Meu coração está disparado. O elevador chega ao
andar térreo, e eu desço assim que as portas se abrem, tropeçando mais uma vez,
mas felizmente não caindo de bruços no chão de arenito imaculado. Eu corro para
as largas portas de vidro, e por fim estou livre no tonificante, limpo, ar
úmido de Seattle. Levantando meu rosto, eu dou boas-vindas à fresca chuva
refrescante. Eu fecho meus olhos e tomo uma profunda e purificante respiração,
tentando recuperar o que resta de meu equilíbrio.
Nenhum
homem jamais me afetou desse modo como Christian Grey o fez, e eu não posso
entender o porquê.
É
sua aparência? Sua civilidade? Sua Riqueza? Seu Poder? Eu não entendo minha
reação irracional.
Eu
dou um suspiro enorme de alívio. O que em nome dos céus foi tudo aquilo? Eu me
inclino contra uma das colunas de aço do edifício, e valentemente tento me
acalmar e juntar meus pensamentos. Eu agito minha cabeça. Puta merda, o que foi aquilo? Meu coração estabiliza, voltando ao
seu ritmo regular, e eu posso respirar normalmente de novo. Eu me dirijo ao meu
carro.
Quando
eu deixo os limites da cidade para trás, eu começo a me sentir tola e
envergonhada, quando eu reproduzo a entrevista em minha mente. Certamente, eu
estou reagindo a algo que está em minha imaginação. Certo, então ele é muito
atraente, confiante, autoritário, à vontade consigo mesmo, mas por outro lado,
ele é arrogante, e por todos os seus modos impecáveis, ele é ditador e frio.
Bem, pelo menos a primeira vista.
Um
arrepio involuntário percorre minha espinha. Ele pode ser arrogante, entretanto
ele tem o direito de ser, ele conseguiu tanto em uma idade tão jovem. Ele não
suporta os imbecis, mas por que ele deveria? Novamente, eu estou irritada por
Kate não me dar uma breve biografia dele.
Enquanto
cruzo ao longo da I-5, minha mente continua a vagar. Eu estou perplexa por
existir gente tão empenhada em triunfar. Algumas de suas respostas eram tão
enigmáticas, como se ele tivesse uma agenda oculta. As perguntas de Kate...
ufa! A adoção e a pergunta se ele é gay! Eu estremeço. Eu não posso acreditar
que eu disse aquilo. Que o chão, me engula agora! Toda vez que eu pensar sobre esta pergunta no
futuro, eu vou ficar corada de vergonha. Maldita Katherine Kavanagh!
Eu
verifico o velocímetro. Eu estou dirigindo mais cautelosamente do que eu
estaria em qualquer outra ocasião. E eu sei que é a lembrança de dois olhos
cinza penetrantes olhando para mim, e uma voz dura dizendo-me para dirigir
cuidadosamente. Agitando minha cabeça, eu percebo que Grey está mais para um
homem com o dobro de sua idade.
Esqueça isto, Ana, eu ralho comigo
mesmo. Eu chego à conclusão que isto foi uma experiência muito interessante,
mas eu não deveria insistir nisto. Deixe
isto para trás. Eu nunca vou vê-lo
novamente. Eu fico imediatamente alegre pelo pensamento. Eu ligo o play do MP3
e giro o volume bem alto, me encosto, e ouço o estrondoso rock alternativo
quando eu pressiono o acelerador.
Quando
eu atinjo a I-5[1],
eu percebo que eu posso dirigir tão rápido quanto eu quero.
Nós
vivemos em uma pequena comunidade de apartamentos dúplex em Vancouver,
Washington, perto do campus de Vancouver da WSU. Eu tenho sorte dos pais de
Kate terem comprado um lugar para ela, e eu pago amendoins pelo aluguel.[2]
Isto já faz uns quatro anos. Quando eu desligo o carro, eu sei que a Kate vai
querer que eu conte tim-tim por tim-tim da entrevista, ela é tenaz. Bem, pelo
menos ela tem o mini gravador. Espero que eu não tenha que elaborar muito além
do que foi dito durante a entrevista.
—
Ana! Você voltou. — Kate está sentada em nossa sala de estar, cercada por
livros. Ela está claramente estudando para as provas finais, entretanto ela
ainda está de pijamas de flanela rosa, decorado com coelhinhos fofinhos,
aqueles que ela reserva quando acaba com um namoro, quando está doente, e
quando está deprimida em geral. Ela pula em cima de mim e me abraça apertado.
—
Eu estava começando a me preocupar. Eu esperava que você voltasse mais cedo.
—
Oh, eu acho que compensei o tempo considerando que a entrevista funcionou. — Eu
aceno com o mini gravador para ela.
— Ana,
muito obrigada por fazer isto. Eu fico te devendo, eu sei. Como foi? Como ele
era? — Oh não, lá vamos nós, com a Inquisição de Katherine Kavanagh.
Eu
luto para responder suas perguntas. O que eu posso dizer?
—
Eu estou contente que terminei, e que eu não tenha que vê-lo novamente. Ele era
bastante intimidante, sabe. — Eu encolho os ombros. — Ele é muito focado,
intenso até, e jovem. Realmente jovem.
Kate
olha com ingenuidade para mim. Eu franzo a testa para ela.
—
Você, não se faça de inocente. Por que você não me deu uma biografia? Ele me
fez sentir como uma idiota por me restringir as perguntas básicas. — Kate
aperta uma mão em sua boca.
—
Jesus, Ana, eu sinto muito, eu não pensei.
Eu bufo.
—
Na maior parte ele foi cortês, formal, ligeiramente sufocante, como se tivesse
envelhecido antes do tempo. Ele não conversa como um homem de vinte e poucos anos.
Que idade ele tem afinal?
—
Vinte e sete. Jesus, Ana, eu sinto muito. Eu devia ter informado você, mas eu
estava em pânico. Deixe-me pegar o mini gravador, e eu vou começar a
transcrever a entrevista.
—
Você parece melhor. Você comeu sua sopa? — Eu pergunto, ansiosa para mudar o
assunto.
—
Sim, e estava deliciosa como sempre. Eu estou me sentindo muito melhor. — Ela
sorri para mim em gratidão. Eu verifico meu relógio.
—
Eu tenho que correr. Eu posso ainda fazer meu turno na Clayton.
—
Ana, você está exausta.
—
Eu estarei bem. Eu vejo você mais tarde.
Eu
trabalho na Clayton desde que eu comecei na universidade. É a maior loja de
ferragens de Portland, e durante os quatro anos em que eu trabalho aqui, eu conheci
um pouco sobre quase tudo que vendemos, embora ironicamente, eu sou um desastre
em trabalhos manuais. Eu deixo tudo isso para meu pai.
Eu sou muito mais o tipo de garota que se enrosca
com um livro em uma confortável cadeira junto à lareira. Eu estou contente que
eu possa fazer meu turno, pois isto me dá algo para me concentrar que não seja
Christian Grey. Nós estamos ocupados, é o inicio da temporada de verão, e as
pessoas estão redecorando suas casas. A Sra. Clayton está contente por me ver.
—
Ana! Eu pensei que você não fosse vir hoje.
—
Meu compromisso não demorou tanto tempo como eu pensei. Eu terminei em algumas
horas.
—
Eu estou contente por ver você.
Ela
me manda para o deposito para começar a reabastecer as prateleiras, e eu logo
fico absorvida na tarefa.
Quando
eu chego em casa mais tarde, Katherine está com os fones de ouvido, trabalhando
em seu laptop.
Seu
nariz está ainda rosa, mas ela está super envolvida no seu trabalho, concentrada
e digitando furiosamente. Eu estou exausta, completamente drenada pela longa
viagem, a entrevista cansativa, e por permanecer de pé na Clayton. Eu afundo no
sofá, pensando sobre a redação que eu tenho que terminar e todos os estudos que
eu não fiz hoje, porque eu estava com…
ele.
—
Você tem um bom material aqui, Ana. Você fez um bom trabalho. Eu não posso
acreditar que você não aproveitou a oferta dele para mostrar a você o lugar.
Ele obviamente queria passar mais tempo com você.
Ela
me lança um olhar fugaz e brincalhão.
Eu
ruborizo, e minha frequência cardíaca inexplicavelmente acelera. Estou certa
que não foi isso. Ele só queria me mostrar o local, para que eu pudesse ver que
ele é o senhor de tudo aquilo. Eu percebo que eu estou mordendo meu lábio, e eu
espero que Kate não note. Mas ela parece absorvida em sua transcrição.
— Eu entendo o que você quer dizer sobre formal.
Você tomou algumas anotações? — Ela pergunta.
— Hum…
não, eu não tomei.
—
Tudo bem. Eu ainda posso fazer um artigo bom com isto. Pena que não temos algumas
fotos originais. Bonito aquele filho da
puta, não é?
Eu
ruborizo.
—
Eu acho que sim. — Eu tento duramente soar desinteressada, e eu acho que
consegui.
—
Oh vamos, Ana, até você não pode ser imune a sua aparência. — Ela arqueia uma
sobrancelha perfeita para mim.
Merda! Sinto que
minhas bochechas ardem. Assim eu a distraio lisonjeando-a, sempre é um bom
truque.
—
Você provavelmente teria conseguido muito mais dele.
—
Eu duvido, Ana. Ora... ele praticamente te ofereceu um emprego. Mesmo depois
daquela pergunta que impus para você fazer, você foi muito bem. — Ela olha para
mim especulativamente. Eu faço uma retirada apressada para a cozinha.
—
Então o que você realmente pensou sobre ele? — Maldição, ela é curiosa. Por que
ela não pode simplesmente deixar isto passar? Pense sobre algo, rápido.
—
Ele é muito mandão, controlador, arrogante, realmente assustador, mas muito
carismático. Eu posso entender o fascínio, — eu digo sinceramente, com a
esperança que ela encerre este assunto uma vez por todas.
—
Você, fascinada por um homem? Está é a primeira vez, — ela bufa.
Eu
começo a juntar os ingredientes de um sanduíche, assim ela não pode ver meu
rosto.
—
Por que você quis saber se ele era gay?
Alias, está foi uma pergunta muito embaraçosa. Eu fiquei mortificada, e
ele ficou puto ao ser questionado também. — Eu franzo a testa com a memória.
—
Sempre que ele está nas páginas da sociedade, ele nunca está acompanhado.
—
Foi vergonhoso. A coisa inteira foi constrangedora. Eu estou contente que nunca
mais tenha que por os olhos nele novamente.
—
Oh, Ana, não pode ter sido tão ruim. Eu penso que ele parece estar bastante
interessado em você.
Interessado em mim? Agora Kate está sendo ridícula.
— Você
gostaria de um sanduíche?
—
Por favor.
Não
conversamos mais sobre Christian Grey aquela noite, para meu alívio. Uma vez
que nós comemos, eu posso me sentar à mesa de jantar com Kate e, enquanto ela
trabalha em seu artigo, eu trabalho em minha redação sobre Tess de D
'Urbervilles.[3]
Maldição, esta mulher estava no lugar errado, no tempo errado, no século
errado. Quando eu termino, é meia-noite, e Kate já tinha ido há muito tempo
para a cama. Eu faço meu caminho para meu quarto, exausta, mas contente que eu
fiz tanto para uma segunda-feira.
Eu
me enrolo em minha cama de ferro branco, embrulhando uma colcha de minha mãe ao
meu redor, fecho meus olhos e durmo imediatamente. Naquela noite eu sonho com
lugares escuros, sombrios pisos brancos frios, e olhos cinza.
Pelo
resto da semana, eu me dedico em meus estudos e no meu trabalho na Clayton.
Kate está ocupada também, compilando sua última edição de sua revista
estudantil, antes dela ter que cedê-la para o novo editor, ao mesmo tempo
estudando para seus exames finais.
Na quarta-feira, ela está muito melhor, e eu não
tenho mais que suportar a visão de seus pijamas com rosa e coelhinhos. Eu
telefono para minha mãe na Geórgia para saber como ela está, mas também para
que ela possa me desejar sorte em meus exames finais. Ela começa a me contar
sobre sua mais nova aventura: está aprendendo a fazer vela. Minha mãe adora
aprender coisas novas. Basicamente, ela se entedia e busca coisas novas para
preencher seu tempo, mas é impossível ela manter a atenção durante muito tempo
em alguma coisa. A semana que vem será uma nova aventura.
Ela
me preocupa. Eu espero que ela não hipoteque a casa para financiar esta nova
aventura. E eu espero que Bob, seu relativamente novo marido, muito mais velho,
esteja de olho nela agora que eu não estou mais lá. Seu terceiro marido parecer
ser um cara centrado.
—
Como estão às coisas com você, Ana?
Por
um momento, eu hesito, e eu tenho toda a atenção de minha mãe.
—
Eu estou bem.
—
Ana? Você encontrou alguém? — Uau… como
ela faz isto? A excitação em sua voz
é palpável.
—
Não, mãe, não é nada. Você será a primeira a saber se eu o achar.
—
Ana, você realmente precisa sair mais, doçura. Você me preocupa.
— A
mãe, eu estou bem. Como está Bob? — Como sempre, a distração é a melhor
política.
Mais
tarde naquela noite, eu chamo Ray, meu padrasto, Marido Número Dois de mamãe, o
homem que eu considero sendo meu pai, e o homem cujo nome eu carrego. É uma
conversa breve. De fato, não é tanto uma conversa, é mais uma série unilateral
de grunhidos em resposta para a minha gentil persuasão. Ray não é muito de
falar. Mas ele é muito ativo, quando ele não esta assistindo futebol na
televisão, vai aos jogos de boliche, prática pesca com mosca,[4]
ou fazendo mobília. Ray é um carpinteiro qualificado, e a razão de eu saber a
diferença entre um falcão e um serrote. Tudo parece bem com ele.
Sexta
feira à noite, Kate e eu estamos debatendo o que fazer com nossa noite, nós
queremos dar um tempo em nossos estudos, em nosso trabalho, dos jornais
estudantis, quando a campainha toca.
Parado
em nossa soleira está meu bom amigo José, segurando uma garrafa de champanhe.
—
José! Bom te ver! — Eu dou-lhe um abraço rápido. — Entre.
José
é a primeira pessoa que eu encontrei quando cheguei na universidade, parecia tão
perdido e solitário com eu.
Nós
reconhecemos uma alma gêmea em cada um de nós naquele dia, e nós temos sido
amigos desde então.
Não
só compartilhamos um senso de humor, mas nós descobrimos que tanto Ray como o
Sr. José estiveram na mesma unidade do exército juntos. Como resultado, nossos
pais se tornaram grandes amigos também.
José
estuda engenharia e é o primeiro de sua família a ir para a faculdade. Ele é
malditamente brilhante, mas sua verdadeira paixão é a fotografia. José tem um
bom olho para uma boa foto.
—
Eu tenho novidades. — Ele sorri, com seus olhos escuros brilhando.
—
Não me diga que você conseguiu ser expulso por mais uma semana, — eu provoco, e
ele faz uma careta brincalhona para mim.
— A
galeria Portland Place vai exibir minhas fotografias no próximo mês.
—
Isto é incrível, parabéns! — Satisfeita por ele, eu o abraço novamente. Kate
sorri para ele também.
— É
isto aí José! Eu devia pôr isto no jornal. Nada como mudanças editoriais de último
minuto em uma sexta-feira à noite. — Ela sorri.
—
Vamos celebrar. Eu quero que você venha para a abertura. — José olha
atentamente para mim. Eu ruborizo.
—
Você duas claro, — ele adiciona, olhando nervosamente para Kate.
José
e eu somos bons amigos, mas eu sei que lá no fundo, ele gostaria de ser mais
que isto. Ele é atraente e engraçado, mas não é para mim. Ele é mais como um
irmão que eu nunca tive. Katherine frequentemente me provoca dizendo que está
faltando um namorado em minha vida, mas a verdade é que eu não conheci ninguém
que... bem, me atraísse, embora uma parte
de mim anseie pelos joelhos trêmulos, o coração saindo pela boca, o friozinho
na barriga e noites sem dormir.
Às
vezes me pergunto se existe algo de errado comigo. Talvez eu gaste muito tempo
na companhia de meus heróis românticos literários, e consequentemente minhas
ideais e expectativas são extremamente altos. Mas na verdade, ninguém nunca me
fez sentir assim.
Até muito recentemente, a indesejável,
vozinha em meu subconsciente sussurra.
NÃO!
Eu enterro o pensamento imediatamente. Sem essa, não depois daquela entrevista
dolorosa. Você é gay, Sr. Grey? Eu estremeço com a memória. Eu sei que eu
sonhei com ele quase todas as noites desde então, mas isto é apenas para eliminar
a experiência terrível da minha mente, certo?
Eu
assisto José abrir a garrafa de champanhe. Ele é alto, em sua calça jeans e
camiseta, ele é todo ombros e músculos, pele bronzeada, cabelos escuros e olhos
escuros ardentes. Sim, Jose é bastante quente, mas eu acho que ele está
finalmente entendendo a mensagem: Nós somos apenas amigos. A rolha estala alto,
e José olha para cima e sorri.
Sábado
na loja é um pesadelo. Nós recebemos vários clientes que querem enfeitar suas
casas. O Sr e a Sra. Clayton, John e
Patrick, os outros empregados, estamos correndo apressados. Mas há uma trégua
na hora do almoço, e a Sra. Clayton me pede para verificar algumas ordens
enquanto eu estou sentada atrás do balcão do caixa discretamente comendo minha
rosquinha. Eu estou absorta na tarefa, verificando os números do catálogo dos
itens que temos e precisamos encomendar, os olhos passando rapidamente no livro
de ordem para a tela do computador enquanto eu verifico se as entradas batem.
Então, por alguma razão, eu olho para cima… e encontro-me presa no cinzento
olhar ousado de Christian Grey, que está de pé no balcão, encarando-me
atentamente.
Meu
coração para.
—
Senhorita Steele. Que surpresa agradável. — Seu olhar é firme e intenso.
Puta
merda. Que diabos ele está fazendo aqui, ele está com os cabelos despenteados,
vestindo um suéter creme, jeans e botas? Acho que fiquei boquiaberta, e eu não
posso localizar meu cérebro ou minha voz.
—
Sr. Grey, — eu sussurro, porque isto é tudo que eu posso fazer. Há uma sombra
de um sorriso em seus lábios e seus olhos estão iluminados com humor, como se
ele estivesse desfrutando de alguma piada particular.
—
Eu estava na área, — ele diz por via de explicação. — Eu preciso abastecer
algumas coisas. É um prazer ver você novamente, Senhorita Steele. — Sua voz é
morna e rouca, como calda de caramelo derretido em chocolate escuro… ou algo
assim.
Eu
agito minha cabeça para reunir meu juízo. Meu coração está batendo
freneticamente, e por alguma razão eu estou corando furiosamente sob seu olhar
minucioso. Eu estou totalmente deslocada pela visão dele de pé diante de mim.
Minhas lembranças dele não lhe fazem justiça. Ele não é apenas bonito, ele é o
epítome da beleza masculina, de tirar o fôlego, e ele está aqui. Aqui nas lojas
Clayton. Vá entender. Finalmente minhas funções cognitivas é restabelecidas e
reconectadas com o resto de meu corpo.
—
Ana. Meu nome é Ana, — eu murmuro. — Em que posso ajudá-lo, Sr. Grey?
Ele
sorri, e novamente é como se ele conhecesse algum grande segredo. E tão
desconcertante. Respirando fundo, eu coloco minha fachada de profissional de
quem trabalha nesta loja há anos. Eu posso fazer isto.
—
Há alguns itens que eu preciso. Para começar, eu gostaria de algumas
braçadeiras, — ele murmura, seus olhos cinza frios, mas divertidos.
Braçadeiras?
—
Nós temos de vários comprimentos. Eu devo mostrar a você? — Eu murmuro, minha
voz suave e oscilante.
Controle-se, Steele. Um leve franzir
estraga por sua vez a testa do adorável Grey.
—
Por favor. Vá na frente, Senhorita Steele, — ele diz. Eu tento parecer
indiferente quando eu saio detrás do balcão, mas realmente eu estou muito
concentrada em não tropeçar nos meus próprios pés, minhas pernas de repente
estão na consistência de gelatina. Eu estou tão contente por ter decidido
vestir meu melhor jeans esta manhã.
—
Elas estão junto aos bens elétricos, no corredor oito. — Minha voz está um
pouco resplandecente. Eu olho para ele e lamento quase que imediatamente.
Maldição, ele é bonito. Eu ruborizo.
—
Depois de você, — ele murmura, gesticulando com seus longos dedos de sua mão
bem cuidada. Com meu coração quase me estrangulando, porque ele está quase
passando pela minha garganta, está tentando escapar de minha boca, começo a me
encaminhar a seção de eletrônicos. Por
que ele está em Portland?
Por que ele está aqui na Clayton? E uma minúscula parte do meu cérebro que
utilizo, provavelmente localizada na base de minha medula oblonga[5]
onde habita meu subconsciente, diz: Ele
está aqui para vê-la. Sem chance! Eu
dispenso isto imediatamente. Por que este belo, poderoso e urbano homem, quer
me ver? A ideia é absurda, e eu excluo isto de minha cabeça.
—
Você está em Portland a negócios? — Eu pergunto, e minha voz é muito alta, como
se eu tivesse preso meu dedo em uma porta ou algo assim. Maldição! Tente ficar fria Ana!
—
Eu estava visitando a divisão agrícola da universidade. Que está localizada em
Vancouver. Eu estou atualmente financiando algumas pesquisa lá, sobre rotação
de colheita e ciência do solo, — ele discute o assunto com naturalidade. Vê?
Não está aqui para encontrar você afinal,
meu subconsciente zomba de mim, alto, orgulhoso, e rabugento. Eu ruborizo com
meus tolos pensamentos impertinentes.
—
Tudo parte de seu plano de alimentar o mundo? — Eu provoco.
—
Algo assim, — ele reconhece, e seus lábios satirizam em um meio sorriso.
Ele
olha para a seleção de braçadeiras que nós temos em estoque na Clayton. O que
ele vai fazer com isso? Eu não posso imaginá-lo fazendo um trabalho manual
usando isso. Seus dedos deslizam sobre os
vários pacotes da prateleira, e por alguma razão inexplicável, eu tenho que
desviar o olhar. Ele se curva e seleciona um pacote.
—
Estes servirão, — ele diz com o seu sorriso de que está guardando um segredo, e
eu ruborizo.
— Gostaria
de mais alguma coisa?
—
Eu gostaria de algumas fitas adesivas.
Fita adesiva?
—
Você está redecorando sua casa? — As palavras escapam antes que eu possa
detê-las. Certamente ele contrata operários ou tem pessoal para ajudá-lo a
decorar?
—
Não, não redecorando, — ele diz depressa então sorri, e eu tenho a sensação
estranha que ele está rindo de mim.
Eu sou tão engraçada assim? Pareço
engraçada?
—
Por aqui, — eu murmuro envergonhada. — a fita adesiva está no corredor de
decoração.
Eu
olho para trás à medida que ele me segue.
—
Você trabalha aqui há muito tempo? — Sua voz é baixa, e ele está olhando para
mim, olhos cinza muito concentrados. Eu ruborizo ainda mais intensamente. Por
que diabos ele tem este efeito sobre mim?
Eu
me sinto com quatorze anos de idade, desajeitada como sempre, e fora do lugar. Olhos para frente Steele!
—
Quatro anos, — eu murmuro quando nós alcançamos nosso objetivo. Para me
distrair, eu passo e seleciono duas fitas adesivas largas.
—
Eu vou levar essa, — Grey diz suavemente apontando para a fita mais larga, que
eu passo para ele.
Nossos
dedos se tocam muito brevemente, e a corrente está lá novamente, atravessando
por mim como se eu tivesse tocado um fio exposto. Eu ofego involuntariamente
quando eu sinto isto, essa corrente percorre todo meu corpo até em algum lugar
escuro e inexplorado, no fundo de minha barriga. Desesperadamente, eu consigo
de volta o meu equilíbrio.
—
Mais alguma coisa? — Minha voz é rouca e ofegante. Seus olhos se arregalam
ligeiramente.
—
Algumas cordas, eu acho. — Sua voz reflete a minha, rouca.
—
Por aqui. — E abaixo minha cabeça para esconder meu recorrente rubor e
dirijo-me para o corredor.
—
Que tipo você está procurando? Nós temos corda de filamento sintético e
natural… barbantes... fio de corda… — eu me detenho em sua expressão, seus
olhos escurecendo. Puta merda.
—
Eu vou levar cinco metros de corda de filamentos naturais, por favor.
Rapidamente,
com dedos trêmulos, eu meço cinco metros contra a régua fixa, ciente que seu
quente olhar cinza está em mim. Eu não ouso olhar para ele. Jesus, eu podia me
sentir mais tímida? Pegando minha faca Stanley do bolso de trás de minha calça
jeans, eu corto-a, então enrolo cuidadosamente antes de amarrá-la em um nó
corrediço. Por algum milagre, eu consigo não arrancar um dedo com minha faca.
—
Você era Escoteira? — Ele pergunta divertido, franzindo seus lábios sensuais e esculpidos.
Não olhe para sua boca!
— Só
organizada, as atividades em grupo não são realmente minha praia, Sr. Grey.
Ele
arqueia uma sobrancelha.
— E
qual é sua praia, Anastásia? — Ele pergunta, sua voz suave e seu sorriso
secreto estão de volta. Eu olho para ele incapaz de me expressar. O chão parece
placas tectônicas e movimento. Tente se
tranquilizar, Ana, meu torturado subconsciente implora de joelhos.
—
Livros, — eu sussurro, mas por dentro, meu subconsciente está gritando: Você! Você é minha praia!
Eu o
esbofeteio imediatamente, mortificada com os delírios da minha mente.
—
Que tipo de livros? — Ele dobra sua cabeça para um lado. Por que ele está tão interessado?
—
Oh, você sabe. O habitual. Os clássicos. Literatura britânica, principalmente.
Ele
esfrega seu queixo com seu dedo indicador e o longo dedo polegar enquanto ele
contempla minha resposta.
Ou
talvez ele esteja apenas muito entediado e tentando esconder isto.
— Você
precisa de alguma outra coisa? — Eu tenho que sair deste assunto, aqueles dedos
naquele rosto são muito sedutores.
—
Eu não sei. O que mais você recomenda?
O
que eu recomendo? Eu sequer sei o que você está fazendo.
—
Para um trabalho manual?
Ele
movimenta a cabeça, olhos cinza vivos com humor perverso. Eu ruborizo, e meus
olhos se desviam por vontade própria para sua calça jeans confortável.
—
Macacões, — eu respondo, e eu sei que eu não estou mais despistando o que sai
de minha boca.
Ele
levanta uma sobrancelha, divertido, mais uma vez.
—
Você não quer estragar sua roupa, — eu gesticulo vagamente na direção de sua
calça jeans.
—
Eu sempre posso lavá-las. — Ele sorri.
—
Hum. — Eu sinto a cor em meu rosto subindo novamente. Eu devo estar da cor do
manifesto comunista. Pare de falar. Pare
de falar AGORA.
—
Eu vou levar alguns macacões. Deus me livre de arruinar qualquer roupa, — ele
diz secamente.
Eu
tento e descarto a imagem indesejada dele sem jeans.
—
Você precisa de mais alguma outra coisa? — Eu pergunto quando eu entrego-lhe o
macacão azul.
Ele
ignora minha investigação.
—
Como está indo o artigo?
Ele
finalmente me faz uma pergunta normal, longe de toda a insinuação e a conversa
confusa de duplo sentido… uma pergunta que eu posso responder. Eu agarro isto
firmemente com as duas mãos, como se fosse um bote salva-vidas, e eu sou
honesta.
—
Eu não estou escrevendo-o, Katherine está. A Srta Kavanagh. Minha companheira de
quarto, ela é a escritora. Ela está muito feliz com isto. Ela é a editora da
revista, e ficou devastada por não poder fazer a entrevista pessoalmente. — Eu
me sinto como se eu emergisse para o ar, enfim um tópico normal de conversação.
— Sua única preocupação é que ela não tem nenhuma fotografia original sua.
Grey
levanta uma sobrancelha.
—
Que tipo de fotografia ela quer?
Ok.
Eu não tinha previsto esta resposta. Eu sacudo a cabeça, porque eu simplesmente
não sei.
—
Bem, eu estou por perto. Amanhã, talvez… — ele é vago.
—
Você estaria disposto a participar de uma sessão de fotos? — Minha voz é
estridente novamente. Kate estaria no sétimo céu se eu puder tirá-las. E você pode vê-lo novamente amanhã,
sussurra sedutoramente para mim aquele lugar escuro na base de meu cérebro. Eu
descarto a ideia, tola e ridícula…
—
Kate ficará encantada se nós pudermos achar um fotógrafo. — Eu estou tão
contente, eu sorrio para ele amplamente. Seus lábios abrem como se ele
estivesse tomando um influxo forte de ar, e ele pisca. Por uma fração de
segundo, ele parece perdido de alguma maneira, e a Terra se desloca
ligeiramente sobre seu eixo, as placas tectônicas resvalam para uma nova
posição.
Meu Deus. O olhar perdido de Christian Grey.
—
Avise-me sobre amanhã. — Alcançando seu bolso de trás, ele retira sua carteira.
— Meu cartão. Tem meu número do celular nele. Você precisa chamar antes das dez
da manhã.
—
Ok. — Eu sorrio para ele. Kate vai ficar emocionada.
—
ANA!
Paul
se materializou do outro lado no final do corredor. Ele é o irmão mais novo do
Sr. Clayton. Eu ouvi que ele estava em casa de Princeton, mas eu não estava
esperando vê-lo hoje.
—
Ah, com licença por um momento, Sr. Grey. — Grey faz um cara feia quando eu me
afasto dele.
Paul
sempre foi um amigo, e neste momento estranho que eu estou tendo com o rico,
poderoso, impressionante fora de comparação, atraente e controlador, é ótimo
conversar com alguém que seja normal. Paul me abraça apertado pegando-me de
surpresa.
—
Ana, oi, é tão bom ver você! — Ele esguicha.
—
Oi Paul, como você está? Você está em casa para o aniversário de seu irmão?
—
Sim. Você está parecendo bem, Ana, realmente bem. — Ele sorri enquanto ele me
examina de certa distancia. Então ele me libera, mas mantém um braço possessivo
caído sobre meu ombro. Eu me embaralho de um pé para outro, envergonhada. É bom
ver Paul, mas ele sempre foi muito familiar.
Quando
eu olho para Christian Gray, ele está nós observando como um falcão, seus olhos
cinza encobertos e especulativos, sua boca uma dura linha impassível. Ele mudou
de forma estranha, do cliente atento para outra pessoa, alguém frio e distante.
—
Paul, eu estou com um cliente. Alguém que você deve conhecer, — eu digo,
tentando desarmar o antagonismo que eu vejo nos olhos de Grey. Eu arrasto Paul
acima para encontrá-lo, e eles se medem um ao outro. A atmosfera de repente é
ártica.
—
Ah, Paul, este é Christian Gray. Sr. Grey, este é Paul Clayton. Seu irmão é o
dono do lugar. — E por alguma razão irracional, eu sinto que eu tenho que
explicar um pouco mais.
—
Eu conheço Paul desde que eu trabalho aqui, entretanto nós não nos vemos com
frequência. Ele chegou de Princeton onde ele está estudando administração de
empresas. — Eu estou balbuciando… Pare,
agora!
—
Sr. Clayton. — Christian sustenta seu aperto, seu olhar ilegível.
—
Sr. Grey, — Paul retorna seu aperto de mão. — Espere, não Christian Grey? Da
Grey Holdings Enterprise? — Paul vai de mal humorado para impressionado em
menos de um nano segundo. Grey lhe dá um sorriso cortês que não alcança seus
olhos.
—
Uau, há alguma coisa em que eu possa ajudá-lo?
—
Anastásia tem me ajudado, Sr. Clayton. Ela tem sido muito atenciosa. — Sua
expressão é impassível, mas suas palavras… é como se ele estivesse dizendo
outra coisa completamente diferente. É desconcertante.
—
Legal, — Paul responde. — Vejo você mais tarde, Ana.
—
Certo, Paul. — Eu assisto-o desaparecer em direção á sala de estoque. — Mais
alguma coisa, Sr. Grey?
—
Só estes itens. — Seu tom é cortante e frio. Porra… eu o ofendi? Respirando fundo, eu viro e dirijo-me ao caixa.
Qual é o seu problema?
Eu
carrego a corda, macacões, fita adesiva e as braçadeiras até o caixa.
—
Isso deu quarenta e três dólares, por favor. — Eu olho para Grey, e desejei não
ter feito isso. Ele está me observando de perto, seus olhos cinza intensos e
escurecidos. É enervante.
—
Você gostaria de uma sacola? — Eu pergunto enquanto eu pego seu cartão de
crédito.
—
Por favor, Anastásia. — Sua língua acaricia meu nome, e meu coração mais uma
vez fica frenético.
E
mal posso respirar. Apressadamente, eu coloco suas compras em uma sacola de
plástico.
—
Você me liga se você quiser que eu faça a sessão de fotos? — Ele é todos
negócios mais uma vez. Eu aceno, sem palavras mais uma vez, e devolvo seu
cartão de crédito.
—
Ótimo. Até amanhã talvez. — Ele vira-se para partir, depois faz uma pausa. — Ah,
e Anastásia, eu estou feliz que a Senhorita Kavanagh não pôde fazer a
entrevista. — Ele sorri, então anda a passos largos com o propósito renovado
para fora da loja, atirando a sacola plástica acima de seu ombro, deixando-me
uma massa trêmula e furiosa de hormônios femininos. Eu passo vários minutos
olhando fixamente para a porta fechada pela qual ele acabou de sair antes de
retornar ao planeta Terra.
Certo, eu gosto dele. Eu admito, isto
para mim mesma. Eu não posso esconder meu sentimento mais. Eu nunca me senti
assim antes. Eu o acho atraente, muito atraente. Mas ele é uma causa perdida,
eu sei, e eu suspiro com um pesar agridoce. Foi apenas uma coincidência, sua
vinda aqui. Mas ainda assim, eu posso admirá-lo de longe, certamente? Nenhum
dano pode resultar disto. E se eu encontrar um fotógrafo, eu posso seriamente
contemplá-lo amanhã. Eu mordo meu lábio em antecipação e eu me encontro sorrindo
como uma colegial. Eu preciso telefonar para Kate e organizar uma sessão de
fotos.
[1] Interestadual - 5
[2] Se
você paga com amendoins, você obtêm macacos. Ditado popular nos EUA que significa que você paga uma mixaria (muito
pouco)
[3] Tess of the D'Ubervilles:, é um romance de Thomas Hardy, publicado
pela primeira vez em 1891. Considerada uma obra importante da literatura Inglesa.
[5] Bulbo raquidiano, bolbo raquidiano, medulla
oblongata, medula oblonga, ou simplesmente bulbo é a porção
inferior do tronco
encefálico,
juntamente com outros órgãos como o mesencéfalo e a ponte, que estabelece comunicação entre o
cérebro e a medula espinhal.
Obrigada por postar! 😄
ResponderExcluirTodo mundo fala que pareço com a Anastácia
ResponderExcluirTodo mundo fala que pareço com a Anastácia
ResponderExcluirEu quero ler esse livro aqui
ResponderExcluirMaravilhoso
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