim, uma doce alegria se desenrola lentamente como uma
gloriosa
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manhã no início da madrugada.
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— Ana! — José distrai-me, e eu sou arrastada de
volta ao aqui e agora. —
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Estou tão feliz que você veio a exposição, devo avisá-la...
|
De repente, a ‘Senhorita de cabelo muito curto e batom vermelho’
corta-o.
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—José, o jornalista do Portland Printz está aqui para vê-lo. Vamos. — Ela me dá
|
um sorriso educado.
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— Como isso é legal? A fama. — Ele sorri, e eu não posso deixar de sorrir
|
de volta, ele está tão feliz. — Vejo-a mais tarde, Ana. —
Ele beija minha bochecha,
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e eu o vejo sair com uma jovem mulher, ao lado de um fotógrafo alto e magro.
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As fotografias de José estão em toda parte, e em alguns casos,
explodindo
|
em telas enormes. Há fotos em preto e branco; e
coloridas. Há uma beleza etérea
|
em muitas das paisagens. Em uma tela está o
lago de Vancouver, retratando o
|
início da noite e as nuvens cor de rosa são refletidas na quietude da água.
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Resumidamente, eu estou transportada pela tranquilidade e paz. É
|
impressionante.
|
Christian se junta a mim, e eu respiro fundo e engulo, tentando
recuperar
|
um pouco do meu equilíbrio anterior. Ele me dá meu copo de vinho branco.
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— Sera que está a altura? — Minha voz soa mais que
normal.
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Ele olha intrigado para mim.
|
— O vinho.
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— Não. Raramente o fazem nestes tipos de eventos. O menino é muito
|
talentoso, não é? — Christian está admirando a foto do lago.
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— Por que outra razão você acha que eu lhe pedi para tirar seu
retrato? —
|
Eu não posso disfarçar o orgulho em minha voz. Seus
olhos deslizam impassíveis
|
da fotografia para mim.
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— Christian Grey? — O fotógrafo de Portland Printz se aproxima
de
|
Christian. — Posso tirar uma foto sua, senhor?
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— Claro.— Christian esconde sua cara de desagrado. Eu passo para
trás,
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mas ele pega minha mão e me puxa para o seu lado. O fotógrafo olha para nós dois
|
e não pode esconder sua surpresa.
|
— Sr. Grey, obrigado. — Ele tira um par de fotos. —Senhorita...?
— Ele
|
pergunta.
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— Steele, — eu respondo.
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— Obrigado, Srta. Steele. — Ele vai embora.
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— Eu procurei por fotos suas com garotas, na Internet. Não há ninguém. É
|
por isso que Kate achou que você era gay.
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Os músculos da boca de Christian se contraíram e mostram um sorriso. —
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Isso explica a sua pergunta imprópria. Não, eu não tenho encontros, Anastásia
|
somente com você. Mas você sabe disso. — Seus olhos ardem com
sinceridade.
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— Então, você nunca teve um... — Olho em volta nervosamente para
|
verificar que ninguém pode ouvir-nos — encontro com suas
submissas?
|
— Às vezes. Não eram encontros. Compras, você sabe. — Ele encolhe os
|
ombros, seus olhos não deixam os meus.
|
Oh, então é só no quarto de jogos, o Quarto Vermelho da Dor, em seu
|
apartamento. Eu não sei o que sinto sobre isso.
|
— Só você, Anastásia, — ele sussurra.
|
Eu coro e olho para os meus dedos. À sua maneira, ele se importa comigo.
|
— Seu amigo aqui parece mais um homem de paisagens, não de retratos.
|
Vamos olhar em volta. — Ele estende sua mão para mim e eu aceito.
|
Passeamos, observando outras fotos, eu percebo um casal acenando
para
|
mim, sorrindo como se eles me conhecessem. Deve ser porque eu
estou com
|
Christian, mas um jovem está olhando descaradamente.
Estranho.
|
Nós viramos a esquina, e eu descubro porque eu recebi olhares
estranhos.
|
Pendurados na parede agora, estão sete retratos enormes de mim.
|
Olho fixamente para eles, estupefata, o sangue escorrendo do meu
rosto.
|
Eu fazendo: beicinho, rindo, carrancuda, séria, divertida. Tudo em super
close-up,
|
tudo em preto e branco.
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Oh Droga! Lembro-me de José mexer com a câmera em um par de ocasiões
|
em que ele estava me visitando e quando eu estive com ele como
motorista e
|
assistente de fotógrafo. Ele estava apenas tirando
fotos, bem, eu pensava deste
|
jeito. Mas ele tirou fotos minhas ao estilo de paparazzi.
|
Olho para Christian, que está olhando, paralisado, em cada uma
das fotos,
|
por sua vez.
|
— Parece que eu não sou o único, — ele resmunga
enigmaticamente, sua
|
boca se aperta em uma linha dura.
|
Eu acho que ele está com raiva. Ah, não.
|
— Com licença, — diz ele, prendendo-me com seu
olhar brilhante e cinza,
|
por um momento. Ele se vira e se dirige ao balcão da recepção.
|
Qual é o problema agora? Eu assisto hipnotizada quando ele fala
|
animadamente com a ‘Senhorita cabelo muito curto e batom
vermelho’. Ele pega a
|
sua carteira e entrega o seu cartão de crédito.
|
Merda. Ele deve esta comprando uma destas fotos.
|
— Ei. Então, você é a musa. Estas fotografias são ótimas. — Um jovem com
|
uma madeixa de cabelo loiro brilhante me assusta. Eu sinto uma mão no meu
|
cotovelo e Christian está de volta.
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— Você é um cara de sorte. — O louro sorriu forçado em choque para
|
Christian, que lhe dá um olhar frio.
|
— Sim, eu sou, — ele
resmunga de forma enigmática, enquanto ele me
|
puxa para um lado.
|
— Você acabou de comprar um desses?
|
— Um desses? — Ele bufa, sem tirar os olhos deles.
|
— Você comprou mais de um?
|
Ele revira os olhos. — Eu comprei todos eles, Anastásia. Não quero nenhum
|
olhar estranho e convidativo para você na privacidade de sua casa.
|
Minha primeira inclinação foi rir. — Você prefere que seja você? — Eu
|
zombo.
|
Ele olha para mim, pego de surpresa pela minha ousadia, eu acho,
mas ele
|
está tentando esconder sua diversão.
|
— Francamente, sim.
|
— Pervertido, — eu olho para ele e mordo meu lábio inferior para evitar um
|
sorriso.
|
Sua boca está aberta e, agora, sua diversão é óbvia. Ele acaricia o queixo,
|
pensativo.
|
— Não é possível argumentar com essa afirmação, Anastásia. — Ele
|
balança a cabeça, e seus olhos suavizam com humor.
|
— Eu discutiria mais com você, mas eu assinei um NDA.
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Ele suspira, olhando para mim, com seus olhos escuros. — O que
eu
|
gostaria de fazer com a sua boca inteligente, — ele murmura.
|
Eu suspiro, sabendo muito bem o que significa. — Você é muito rude. —
|
Eu tento parecer chocada e tenho sucesso. Será que ele não tem limites?
|
Ele sorri para mim, divertido, e, em seguida, ele franze a
testa.
|
— Você parece muito descontraída nessas fotografias, Anastásia. Eu não a
|
vejo muitas vezes assim.
|
O quê? Opa! Vamos mudar de assunto nessa conversa sobre não-conclusão
|
lógica de brincalhão a sério.
|
Eu ruborizo e olho para os meus dedos. Ele ergue a minha cabeça, e eu
|
inalo fortemente no contato com seus longos dedos.
|
— Eu quero que você relaxe comigo, — ele sussurra. Todo
traço de humor
|
já passou.
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Dentro de mim essa alegria agita novamente. Mas como isto pode
ser? Nós
|
temos problemas.
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— Você tem que parar de me intimidar se você quer isso, — eu disparo.
|
— Você tem que aprender a se comunicar e me dizer como você se sente, —
|
ele dispara de volta, com os olhos em chamas.
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Eu respiro fundo. — Christian, você me queria como uma submissa. É aí
|
que reside o problema. É na definição de uma submissa, que mandou por
e-mail
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para mim uma vez. — Eu paro, tentando lembrar as palavras. —Eu
acho que os
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sinônimos eram. Eu cito,— compatível, flexível, passível, passiva, resignada,
|
paciente, dócil, mansa, suave. Eu não deveria olhar para você. Não deveria falar
|
com você a menos que você me desse permissão para fazê-lo. O que você espera?
|
— Eu sibilo para ele.
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Ele pisca, e sua carranca aprofunda enquanto eu continuo.
|
— É muito confuso estar com você. Você não quer que eu o desafie, mas
|
você gosta da minha ‘boca inteligente’. Você quer obediência, caso contrário, você
|
pode me punir. Eu só não sei qual o caminho seguir quando
estou com você.
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Ele aperta os olhos. — Bom ponto, como de costume, Srta. Steele.
— Sua
|
voz é frígida. — Vem, vamos comer.
|
— Nós só estamos aqui a meia hora.
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— Você viu as fotos, você já falou com o menino.
|
— Seu nome é José.
|
— Você falou com José, o homem que, a última vez que eu o vi, estava
|
tentando empurrar a sua língua em sua boca relutante, enquanto
você estava
|
bêbada e passando mal, — ele rosna.
|
— Ele nunca me bateu, — eu cuspi nele.
|
Christian fez uma cara feia para mim, a fúria emana de cada poro. — Isso é
|
um golpe baixo, Anastásia, — ele sussurra ameaçadoramente.
|
Eu fico passada, e Christian passa as mãos pelos cabelos, cheio de raiva
|
mal contida. Eu o encaro de volta.
|
— Eu vou levar você para comer alguma coisa. Você está desaparecendo na
|
minha frente. Encontre o menino e diga adeus.
|
— Por favor, podemos ficar mais tempo?
|
— Não. Vamos agora. Diga adeus.
|
Eu o encaro, com o meu sangue fervendo. Sr. Maldito Controle
Doentio.
|
Raiva é bom. Raiva é melhor do que lágrimas.
|
Eu arrasto o meu olhar para longe dele e vou procurar José. Ele está
|
falando com um grupo de mulheres jovens. Eu fui em sua direção e para longe de
|
Cinquenta. Só porque ele me trouxe aqui, eu tenho
que fazer como ele diz? Quem
|
diabos ele pensa que é?
|
As meninas estão penduradas em cada palavra de José. Uma delas suspira
|
quando me aproximo, sem dúvida reconhecendo-me dos retratos.
|
— José.
|
— Ana. Com licença, meninas. — José sorri para elas e coloca o braço em
|
volta de mim, e em algum nível eu estou divertida, José está muito atraente,
|
impressionando as meninas.
|
— Você parece zangada, — ele diz.
|
— Eu tenho que ir, — eu murmurar teimosamente.
|
— Você acabou de chegar aqui.
|
— Eu sei, mas Christian precisa voltar. As fotos estão fantásticas, José,
|
você é muito talentoso.
|
Ele sorri.
|
— Foi muito legal vê-la.
|
José me agarra, e me dá um abraço de urso, girando-me para que eu
possa
|
ver Christian em toda a galeria. Ele está chateado, e eu percebo que é porque eu
|
estou nos braços de José. Assim, em uma jogada muito
calculista, eu envolvo
|
meus braços ao redor do pescoço de José. Eu acho que Christian está prestes a
|
explodir. O seu olhar escurece a algo muito sinistro, e,
lentamente, ele faz o seu
|
caminho em direção a nós.
|
— Obrigado pelo aviso sobre os meus retratos, — eu murmuro.
|
— Merda. Desculpe, Ana. Eu devia ter lhe contado. Você gosta deles?
|
— Umm... Eu não sei, — eu respondo com
sinceridade, momentaneamente
|
perco o equilíbrio por sua pergunta.
|
— Bem, eles foram todos vendidos, então alguém gosta deles. Viu como isso
|
é legal? Você é uma garota-propaganda. — Ele me
abraça mais apertado ainda,
|
enquanto Christian chega até nós, encarando-me agora, embora,
felizmente, José
|
não vê.
|
José me libera.
|
— Não suma, Ana. Oh, Sr. Grey, boa noite.
|
— Mr. Rodriguez, muito impressionante. — Christian soa friamente
|
educado. — Sinto muito, não podemos ficar mais tempo, mas
precisamos voltar
|
para Seattle. Anastásia? — Ele salienta sutilmente e
pega a minha mão enquanto
|
faz isso.
|
— Adeus, José. Parabéns novamente. — Dou-lhe um beijo rápido na
|
bochecha, e antes que eu perceba Christian me arrastar para fora
do prédio. Eu
|
sei que ele está fervendo de ira silenciosa, mas eu
também.
|
Ele olha rapidamente para cima e para baixo da rua então vai para a
|
esquerda e de repente, me arrasta para um beco, abruptamente me
empurrando
|
contra a parede. Ele pega meu rosto entre suas mãos, forçando-me a olhar para
|
cima em seus olhos ardentes e determinados.
|
Eu suspiro, e sua boca desce rapidamente. Ele está me beijando,
|
violentamente. Resumidamente, um confronto de dentes, em seguida,
sua língua
|
entra na minha boca.
|
O desejo explode como um Quatro de Julho em todo meu corpo, e eu
estou
|
beijando-o de volta, com todo fervor, enterrando minhas mãos em seus cabelos,
|
puxando-o com força. Ele geme, um som baixo e sexy,
vindo do fundo de sua
|
garganta que ecoa através de mim, e sua mão se move para baixo do meu corpo
|
puxando para cima a minha coxa, os dedos cavando em minha carne
através do
|
vestido ameixa.
|
Eu derramo toda a angústia e sofrimento neste beijo, vinculando-o
a mim, e
|
neste momento uma paixão cega me atinge, ele está fazendo o mesmo, ele sente o
|
mesmo.
|
Ele interrompe o beijo, ofegante. Seus olhos estão iluminados com o desejo,
|
acendendo meu sangue já aquecido que está batendo no meu corpo. Minha boca
|
está perto e eu tento sugar o precioso ar em meus pulmões.
|
— Você. É. Minha. — ele rosna, enfatizando cada palavra. Ele se empurra
|
para longe de mim e se curva, com as mãos sobre os joelhos, como se ele
tivesse
|
corrido uma maratona. —Pelo amor de Deus, Ana.
|
Eu me inclino contra a parede, ofegante, tentando controlar a
reação
|
desenfreada no meu corpo, tentando encontrar o meu equilíbrio novamente.
|
— Sinto muito, — eu sussurro, uma vez minha respiração voltou.
|
— Você deveria sentir. Eu sei que você estava fazendo. Você quer aquele
|
fotógrafo, Anastásia? Ele, obviamente, tem
sentimentos por você.
|
Eu ruborizo e sacudo a cabeça.
|
— Não. Ele é apenas um amigo.
|
— Passei toda a minha vida adulta tentando evitar qualquer emoção
|
extrema. Mas você... você desperta em mim sentimentos que são completamente
|
alheios. É muito... — Ele franze a testa, agarrando cada palavra. —Inquietante.
|
— Eu gosto de controle, Ana, e perto de você ele..., — ele destaca, o seu
|
olhar intenso —... Evapora. — Ele acena a mão vagamente, em seguida, passa-a
|
através de seu cabelo e dá um suspiro profundo. Ele aperta a
minha mão.
|
— Venha, nós precisamos conversar, e você precisa comer.
|
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