domingo, 19 de maio de 2013

50 Tons de cinza (Capítulo 19)


O roçar de lábios através de minha testa, deixando beijos ternos e doces em seu rastro, faz parte de mim girar e responder, mas principalmente eu quero ficar dormindo. Eu gemo e me refugio em meu travesseiro.
— Anastásia, acorde. — A voz de Christian é suave, bajulando.
— Não, — eu gemo.
— Nós temos que sair em meia hora para jantar com meus pais. — Ele está se divertindo.
Eu abro meus olhos relutantemente. É crepúsculo. Christian está debruçando sobre mim, olhando-me atentamente.
— Vamos dorminhoca. Levante-se. — Ele se inclina e me beija novamente.
— Eu comprei-lhe uma bebida. Eu estarei no andar de baixo. Não volte a dormir, ou você estará em apuros, — ele ameaça, mas seu tom é aprazível. Ele me beija brevemente e sai, deixando-me sonolenta, a piscar os meus olhos no quarto fresco.
Eu estou um pouco recuperada, mas de repente, nervosa. Caramba, eu vou conhecer a sua gente! Ele apenas me bateu com o chicote, me amarrou, usando uma algema que eu mesma lhe vendi, pelo amor de Deus, agora vou encontrar seus pais. Será a primeira vez de Kate encontrá-los também, pelo menos que ela estará lá para me dar suporte. Eu enrolo os meus ombros. Eles estão duros. Sua exigência por um instrutor particular de ginástica não parece tão estranha agora, de fato, parece obrigatório, se eu tiver qualquer pretensão de acompanhá-lo.
Saio lentamente da cama e noto que meu vestido está pendurado fora do guarda-roupa e meu sutiã está na cadeira. Onde está a minha calcinha? Eu verifico embaixo da cadeira. Nada. Então, lembro-me, que ele colocou-a no bolso de sua calça jeans. Eu ruborizo com a lembrança, depois dele, eu não posso mesmo pensar sobre isso, ele é tão bárbaro. Eu franzo a testa. Por que ele não me devolveu a minha calcinha?
Eu vou para o banheiro, perplexa com a minha falta de roupa íntima. Enquanto me enxugo, depois de minha agradável, mas extremamente breve chuveirada, eu percebo ele fez isso de propósito. Ele quer que eu me sinta envergonhada e peça a minha calcinha de volta, e ele pode dizer sim ou não. Minha deusa está rindo de mim. Inferno… dois podem jogar esse jogo em particular.  Resolvendo não lhe perguntar por ela e não dar-lhe satisfação, eu decido encontrar seus pais sem calcinha. Anastásia Steele! Meu subconsciente me repreenda, mas eu não quero escutar, quase abraço a mim mesma com alegria porque eu sei que isso o deixará louco.
Volto ao quarto, coloco meu sutiã, deslizo em meu vestido e calço os meus sapatos. Eu removo a trança e apressadamente escovo meu cabelo, eu então olho para a bebida que ele deixou.
É cor-de-rosa de pálido. O que é isto? Cranberry e água com gás. Hmm… o sabor é delicioso e extingue minha sede.
Voltando ao banheiro, eu me verifico no espelho, olhos brilhantes, bochechas ligeiramente coradas, o olhar um pouco presunçoso por causa de meu plano sobre a calcinha, e saio para o andar de baixo. Quinze minutos. Não é ruim, Ana.
Christian aguarda ao lado da janela panorâmica, vestindo as calças de flanela cinza que eu amo, aquelas que penduram dessa forma incrivelmente sensual fora de seus quadris, e, claro, uma camisa de linho branco. Ele não tem alguma outra cor? Frank Sinatra canta suavemente nos alto-falantes de som surround.
Christian se vira e sorri quando eu entro. Ele olha para mim com expectativa.
— Oi, — eu digo baixinho, e meu sorriso de esfinge encontra o seu.
— Oi, — ele diz. — Como você está sentindo? — Seus olhos estão iluminados com diversão.
— Bem, obrigada. Você?
— Eu me sinto bem poderoso, Senhorita Steele. 
Ele está tão à espera que eu diga alguma coisa.
— Frank. Eu nunca imaginei que você fosse um fã de Sinatra. 
Ele levanta suas sobrancelhas para mim, seu olhar é especulativo.
— Gosto eclético, Senhorita Steele, — ele murmura, e ele dá alguns passos em minha direção, como uma pantera, até chegar na minha  frente, seu olhar tão intenso que me tira o fôlego.
Frank começa a cantar… uma velha canção, uma das favoritas de Ray. “Witchcraft”. Christian passa vagarosamente a ponta do dedo pela minha bochecha, e eu sinto todo o caminho até embaixo.
— Dance comigo, — ele murmura, com voz rouca.
Tomando o controle remoto fora de seu bolso, ele aumenta o volume e mantém a sua mão para mim, seu olhar cinza cheio de promessas, desejo e humor. Ele é totalmente sedutor, e eu estou encantada. Eu coloco minha mão na sua. Ele sorri preguiçosamente para mim e me puxa em seu abraço, seu braço enrolando ao redor minha cintura, e ele começa a balançar.
Eu ponho minha mão livre em seu ombro e sorrio para ele, pego em seu humor, brincalhão, infeccioso. E ele começa a mover. Rapaz, ele sabe dançar. Nós cobrimos o chão, da janela até a cozinha e de volta novamente, girando e girando, no tempo da música. E ele faz isto tão fácil para mim.
Nós deslizamos em torno da mesa de jantar, para o piano, e de lá para cá na frente da parede de vidro, fora, Seattle piscava um mural escuro e mágico para nossa dança, e eu não posso evitar a minha risada despreocupada. Ele sorri para mim quando a música chega ao fim.
— Não existe nenhuma bruxa mais agradável que você, — ele murmura e então me beija docemente. — Bem, isso comprou um pouco de cor para suas bochechas, Senhorita Steele. Obrigado pela dança. Nós devemos ir e encontrar meus pais? 
— De nada, e sim, eu não posso esperar para encontrar com eles, — eu respondo sem fôlego.
— Você tem tudo que você precisa?
— Oh, sim, — eu respondo docemente. 
— Você tem certeza? 
Concordo com a cabeça tão indiferente quanto eu posso administrar sob o seu escrutínio intenso, divertido. Seu rosto se divide em um sorriso enorme, ele balança a cabeça.
— Ok. Se esta é a maneira que você quer jogar, Senhorita Steele. 
Ele agarra minha mão, recolhe a sua jaqueta que está pendurada em uma das banquetas, e me leva através da entrada para o elevador. Oh, as muitas faces de Christian Grey. Será que jamais serei capaz de compreender este homem volúvel?
Eu espio para ele no elevador. Ele está curtindo uma piada privada, um vestígio de um sorriso que flerta com sua boca bonita. Eu temo que seja a minha custa. O que eu estava pensando?  Eu vou conhecer os seus pais e eu não estou vestindo qualquer roupa íntima. Meu subconsciente me dá um inútil aviso, eu te disse. Na segurança relativa de seu apartamento, parecia uma ideia divertida. Agora, eu estou quase fora de mim sem calcinha!  Ele olha para mim, e está lá, a tensão aumentando entre nós. O olhar divertido desaparece de seu rosto e suas linhas de expressão, a escuridão de seus olhos… oh meu Deus.
As portas do elevador se abrem no andar térreo. Christian balança a cabeça ligeiramente como se para limpar seus pensamentos e gesticula para que eu saia antes dele, em gesto cavalheiresco.
Com quem ele está brincando?  Ele não é nenhum cavalheiro. Ele tem minha calcinha.
Taylor dirige o Audi grande. Christian abra a porta traseira para mim, e eu entro, tão elegantemente quanto posso, considerando meu estado de nudez lasciva. Eu sou grata pelo vestido ameixa de Kate ser comprido até os joelhos.
Nós aceleramos pela I-5, nós estamos em silencio, sem dúvida inibidos pela presença de Taylor, na frente. O humor de Christian é quase tangível e parece mudar. O humor está se dissipando lentamente enquanto nos dirigimos para o norte. Ele está pensativo, olhando para fora da janela, e eu posso senti-lo deslizar para longe de mim. O que ele está pensando? Eu não posso perguntar a ele. O que eu posso dizer na frente de Taylor?
— Onde você aprendeu a dançar? — Eu pergunto como tentativa. Ele gira olhar em mim, seus olhos ilegíveis sob a luz intermitentes das lâmpadas das ruas no percurso.
— Você realmente quer saber? — Ele responde em voz baixa.
Meu coração afunda, e agora eu não quero, porque eu posso imaginar.
— Sim, — eu murmuro, relutantemente.
— A Sra. Robinson gostava de dançar. 
Oh, minhas piores suspeitas confirmadas. Ela o ensinou bem, e o pensamento me deprime, não existe nada que eu possa lhe ensinar. Eu não tenho nenhuma habilidade especial.
— Ela deve ter sido uma boa professora. 
— Ela era, — ele diz suavemente. 
Meus couro cabeludo pinica. Será que ela teve o melhor dele? Antes dele se tornar tão fechado? Ou será que ela o trouxe para fora de si mesmo? Ele tem esse lado, divertido, brincalhão. Eu sorrio involuntariamente ao recordar de estar em seus braços enquanto ele girou comigo ao redor sua sala de estar, de forma inesperada, e ele tem minha calcinha, em algum lugar.
E depois há o Quarto Vermelho da Dor. Eu esfrego meus pulsos reflexivamente, as tiras finas de plástico fizeram o mesmo com outra menina. Ela lhe ensinou tudo ou o arruinou, dependendo do ponto de vista. Ou talvez ele teria encontrado o seu caminho de qualquer maneira, apesar da Sra. R.
Eu percebo, naquele momento, que eu a odeio. Eu espero nunca conhecê-la, porque eu não serei responsável por minhas ações se o fizer. Eu não posso me lembrar de sentir esta raiva sobre qualquer pessoa, especialmente alguém que eu nunca conheci. Olhando para fora da janela, eu medito sobre a minha raiva e ciúme irracional.
Minha mente voa de volta à tarde.  Dado o que eu entendo de suas preferências, penso que ele tem pegado leve comigo. Eu faria isso novamente?  Eu não posso fingir ter algum argumento contra isto. Claro que eu faria, se ele me pedisse, contanto que ele não me machucasse e se for à única maneira para estar com ele.
Essa é a linha divisória. Eu quero estar com ele. Minha deusa interior suspira aliviada. Chego à conclusão que ela raramente usa seu cérebro para pensar, mas outra parte vital de sua anatomia, e no momento, é uma parte bastante exposta.
— Não, — ele murmura.
Eu franzo a testa e viro para olhar para ele.
— Não faça o que? — Eu não o toquei.
— Não pense sobre as coisas, Anastásia. — Alcançando-me, ele pega minha mão, ergue-a até seus lábios, e beija meus dedos suavemente. — Eu tive uma tarde maravilhosa. Obrigado. 
E ele está de volta comigo, novamente. Eu pisco para ele e sorrio timidamente. Ele está tão confuso. Posso fazer uma pergunta que está me incomodando.
— Por que você usou uma braçadeira? 
Ele sorri para mim.
— É rápido, é fácil e é algo diferente para você sentir a experiência. Eu sei que elas são bastante brutais, como dispositivo de contenção. — Ele sorri ligeiramente para mim.
— Muito eficaz para mantê-lo em seu lugar. 
Eu ruborizo e olho nervosamente para Taylor, que permanece impassível, com os olhos na estrada. O que eu deveria dizer sobre isso?  Christian encolhe os ombros inocentemente.
— Tudo parte de meu mundo, Anastásia. — Ele aperta minha mão e lá estava, olhando para fora da janela novamente.
Seu mundo realmente, e eu quero pertencer a ele, mas em suas condições? Eu simplesmente não sei. Ele não mencionou aquele maldito contrato. Minhas reflexões internas não fazem nada para me alegrar. Olho pela janela e a paisagem mudou. Nós estamos cruzando uma das pontes, cercados pela escuridão. A noite sombria reflete meu estado de espírito introspectivo, fechando, sufocante.
Olho brevemente para Christian, e ele está olhando para mim.
— Um centavo por seus pensamentos? — Ele pergunta.
Eu suspiro com tristeza.
— Tão ruim, hein? 
— Eu gostaria de saber o que você estava pensando. 
Ele sorri para mim.
— Idem, bebê, — ele diz suavemente, enquanto Taylor acelera na noite em direção a Bellevue.
É um pouco antes das oito, quando o Audi entra na calçada de uma mansão de estilo colonial. É de tirar o fôlego, até mesmo as rosas em torno da porta. Um perfeito retrato de livro.
— Você está pronta para isso? — Christian pergunta, enquanto Taylor para o carro na frente da porta impressionante.
Concordo com a cabeça, ele dá a minha mão outro aperto tranquilizante.
— Primeira vez para mim também, — ele sussurra, então sorri maliciosamente. —Aposto que você gostaria de estar vestindo sua roupa íntima agora, — ele brinca.
Eu coro. Eu tinha já esquecido da minha calcinha. Felizmente, Taylor saiu do carro e está abrindo minha porta, assim ele não pode ouvir nossa troca de palavras. Eu faço uma careta para Christian, que sorri amplamente enquanto eu giro e saio do carro.
Dra. Grace Trevelyan-Grey está na porta esperando por nós. Ela parece elegantemente sofisticada em um vestido de seda azul claro, por trás dela está o Sr. Grey, eu presumo, alto, loiro, e tão bonito ao seu próprio modo como Christian. 
— Anastásia, já conhece a minha mãe, Grace. Este é o meu pai, Carrick. 
— Sr. Grey, que prazer conhece-lo. — Eu sorrio e agito sua mão estendida.
— O prazer é todo meu, Anastásia.
— Por favor, me chame de Ana. 
Seus olhos azuis são suaves e gentis.
— Ana, o quão adorável vê-la novamente. — Grace me envolve em um abraço caloroso. — Entre, minha querida. 
— Ela está aqui? — Eu ouço um grito alto de dentro a casa. Eu olho nervosamente para Christian.
— Esta é Mia, minha irmã caçula, — ele diz quase irritado, mas não completamente.
Existe uma subcorrente de afeto em suas palavras, a forma como sua voz cresce mais suave e seus olhos ondulam, quando ele menciona seu nome. Christian obviamente a adora. É uma revelação.
E ela vem correndo solta pelo salão, cabelos escuros, alta e curvilínea. Ela deve ter a minha idade.
— Anastásia! Eu ouvi tanto sobre você. — Ela me abraça apertado.
Caramba.  Eu não posso deixar de sorrir com o seu entusiasmo ilimitado.
— Ana, por favor, — eu murmuro enquanto ela me arrasta pelo grande vestíbulo. O piso é todo de madeira escura, com tapetes antigos e uma escadaria para o segundo andar.
— Ele nunca trouxe uma garota para esta casa antes, — Mia diz, com seus olhos escuros brilhando de excitação.
Vislumbro Christian revirando os olhos, e eu levanto uma sobrancelha para ele. Ele estreita seus olhos para mim.
— Mia, acalme-se, — Grace aconselha suavemente. — Olá, querido, — ela diz enquanto beija Christian em ambas as faces. Ele sorri para ela calorosamente, e então aperta a mão de seu pai.
Todos nós entramos na sala de estar. Mia não soltou a minha mão. A sala é espaçosa, decorada com bom gosto em creme, marrom e azul claro, confortável, discreta e muito elegante. Kate e Elliot estão aconchegados juntos em um sofá, segurando taças de champanhe. Kate salta para me abraçar, e Mia finalmente solta a minha mão.
— Oi, Ana! — Ela sorri. — Christian. — Ela acena com a cabeça bruscamente para ele.
— Kate. — Ele é igualmente formal com ela.
Eu franzo a testa com essa troca. Elliot me pega em um abraço todo abrangente. O que é isto, a semana de abraçar Ana? Esta deslumbrante exibição de afeto, eu apenas não estou acostumada com isso. Christian está ao meu lado, envolvendo seu braço ao redor de mim, colocando sua mão em meu quadril, ele estende seus dedos e puxa-me para perto. Todos estão olhando para nós. É enervante.
— Bebidas? — O Sr. Grey parece se recuperar. — Prosecco?
— Por favor, — Christian e eu falamos em uníssono.
Oh… isso está além de estranho. Mia bate palmas.
— Vocês estão até falando ao mesmo tempo. Eu vou buscar. — Ela sai da sala.
Eu fiquei escarlate, e vendo Kate sentada com Elliot, ocorreu-me, de repente, que a única razão para Christian me convidar era porque Kate estaria aqui. Elliot, provavelmente, livre e alegremente pediu a Kate para conhecer seus pais. Christian estava preso, sabendo que eu descobriria via Kate. Eu fiz uma careta com o pensamento. Ele foi forçado ao convite. Uma compreensão triste e deprimente. Meu subconsciente acena com a cabeça sabiamente, um olhar ‘você finalmente entendeu sua estúpida’, apareceu em seu rosto.
— O jantar está quase pronto, — Grace diz, enquanto ela segue Mia fora da sala.
Christian franze a testa e olha para mim.
— Sente-se, — ele comanda, apontando para o sofá de pelúcia, e eu me sento, cuidadosamente cruzando minhas pernas. Ele se senta ao meu lado, mas não me toca.
— Nós estávamos falando sobre férias, Ana, — o Sr. Grey diz amavelmente. — Elliot decidiu seguir Kate e sua família para Barbados por uma semana.  
Olho para Kate, ela sorri, seus olhos estão grandes e brilhantes. Ela está encantada. Katherine Kavanagh, mostre alguma dignidade!
— Você está tomando uma pausa agora que você terminou a faculdade? — O Sr. Grey pergunta.
— Eu estou pensando sobre ir para Geórgia por alguns dias, — eu respondo.
Christian olha para mim, piscando um par de vezes, sua expressão é ilegível. Oh merda.
Eu não comentei isso com ele.
— Geórgia? — Ele murmura.
— Minha mãe vive lá, e eu não a vejo há algum tempo. 
— Quando você estava pensando em ir? — Sua voz é baixa.
— Amanhã, final da noite. 
Mia passeia em volta na sala abastecendo as taças de Prosecco rosa pálido.
— A sua boa saúde! — O Sr. Grey levanta a taça. Um brinde apropriado para um marido de uma médica, que me faz sorrir.
— Por quanto tempo? — Christian pergunta, com sua voz enganosamente suave.
Puta merda… ele está com raiva.
— Eu não sei ainda. Dependerá das minhas entrevistas, amanhã. 
Sua mandíbula apertou, e Kate fica com aquele olhar interferindo em seu rosto. Ela sorri excessivamente doce.
— Ana merece uma pausa, — ela diz intencionalmente para Christian. Por que ela é tão antagônica em relação a ele? O que é o seu problema?
— Você tem entrevistas? — O Sr. Grey pergunta.
— Sim, para estágios em duas editoras, amanhã. 
— Desejo-lhe boa sorte. 
— O jantar está na mesa, — Grace anuncia.
Todos nós levantamos. Kate e Elliot seguem o Sr. Grey e Mia para fora da sala. Quando vou seguir, Christian agarra o meu cotovelo, trazendo-me para uma parada abrupta.
— Quando você ia dizer-me que estava partindo? — Ele pergunta com urgência. Seu tom é suave, mas ele está mascarando sua raiva.
— Eu não estou partindo, eu vou ver minha mãe, e eu estava só pensando sobre isto. 
— Que tal o nosso acordo? 
— Nós não temos um acordo ainda. 
Ele aperta os olhos, depois parece lembrar-se. Soltando a minha mão, ele toma meu cotovelo e me leva para fora da sala.
— Essa conversa não terminou, — ele sussurra ameaçadoramente quando entramos na sala de jantar.
Ah, É. Não fique tão chateado e … e me devolva a minha calcinha.  Eu olho para ele.
A sala de jantar me faz lembrar nosso jantar privado em Heathman. Um lustre de cristal pendurado sobre a mesa de madeira escura e há um espelho enorme e esculpido, na parede. A mesa está servida e coberta com uma toalha de mesa de linho branco, uma tigela de peônias rosas pálidas como o peça central. É impressionante. 
Tomamos nossos lugares. O Sr. Grey está na cabeceira da mesa, enquanto eu me sento no seu lado direito, Christian está acomodado ao meu lado. O Sr. Grey agarra a garrafa aberta de vinho tinto e oferece um pouco para Kate. Mia toma sua cadeira ao lado de Christian e pega a sua mão, aperta firmemente. Christian sorri calorosamente para ela.
— Onde você conheceu Ana? — Mia pergunta a ele.
— Ela me entrevistou para a revista estudantil da WSU. 
— A que Kate edita, — eu adiciono, na esperança de desviar a conversa para longe de mim.
Mia sorri para Kate, sentada em frente, ao lado de Elliot e eles começam a conversar sobre a revista dos alunos.
— Vinho, Ana? — O Sr. Grey pergunta.
— Por favor. — Eu sorrio para ele. O Sr. Grey levanta para encher o resto dos copos.
Eu olho para Christian. Ele se vira para olhar para mim, sua cabeça está inclinada para um lado.
— O que? — Ele pergunta.
— Por favor, não fique bravo comigo, — eu sussurro.
— Eu não estou bravo com você. 
Eu fico olhando para ele. Ele suspira.
— Sim, eu estou louco com você. — Ele fecha seus olhos brevemente.
— Louco a ponto de dar palmadas? — Eu pergunto nervosamente.
— Sobre o que vocês dois estão cochichando? — Kate interrompe.
Eu coro e Christian olha para ela em um olhar ‘tire o seu rabo fora do caminho’ Kavanagh, de modo que até Kate murcha sob o seu olhar.
— Apenas sobre a minha viagem para a Geórgia, — eu digo docemente, com a esperança de encerrar a hostilidade mútua.
Kate sorri, com um brilho perverso em seu olhar.
— Como estava José quando você foi para o bar com ele na sexta-feira? 
Puta merda, Kate.  Eu arregalo meus olhos para ela. O que ela está fazendo? Ela arregala seus olhos para mim de volta, e eu percebo que ela está tentando deixar Christian ficar ciumento. Como ela sabe pouco.  Eu pensei que tinha conseguido acabar com isso.
— Ele estava bem, — eu murmuro.
Christian se inclina.
— Louco de dar palmadas, — ele sussurra. —Especialmente agora. — Seu tom era calmo e mortal.
Oh não. Eu me contorço.
Grace reaparece carregando dois pratos, seguida por uma mulher muito jovem, com tranças loiras, vestida elegantemente de azul claro, carregando uma bandeja de pratos. Seus olhos imediatamente acham Christian na sala. Ela cora e olha para ele sob seu rímel nos longos cílios.
O que!
Em algum lugar na casa o telefone começa a tocar.
— Com licença, — O Sr. Grey levanta novamente e sai.
— Obrigado, Gretchen, — Grace diz suavemente, franzindo a testa com a saída do Sr. Grey. — Só deixe a bandeja no console. — Gretchen acena a cabeça, e com outro olhar furtivo para Christian, ela parte.
Então, os Greys tem empregadas, e a empregada está de olho em cima do meu pretende a Dominante. Pode esta noite conseguir ficar pior? Eu franzo a testa e olho para minhas mãos no meu colo.
O Sr. Grey retorna.
— Ligação para você, querida. É do hospital, — ele diz para Grace.
— Por favor, comece, todo mundo. — Grace sorri enquanto me dá um prato e parte.
Cheira delicioso, – chouriço e vieiras com pimentões vermelhos assados e cebolinhas, polvilhado com salsa. Apesar de ter meu estômago revolto com as ameaças veladas de Christian, os olhares sublinhar da bonita e pequena Senhorita Maria Chiquinha e a perda da minha roupa íntima, eu estou com fome. Eu coro quando percebo que o esforço físico desta tarde me deu tamanho apetite.
Momentos depois Grace retorna, com a sobrancelha franzida. O Sr. Grey vira a cabeça de um lado... como Christian.
— Tudo bem? 
— Outro caso de sarampo, — Grace suspira.
— Oh não. 
— Sim, uma criança. O quarto caso este mês. Se as pessoas vacinassem as suas crianças. — Ela agita sua cabeça tristemente, e então sorri. — Eu estou tão contente que nossos filhos nunca tiveram isso. Eles nunca pegaram qualquer coisa pior que catapora, ainda bem. Pobre Elliot, — ela diz enquanto ela senta-se, sorrindo com indulgencia para o filho. Elliot franze a testa e se torce desconfortavelmente. — Christian e Mia tiveram sorte. Eles tiveram isto tão suavemente, que dividiram apenas uma mancha entre eles. 
Mia deu uma risadinha e Christian revirou os olhos.
— Então, você pegou o jogo dos Marinheiros, Pai? — Elliot claramente estava interessado a mudar de assunto.
Os aperitivos são deliciosos, eu me concentro em comer enquanto Elliot, o Sr. Grey e Christian conversam sobre beisebol. Christian parece relaxado e tranquilo conversando com sua família. Minha mente está trabalhando furiosamente. Porra Kate, que jogo ela está jogando? Ele vai me punir?  Eu me acovardo com o pensamento. Não assinei aquele contrato ainda. Talvez eu não o faça. Talvez eu fique na Geórgia onde ele não pode me alcançar.
— Como você está se estabelecendo em seu novo apartamento querida? — Grace pergunta educadamente.
Sou grata por sua pergunta, distraindo-me de meus pensamentos discordantes, e eu conto a ela sobre nossa mudança.
Como nós terminamos nossos pratos iniciais, Gretchen aparece, e não pela primeira vez, eu queria me sentir capaz de pôr minhas mãos livremente em Christian só para a deixar saber que, ele pode ter cinquenta tons de ruim, mas ele é meu. Ela começa a limpar a mesa, escovando demasiado perto de Christian para o meu gosto. Felizmente, ele parece alheio a ela, mas minha deusa interior está queimando sem chama e não em um bom caminho.
Kate e Mia estão encerando líricos sobre Paris.
— Você esteve em Paris, Ana? — Mia pergunta inocentemente, distraindo-me de meu devaneio de ciúmes.
— Não, mas eu adoraria ir. — Eu sei que sou a única à mesa que nunca deixou os EUA.
— Nós fomos a Paris na lua de mel. — Grace sorriu para o Sr. Grey que devolveu o sorriso para ela.
É quase embaraçoso testemunhar. Eles obviamente se amam profundamente, e pergunto-me por um breve momento como deve ser crescer com ambos os pais.
— É uma bela cidade, — Mia concorda. — Apesar dos parisienses. Christian, você devia levar Ana para Paris, — Mia declara com firmeza.
— Eu penso que Anastásia prefere Londres, — Christian diz baixinho.
Oh… ele lembrou.  Ele coloca sua mão em meu joelho, seus dedos que viajam até a minha coxa. Meu corpo inteiro aperta em resposta. Não… não aqui, não agora.  Eu coro e endureço, tentando ficar longe dele. Sua mão em minha coxa me acalma. Eu procuro o meu vinho, em desespero.
A pequena senhorita Maria Chiquinha européia retorna, toda com olhares tímidos e balançando os quadris, com nossa reentrada, um Beff Wellington, eu acho. Felizmente, ela nos dá os pratos e então parte, embora ela demore dando a Christian o seu. Ele olha intrigada para mim enquanto eu assisto-a fechar a porta da sala de jantar.
— Então, o que havia de errado com os parisienses? — Elliot pergunta a sua irmã. — Eles não ligaram para suas maneiras encantadoras? 
— Ugh, não eles não fizeram. E Monsieur Floubert, o ogro com quem eu estava trabalhando, ele era um tirano dominador. 
Eu engasguei com meu vinho.
— Anastásia, você é bem? — Christian perguntou solicito, mantendo a sua mão em minha coxa.
O humor retornou a sua voz. Oh graças a Deus.  Quando eu concordo com a cabeça, ele bate levemente em minhas costas suavemente, e só retira sua mão quando ele vê que eu me recuperei.
A carne estava deliciosa, servida com batatas doces assadas, cenouras, nabos e feijões verdes. E estavam mais saborosas desde que Christian conseguiu apresentou seu bom-humor para o resto da refeição. Eu suspeito que é porque eu estou comendo com tanto gosto. A conversa flui livremente entre o Greys, quentes e carinhosos, suavemente provocando uns aos outros. Durante a nossa sobremesa de limão syllabub, Mia nos presenteia com suas façanhas em Paris, passando a um ponto de falar em francês fluente. Todos nós olhamos para ela e ela olha de volta confusa, até Christian dizer a ela, também em francês fluente, o que ela tinha feito, então ela explode em um ataque de risos. Ela tem uma risada muito contagiante e logo todos estamos às gargalhadas.
Elliot fala sobre seu projeto de edifício mais recente, uma nova comunidade eco amigável ao norte de Seattle. Eu olho para Kate, e ela está pendurada em cada palavra que Elliot diz, seus olhos ardem com luxúria ou o amor. Eu ainda não descobri. Ele sorri para ela, e é como se uma promessa não dita passasse entre eles. Mais tarde, bebê, ele está dizendo, e é quente, assustadoramente quente. Eu coro só de assisti-los.
Eu suspiro e espio o Cinquenta Sombras. Ele é tão bonito, eu podia olhar para ele para sempre. Ele tem uma sombra de barba em seu queixo, e meus dedos coçam para arranhar isso e senti-la contra meu rosto, contra meus seios… entre minhas coxas. Eu coro com a direção de meus pensamentos. Ele olha para em mim e levanta sua mão para puxar meu queixo.
— Não morda seu lábio, — ele murmura com voz rouca. — Eu quero fazer isto. 
Grace e Mia tiram as louças da sobremesa e seguem para a cozinha, enquanto o Sr. Grey, Kate, e Elliot discutem os méritos dos painéis solares no Estado de Washington. Christian, finge interesse na conversa, põe sua mão mais uma vez em meu joelho, e seus dedos viajam pela minha coxa. Minha respiração está aos trancos, e eu aperto minhas coxas juntas em uma tentativa para deter seu progresso. Posso vê-lo sorrir maliciosamente.
— Eu devo dar a você uma excursão pela propriedade? — Ele pergunta para mim bastante abertamente.
Eu sei que estou querendo dizer sim, mas eu não confio nele. Antes de eu poder responder, porém, ele está em pé e estendendo a sua mão para mim. Eu coloco minha mão na sua, e sinto todo o aperto dos músculos no fundo do meu ventre, respondendo aos seus escuros e famintos olhos cinza.
— Com licença, — eu digo para o Sr. Grey e sigo Christian para fora da sala de jantar.
Ele me leva pelo corredor e pela cozinha onde Mia e Grace estão empilhando os pratos na máquina de lavar. Maria Chiquinha européia não está em nenhum lugar visível.
— Eu vou mostrar a Anastásia o quintal, — Christian diz inocentemente para sua mãe.
Ela nos acena com um sorriso, enquanto Mia volta para a sala de jantar.
Nós saímos para uma área de pátio de laje cinzenta, iluminado por luzes embutidas.
Há uns arbustos em vasos de pedra cinzenta e uma mesa de metal e cadeiras chiques em um canto.
Christian passa para eles, em mais alguns passos, estamos sobre um vasto gramado que leva até a baía… oh meu, é lindo. Seattle cintila no horizonte, é fresca, brilhante, a lua de maio abre um caminho de prata cintilante através da água em direção a um cais onde dois barcos estão atracados. Ao lado do cais está uma casa de barcos. É tão pitoresco, tão pacífico. Eu olho e bocejo por um momento.
Christian me puxa atrás dele, e meus saltos afundam na grama macia.
— Pare, por favor. — Eu estou tropeçando em seu rastro.
Ele para e olha em mim, sua expressão é insondável.
— Meus saltos de sapatos. Eu preciso tirar meus sapatos.
— Não se preocupe, — ele diz, e ele se abaixa e coloca-me por cima de seu ombro. Eu grito ruidosamente com surpresa chocada, e ele me dá um tapa no traseiro.
— Mantenha sua voz, — ele rosna.
Oh não… isso não é bom, meu subconsciente está tremendo nos joelhos. Ele está louco sobre algo, poderia ser José, Geórgia, sem calcinha, mordendo  lábio. Merda, ele é fácil irritar.
— A onde nós estamos indo? — Eu respiro.
— Casa de barcos, — ele estala.
Eu agarro-me em seus quadris, por que estou de cabeça para baixo, ele anda a passos largos de propósito, no luar, através do gramado.
— Por quê? — Eu sôo ofegante, saltando sobre seu ombro.
— Eu preciso estar só com você. 
— Por quê? 
— Porque eu vou espancar e então foder você. 
— Por quê? — Eu suavemente choramingo.
— Você sabe por que, — ele silva.
— Eu pensei que você era um cara de age conforme o momento? — peço sem fôlego.
— Anastásia, eu estou sendo agindo conforme o momento, confie em mim.
Puta merda 

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