domingo, 19 de maio de 2013

50 Tons de cinza (Capítulo 16)


Lentamente o mundo exterior invadiu os meus sentidos, e oh meu deus, que invasão. Eu estou flutuando, meus membros estão suaves e lânguidos, totalmente gastos. Eu estou deitada em cima dele, minha cabeça está em seu tórax e ele cheira divinamente: linho fresco, lavado e algum caro sabonete corporal, e o melhor perfume, mais sedutor do planeta... Christian. Eu não quero me mover, eu quero respirar este elixir pela eternidade. Eu me aninho, desejando que não tivesse a barreira de sua camiseta. E, quando a razão e o bom senso retornam ao resto de meu corpo, eu estico minha mão sobre o seu tórax. Esta é a primeira vez que eu o toquei aqui. Ele é firme… forte. Sua mão mergulha para cima e agarra a minha, mas ele suaviza o gesto puxando-a para sua boca e docemente beijando meus dedos.
Ele rola sobre mim e me olha.
— Não faça, — ele murmura e então me beija ligeiramente. 
— Por que você não gosta de ser tocado? — Eu sussurro, olhando fixamente para seus olhos cinza suaves.
— Porque estou muito fodido, Anastásia.  Tenho muito mais sombras que luz. Tenho Cinquentas sombras ruins!
Oh… sua honestidade me desarma completamente. Eu pisco para ele.
— Eu tive uma introdução muito dura na vida. Não quero carregar você com os detalhes. Só não faça. — Ele roçou seu nariz contra o meu, e então ele retira-se de mim e se senta.
— Acredito que já tivemos o básico. Como foi? 
Ele parece completamente contente consigo mesmo e soa muito prosaico, ao mesmo tempo, ele está como se só tivesse marcado uma nova caixa de seleção em uma lista de verificação. Eu ainda estou sofrendo com o comentário sobre a sua dura introdução de vida. É tão frustrante e eu estou desesperada para saber mais. Mas ele não dirá nada para mim. Eu viro minha cabeça para um lado, como ele faz, e faço um esforço enorme para sorrir para ele.
— Se você acha que conseguiu me iludir que você me outorgou o controle, bem, você não levou em conta minhas boas notas. — Eu sorrio timidamente para ele. —Mas obrigada pela ilusão. 
— Senhorita Steele, você não é só um rosto bonito. Você teve seis orgasmos até agora e todos eles pertencem a mim, — ele ostenta, brincalhão novamente. 
Eu ruborizo e pisco ao mesmo tempo, enquanto ele olha fixamente para mim. Ele está fazendo uma contagem!  Suas sobrancelhas apertaram.
— Você tem algo para me dizer? — Sua voz, de repente, era dura.
Eu faço uma careta. Droga.
— Eu tive um sonho esta manhã. 
— Oh? — Ele olhou para mim.
Dupla droga. Eu estou em apuros?
— Eu gozei no meu sonho.— Eu lanço meu braço acima de meus olhos. Ele não diz nada. Eu o espio por debaixo de meu braço, e ele parece divertido.
— Em seu sonho? 
— Despertou-me. 
— Eu estou certo que fez. Com o que você estava sonhando? 
Droga.
— Você. 
— O que eu estava fazendo? 
Eu lanço meu braço acima de meus olhos novamente. E como uma criança pequena, eu brevemente entretenho o pensado de que se eu não posso vê-lo, então ele não pode me ver.
— Anastásia, o que eu estava fazendo? Eu não perguntarei a você novamente. 
— Você estava usando um chicote de montaria.
Ele moveu o meu braço.
— Realmente? 
— Sim. — Eu estou vermelha.
— Existe esperança para você ainda, — ele murmura. — Eu tenho vários chicotes de montaria.
— Couro trançado marrom? 
Ele ri.
— Não, mas eu estou certo que eu podia conseguir um. — Seus olhos cinza brilham de excitação.
Inclinando, ele me dá um breve beijo, então ele levanta e agarra as sua cueca, oh não… ele está indo.  Eu olho rapidamente para o relógio, são apenas nove e quarenta. Eu saio da cama também e pego minha calça de moletom e um camiseta, então me sento de volta na cama, cruzo as pernas e fico assistindo-o. Eu não quero que ele vá. O que eu posso fazer?
— Quando é seu período? — Ele interrompe meus pensamentos.
O que!
— Eu odeio usar estas coisas, — ele murmura. Ele levanta o preservativo do chão, então desliza em sua calça jeans.
— Bem? — Ele inicia quando eu não respondo, ele olha para mim esperançosamente como se ele estivesse esperando por minha opinião sobre o tempo. Caramba… isto é coisa pessoal.
— Semana que vem. — Eu olho fixamente para minhas mãos.
— Você precisa fazer algum tipo de contracepção. 
Ele é tão mandão. Eu olho fixamente para ele, inexpressivamente. Ele se senta de volta na cama, enquanto ele coloca suas meias e sapatos. 
— Você tem um médico? 
Eu agito minha cabeça. Nós voltamos para contratos e aquisições, outra mudança de humor do Christian de 180 graus.
Ele faz uma carranca.
— Eu posso pedir ao meu médico para vê-la em seu apartamento, domingo de manhã antes de você vir me ver. Ou ele pode ver você em minha casa. O que você prefere? 
Sem pressão, sei.  Apenas outra coisa que ele está pagando… mas, realmente, isto é para seu benefício.
— Em sua casa. — Com isso, estou garantido vê-lo no domingo.
— Certo. Eu informarei a hora.
— Você está partindo? 
Não vá… fique comigo, por favor.
— Sim. 
Por que?
— Como você voltará? — Eu sussurro.
— Taylor me levantará. 
— Eu posso dirigir para você. Eu tenho um adorável carro novo. 
Ele olha para mim, com uma expressão morna.
— Isto é mais para ele. Eu acho que você bebeu demais. 
— Você me fez ficar alegre de propósito? 
— Sim. 
— Por quê? 
— Porque você acha excesso em tudo, e você é reticente como o seu padrasto. Uma gota de vinho em você e você começa a falar, e eu preciso que você se comunique honestamente comigo. Caso contrário, você se cala, eu não tenho nenhuma ideia do que você está pensando. In vino veritas[1], Anastásia. 
— E você pensa que é sempre honesto comigo? 
— Eu me empenho para ser. — Ele olha para mim cautelosamente. — Isto só funcionará se nós formos honestos um com o outro. 
— Eu gostaria que você ficasse e usasse isto. — Eu levanto o segundo preservativo.
Ele sorri e seus olhos brilharam com humor.
— Anastásia, eu cruzei tantas linhas aqui, esta noite. Eu tenho que ir. Eu verei você no domingo. Eu terei o contrato revisado e pronto para você, então nós podemos realmente começar a jogar. 
— Jogar? — Caramba.  Meu coração pulou em minha boca.
— Eu gostaria de fazer uma cena com você. Mas eu não vou, até que você assine, então eu sei que você estará pronta. 
— Oh. Então eu poderia esticar isto, se eu não assinar? 
Ele me olha, avaliando-me, então, seus lábios se contorcem em um sorriso.
— Bem, eu suponho que você poderia, mas eu posso rachar sob tensão. 
— Rachar? Como? — Minha deusa interior despertou e está prestando atenção.
Ele movimenta a cabeça devagar, e então ele sorri, brincando.
— Podia ficar realmente feio. 
Seu sorriso é infeccioso.
— Feio, como? 
— Oh você sabe, explosões, perseguições de carro, sequestro, encarceramento. 
— Você me sequestraria? 
— Oh sim, — ele sorriu.
— Seguraria-me contra minha vontade? Puxa, isto é quente.
— Oh sim, — ele movimenta a cabeça. — E então nós estamos falando TPT 24/7.
— Perdi-me, — eu respiro, meu coração dispara… ele está falando sério?
—Troca do Poder Total – o tempo todo. — Seus olhos estão brilhando, e eu posso sentir sua excitação de onde eu estou sentada.
       Caramba.
— Então você não tem nenhuma escolha, — ele diz sarcasticamente.
— Claramente. — Eu não posso manter o sarcasmo fora de minha voz então eu olho para cima, meus olhos alcançando o céu.
— Oh, Anastásia Steele, você acabou de desviar seus olhos dos meus?
Caramba.
— Não, — eu grito.
— Eu penso que você fez. O que eu disse que faria com você se desviasse seus olhos de mim novamente?
Merda.  Ele se senta na extremidade da cama.
— Venha aqui, — ele diz suavemente. 
Eu empalideço. Puxa… ele está falando sério. Eu me sento olhando fixamente para ele completamente imóvel.
— Eu não assinei, — eu sussurro.
— Eu disse a você o que faria. Eu sou um homem de palavra. Eu vou espancar você e então vou foder você muito rápido e muito duro. Parece que nós precisaremos do preservativo afinal. 
Sua voz está tão suave, ameaçadora, e é condenadamente quente. Minhas entranhas praticamente contorcem com o potente, necessitado, líquido, desejo. Ele olha para mim, esperando, com os olhos brilhando. Timidamente, eu descruzo as minhas pernas. Devo correr?  Isto é, nosso relacionamento está em jogo, aqui, agora. Eu deixo que ele faça isto ou eu digo não, e então como será? Porque eu sei que vai ser mais se eu disser não. Faça isto!  Minha deusa discuti comigo, meu subconsciente está tão paralisado como eu estou. — Eu estou esperando, — ele diz. — Eu não sou um homem paciente. 
Oh pelo o amor de tudo que é santo.  Eu estou ofegante, com medo, ligada. O sangue disparando dentro de meu corpo, minhas pernas estão como geleia. Lentamente, eu me arrasto para ele, até chegar ao seu lado.
— Boa menina, — ele murmura. — Agora levante-se. 
Oh merda… ele só não pode simplesmente acabar com isso? Eu não estou certa se eu posso permanecer. Hesitante, eu levanto. Ele estende a sua mão e eu coloco o preservativo em sua palma. De repente ele me agarra, me inclinando sobre o seu colo. Com um movimento suave, ele ajeita o seu corpo, de modo que, o meu torso está descansando na cama ao lado dele. Ele joga a perna direita sobre as minhas duas e bota o seu antebraço esquerdo na parte de baixo das minhas costas, segurando-me para baixo, assim eu não posso me mover. Oh foda. — Ponha suas mãos, as duas, em ambos os lados de sua cabeça, — ele ordena.
Eu imediatamente obedeço.
— Por que eu estou fazendo isto, Anastásia? — Ele pergunta.
— Porque desviei meu olhar do seu, — eu posso apenas falar.
— Você pensa que isto é cortês? 
— Não. 
— Você fará isto novamente? 
— Não. 
— Eu espancarei você toda vez que você fizer isto, você entendeu? 
Muito lentamente, ele retira a minha calça de moletom. Oh, como isto é humilhante, humilhante, assustador e quente. Ele está fazendo uma refeição disto. Meu coração está na boca. Eu mal posso respirar. Merda, será que vai doer?
Ele coloca sua mão em minha bunda nua, suavemente me afagando, acariciando ao redor, com sua palma plana. E então sua mão não está mais lá… e ele me bate, forte. Ow!  Meus olhos se abrem em resposta à dor, eu tento sair dali, mas sua mão entre minhas omoplatas me mantém para baixo. Ele me acaricia novamente onde ele me bateu, sua respiração mudou, está mais alta, mais dura. Ele me bate novamente, rapidamente em sucessão.
Puta merda, isso dói.  Eu não faço nenhum som, meu rosto paralisou com a dor. Eu tento me contorcer para fugir dos golpes, estimulada pela adrenalina subindo e correndo pelo meu corpo.
— Fique quieta, — ele rosna. — Ou eu espancarei você por mais tempo. 
Ele está me esfregando agora, vem o golpe seguinte. Surge um padrão rítmico, acariciar, acariciar, bater duro. Eu tenho que me concentrar para lidar com esta dor. Meu mente se esvazia, enquanto me esforço para absorver a sensação cansativa. Ele não me bate no mesmo lugar duas vezes sucessivas, ele está espalhando a dor.
— Aargh! — Eu reclamo na décima palmada, sem perceber eu estava contando mentalmente as palmadas.
— Eu estou apenas esquentando. 
Ele me bate novamente, então ele me acaricia suavemente. A combinação do duro golpe pungente e sua carícia suave é muito entorpecedora. Ele me bate novamente… isto está ficando mais duro de aguentar.
Meu rosto dói, estou muito contraída. Ele me acaricia gentilmente e então vem o golpe. Eu grito novamente.
— Ninguém pode ouvir você, querida, só eu. 
E ele me bate novamente. Em algum lugar bem no fundo, eu quero implorar para ele parar. Mas eu não o faço. Eu não quero dar a ele a satisfação. Ele continua no ritmo inflexível. Eu gritei mais seis vezes. Dezoito golpes no total. Meu corpo está cantando, cantando de seu impiedoso assalto.
— Já chega, — ele fala com voz rouca. — Bem feito, Anastásia. Agora eu vou foder você. Ele acaricia meu traseiro suavemente, que queima com os golpes que ele me deu, então ele vai acariciando ao redor e descendo. De repente, ele insere dois dedos dentro de mim, deixando-me completamente surpresa. Eu suspiro, este novo ataque rompe a dormência ao redor do meu cérebro.
— Sinta isto. Veja quanto seu corpo gosta disto, Anastásia. Você vai ficar molhada só para mim. 
Existe temor em sua voz. Ele move seus dedos, dentro e fora em sucessão rápida.
Eu gemo, não seguramente não, e então seus dedos se foram… e eu sou deixada querendo.
— Da próxima vez, eu vou fazer você contar. Agora onde está o preservativo? 
Ele alcança o preservativo e gentilmente me ergue, empurrando-me de rosto sobre a cama. Eu ouço o som de seu zíper e o rasgar do invólucro. Ele arranca a minha calça de moletom fora e então me guia em uma posição de joelhos, gentilmente acariciando meu agora muito dolorido traseiro.
— Eu vou tomar você agora. Você pode gozar, — ele murmura.
O que? Como se eu tivesse uma escolha.
E ele está dentro de mim, me enchendo rapidamente, eu gemo alto. Ele se move, batendo em mim, um ritmo rápido e intenso contra meu dolorido traseiro. O sentimento está além de requintado, bruto e degradante, é de explodir a mente. Meus sentidos estão devastados, desconectados, apenas me concentrando no que ele está fazendo para mim. Como ele está fazendo-me sentir, essa força familiar no fundo da minha barriga, apertando, acelerando. NÃO… e meu corpo traidor explode em um intenso orgasmo, estremecendo.
— Oh, Ana! — Ele grita em voz alta enquanto ele encontra a sua liberação, segurando-me no lugar, ele derrama-se em mim. Ele cai, ofegante ao meu lado e ele me puxa em cima dele e enterra seu rosto em meu cabelo, segurando-me apertado.
— Oh, querida, — ele respira. — Bem-vinda ao meu mundo. 
Ficamos deitados ali, ofegantes, juntos, esperando que nossa respiração diminuía a velocidade. Ele suavemente acaricia o meu cabelo. Eu estou em seu peito novamente. Mas desta vez, eu não tenho forças para erguer minha mão e senti-lo. Rapaz… eu sobrevivi.  Isso não era tão ruim. Eu sou mais estoica do que pensava. Minha deusa interior está prostrada… bem pelo menos ela está quieta. Christian fuça meu cabelo novamente, inalando profundamente.
— Bem feito, querida — ele sussurra, com uma alegria calma em sua voz. Suas palavras enrolam ao redor de mim, como uma toalha fofa e suave do Hotel Heathman, eu estou tão contente que ele tenha sentido tanto prazer.
Ele pega na alça da minha camisola.
— É com isto que você dorme? — Ele pergunta suavemente. 
— Sim, — eu respiro com sono.
— Você devia estar em sedas e cetins, você é uma menina bonita. Eu farei compras para você. 
— Eu gosto de meu moletom, — eu murmuro, tentando e falhando, soar irritada.
Ele beija minha cabeça novamente.
— Nós veremos, — ele diz.
Nós ficamos por mais alguns minutos, horas, quem sabe, eu acho que eu cochilei.
— Eu tenho que ir, — ele diz, se inclinando ele beija minha testa suavemente. —Você está bem? — Sua voz é suave.
Eu penso sobre sua pergunta. Meu traseiro está dolorido. Bem, ardendo agora, e incrivelmente eu me sinto, fora a exaustão, radiante. A realização é humilhante, inesperada. Não estou entendendo. Puta merda.
— Eu estou bem, — eu sussurro. Eu não quero dizer mais que isto.
Ele levanta.
— Onde é seu banheiro? 
— Ao longo do corredor à esquerda. 
Ele pega o outro preservativo e sai do quarto. Eu levanto rigidamente e coloco minha calça de moletom. Ela irrita um pouco contra o meu sofrido traseiro. Eu estou tão confusa com a minha reação. Eu me lembro dele dizendo, não me lembro quando, que eu me sentiria muito melhor depois de uma boa surra. Como que pode ser isso?  Eu realmente não entendo. Mas, estranhamente, eu estou. Eu não posso dizer que eu apreciei a experiência, de fato, eu ainda percorreria um caminho longo para evitar isto, mas agora… eu me sinto segura, estranha, banhada em fosforescência, saciada. Eu ponho minha cabeça em minhas mãos. Eu só não entendo.
Christian retorna ao quarto. Eu não posso olhá-lo nos olhos. Eu olho fixamente para minhas mãos.
— Eu achei um pouco de óleo de bebê. Deixe-me esfregar isto em seu traseiro. 
O que?
— Não. Eu estou bem. 
— Anastásia, — ele adverte e eu quero desviar meus olhos, mas depressa paro. Eu fico de frente para a cama. Sentando ao meu lado, ele puxa delicadamente a minha calça de moletom para baixo novamente. De cima a baixo como gavetas de puta, meu subconsciente comenta amargamente. Na minha cabeça, eu digo a ela para onde ir.
Christian espirra óleo de bebê em sua mão e então esfrega no meu traseiro com cuidadosa ternura - De removedor de maquilagem para bálsamo de traseiro espancado, quem teria pensado que era um líquido tão versátil.
— Eu gosto de por minhas mãos em você, — ele murmura, e eu tenho que concordar, eu também.
— Pronto, — ele diz quando termina e ele puxa minhas calças novamente.
Eu olho para o meu relógio. É dez e trinta.
— Eu estou saindo agora. 
— Eu verei você sair. — Eu ainda não posso olhar para ele.
Tomando minha mão, ele me leva para a porta da frente. Felizmente, Kate ainda não está casa. Ela deve ainda estar jantando com seus pais e Ethan. Eu estou realmente contente por ela não estar ao redor e ouvir meu castigo.
— Você não tem que chamar o Taylor? — Eu pergunto, evitando o contato visual.
— Taylor está aqui desde as nove. Olhe para mim, — ele respira.
Eu me esforço para encontrar os seus olhos, mas quando eu faço, ele está olhando para em mim com admiração.
— Você não chorou, — ele murmura, então me agarra de repente e me beija fervorosamente. — Domingo, — ele sussurra contra meu lábios, e isso é ambas, uma promessa e uma ameaça.
Eu assisto ele caminhar pela calçada e subir no grande Audi preto. Ele não olha para trás. Eu fecho a porta e estou impotente na sala de estar de um apartamento que eu devo morar apenas outras duas noites. Um lugar que vivi feliz por quase quatro anos… ainda hoje, pela primeira vez, eu me sinto só e desconfortável aqui, infeliz com minha própria companhia. O quão me distancie do que sou? Eu sei que, debaixo de meu exterior entorpecido, está um poço de lágrimas. O que eu estou fazendo? A ironia é que eu não posso nem me sentar e desfrutar de um bom choro. Eu terei que permanecer em pé. Eu sei que é tarde, mas decido ligar para minha mãe.
— Meu doce, como você está? Como foi a graduação? — Ela se entusiasma no telefone. Sua voz é um bálsamo calmante.
— Desculpe por ligar tão tarde, — eu sussurro.
Ela pausa.
— Ana? O que está errado? — Ela é toda seriedade agora.
— Nada, Mãe, eu só queria ouvir sua voz. 
Ela fica muda por um momento.
— Ana, o que é? Por favor, me diga. — Sua voz é suave e reconfortante, eu sei que ela se importa. Não convidadas, as minhas lágrimas começam a fluir. Eu chorei muito frequentemente nos últimos dias.
— Por favor, Ana — ela diz, sua angústia reflete a minha.
— Oh, Mãe, é um homem. 
— O que ele fez para você? — Seu alarme é palpável.
— Não é assim. — Embora ele seja… Oh merda. Eu não a quero preocupar. Eu só quero outra pessoa para ser forte por mim, no momento.
— Ana, por favor, você está me preocupando. 
Eu tomo uma grande respiração.
— Eu estou um tanto quanto apaixonada por este sujeito, ele é tão diferente de mim, eu não sei se nós devíamos ficar juntos.
— Oh, querida. Eu gostaria de estar aí com você. Eu sinto tanto por faltar a sua graduação. Você apaixonou-se por alguém, finalmente. Oh, docinho, homens, eles são tão enganadores. Eles são uma espécie diferente, querida. Quanto tempo você o conhece? 
Christian é definitivamente uma espécie diferente… planeta diferente.
— Oh, quase três semanas eu acho. 
— Ana, querida, isto não é nada mesmo. Como você pode conhecer alguém nesse período de tempo? Basta ter calma com ele e o mantê-lo no comprimento de um braço até que você decida se ele é digno de você.
Uau… é irritante quando minha mãe é tão perspicaz, mas infelizmente o conselho chega tarde. 
Ele me merece? Este é um conceito interessante. Eu sempre me pergunto se eu sou merecedora dele.
— Querida, você soa tão infeliz. Volte para casa, venha nos visitar. Eu sinto saudade de você, querida. Bob adoraria ver você também. Você pode ter alguma distância e talvez alguma perspectiva. Você precisa de um tempo. Você tem trabalhado tão duro. 
Oh menino, isto era tentador. Fugir para a Geórgia. Pegar algum raio de sol, alguns coquetéis.
O bom humor da minha mãe… seus braços amorosos.
— Eu tenho duas entrevistas de trabalho em Seattle na segunda-feira. 
— Oh, isto é uma notícia maravilhosa. 
A porta abre e Kate aparece, sorrindo para mim. Seu rosto cai quando ela vê que eu tinha chorado.
— Mãe, eu tenho que ir. Eu pensarei sobre uma visita. Obrigada. 
— Querida, por favor, não deixe um homem entrar debaixo de sua pele. Você é extremamente jovem. Vá e se divirta. 
— Sim, Mãe, amo você. 
— Oh, Ana, eu amo você também, tanto. Fique segura, querida. — Eu desligo e enfrento Kate que olha para mim.
— Aquele obscenamente rico fudido chateou você novamente? 
— Não… tipo de… err… sim. 
— Mande-o passear, Ana. Desde que o conheceu você está muito transtornada. Eu nunca a vi assim antes.   
O mundo de Katherine Kavanagh é muito claro, muito preto e branco. Não os intangíveis, misteriosos, tons vagos de meu mundo cinza. Bem-vinda ao meu mundo.
— Se sente, deixe de conversa. Vamos beber algum vinho. Oh, você tomou champanhe. — Ela espiou a garrafa. — De boa marca também. 
Eu sorrio ineficaz, olhando apreensivamente para o sofá. Eu abordo isto com precaução.
Hmm… sentando.
— Você está bem? 
— Eu caí sobre meu traseiro. 
Ela não pode questionar minha explicação, porque eu sou uma das mais descoordenadas pessoas no Estado de Washington. Eu nunca pensei que eu veria isso como uma bênção. Eu cuidadosamente sento-me, agradavelmente surpreendida por eu estar bem, volto a minha atenção para Kate, mas minha mente é puxada de volta para  Heathman. –Bem, se fosse minha, depois do que fez ontem, não se sentaria durante uma semana. — Ele disse isto então. Mas naquele momento eu não pensava em mais nada, a não ser, ser dele. Todos os sinais de advertência estavam lá, eu só fui muito ignorante e demasiado apaixonada para notar.
Kate volta da sala de estar com uma garrafa de vinho tinto e lavou as xícaras.
— E lá vamos nós. — Ela me dá uma xícara de vinho. O sabor não é tão bom quanto o Bolly.
— Ana, se ele for um idiota com assuntos de compromisso, dispense-o. Embora eu realmente não entenda seus problemas de compromisso. Ele não conseguia tirar os olhos de você na marquise, olhava para você como um falcão. Eu diria que ele está completamente apaixonado, mas talvez ele tenha um modo engraçado de mostrar a isto. 
Completamente apaixonado? Christian? Que forma curiosa de demonstra-lo?  Eu diria.
— Kate, isso é complicado. Como foi sua noite? — Eu pergunto.
Eu não posso conversar sobre isto com Kate sem ser esclarecedora demais, mas uma pergunta sobre o seu dia e Kate esquece isto. É tão reconfortante se sentar e escutar sua conversa normal. A notícia quente é que Ethan pode vir morar conosco após as suas férias. Isso será divertido, Ethan é uma piada. Eu franzo a testa. Eu não acho que Christian aprovará. Bem… difícil.  Ele só terá que absorver isto. Eu tomo umas xícaras de vinho e decido ligá-lo agora a noite. Foi um dia muito longo. Kate me abraça e então pega o telefone para ligar para Elliot.
Eu verifico o computador depois de escovar meus dentes. Tem um e-mail de Christian.

      
De: Christian Grey
Assunto: Você
Data: 26 de maio 2011 23:14
Para: Anastásia Steele

Querida Senhorita Steele 
Você é simplesmente excelente. A mulher mais bela, inteligente, espirituosa e corajosa que eu já conheci. Tome um pouco de Advil[2], isto não é um pedido. E não dirija seu Fusca novamente. Eu saberei.

Christian Grey
CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc.
 


Oh, eu não posso dirigir meu carro novamente! Então, eu digito minha resposta.
 


       De: Anastásia Steele
       Assunto: Lisonja
       Data: 26 de maio 2011 23:20
       Para: Christian Grey
      
Querido Sr. Grey

Galanteios não levará você a lugar nenhuma, mas desde que você tem estado em todos os lugares, o ponto é discutível.
Eu precisarei dirigir meu Fusca para uma garagem para que eu possa vendê-lo, por isso não vou aceitar graciosamente qualquer um dos seus disparates sobre isso. O vinho tinto é sempre mais preferível que Advil.
      
Ana
PS: A surra é um limite DURO para mim.
 


       Eu teclo e envio.
 


De: Christian Grey
Assunto: As mulheres frustrantes que não podem receber elogios
Data: 26 de maio 2011 23:26
Para: Anastásia Steele

Querida Srta. Steele
      
Eu não estou lisonjeando você. Você devia ir para a cama.
Eu aceito sua adição para os limites duros.
Não beba demais.
Taylor dará fim a seu carro e conseguirá um bom preço por ele também.

Christian Grey
       CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc

 

 De: Anastásia Steele
Assunto: Taylor – ele é o homem certo para o trabalho?
Data: 26 de maio 2011 23:40
Para: Christian Grey

Querido Senhor

Intrigada-me que você prefere deixar seu braço direito dirigir meu carro, mas não a mulher você fode ocasionalmente. Como vou saber que Taylor conseguirá o melhor preço para o meu carro? Eu, no passado, provavelmente antes de encontrar você, soube conduzir um negócio e arrumar uma pechincha por ele.
      
Ana


De: Christian Grey
Assunto: Cuidadoso!
Data: 26 de maio 2011 23:44
Para: Anastásia Steele
      
Querida Srta. Steele

Estou certo que o VINHO TINTO a fez falar dessa maneira, e que você teve um dia muito longo.
Entretanto, estou tentado em voltar até ai e me assegurar que você não se sente por uma semana, em vez de uma noite.
Taylor é ex-soldado e capaz de dirigir qualquer coisa de uma motocicleta até um Tanque Sherman.
Seu carro não apresenta um perigo para ele.
Agora, por favor, não se refira a você mesma como ‘uma mulher que eu fodo ocasionalmente' porque, francamente, me ENFURECE, e te asseguro que você realmente não gostaria de me ver zangado.

Christian Grey
CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc.
 


De: Anastásia Steele
Assunto: Cuidadoso você mesmo
Data: 26 de maio 2011 23:57
Para: Christian Grey

Querido Sr. Grey
      
Eu não estou certa se eu gosto de você, especialmente neste momento.
      
Srta. Steele

 

  De: Christian Grey
Assunto: Cuidadoso você mesmo
Data: 27 de maio 2011 00:03
Para: Anastásia Steele

Por que você não gosta de mim?
      
Christian Grey
CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc.
      
 


De: Anastásia Steele
Assunto: Cuidadoso você mesmo
Data: 27 de maio 2011 00:09
Para: Christian Grey

Porque você nunca fica comigo.
 



Bem, isso vai dar a ele algo para pensar. Eu fechei o computador com indiferença, e rastejo para a minha cama. Eu desligo a minha luz lateral e olho fixo para o teto. Foi um longo dia, um arranco sentimental depois do outro. Foi emocionante passar algum tempo com Ray. Ele parecia bem, estranhamente ele aprovou Christian. Droga, Kate e sua boca gigantesca. Ouvindo Christian falar sobre ter passado fome. Que diabos foi isso tudo? Deus, e o carro. Eu nem sequer disse a Kate sobre o novo carro. No que Christian estava pensando?
E então hoje à noite, ele realmente me bateu. Eu nunca apanhei em minha vida. No que eu me meti? Muito lentamente, minhas lágrimas, interrompidas pela chegada de Kate, começam a deslizar para baixo, pelos lados de meu rosto e em meus ouvidos. Eu apaixonei-me por alguém que é tão emocionalmente desligado, só vou me machucar, no fundo eu sei disto, alguém que por sua própria admissão é completamente fudido.  Por que ele é tão fodido? Deve ser horrível ser tão afetado como ele é, e o pensamento de que ele foi uma criança que sofreu alguma crueldade insuportável, me chorar mais. Talvez, se ele fosse mais normal, ele não gostaria de você, meu subconsciente contribui depreciativamente para meus devaneios… e no fundo do meu coração, eu sei que isto é verdade. Agarro-me ao meu travesseiro e as comportas se abriram… e pela primeira vez em anos, eu estou soluçando incontrolavelmente em meu travesseiro.
Estou distraída momentaneamente, na escuridão da minha alma, quando ouço Kate gritando.
— Que porra você acha que você está fazendo aqui? 
— Que, pois não pode! 
— Que merda você fez para ela agora? 
— Desde que ela te conheceu ela chora o tempo todo. 
— Você não pode entrar aqui! 
Christian entra repentinamente em meu quarto e sem a menor cerimônia liga a luz de cima, fazendo-me piscar.
— Jesus, Ana, — ele murmurou. Ele desliga novamente e está ao meu lado em um momento.
— O que você está fazendo aqui? — Eu ofego entre soluços. Merda. Eu não consigo parar de chorar.
Ele liga a luz lateral, me fazendo piscar novamente. Kate chega e permanece na entrada.
— Você quer que eu expulse este idiota? — Ela pergunta, irradiando uma termo-nuclear hostilidade. Christian levanta as sobrancelhas para ela, sem dúvida, surpreendido por seu lisonjeiro epíteto e seu antagonismo feroz. Sacudo minha cabeça, e ela rola seus olhos para mim. Oh… eu não faria isso perto do Sr. G.
— É só gritar se você precisar de mim, — ela disse mais suavemente. — Grey, as suas cartas estão marcadas, — ela sussurra para ele. Ele acena para ela, e ela se vira e puxa a porta, mas não a fecha.
Christian olha para mim, sua expressão é um tumulo, seu rosto está pálido. Ele está vestindo seu casaco listrado, e do bolso, ele tira um lenço e o entrega para mim. Eu acho que ainda tenho um outro seu em algum lugar.
— O que está acontecendo? — Ele pergunta calmamente.
— Por que você está aqui? — Eu pergunto, ignorando sua pergunta. Minhas lágrimas milagrosamente cessaram, mas eu estou com náuseas.
— Parte de meu papel é para cuidar de suas necessidades. Você disse que queria que eu ficasse, então aqui estou. Eu ainda acho que você gosta disto. — Ele pisca para mim, verdadeiramente perplexo. — Tenho certeza de que sou responsável, mas eu não tenho nenhuma ideia do por que. Será que é porque eu bati em você? 
Eu me puxo para cima, estremecendo por meu traseiro dolorido. Eu me sento e o enfrento.
— Você tomou um pouco de Advil? 
Sacudo a cabeça. Ele estreita seus olhos e deixa o quarto. Eu o ouço conversando com Kate, mas não o que estão dizendo. Ele volta alguns momentos mais tarde com pílulas e uma xícara da água.
— Tome estes, — ele ordena suavemente enquanto se senta em minha cama, ao meu lado.
Eu faço como ele disse.
— Converse comigo, — ele sussurra. — Você me disse que estava bem. Eu nunca teria deixado você se eu pensasse que você estava assim.
Eu olho fixamente para minhas mãos. O que posso dizer que eu já não disse? Eu quero mais. Eu quero que ele fique porque ele quer ficar comigo, não porque eu sou uma bagunça chorona, e eu não quero que ele me bata, isto é tão irracional?
— Creio que quando você disse que estava bem, você não estava. 
Eu corei.
— Eu pensei que estava bem. 
— Anastásia, você não pode me dizer o que você pensa que eu quero ouvir. Isto não é muito honrado, — Ele me adverte. — Como posso confiar em qualquer coisa que você me disse? 
Eu olhei para ele, e ele franziu a testa, com um olhar sombrio em seu rosto. Ele passou ambas as mãos por seu cabelo.
— Como você se sentiu enquanto eu estava batendo em você e depois? 
— Eu não gostei disto. Eu prefiro que você não faça isto novamente. 
— Isto não foi para você gostar. 
— Por que você gosta disto? — Eu olho fixamente nele.
Minha pergunta o surpreende.
— Você realmente quer saber? 
— Oh, confie em mim, eu estou fascinada.— E eu não posso manter o sarcasmo fora de minha voz.
Ele aperta seus olhos novamente.
— Cuidado, — ele adverte.
Eu empalideço.
— Você vai me bater novamente? — Eu desafio.
— Não, não hoje à noite. 
Ufa... Meu subconsciente e eu, ambos, demos um suspiro mudo de alívio.
— Então, — eu inicio.
— Eu gosto do que o controle me traz, Anastásia. Eu quero que você se comporte de um modo particular, e se você não fizer isso, eu devo puni-la, e você aprenderá a se comportar da maneira que eu desejar. Eu aprecio castigar você. Eu quis espancar você desde que você me perguntou se eu era gay. 
Eu corei com a lembrança. Droga, eu quis espancar a mim mesma depois daquela pergunta.  Então Katherine Kavanagh é responsável por tudo isso, e se ela fosse para aquela entrevista e fizesse a pergunta sobre ele ser gay, ela estaria sentando aqui com o traseiro dolorido. Eu não gosto desse pensamento. Como isso é confuso?
— Então você não gosta do modo que eu sou. 
Ele olha fixamente para mim, perplexo novamente.
— Eu acho que você é adorável do modo que você é. 
— Então por que você está tentando me mudar? 
— Eu não quero mudar você. Gostaria de ser cortês e seguir o conjunto de regras que eu dei a você e não me desafiar. Simples, — ele diz.
— Mas você quer me punir? 
— Sim eu quero. 
— Isso é o que eu não entendo.
Ele suspira e passa as mãos pelos cabelos novamente.
— É do jeito que eu sou feito, Anastásia. Eu preciso controlar você. Eu preciso que você se comporte de um certo modo, e se você não o fizer, gosto de ver sua bonita pele rosa de alabastro se aquecendo sob de minhas mãos. Excita-me. 
Caramba. Agora nós estamos chegando a algum lugar.
— Então, não é a dor que você está me fazendo passar? 
Ele engole em seco.
— Um pouco, para ver se você pode suportar isso, mas isto não é toda a razão. É o fato de que você é minha para fazer o que eu achar melhor, o controle total sobre outra pessoa. Isso me excita. Muitíssimo, Anastásia. Olhe, eu não estou me explicando muito bem… eu nunca tive que fazer isso antes. Eu não tinha realmente pensado sobre nisso em qualquer grande profundidade. Eu sempre estive com pessoas da mesma opinião, — ele encolheu os ombros se desculpando. — E você ainda não respondeu minha pergunta, como você se sentiu depois? 
— Confusa. 
— Você estava sexualmente excitada por isto, Anastásia, — ele fecha seus olhos brevemente, e quando ele abre e olha para mim, eles estão queimando brasas esfumaçadas.
Sua expressão puxa aquela parte escura de mim, enterrada nas profundezas de minha barriga, minha libido, acordou e domada por ele, mas até agora, insaciável.
— Não me olhe desse jeito, — ele murmura.
Eu franzi a testa. Droga o que eu fiz agora?
— Eu não tenho nenhum preservativo, Anastásia, e você sabe, você está chateada. Ao contrário do que sua companheira de quarto acredita, eu não sou um monstro degenerado. Então, você se sentiu confusa? 
Eu encolho sob o seu olhar intenso.
— Você não tem nenhum problema em ser honesta comigo. Seus e-mails sempre dizem exatamente como você se sente. Por que você não pode fazer isso em uma conversa? Eu intimido tanto você? 
Eu escolho em um ponto imaginário azul na colcha creme da minha mãe.
— Você me seduz, Christian. Subjuga-me completamente. Eu me sinto como Ícaro voando muito perto do Sol, — eu sussurro.
Ele suspira.
— Bem, eu penso que você vai da maneira errada por aí, — ele sussurra.
— O que? 
— Oh, Anastásia, você me enfeitiçou. Não é óbvio? 
Não, não para mim. Feiticeira… minha deusa está olhando de boca aberta. Até ela não acredita nisto.
— Você ainda não respondeu minha pergunta. Escreva para mim um e-mail, por favor. Mas agora, eu realmente gostaria de dormir. Eu posso ficar? 
— Você quer ficar? — Eu não posso esconder a esperança em minha voz.
— Você me queria aqui. 
— Você não respondeu minha pergunta. 
— Vou escrever um e-mail para você, — ele murmurou com petulância.
Levantando, ele esvazia seus bolsos da calça jeans, BlackBerry, chaves, carteira e dinheiro. Caramba, os homens levam um monte de porcaria em seus bolsos. Ele retira seu relógio, sapatos, meias e a calça jeans, coloca sua jaqueta sobre a minha cadeira. Ele caminha em volta e para o outro lado da cama e desliza dentro.
— Deite-se, — ele ordena.
Eu deslizo devagar para debaixo das coberturas, estremecendo ligeiramente, olhando fixamente para ele. Caramba… ele está ficando. Eu acho que eu estou entorpecida com o choque exultante. Ele se debruça em um cotovelo e olha para mim.
— Se você vai chorar. Chore na minha frente. Eu preciso saber. 
— Você quer me fazer chorar? 
— Particularmente, não. Eu só quero saber como você está se sentindo. Eu não quero que você escorregue por entre meus dedos. Desligue a luz. Está tarde, e nós dois temos que trabalhar amanhã.
Então aqui… e ainda tão mandão, mas eu não posso reclamar, ele está em minha cama. Eu não entendo muito por que… talvez eu devesse chorar mais vezes na frente dele. Eu desligo a luz de cabeceira. — Deite-se de lado, de costas para mim, — ele murmura na escuridão.
Reviro os olhos no pleno conhecimento de que ele não pode me ver, mas eu faço como ele disse. Cautelosamente, ele passa por cima e coloca os braços ao redor de mim e me puxa para seu tórax… oh meu Deus.
— Durma, querida, — ele sussurra, e eu sinto seu nariz em meu cabelo, enquanto ele inala profundamente.
Puta merda. Christian Grey está dormindo comigo, e no conforto e consolo de seus braços, e eu caminho para um sono pacífico.
        



[1] In Vino Veritas - No vinho está a verdade, afirmavam os antigos romanos. Com isso eles queriam dizer que a embriaguez soltava a língua e fazia a verdade vir á tona.
[2] analgésicos

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