Capitulo 13 Tocado pelas Raízes
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Luce podia ouvir
seu All Star batendo forte contra o chão. Ela podia sentir o
vento úmido contra sua camiseta preta. Ela podia praticamente
experimentar o
pinche quente de uma parte recém pavimentada do estacionamento.
Mas quando
ela lançou seus braços ao redor de duas criaturas curvadas
perto da entrada de
Sword & Cross em um Sábado pela manhã, tudo isso foi esquecido.
.
Ela nunca esteve tão feliz de abraçar seus pais em toda sua
vida.
Por dias, ela ficou se lamentando de quão distante e fria
as coisas tinham sido no
hospital, e ela não iria cometer o mesmo erro de novo.
Os dois tropeçaram enquanto ela os abraçava. Sua mãe começou
a rir e seu pai lhe
deu palmadinhas nas costas à sua maneira de cara-durão. Ele
tinha sua enorme
câmera ao redor do pescoço. Eles se endireitaram e mantiveram
sua filha com ao
longo de seus braços. Parecia querer uma boa olhada de seu
rosto, mas tão logo
como a conseguiram, suas próprias feições desvaneceram. Luce
estava chorando.
― Querida, qual é o
problema? ― seu pai perguntou, descansando a mão em sua
cabeça. Sua mãe procurou em sua gigante bolsa azul uma caixa
de lenços. Com os
olhos amplamente abertos, ela balançou um lenço em frente
ao nariz de Luce e
perguntou, ― Nós estamos aqui agora. Está tudo bem, não é?
―
Não, não estava tudo bem.
― Por que vocês não
me levaram pra casa no outro dia? ― Luce perguntou,
sentindo-se magoada e com raiva mais uma vez. ― Por que vocês
os deixaram me
trazer pra cá de novo? ―
Seu pai empalideceu. ― Todas as vezes que nós falamos com
o diretor, ele disse
que você estava indo muito bem, de volta às aulas, como a
boa garota que criamos.
Uma dor de garganta pela fumaça e um pequeno galo na cabeça.
Pensávamos que
isso era tudo. ― Ele lambeu seus lábios.
― Existe algo mais?
― Sua mãe perguntou.
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Uma olhada entre
seus pais lhe disse que eles já tiveram esse briga. Mamãe lhe
tinha suplicado que a deixassem visitá-la de novo em breve.
O pai rígido-amoroso
de Luce havia batido o pé.
Não havia modo de explicar a eles o que tinha acontecido naquela
noite ou o que
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ela vem passando desde então, ela tinha ido direto para às
aulas, embora não por
sua própria escolha. E, fisicamente, ela estava bem. Só que
em todas as outras
maneiras ― emocional, psicológica e romântica ― ela não podia
se sentir mais
ferida.
― Nós só estamos tentando
seguir as regras, ― o pai de Luce explicou, movendo
sua grande mão para apertar o pescoço dela. O peso dele mudou
sua postura e isso
fez desconfortável parar quieta, mas tinha passado muito tempo
desde que ela
esteve assim perto das pessoas que amava, então ela não atreveu
a se afastar. ―
Porque nós só queremos o que é melhor pra você, ― seu pai
acrescentou. ― Nós
temos que ter fé nestas pessoas. ― – ele sinalizou ao formidável
edificil ao redor do
campus, como se representasse Randy e o diretor Udell e ao
resto deles. ― – Eles
sabem do que estão falando. ―
― Eles não sabem, ―
Luce disse, olhando os edifícios de má qualidade e o pátio
vazio. Até agora, nada nesta escola fazia algum sentido pra
ela.
Caso em questão, o que eles chamavam de Dia dos Pais. Eles
fizeram um grande
caso de quão afortunados são os estudantes de ter o privilégio
de ver sua própria
carne e sangue. E no entanto, faltavam dez minutos para a
hora do almoço e o carro
dos pais de Luce era o único no estacionamento.
― Este lugar é uma
absoluta piada, ― ela disse, soando o suficiente cínica para que
seus pais compartilhessem um olhar de problema.
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― Luce, querida,
― sua mãe disse, acariciando seu cabelo. Luce podia dizer
que ela não estava acostumada a seu curto tamanho. Seus dedos
tinham um
instinto maternal para seguir o fantasma do antigo cabelo
de Luce por todo o
caminho até às costas. ― Nós só queremos um dia agradável
com você. Seu pai
trouxe todas as suas comidas favoritas. ―
Timidamente, seu pai levantou uma colcha de retalhos coloridos
e uma grande
geringonça do estilo maleta que Luce nunca tinha visto antes.
Geralmente, quando
eles faziam piquenique, era uma coisa muito mais casual, com
sacos de papel de
mercearia e uma velha folha rasgada jogada na grama pela trilha
de canoa fora de
sua casa.
― Quiabo em conserva?
― Luce perguntou numa voz que soou bastante como a
pequenina Lucy.
Ninguém podia dizer que seus pais não estavam tentando.
Seu pai assentiu. ― E chá doce, e biscoitos com molho branco.
Cereais com queijo
com pimenta extra, justo como você gomiss Oh, ― ele disse.
― E mais uma coisa. ―
A mamãe de Luce colocou a mão na sua gorda bolsa à procura
de um envelope
vermelho e estendeu para Luce. Por um brevíssimo momento uma
dor atormentou
o estômago de Luce quando voltou a pensar nas correspondências
que costumava
receber. Assassina Psicótica.
Garota Morte.
Mas quando Luce viu a caligrafia no envelope, seu rosto se
desfez em um sorriso
|
enorme.
Callie.
Ela rasgou o envelope e tirou o cartão com uma fotografia
na frente em branco-e-
preto de duas velhas senhoras decorando seus cabelos. Dentro,
cada centímetro
quadrado do cartão estava preenchido com a letra grande e
borbulhante de Callie. E
ali havia vários pedaços de rabiscos no papel de folhas soltas
porque ela ficou sem
espaço no cartão.
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Querida
Luce,
Desde que nosso tempo no telefone é agora ridiculamente
insuficiente (poderia por
favor pedir um pouco mais de tempo? É francamente
injusto), e vou ficar antiquada
com você e fazer uma épica carta escrita a mão. Em
Anexo você irá encontrar cada
minúscula coisa que aconteceu comigo nas últimas
duas semanas. Quer goste ou não.
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Luce segurou contra
o peito, sem deixar de sorrir, ansiosa de devorar a carta
tão logo seus pais voltassem pra casa. Callie não tinha desistido
dela. E seus pais
estavam bem ao seu lado. Tinha passado muito tempo desde que
Luce se sentiu
amada. Ela procurou e apertou a mão de seu pai.
Um apito estridente fez com que seus pais pulassem. ― É só
a sinal do almoço, ―
ela explicou; eles pareciam aliviados. ― Vamos, têm alguem
que quero que
conheçam. ― Enquanto caminhavam pelo quente, nebuloso estacionamento
até a
área aberta onde os eventos de abertura do Dia dos Pais estava
sendo organizado,
Luce começou a ver o campus através do olhos de seus pais.
Ela notou a curvatura
do telhado da sede principal, e o amadurecido odor do pêssego
apodrecendo no
bosque ao lado do ginásio. A forma como o ferro forjado do
portão do cemitério foi
sobreposto a ferrugem alaranjada. Ela percebeu que só em algumas
semanas, ela
estaria completamente acostumada as muitas coisas desagradáveis
de Sword &
Cross.
Seus pais se olhavam horrorizados. Seu pai fez um gesto a
uma moribunda videira
que serpenteava ao redor da cerca decrépita e fragmentada
do pátio.
― Essas são as uvas
chardonnay, ― ele disse, fazendo uma careta, porque quando
uma planta sentia dor, ele também sentia.
Sua mãe estava usando as duas mãos para agarrar seu livro
de bolso contra o peito,
com os cotovelos colados, postura que toma quando se encontra
em um bairro que
pensa que pode ser assaltada. E eles ainda não tinham visto
os vermelhos.
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Seus pais que eram
veementemente contra as pequenas coisas como Luce
tendo uma webcam, odiariam a idéia de vigilância constante
em sua escola.
Luce queria protegê-los de todas as atrocidades de Sword &
Cross, porque ela
estava descobrindo como controlar ― e às vezes ― até vencer
o sistema aqui. Como
no outro dia, Arriane a tinha levado através de uma série
de obstáculos- tipo uma
|
corrida através do campus para sinalar todos os ― vermelhos
mortos ― cuja bateria
tinham acabado ou sido astutamente ― substituídas ― efetivamente
criando
pontos cegos na escola. Seus pais não precisavam saber de
tudo isso, eles só
precisavam ter um bom dia com ela.
Penn estava balançando suas pernas na arquibancada, onde ela
e Luce tinham
prometido se encontrar ao meio-dia. Ela estava segurando um
vaso de flores.
― Penn, estes são meus
pais, Harry e Doreen Price, ― Luce disse, gesticulando. ―
Mãe e Pai, esta é... ―
― Pennywather Van Syckle-Lockwood,
― Penn disse formalmente, estendendo o
vaso com as duas mãos. ― Obrigada por deixar me juntar ao
almoço. ―
Sempre educados, os pais de Luce a saldaram e sorriram, sem
fazer perguntas
sobre o paradeiro da própria família de Penn, coisa que Luce
não teve tempo de
explicar.
Era outro dia quente e claro. As árvores de salgueiro verde-ácido
em frente a
biblioteca balançavam suavemente com a brisa, e Luce dirigiu
seus pais para a
posição onde os salgueiros ocultavam a maioria das manchas
de fuligem e as
janelas manchadas pelo fogo. Quando eles estenderam a manta
em um área de
grama seca, Luce puxou Penn de lado.
― Como você está? ―
Luce perguntou, sabendo que se ela fosse aquela a se sentar
um dia inteiro homenageando os pais de todo o mundo, exceto
os dela, ela iria
precisar de um grande incentivo.
Para sua surpresa, Penn assentiu feliz. ― Isso já está muito
melhor do que no ano
passado! ― ela disse. ― E é tudo por sua causa. Eu não teria
ninguém hoje se você
não tivesse vindo junto. ―
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O discurso pegou
Luce de surpresa e a fez olhar ao redor do patio para ver
como todos os demais estavam lidando com o evento. Apesar
de que o
estacionamento ainda estava meio vazio, o Dia dos Pais parecia
acontecer pouco a
pouco.
Molly sentou-se em uma manta próxima, entre um homem com cara
de poucos
amigos e uma mulher roendo avidamente uma coxa de peru. Arriane
estava
agachada sobre uma arquibancada, sussurrando a uma garota
punk mais velha,
com um hipnotizante cabelo rosa-choque. O mais provável é
que seja sua irmã mais
velha. Elas duas encontraram-se com o olhar de Luce e Arriane
sorriu e acenou, em
seguida, virou-se para a outra garota para sussurrar algo.
Roland tinha uma imensa festa de pessoas fazendo um almoço
de piquinique em
uma longa colcha. Eles estavam rindo e brincando, e uns poucos
garotos mais
jovens estavam atirando comida uns nos outros. Eles pareciam
estar tendo um
grande momento até que uma granada espiga de milho saiu voando
e quase cegar
Gabbe, que estava caminhando pelo pátio. Ela fez uma careta
para Roland
enquanto guiava um homem suficientemente velho para ser seu
avô, dando-lhe
|
palmadinhas no cotovelo, enquanto caminhavam em direção a
uma fileira de
cadeiras do gramado instituído ao redor do campo aberto
Daniel e Cam estavam notavelmente desaparecidos ― e Luce não
podia descrever
como nenhuma de seus familiares poderiam ser. Por mais furiosa
e envergonhada
que ela estivesse depois que Daniel lhe dera um fora pela
segunda vez no lago, ela
ainda estava morrendo de vontade de dar uma olhada em qualquer
pessoa que
estivesse relacionada a ele. Mais depois, pensando no fino
arquivo de Daniel na sala
de arquivos, Luce se perguntou se ele ainda mantinha contato
com alguém de sua
família.
|
A mãe de Luce
repartiu o queijo em quatro pedaços, e seu pai encobriu com a
pimenta fresca em pequenos pedaços. Depois de uma mordida,
a boca de Luce
estava em chamas, exatamente da maneira como gostava. Penn
não parecia
familiarizada com a comida típica da Georgia com a que Luce
tinha crescido. Ela
parecia particularmente horrorizada pelo quiabo em conserva,
mas assim que deu
uma mordida, ela deu a Luce um surpreso sorriso de aprovação.
A mãe e o pai de Luce trouxeram com eles cada um dos pratos
favoritos de Luce,
inclusive o doce de amêndoa e nóz da farmácia da rua de baixo.
Seus pais comiam
felizes cada um do lado dela, parecendo aliviados de preencher
suas bocas com
algo mais que falar de morte.
Luce deveria estar desfrutando de seu tempo com eles, e lavando
tudo isso com seu
amado chá doce da Georgia, mas ela se sentia como uma filha
impostora fingindo
que este almoço Eliseo era normal em Sword & Cross. Todo
o dia era uma farsa.
Ao som de uma curta, fraca roda de aplausos, Luce olhou pra
as arquibancadas,
onde Randy estava junto ao diretor Udell, um homem que Luce
nunca tinha visto
pessoalmente antes. O reconheceu do retrato excepcionalmente
débil que estava
pendurado no hall principal da escola, mas agora viu que o
artista tinha sido
generoso. Penn já lhe tinha dito que o diretor só aparecia
no campus um dia no ano
― o Dia dos Pais ― sem exceções. Do contrário, ele era um
recluso que não deixava
sua mansão na Ilha Tybee, nem sequer quando um estudante da
sua escola morre.
A papada do homem parecia tragar seu queixo, seus olhos bovinos
olhavam a
multidão, não parecendo focar-se em nada.
Ao seu lado Randy estava de pé, as mão na cintura e com meias
brancas. Ela tinha
um sorriso engessado no rosto, e o diretor estava secando
sua grande testa com um
lenço. Ambos tinham suas caras de jogadores postas hoje, mas
pareciam estar
tomando muito esforço deles.
― Bem-vindos ao centuagéssimo
quinquagésimo nono Dia dos Pais anual do
Sword & Cross. ― O diretor Udell disse ao microfone.
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― Ele está brincando?
― Luce sussurrou para Penn. Era difícil imaginar o Dia
dos Pais durante do período anterior a guerra.
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Penn revirou os olhos. ― Certamente um erro de digitação.
Eu disse a você que
conseguiram pra ele um novo par de óculos de leitura. ―
― Temos um dia longo
e cheio de diversão em família programado para vocês,
começando com este tranquilo piquenique... ―
― Normalmente só temos
dezenove minutos, ― Penn interrompeu ao lado os pais
de Luce, que ficaram rígidos.
Luce sorriu sobre a cabeça de Penn e murmurou. ― Ela está
brincando. ―
― Agora vocês faram
sua escolha de atividades. Nossa própria bióloga, a Sr.
Yolanda Tross, fará uma palestra fascinante na biblioteca
da flora da sábana local
encontrada no campus. O treinador Diante supervisionará uma
serie de corridas
amigável entre famílias aqui no campo. E o Sr. Stanley Cole
oferecerá um histórico
tour guiado de nosso apreciado cemitério de heróis. Vai ser
um dia muito ocupado.
E sim. ― O diretor Udell disse com um sorriso barato e cheio
de dentes, ― Vocês
serão testado nisso. ―
Era simplesmente o tipo de piada sem graça para ganhar alguns
sorrisos artificiais
dos membros visitantes das famílias. Luce revirou os olhos
para Penn.
Esta tentativa deprimente de bom humor fez tudo tão claro
sobre todo mundo
estava aqui para se sentir melhor sobre deixar seus filhos
nas mãos do corpo
docente de Sword & Cross. Os Prices riram, também, mas
ficaram olhando Luce
para mais pistas sobre como lidar eles mesmos com isso.
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Luce não sabia
onde Molly ou Arriane ou Roland tinham escapulido com suas
famílias, e ela ainda não tinha visto Daniel. Ela sabia que
seus próprios pais estariam
decepcionados se eles não vissem nada do campus e não participassem
de
nenhuma das atividades planejadas. Como o tour guiado do Sr.
Cole pareciam ser o
menor dos males, Luce sugeriu que recolhessem seus restos
de comida e se
unissem a ele nas portas do cemitério. Enquanto iam até lá,
Arriane balançou para
fora das arquibancadas como uma ginasta desmontando uma barra
paralela. Ela
parou aterrizando em frente ao pais de Luce.
― Oieee, ― ela cantou,
dando sua melhor impressão de garota louca.
― Mãe e pai, ― Luce
disse apertando seus ombros, ― esta é minha boa amiga
Arriane ―
― E esta... ― Arriane
apontou a garota alta, cabeça rosa-choque que estava
descendo lentamente pelas escadas da arquibancada, ― é minha
irmã, Anabelle. ―
Anabelle ignorou a mão estendida de Luce, e a arrastou para
dentro de seus braços
abertos, em um estendido, intimo abraço. Luce podia sentir
seus ossos se cruzando.
O intenso abraço durou tempo suficiente para que Luce começasse
a se perguntar o
que estava acontecendo, mas justo quando ela estava começando
a se sentir
incomodada, Anabelle a soltou.
― É tão bom conhece-la,
― ela disse, pegando a mão de Luce.
― Igualmente, ― Luce
disse, dando a Arriane uma olhada de relance.
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― Vocês duas vão ao tour do Sr. Cole? ― Luce perguntou a Arriane,
que também
olhava Anabelle como se ela fosse louca.
Anabelle abriu sua boca, mas Arriane rapidamente a cortou.
― Inferno não, ― ela
disse.
― Essas atividades
são absolutamente patéticas. ― Ela olhou para os pais de Luce.
― Sem ofensa. ― Anabelle deu de ombros. ― Talvez tenhamos
uma oportunidade
de alcançá-los depois! ― Ela disse a Luce, antes que Arriane
a afastasse.
― Elas parecem ser
legais, ― a mãe de Luce disse no tom de voz de sondagem que
usava quando queria que Luce explicasse algo.
‘Um, por que a garota estava tão interessada em você? ― Penn
perguntou.
Depois do almoço, as outras famílias ao redor do pátio empacotaram
seus
piqueniques e se retiraram para vários cantos. Luce teve a
sensação de que muito
poucas pessoas realmente participariam dos eventos programados
pela escola.
Ninguém tinha seguido a Sra. Tross para a biblioteca, e até
agora só Gabbe e seu
avô tinham entrado em um saco de batatas no outro lado do
campo.
|
Luce olhou para
Penn e depois para seus pais. Ela realmente tinha que
defender diante deles o fato de que alguem poderia gostar
dela?
― Lucinda! ― O Sr.
Cole chamou, saudando da outra parte do vazio ponto de
encontro nas portas do cemitério. ― Por aqui! ―
O Sr. Cole apertou as mãos de seus pais fervorosamente, e
até deu a Penn um
aperto no ombro. Luce estava tentando decidir se devia estar
mais irritada com a
participação do Sr. Cole no Dia dos Pais ou estar impressionada
por seu falso show
de entusiasmo. Mas então ele começou a falar e a surpreendeu.
― Eu pratiquei o ano
todo para isto, ― ele sussurrou. ― Uma oportunidade para
levar os estudantes ao ar livre e lhes explicar as muitas
maravilhas deste lugar ― oh,
eu amo isso. É o mais próximo que um professor de reformatório
pode conseguir de
uma verdadeira viajem de campo. Claro que ninguém nunca se
apresenta para
meus tour nos anos anteriores, o que os converte em meu tour
inaugural... ―
― Bem, nos estamos
honrados, ― o pai de Luce disse, dando ao Sr. Cole um grande
sorriso.
Imediatamente, Luce percebeu que não era só a fome de canhão
de seu pai pela
Guerra Civil que estava falando. Ele claramente sentia que
o Sr. Cole era legítimo. E
seu pai era o melhor juiz de caráter que ela conhecia.
Os dois homens já tinham começado a avançar em marcha pela
entrada do
cemitério. A mãe de Luce deixou a cesta de piquenique no portão
e deu a Luce e a
Penn um de seus bem- gastos sorrisos.
O Sr. Cole agitou uma mão para ter a atenção deles. ― Primeiro,
um pouco de
trivialidade. O que... ― ele levantou a sobrancelha ― – vocês
acreditam que é o
elemento mais velho no cemitério? ―
Enquanto Luce e Penn olhavam para seus pés ― evitando olhá-lo
como faziam
|
durante a aula ― o pai de Luce ficou na ponta dos pés para
dar uma olhada nas
grandes estátuas.
|
― Uma pegadinha!
― O Sr. Cole gritou, batendo nas portas de ferro forjado.
― Esta parte frontal dos portões foi construída pelo proprietário
original em 1831.
Eles diziam que sua esposa, Ellamena, tinha um jardim adorável,
e que queria
manter as galinhas guiné longe de seus tomates. ― Ele riu.
― Isso foi antes da
guerra. E do rolo de pia. ― Prosseguiremos. ―
Enquanto caminhavam o Sr. Cole recitou fato por fato sobre
a construção do
cemitério, o contexto histórico sobre o qual foi construído,
e o ― artista ― –
inclusive ele utilizou o termo vagarosamente ― que tinha vindo
com a escultura da
besta alada no alto do monumento no centro da área. O pai
de Luce bombardiou o
Sr. Cole com perguntas enquanto que a mãe de Luce passava
as mãos no poto das
mais bonitas lápides, deixando sair um murmuro de ― Oh Deus
― . Cada vez que
ela parava para ler uma inscrição. Penn arrastava os pés atrás
da mãe de Luce,
possivelmente desejando ter se juntado a uma família diferente
neste dia. Luce
fechava a marcha, considerando o que podia acontecer se ela
desse a seus pais seu
tour pessoal do cemitério.
Aqui é onde eu servi minha primeira detenção...
E aqui é onde um anjo caído de mármore quase me decapitou...
E aqui é onde um estranho garoto do reformatório
que vocês nunca aprovariam me
levou ao piquenique mais estranho da minha vida.
― Cam, ― o Sr. Cole chamou, enquanto dirigia o tour ao redor
do monumento.
Cam estava parado com um homem alto, de cabelo escuro em um
terno de
negócios preto feito sob medida.
Nenhum deles escutou o Sr. Cole ou viu a festa que ele estava
fazendo ao dirigir o
tour. Eles falavam e faziam gestos de uma forma muito envolvidos
em um carvalho,
a forma que Luce tinha visto seu professor de Drama gesticular
enquanto os
estudantes estavam bloqueando uma cena de uma peça.
|
― Você e seu pai
querem se unir tardiamente a nosso tour? ― O Sr. Cole
perguntou a Cam, desta vez mais audível. ― Vocês perderam
quase tudo, mas
ainda há um ou dois fatos interessantes que estou certo que
posso contar. ―
Cam lentamente vira a cabeça em nossa direção, depois de volta
para seu
acompanhante, que parecia distraído. Luce não pensava que
o homem, com sua
altura clássica, escura, e atrativa boa aparência e enorme
relógio dourado, parecia
suficientemente velho para ser o pai de Cam. Mas talvez só
envelhecesse bem. Os
olhos de Cam deslizaram para o pescoço vazio de Luce e ele
parecia brevemente
decepcionado. Ela ruborizou, porque podia sentir sua mãe capturando
toda a cena e
se perguntando o que estava acontecendo.
Cam ignorou o Sr. Cole e se aproximou da mãe e Luce, levando
as mãos dela a seus
|
lábios antes que alguem pudesse apresentá-los. ― Você deve
ser a irmã mais velha
de Luce, ― ele disse elegantemente.
A sua esquerda, Penn amordaçada em seu cotovelo e sussurrou
de uma maneira
que só Luce podia ouvir.
― Por favor, me diga
que alguém mais está com náuseas. ―
Mas a mãe de Luce parecia de algum modo deslumbrada, de uma
forma que fazia
Luce ― e seu pai claramente ― incomodados.
― Não, nós não podemos
ficar para o tour. ― Cam anunciou, dando uma piscada
para Luce e recuando exatamente como o pai de Luce aprovava.
― Mas foi
adorável, ― – ele olhou para cada um dos três, excluindo Penn
― – encontra-los
aqui. Vamos pai. ―
― Quem era esse? ―
A mãe de Luce sussurrou quando Cam e seu pai, ou quem
quer que seja, desapareceram pelo lado do cemitério.
― Oh, só um dos admiradores
de Luce ― disse Penn, tentando aliviar o ambiente e
fazendo exatamente o contrário.
― Um dos? ― O pai de
Luce olhou para Penn.
Na luz do fim da tarde, Luce podia ver pela primeira vez alguns poucos fios
grisalhos na barba de seu pai. Ela não queria gastar seus
últimos momentos de hoje,
convencendo seu pai a não se preocupar com os garotos de sua
escola
reformatória.
|
― Não é nada pai,
Penn está brincando. ―
― Nós queremos que
seja cuidadosa, Lucinda, ― ele disse.
Luce pensou no que Daniel havia sugerido ― muito fortemente
― no outro dia.
Que talvez ela não deveria estar em Sword & Cross. E de
repente ela queria tão
arduamente tocar no assunto com seus pais, pedir e implorar
que a levassem para
muito longe daqui.
Mas foi a mesma lembrança de Daniel que fez com que ela segurasse
sua lingua. O
emocionante toque da pele dele com a sua quando ela o empurrou
no lago, a
maneira em que seus olhos algumas vezes eram as coisas mais
tristes que ela
conhecia. Se sentia absolutamente louco e absolutamente verdadeiro
que isso
poderia valer todo esse inferno de Sword & Cross só para
passar um pouco mais de
tempo com Daniel. Só para ver se algo mais poderia vir disso.
― Odeio despedidas,
― a mãe de Luce suspirou, interrompendo os pensamentos
de sua filha para arrastá-la em um ligeiro abraço. Luce olhou
para seu relógio, e seu
rosto se desfez. Ela não sabia como a tarde tinha passado
tão rápido, como podia já
ser o momento de vê-los ir embora.
― Você vai nos ligar
na quarta-feira? ― Seu pai perguntou, beijando suas
bochechas da forma que o lado francês de sua família sempre
fazia.
Enquanto todos eles caminhavam para o estacionamento, os pais
de Luce
apertaram as mãos dela. Cada um deles deu outro abraço e outra
serie de beijos.
|
Quando eles sacudiram a mão de Penn e lhe desejaram que ficasse
bem, Luce viu
uma câmera fixada em um tijolo colocada em uma caixa quebrada
na saída. Deve
ser um detector de movimento conectado aos vermelhos, porque
a câmera estava
fazendo um panorama, seguindo seus movimentos. Esta não estava
no tour de
Arriane e certamente não era um vermelho morto. Os pais de
Luce não notaram
nada ― e talvez fosse melhor assim.
|
― Nós amamos você,
― ele disse tão audivelmente que Luce estaria
envergonhada se ela não estivesse tão triste por vê-los partir.
Luce acenou de volta. ― Obrigada, ― ela sussurrou. Pelo doce de amêndoa e nóz e o
quiabo em conserva. Por gastar todo o dia aqui. Por
receber Penn debaixo de suas
asas, sem fazer perguntas. Por continuar me amando,
apesar do fato de assustá-los.
|
Quando as luzes traseiras desapareceram na curva, Penn tocou
as costas de Luce.
― Eu estava pensando em ir ver meu pai. ― Ela chutou o chão
com a ponta de sua
bota e olhou timidamente para Luce. ― Existe alguma chance
de você querer vir?
Se não, eu vou entender, considerando que isso envolve outra
viajem pelo... ― . Ela
sacudiu seu polegar para trás, em direção as profundidades
do cemitério.
― Claro que irei, ―
Luce disse.
Elas caminharam ao redor do perímetro do cemitério, ficando
no topo da margem
até que haviam chegado no canto extremo oriente, onde Penn
parou em frente a
uma lápide. Era modesta, branca e coberta por uma camada amarelada
de agulhas
de pinheiro. Penn ficou de joelhos e começou a limpa-la.
STANFORD LOCKWOOD, na simples lápide de pedra dizia, O MELHOR PAI DO
MUNDO.
Luce podia ouvir a comovedora voz de Penn atrás da inscrição,
e ela podia sentir as
lágrimas chegando ao seus olhos. Ela não queria que Penn visse
― depois de tudo,
Luce ainda tinha seus pais. Se alguem deveria chorar neste
momento deveria ser...
Penn estava chorando. Ela estava tentando esconder com o mais
suave dos
fungados e algumas lágrimas derramaram na borda irregular
de seu suéter. Luce
ficou de joelhos também, e começou a ajudá-la a tirar as agulhas.
Ela colocou seus
braços ao redor de sua amiga e a manteve o mais forte possível.
Quando Penn recuou e agradeceu a Luce, ela procurou em seu
bolso e tirou uma
carta.
― Eu normalmente escrevo
algo pra ele, ― ela explicou.
Então eles se afastaram, olhando para trás duas vezes para
se despedir das duas
garotas na entrada do hall principal. Papai conduziu seu velho
Chrysler New Yorker
e abaixou a janela.
|
Luce queria dar
a Penn um momento a sós com seu pai, assim ela se levantou,
deu um passo para trás e virou-se, descendo até o centro do
cemitério. Seus olhos
|
ainda estavam um pouco mareados, mas ela pensou que podia
ver alguem sentado
sozinho no topo do monumento. Sim. Um tipo com seus braços
envolvidos ao redro
de seu joelhos. Ela não podia imaginar como ele subiu até
ali, mas ali estava ele.
Ele parecia rígido e solitário, como se estivesse ali o dia
todo. Ele não tinha visto
nem Luce ou Penn. Ele não parecia ver nada. Mas Luce não tinha
que estar o
suficientemente próxima para ver seus olhos cinza-violeta
e saber quem era.
Todo esse tempo Luce esteve procurando explicações sobre o
por que o arquivo de
Daniel era tão escasso, que segredo contem os livros perdidos
de seus ancestrais na
biblioteca, onde tinha viajado sua mente aquele dia que lhe
perguntou por sua
família. Porque ele é tão quente e tão frio com ela... sempre.
Esse dia emocional dia com seus pais, o próximo pensamento
de Luce a deixou
quase de joelhos, de tristeza. Daniel estava sozinho no mundo.
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