Pela primeira vez em minha vida, saio para correr
voluntariamente. Procuro meus asquerosos tênis, que nunca uso, uma calça de
moletom e uma camiseta. Faço uma trança, ruborizo-me com as lembranças que
voltam à minha mente e ligo o iPod. Não posso me sentar em frente a essa
maravilha da tecnologia e seguir vendo ou lendo mais material inquietante.
Preciso queimar parte desta excessiva e enervante energia. A verdade é que
gostaria de correr até o hotel Heathman e exigir sexo deste maníaco por
controle. Mas está a oito quilômetros, e duvido que possa chegar a correr dois,
muito menos oito, e, claro, ele poderia não aceitar, o que seria muito
humilhante.
Quando abro a porta, Kate está saindo de
seu carro. Ela quase deixa as compras caírem quando me vê. Ana Steele com tênis
de corrida. Eu aceno e não paro, por causa da inquisição. Preciso de algum
tempo sozinha. Snow Patrol está tocando em meus ouvidos, e saio para o céu
opala e aruá marinha, do anoitecer.
Passo pelo parque. O que vou fazer? Desejo-o, mas
nesses termos? A verdade é que não sei. Talvez eu devesse negociar o que quero.
Revisar esse ridículo contrato linha a linha e dizer o que me parece aceitável
e o que não. Minha pesquisa me disse que legalmente é sem nenhum valor. Ele
deve saber. Suponho que só serve para definir os parâmetros da relação. Ele
ilustra o que posso esperar dele e o que ele espera de mim, a minha submissão
total. Estou preparada para dar isso a ele? Sou mesmo capaz?
Uma pergunta me persegue, por que é ele assim?
Será que é porque foi seduzido quando era muito jovem? Eu simplesmente não sei.
Ele ainda é um mistério.
Eu paro ao lado de um grande pinheiro e
apoio as mãos em meus joelhos, respirando com dificuldade, puxando o precioso
ar para os meus pulmões. Sinto-me bem, é fantástico. Sinto que minha
determinação se fortalece. Sim. Tenho que lhe dizer o que me parece bem e o que
não. Tenho que lhe mandar por e-mail o que penso, e então poderemos discutir na
quarta-feira. Eu respiro fundo, para me limpar por dentro, e dou a volta para
casa.
Kate foi comprar roupas, como só ela poderia,
eram roupas para suas férias em Barbados.
Principalmente biquínis e cangas combinando. Ela
vai parecer fantástica com todos esses modelos, mas mesmo assim, ela prova
todos e me obriga a sentar e comentar como ficaram. Não há muitas maneiras de
dizer: "Está fantástica, Kate". Embora esteja magra, tem umas curvas
de perder o sentido. Ela não faz isso de propósito, eu sei, mas ao final
arrasto meu penoso corpo coberto de suor até o meu quarto com a desculpa de ir
empacotar mais caixas. Eu poderia me sentir mais inadequada? Levo comigo o
computador sem fio, ligo e escrevo um email para Christian.
De: Anastásia Steele
Data: 23 de maio de 2011 20:33
Para: Christian Grey
Assunto: Universitária escandalizada
Bem, já vi o bastante.
Foi agradável te conhecer.
Ana
Pressiono "Enviar", abraçando-me, rindo
da minha piada. Será que ele vai achar
isso tão engraçado? Oh, merda...
Certamente não. Christian Grey não é famoso por
seu senso de humor. Embora saiba que ele o tem, porque experimentei. Talvez ele
deixe para lá. Espero sua resposta.
Espero...
e espero. Olho para o despertador. Já se passaram dez minutos.
Para esquecer da angústia que se abre caminho em
meu estômago, ponho-me a fazer o que havia dito a Kate que faria: empacotar as
coisas de meu quarto. Começo colocando meus livros em uma caixa.
Por volta das nove sigo sem notícias. Talvez
ele tenha saído. Eu estou amuada e petulante, ponho os fones do iPod,
escuto o Snow Patrol e sento em minha mesa para reler o contrato e a anotar
minhas observações e comentários.
Não sei por que levanto o olhar, possivelmente
capto de relance um ligeiro movimento, não sei, mas quando a levanto, Christian
está na porta de meu quarto me olhando fixamente. Leva suas calças cinza de
flanela e uma camisa branca de linho, e agita brandamente a chave do carro.
Arregalo os olhos e fico gelada. Porra!
— Boa
noite, Anastásia. — Sua voz era fria, sua expressão precavida e ilegível. A
capacidade de falar me abandona. Maldita Kate, deixou-o entrar sem me avisar.
Estou vagamente ciente de que ainda estou de moletom, toda suada e sem tomar
banho, e ele está muito bonito, com as calças caindo bem nos quadris, e o que
mais, ele está em meu quarto.
Eu senti que o seu e-mail merecia uma resposta em
pessoa — explica em tom seco.
Abro a
boca e volto a fechá-la, duas vezes. A piada é sobre mim. Nunca, neste ou em
qualquer universo alternativo eu esperava que ele largasse tudo e viesse até
aqui.
Posso me sentar? — pergunta-me, agora com olhos
divertidos. Obrigada, Meu deus... Talvez a brincadeira lhe pareceu engraçada.
Eu
concordo. Minha capacidade de falar permanece incerta. Christian Grey está
sentado em minha cama.
Perguntava-me como seria seu quarto, — Ele diz.
Olho ao meu redor, pensando em uma rota de fuga,
não, aqui só tem uma porta e uma janela.
Meu quarto é funcional, mas acolhedor, poucos
móveis brancos de vime e uma cama de casal branca, de ferro, com uma colcha de
patchwork que minha mãe fez quando estava em sua etapa de trabalhos
caseiros. É azul céu e creme.
— É muito sereno e tranquilo, - ele murmura. Não
neste momento... não com você aqui. Finalmente minha medula oblonga
recorda o seu propósito, eu respiro.
Como...?
Ele sorri para mim.
Ainda estou no Heathman.
Isso eu
já sabia.
— Quer tomar algo? — Tenho que dizer o que a educação
sempre me impõe.
— Não, obrigado, Anastásia. Esboça um deslumbrante meio sorriso com a
cabeça ligeiramente inclinada.
Bem, eu certamente vou precisar de uma.
Então, foi agradável me conhecer?
Maldição, ofendeu-se? Olho para baixo, para os meus dedos. Como eu vou
sair dessa? Se lhe disser a ele que era uma brincadeira, não acredito que goste
de muito.
— Pensei que me responderia por e-mail. —
digo-lhe em voz muito baixa, patética.
Você está mordendo o lábio de propósito? —
pergunta-me muito sério.
Eu pisco os olhos, abro a boca e solto o lábio.
Não estava consciente de que estava mordendo o
lábio, — eu murmuro.
Meu coração está disparado. Sinto a tensão, essa
deliciosa eletricidade estática que invade o espaço. Ele está sentado muito
perto de mim, com seus olhos cinza impenetráveis, os cotovelos apoiados nos
joelhos e as pernas separadas. Inclina-se, desfaz-me uma trança muito devagar e
me separa o cabelo com os dedos. Fico com a respiração presa e não posso me
mover. Observo hipnotizada sua mão movendo-se para a outra trança, tirando a
borracha e desfazendo a trança com seus compridos e hábeis dedos.
— Vejo que você decidiu fazer um pouco de
exercício — fala em voz baixa e melodiosa, me colocando o cabelo atrás da
orelha. — Por que, Anastásia? — Rodeia-me a orelha com os dedos e muito
suavemente, ritmicamente, acaricia o lóbulo. Isso é muito sexual.
— Necessitava tempo para pensar, — eu sussurro. Eu
sou toda coelho e faróis, mariposa e chama, pássaro e serpente... e ele sabe
exatamente o que está fazendo.
— Pensar no que, Anastásia?
— Você.
E você decidiu que foi agradável me conhecer?
Refere-te a me conhecer em sentido bíblico?
Merda. Ruborizo-me.
— Não pensava que fosse um perito na Bíblia.
— Eu ia à catequese aos domingos, Anastásia.
Aprendi muito.
Não recordo ter lido nada sobre pinças para
mamilos na Bíblia. Talvez lhe deram a catequese com uma tradução moderna.
Seus lábios se arqueiam desenhando um ligeiro
sorriso e dirijo o olhar para sua boca.
Bom, pensei que devia vir a lhe recordar quão agradável
foi me conhecer.
Meu Deus. Eu fico olhando para ele de boca
aberta, e seus dedos se movem da minha orelha para o meu queixo.
O que lhe parece, senhorita Steele?
Seus olhos cinzentos brilham para mim, há um
desafio intrínseco em seu olhar. Seus lábios estão entreabertos, está
esperando, alerta para atacar. O desejo, agudo, líquido e fumegante - arde no
mais profundo de meu ventre.
Adianto-me e me lanço para ele. De repente se
move, não tenho nem ideia de como, e em um abrir e fechar de olhos estou na cama,
imobilizada debaixo dele, com as mãos estendidas e sujeitas por cima da cabeça,
com sua mão livre me agarrando o rosto e sua boca procurando a minha.
Ele coloca a língua em minha boca, reclama-me e
me possui, e eu me deleito com sua força. Sinto-o por todo meu corpo.
Deseja-me, e isso provoca estranhas e deliciosas sensações dentro de mim. Não
quer a Kate, com seus minúsculos biquínis, nem a uma das quinze, nem à malvada
senhora Robinson. Quer a mim. Este formoso homem me deseja. Minha deusa
interior brilha tanto que poderia iluminar toda a cidade de Portland. Deixa de
me beijar. Abro os olhos e o vejo me olhando fixamente.
Confia em mim? — pergunta-me.
Eu concordo, com os olhos muito abertos, com o
coração ricocheteando nas costelas e o sangue trovejando por todo meu corpo.
Ele estica o braço e do bolso da calça tira sua gravata de seda cinza... a
gravata cinza que deixa pequenas marcas da malha em minha pele. Senta-se
rapidamente escarranchado sobre mim e me ata as colunas, mas esta vez ata o
outro extremo da gravata ao canto da cama. Puxa o nó para comprovar que está
seguro. Não vou a nenhuma parte. Estou atada a minha cama, e muito excitada.
Ele se levantou e ficou em pé junto à cama, me
olhando com olhos turvos de desejo. Seu olhar é de triunfo e de alívio.
— Melhor assim, — murmura e esboça um sorriso
perverso de conhecimento. Inclina-se e começa a me desamarrar um tênis. Oh,
não... não... meus pés. Acabo de correr.
Não, — protesto e empurro para que me solte.
Detém-se.
Se lutar, amarrarei também os pés, Anastásia. Se
fizer o menor ruído, te amordaçarei. Fique quieta. Katherine provavelmente está
aqui e poderá me escutar lá fora.
Amordaçar-me! Kate! Eu calo a boca.
Tirou -me os tênis e as meias, e me baixa muito
devagar a calça de moletom.
Oh... que calcinha estou vestindo? Levanta-me, retira a colcha e o edredom de
debaixo de mim e me coloca de barriga para cima sobre os lençóis.
— Vejamos. — ele passa a língua lentamente pelo
lábio inferior. — Está mordendo o lábio, Anastásia. Sabe o efeito que tem sobre
mim. — Pressiona-me seu longo dedo indicador na boca como advertência.
Oh meu Deus. Eu mal posso me conter, estou indefesa, tombada, vejo que ele se
move tranquilamente pelo meu quarto. É um afrodisíaco embriagador. Lentamente,
sem pressas, ele tira os sapatos e as meias, desfaz-se da calça e tira a
camisa.
— Acredito que você viu muito, — ele ri
maliciosamente. Volta a sentar-se em cima de mim, escarranchado, e me levanta a
camiseta. Acredito que vai me tirar isso, mas a enrola à altura do pescoço e
logo a sobe de maneira que me deixa descoberta a boca e o nariz, mas me cobre
os olhos. E como está tão bem enrolada, não vejo nada.
— Mmm — sussurra satisfeito. — Isto está cada vez
melhor. Eu vou tomar uma bebida.
Inclina-se, beija-me brandamente nos lábios e deixo de sentir seu peso.
Ouço o leve chiado da porta do quarto. Tomar uma bebida. Onde? Aqui? Em
Portland? Em Seattle? Aguço o ouvido. Distingo ruídos surdos e sei que está
falando com a Kate... Oh, não... Ele está praticamente nu. O que vai dizer a
Kate? Ouço um golpe seco. O que é isso? Retorna, a porta volta a chiar, ouço
seus passos pelo quarto e o som de gelo tilintando em um copo. O que está
bebendo? Fecha a porta e ouço como se aproxima tirando as calças, que caem ao
chão. Sei que está nu. E volta a sentar-se escarranchado sobre mim.
— Tem sede, Anastásia? — pergunta-me em tom
zombador.
— Sim, — digo-lhe, porque de repente sinto a boca
seca. Ouço o tinido do gelo no copo. Inclina-se e, ao me beijar, derrama em
minha boca um líquido delicioso. É vinho branco. Não o esperava e é muito
excitante, embora esteja gelado, e os lábios do Christian também estão frios.
Mais? — pergunta-me em um sussurro.
Aceito. O gosto é ainda melhor porque vem de sua
boca. Inclina-se e bebo outro gole de seus lábios... Oh, meu Deus.
— Não vamos muito longe, sabemos que sua
tolerância ao álcool é limitada, Anastásia.
Não posso evitar de rir, e ele se inclina e solta
outra deliciosa baforada. Ele se coloca ao meu lado e sinto sua ereção no
quadril. Oh, quero-o dentro de mim.
Isso parece bom para você? — pergunta-me, mas
ouço a borda em sua voz.
Estou tensa. Volta a mover o copo, beija-me e,
junto com o vinho, solta um pedaço de gelo, na boca. Muito devagar começa a
descer com os lábios desde meu rosto, passando por meus seios, até meu torso e
meu ventre. Coloca-me uma parte de gelo no umbigo, onde se forma um pequeno
lago de vinho muito frio que provoca um incêndio que se propaga até o mais
profundo de meu ventre. Uau.
— Agora tem que ficar quieta, — ele sussurra. — Se
você se mover, molhara a cama de vinho, Anastásia.
Meus quadris se flexionam automaticamente.
Oh, não. Se derramar o vinho, vou te castigar,
senhorita Steele.
Gemo, tento me controlar e luto desesperadamente
contra a necessidade de mover os quadris. Oh, não... por favor.
Baixa com um dedo as taças do sutiã e deixa
com os seios no ar, expostos e vulneráveis. Inclina-se, beija e pega meus
mamilos com os lábios frios, gelados. Luto contra meu corpo, que tenta
responder arqueando-se.
Você gosta disto? — pergunta-me me apertando um
mamilo.
Volto a ouvir o tinido do gelo, e logo o sinto ao
redor de meu mamilo direito, enquanto puxa de uma vez o esquerdo com os lábios.
Gemo e luto para não me mover. Uma desesperadora e doce tortura.
— Se derramar o vinho, não deixarei que goze.
— Oh... por favor... Christian... Senhor... por
favor. — Ele estava me deixando louca. Posso ouvi-lo sorrir.
O gelo de
meu mamilo está derretendo-se. Estou muito quente... quente, molhada e morta de desejo.
Quero-o dentro de mim. Agora.
Ele desliza muito devagar os dedos gelados pelo
meu ventre. Como tenho a pele hipersensível, meus quadris se flexionam e o
líquido do umbigo, agora menos frio, goteja-me pela barriga. Christian se move
rapidamente e o lambe, beija-me, morde-me brandamente, chupa-me.
Oh querida, Anastásia, você se moveu. O que vou
fazer contigo?
Ofego em voz alta. A única coisa que posso me
concentrar é em sua voz e seu tato. Nada mais é real. Nada mais importa. Meu
radar não registra nada mais. Desliza os dedos por dentro da minha calcinha e
me alivia ouvir que lhe escapa um profundo suspiro.
OH, querida, — ele murmura e me introduz dois
dedos.
Sufoco um grito.
— Estará pronta para mim logo, — ele diz. Movendo
seus tentadores dedos devagar, dentro e fora, eu empurro para ele elevando os
quadris.
— Você é uma garota gulosa, — ele me repreende
baixinho, e seu polegar circunda o meu clitóris e sem seguida, pressiona para
baixo.
Ofego e meu corpo estremece sob seus peritos
dedos. Estica um braço e retira a camiseta dos meus olhos para que possa vê-lo.
A tênue luz do abajur me faz piscar. Desejo tocá-lo.
— Eu quero tocar você. — eu respiro.
— Eu sei, — ele murmura. Inclina-se e me beija
sem deixar de mover os dedos ritmicamente dentro de meu corpo, riscando
círculos e pressionando com o polegar. Com a outra mão me recolhe o cabelo para
cima e me sujeita a cabeça para que não a mova. Replica com a língua o
movimento de seus dedos. Começo a sentir as pernas rígidas de tanto empurrar
para sua mão. Ele retira gentilmente sua mão, então sou trazida de volta da
beira do abismo. Ele repete isso uma e outra vez. Isso é tão frustrante... Oh,
por favor, Christian, eu grito por dentro.
— Este é seu castigo, tão perto e de repente tão
longe. Você acha isso agradável? — sussurra-me ao ouvido.
Eu choramingo, esgotada, e puxo meus braços
amarrados. Estou indefesa, perdida em uma tortura erótica.
— Por favor, — suplico-lhe, e ele finalmente tem
piedade de mim.
—Como quer que lhe foda, Anastásia?
Oh... meu corpo começa a tremer e volta a fica
imóvel.
— Por favor.
— O que você quer, Anastásia?
— Você... agora, - eu grito.
— Como quer que eu lhe foda. Há uma variedade
infinita de maneiras, — ele respira contra meus lábios. Ele retira sua mão e
atinge a mesa de cabeceira, pegando o saquinho prateado. Ajoelha-se entre
minhas pernas e, muito devagar, tira-me a calcinha sem deixar de me olhar com
olhos brilhantes. Ele coloca o preservativo. Eu observo fascinada, hipnotizada.
Isto lhe parece agradável? — diz-me
acariciando-se.
— Eu quis dizer isso como uma brincadeira, — eu
choramingo. Por favor, me foda Christian.
Ele levanta as sobrancelhas, deslizando a mão
para cima e para baixo em seu impressionante membro.
— Uma brincadeira? — pergunta-me com a voz
ameaçadoramente suave.
— Sim. Por favor, Christian, — rogo-lhe.
— Você está rindo agora?
Não, — eu choramingo.
A tensão sexual está a ponto de me fazer estalar.
Olha-me por um momento, avaliando meu desejo, e de repente me agarra e me dá a
volta. Fico surpresa, e como tenho as mãos amaradas, tenho que me apoiar nos
cotovelos. Empurra-me os joelhos para elevar o traseiro e me dá um forte tapa.
Antes que possa reagir, penetra-me. Eu grito, pelo tapa e por sua agressão
súbita, e gozo imediatamente uma e outra vez, caindo debaixo dele, que segue a
bater deliciosamente dentro de mim. Não se detém. Estou destroçada. Não aguento
mais... e ele empurra uma e outra vez... e sinto que volta a me alagar outra
vez... então eu estou começando de novo... não pode ser... não...
— Vamos, Anastásia, mais uma vez, — ele rosna por
entre os dentes cerrados, e inacreditavelmente, meu corpo responde,
convulsionando em torno dele, quando eu chego ao clímax de novo, gritando o seu
nome. Despedaço-me novamente em pequenos fragmentos, e Christian finalmente para,
em silêncio, encontrando a sua liberação.
Ele cai em cima de mim, ofegando.
Quanto você achou bom? — pergunta-me com os
dentes apertados.
Oh, meu
Deus.
Estou caída na cama, devastada, ofegando e com os
olhos fechados, quando se separa de mim muito devagar. Levanta-se e começa a vestir-se.
Quando acabou, volta para a cama, desamarra-me e me tira a camiseta. Flexiono
os dedos e esfrego as bochechas, sorrindo ao ver que me marcou o desenho do
lençol. Ajusto o sutiã enquanto ele atira a colcha e o edredom para me tampar.
Olho para ele aturdida e ele me devolve o sorriso.
— Foi realmente muito bom, — sussurro
timidamente.
— Não use esta palavra de novo.
— Você não gosta de que palavra?
— Não. Não tem nada que ver comigo.
— Oh... Eu não sei... parece ter um efeito
benéfico para você.
— Eu sou um efeito benéfico? Isso é o que sou
agora? Poderia ferir mais meu amor próprio, senhorita Steele?
— Não
acredito que tenha algum problema de amor próprio. Mas sou consciente de que o digo sem
convicção. Algo me passa rapidamente pela cabeça, uma ideia fugaz, mas me
escapa antes que possa apanhá-la.
— Você crê? — pergunta-me em tom amável. Ele está
deitado ao meu lado, vestido, com a cabeça apoiada no cotovelo, e eu estou
apenas com o sutiã.
— Por que você não gosta que lhe toquem?
—Porque não. — Ele inclina-se sobre mim e me
beija suavemente na testa. — Então, esse e-mail que você mandou era uma
brincadeira
Sorrio a modo de desculpa e encolho de ombros.
— Estou vendo. Então ainda está pensando em minha
proposta?
— Sua proposta é indecente... sim, estou pensando nela. Mas, tenho alguns
problemas, embora.
Ele me sorri aliviado.
— Ficaria decepcionado se não tivesse algumas
coisas para discutir.
— Eu ia mandar isso por email, mas você me
interrompeu.
— Coitus interruptus.
— Vê, eu sabia que tinha um pouco de senso de
humor escondido por aí. — digo-lhe sorridente.
— Não é tão divertido, Anastásia. Pensei que
estava me dizendo não, que nem sequer queria comentá-lo. — Sua voz falha.
— Ainda não sei. Não decidi nada. Você vai me
colocar uma coleira?
Ele levanta as sobrancelhas.
— Você esteve pesquisando. Eu não sei, Anastásia.
Nunca dei uma coleira para alguém..
Oh... deveria me surpreender? Sei tão pouco sobre
as sessões... Eu não sei.
— Você já usou uma coleira? — pergunto, num
sussurro
— Sim.
— Da senhora Robinson?
— Senhora Robinson! — Ele ri às gargalhadas, e
parece jovem e despreocupado, com a cabeça arremessada para trás. Sua risada é
contagiosa.
Eu sorrio para ele.
— Eu vou contar a ela como a chama, ela vai
adorar.
— Você continua em contato com ela? —
pergunto-lhe sem poder dissimular meu temor.
— Sim. — responde-me muito sério.
Oh... de repente, uma parte de mim se volta louca
de ciúmes. O sentimento é tão forte que me perturba.
— Já vejo. — digo-lhe em tom tenso. — Assim tem
alguém com quem comentar seu estilo alternativo de vida, mas eu não posso.
Ele franze as sobrancelhas
— Acredito que nunca pensei por este ponto de
vista. A senhora Robinson fazia parte deste estilo de vida. Eu disse a você que
agora é uma boa amiga. Se quiser, posso te apresentar a uma de minhas
ex-submissas. Poderia falar com ela.
O que? Ele está, deliberadamente, tentando me
deixar aborrecida?
— Esta é a sua ideia de uma piada?
— Não, Anastásia. — Confuso, e ele balança a
cabeça seriamente.
— Não... eu vou fazer isso do meu jeito, muito
obrigada — eu respondi bruscamente, puxando o cobertor até ao meu queixo.
Ele observa-me perdido, surpreso.
— Anastásia, eu... — Ele não sabe o que dizer.
Uma novidade, eu acredito. — Não queria te ofender.
— Não estou ofendida. Estou consternada.
— Consternada?
— Não
quero falar com nenhuma ex-namorada... escrava... sub... ou qualquer nome que
você chama.
— Anastásia Steele, está com ciúmes?
Eu fico vermelha
— Você vai ficar?
— Amanhã, no café da manhã, tenho uma reunião em
Heathman. Além disso, já te disse que não durmo com minhas namoradas, escravas,
submissas, com ninguém. Sexta-feira e sábado foram uma exceção. Não voltará a
acontecer. — Ouço a firme determinação atrás de sua doce voz rouca.
Eu franzo os lábios.
— Bem, estou cansada agora.
— Você está me chutando para fora? — Ele levanta
as sobrancelhas, perplexo e um pouco aflito.
— Sim.
— Bem, outra novidade. — Olha-me
especulativamente. — Não quer discutir nada agora? Sobre o contrato.
— Não. — respondo-lhe de mau humor.
— Deus, eu gostaria de dar-lhe uma boa surra.
Você se sentiria muito melhor, assim como eu.
— Você não pode dizer essas coisas... Ainda não
assinei nada.
— Um homem pode sonhar, Anastásia. — Ele
inclina-se e me agarra pelo queixo. — Quarta-feira? — Ele murmura, e beija-me
rapidamente nos lábios.
— Quarta-feira. — respondo-lhe. — Eu acompanho
você até lá fora. Só me dê um minuto. — Sento, coloco a camisa e empurrou-o
para obter espaço na cama. Ele faz isso com relutância.
— Passe-me à calça de moletom, por favor.
Ele a recolhe do chão e me entrega.
— Sim, senhora. — Ele tenta ocultar seu sorriso,
mas não o consegue.
Eu olho para ele de cara feia, enquanto ponho as
calças. Meu cabelo está um desastre e eu sei que depois que ele se for, eu
terei que enfrentar a inquisição de Katherine Kavanagh. Coloco um elástico no
cabelo, dirijo-me para a porta e abro para ver se vejo Kate. Ela não está na
sala de estar. Acredito que a ouço falando no telefone em seu quarto. Christian
me segue. Durante o breve percurso entre o meu quarto e a porta da frente, meus
pensamentos e meus sentimentos fluem e se transformam. Já não estou zangada com
ele. De repente, me sinto insuportavelmente tímida. Não quero que parta. Pela
primeira vez, eu gostaria que ele fosse normal, eu gostaria de manter
uma relação normal, que não exigisse um acordo de dez páginas, açoites e
mosquetões no teto de seu quarto de jogos.
Abro-lhe a porta e olho para as minhas mãos. É a
primeira vez que recebo um homem em minha casa para fazer sexo, e acredito que
foi genial. Mas agora me sinto como um recipiente, como um copo vazio que se
enche com o seu desejo. Meu subconsciente sacode a cabeça.
Eu queria correr até Heathman em busca de sexo...
e lhe fizeram uma entrega expressa. Cruzo os braços e bato com o
pé no chão, como um ‘qual o problema em olhar em seu rosto’. Christian parou
junto à porta, agarra-me pelo queixo e me obriga a olhá-lo. Sua testa enruga
ligeiramente .
— Você está bem? — ele pergunta me acariciando o
queixo com seu polegar.
— Sim. — respondo-lhe, embora com toda a
honestidade eu não estou muito certa. Sinto uma mudança de paradigma. Eu sei
que se aceitar, vou me machucar. Ele não é capaz, não lhe interessa ou não quer
me oferecer nada mais... mas eu quero mais. Muito mais. O ataque de
ciúmes que senti por um momento, antes, me diz que meus sentimentos por ele são
mais profundos do que eu mesma posso admitir.
— Quarta-feira, — ele confirma, inclina-se e me
beija com ternura. Mas enquanto está me beijando, seus lábios ficam mais
urgentes contra os meus, sua mão se move para cima do meu queixo e está
segurando a minha cabeça, uma mão de cada lado. Sua respiração se acelera.
Inclina-se para mim e me beija mais profundamente. Coloquei minhas mãos em seus
braços. Quero deslizar as mãos pelo seu cabelo, mas resisto porque sei que não
gostaria. Ele encosta sua testa contra a minha, de olhos fechados, com a voz
tensa.
— Anastásia, — ele sussurra. — o que você está
fazendo comigo?
— O mesmo eu poderia dizer para você, — sussurro
de volta.
Toma uma respiração profunda, beija-me na testa e
parte. Avança em passo decidido para o carro passando a mão pelo cabelo.
Enquanto abre a porta, levanta o olhar e me lança um sorriso arrebatador.
Totalmente deslumbrada, devolvo-lhe um leve sorriso e volto a pensar em Ícaro
aproximando-se muito ao sol. Fecho a porta da rua, enquanto se mete em seu
carro esportivo. Sinto uma irresistível necessidade de chorar. Uma triste e
solitária melancolia me oprime o coração. Volto para meu quarto, fecho a porta
e me apoio tentando racionalizar meus sentimentos, mas não posso. Deixo-me cair
no chão, cubro o rosto com as mãos e as lágrimas começam a descer.
Kate bate na porta suavemente.
— Ana? — ela sussurra. Eu abro a porta. Ela me
olha e me abraça.
— O que está errado? O que lhe fez esse bastardo
repulsivo?
— Oh, Kate, nada que eu não quisesse que me
fizesse.
Ela me empurra para a cama e nos sentamos.
— Você está com o cabelo horrível.
Embora esteja desconsolada, rio-me.
— O sexo foi bom, não foi terrível em nada.
Kate sorri.
— Melhor. Por que você está chorando? Você nunca
chora. — Ela pega a minha escova na mesa em frente, senta atrás de mim, e muito
devagar escova para tirar os nós.
— Eu só não acho que nosso relacionamento está
indo a lugar nenhum. — Olho para os meus dedos.
— Você não disse que ia vê-lo só na quarta-feira?
— Sim, foi o que combinamos.
— E por que ele apareceu hoje por aqui?
— Porque lhe mandei um e-mail.
— Pedindo para que ele viesse?
— Não, lhe dizendo que não queria voltar a vê-lo.
— E ele veio até aqui? Ana, você é genial.
— A verdade é que era uma brincadeira.
— Oh, agora sim não estou entendendo nada.
Pacientemente, lhe explico essência do meu
e-mail, sem entrar em detalhes.
— Pensou que responderia por email.
— Sim.
— Mas isso fez com que ele viesse aqui.
— Sim.
— Eu diria que ele está completamente apaixonado
por você.
Franzo o cenho. Christian apaixonado por mim?
Dificilmente. Ele só está procurando um novo brinquedo, um novo e adequado
brinquedo para deitar-se e lhe fazer coisas indescritíveis. Meu coração se
aperta.
Essa é a verdade.
— Ele veio só para foder-me, isso é tudo.
— Quem disse que o romantismo tinha morrido? —
ela murmura horrorizada. Eu choquei a Kate. Não pensava que isso fora possível.
Encolho os ombros, como desculpa.
— Ele utiliza o sexo como uma arma.
— Fode você para submetê-la? – Ela sacode a
cabeça com desaprovação. Eu pisco rapidamente para ela, e eu sinto o rubor se
espalhando pelo meu rosto. Oh... na mosca, Katherine Kavanagh, ganhadora do
premio Pulitzer de jornalismo.
— Ana, não a entendo, e você faz amor com ele?
— Não, Kate, não fazemos amor... fodemos... como
diz Christian. Ele não está interessado em amor.
— Sabia que havia algo estranho nele. Tem
problema em assumir compromisso.
Eu concordo, como se estivesse de acordo, mas por
dentro suspiro. Oh, Kate... eu gostaria de lhe contar tudo sobre este tipo
estranho, triste e perverso, e gostaria que você pudesse me dizer para
esquecê-lo, para deixar de ser tola.
— Eu acho que é uma situação bastante esmagadora,
— murmuro. Esse é o eufemismo do ano. Porque eu não quero mais falar sobre
Christian, eu pergunto sobre Elliot. Só de mencionar o seu nome, a atitude de
Katherine muda radicalmente, seu rosto se ilumina, sorrindo para mim.
— Ele virá cedo no sábado para nos ajudar na
mudança. Abraça a escova com força
contra seu peito, ela se deu bem, e sinto uma vaga e familiar pontada de
inveja. Kate encontrou um homem normal e parece muito feliz.
Eu viro para ela e a abraço.
— Ah, quase tinha me esquecimento. Seu pai ligou
quando estava... bem, ocupada. Parece que Bob teve um pequeno acidente, assim,
sua mãe e ele não poderão vir à entrega do diploma. Mas seu pai estará aqui na
quinta-feira. Ele quer que você ligue para ele.
— Oh... minha mãe não me ligaria para me dizer
isso. O Bob está bem?
— Sim. Ligue para ela de manhã. Agora é tarde.
— Obrigada, Kate. Já estou bem, agora. Amanhã
ligarei também para o Ray. Acredito que vou-me deitar. — Ela me sorri, mas
aperta seus olhos, preocupada.
Quando ela saiu, sento-me, volto a ler o contrato
e vou tomando notas. Uma vez que terminei, ligo o computador disposta a lhe
responder.
Em minha caixa de entrada há um e-mail do
Christian.
De: Christian Grey
Data: 23 de maio de 2011 23:16
Para: Anastásia Steele
Assunto: Esta noite
Senhorita
Steele:
Espero impaciente por suas observações
sobre o contrato.
Enquanto isso, que durma bem, querida.
Christian Grey
CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc.
Data: 24 de maio de 2011 00:02
Para: Christian Grey
Assunto: Objeções
Querido senhor Grey
Aqui está minha lista de objeções.
Espero que na quarta-feira possamos discutir com calma, durante o nosso jantar.
Os números remetem às cláusulas:
2: Não tenho certeza que seja
exclusivamente em MEU benefício, quer dizer, para que explore minha
sensualidade e meus limites. Estou segura de que para isso, não necessitaria um
contrato de dez páginas. Certamente é para SEU benefício.
4: Como sabe, só pratiquei sexo com
você. Não tomo drogas e nunca fiz uma transfusão. Certamente estou mais que sã.
E sobre você?
8: Posso rescindir o contrato a qualquer
momento, se acreditar que não está cumprindo os limites acordados. Ok, isso me
parece muito bem.
9: Devo obedecer você em tudo? Aceitar
sua disciplina sem duvidar? Temos que conversar sobre isso.
11: Período de prova de um mês, não de
três.
12: Não posso me comprometer todos os
fins de semana. Tenho vida própria, e seguirei tendo. Possivelmente três de
cada quatro?
15.2: Utilizar meu corpo da maneira que considere
oportuna, no sexo ou em qualquer outro âmbito... Por favor, defina "em
qualquer outro âmbito".
15.5: Toda a cláusula sobre a disciplina
em geral. Não estou segura de que queira ser açoitada, surrada ou castigada
fisicamente. Estou segura de que isto infringe as cláusulas 2-5. E além disso "por
qualquer outra razão" é simplesmente mesquinho... e me disse que não era
um sádico.
15.10: Como se me emprestar a alguém
pudesse ser uma opção. Mas me alegro de que o deixe bem claro.
15.14: Sobre as normas, comento mais
adiante.
15.19: Que problema há em que me toque
sem sua permissão? Em qualquer caso, sabe que não o faço.
15.21: Disciplina: veja-se acima
cláusula 15.5.
15.22: Não posso te olhar nos olhos? Por
quê?
15.24: Por que não posso tocar em você?
Normas:
Dormir: aceitarei seis horas.
Comida: não vou comer o que puser em uma lista.
Ou a lista dos mantimentos se elimina, ou rompo o contrato.
Roupa: de acordo, contanto que só tenha
que vestir a sua roupa quando estou com você... Ok.
Exercício: tínhamos ficado em três
horas, mas segue pondo quatro.
Limites suaves:
Temos que passar por tudo isto? Não
quero fisting de nenhum tipo. O que é a suspensão? Pinças genitais... deve
estar de brincadeira.
Poderia me dizer quais são seus planos
para quarta-feira? Eu trabalho até às cinco da tarde.
Boa noite.
Ana
De: Christian Grey
Data: 24 de maio de 2011 00:07
Para: Anastásia Steele
Assunto: Objeções
Senhorita Steele:
É uma lista muito longa. Por que ainda está
acordada?
Christian Grey
CEO, Grey Participações
e Empreendimentos Inc.
De:
Anastásia Steele
Data: 24 de maio de 2011 00:10
Para: Christian Grey
Assunto: Queimando o óleo da
meia-noite
Senhor:
Se não
recordar mal, estava com esta lista quando sua obsessão por controle me
interrompeu e me levou para a cama.
Boa noite.
Ana
De: Christian Grey
Data: 24
de maio de 2011 00:12
Para: Anastásia Steele
Assunto: Pare de queimar o óleo da meia-noite
ANASTÁSIA,VÁ PARA CAMA.
Christian Grey
CEO, Grey
Participações e Empreendimentos Inc.
Oh... em maiúsculas! Como se gritasse. Desligo o computador. Como
pode me intimidar estando a oito quilômetros de distância?
Eu sacudo a minha cabeça. Meu coração está
disparado, eu subo na cama e imediatamente caio em um sonho profundo, embora
intranquilo.
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