Minha mãe me abraça forte.
— Ouça seu coração, querida, e por favor, por favor, procure não
dar demasiada importância às coisas. Relaxe e desfrute. É muito jovem, céus.
Ainda tem muita vida pela frente, viva-a. Você merece o melhor.
Suas tristes palavras sussurradas ao meu
ouvido me confortam. Ela Beija meu cabelo.
— Ai, mamãe.
Agarro-me em seu pescoço e, de repente,
meus olhos se enchem de lágrimas.
— Carinho, já sabe o que dizem: terá que beijar muitos sapos para
encontrar o príncipe encantado.
Dou-lhe um sorriso retorcido, agridoce.
— Parece que beijei um príncipe, mamãe. Espero que não se
transforme em sapo.
Ela me brinda com seu sorriso mais terno,
maternal e amoroso e enquanto nos abraçamos de novo, percebo o quanto amo esta
mulher.
— Ana, estão chamando seu voo — Bob me avisa
nervoso.
— Irá me visitar, mamãe?
— É obvio, querida... em breve. Amo você.
— Eu também.
Quando ela me solta, tem os olhos vermelhos
das lágrimas contidas. Odeio ter que deixá-la. Abraço Bob, dou meia volta e me
encaminho ao portão de embarque; hoje não tenho tempo para a sala VIP.Não quero
olhar para trás, mas faço... e vejo Bob abraçando minha mamãe, que chora
desconsolada com as lágrimas escorrendo pelas bochechas. Já não posso conter
mais as minhas. Abaixo a cabeça e cruzo o portão de embarque, sem levantar os
olhos do branco e resplandecente chão, turvado através de meus olhos empapados
de lágrimas.
Uma vez a bordo, rodeada do luxo da
primeira classe, me encolho no assento e tento me recompor. Sempre é difícil e
doloroso me separar de minha mãe; ela é atrapalhada, desorganizada, mas também
perspicaz, e me ama muito. Com um amor incondicional, que toda criança merece
de seus pais. O rumo que tomam meus pensamentos me faz franzir o cenho, pego
meu Black-Berry e o olho consternada.
O que sabe Christian de amor? Parece que
não teve amor incondicional durante sua infância. Aperta-me o coração e, como
um vento suave, me vem à cabeça as palavras de minha mãe: "Sim, Ana. Deus,
o que mais precisa? Uma placa luminosa na sua testa?". Acredita que
Christian me ama, mas, claro, ela é minha mãe, como não vai pensar assim? Para
ela, mereço o melhor. Franzo o cenho. É verdade, e, em um instante de assombrosa
lucidez, percebo. É muito simples: eu quero seu amor. Necessito que Christian Grey
me ame. Por isso temo tanto nossa relação, porque, em um nível profundo e
existencial, reconheço em meu interior um desejo incontrolável e profundamente
enraizado de ser amada e protegida.
E, devido as suas Cinquenta sombras, me
contenho. O sadismo era uma distração do verdadeiro problema. O sexo é
alucinante, e ele é rico, e bonito, mas tudo isso não vale nada sem seu amor, e
o mais desesperador é que não sei se ele é capaz de amar. Nem sequer se ama a
si mesmo. Lembro o desprezo que sentia por si mesmo, e que o amor de sua mãe
era a única manifestação de afeto que encontrava "aceitável".
Castigar, açoitar, bater, e tudo o que poderia fazer para elevar sua relação,
não se considerava digno de amor. Por que se sentia assim? Como podia se sentir
assim? Suas palavras ressonam em minha cabeça: "É muito difícil crescer em
uma família perfeita quando você não é perfeito".
Fecho os olhos, imagino sua dor, e não
alcanço a compreensão. Estremeço ao pensar que possivelmente falei muito. O que
eu teria confessado a Christian em sonhos? Que segredos eu revelei?
Olho fixamente meu Black-Berry com a vaga
esperança de que ele me ofereça respostas. Como era de esperar, não se mostrava
muito comunicativo. Ainda não iniciamos a decolagem, assim dava para mandar um
email para minhas Cinquenta Sombras.
De:
Anastásia Steele
Data: 3
de junho de 2011 12:53 EST
Para:
Christian Grey
Assunto:
indo para casa
Querido senhor Grey:
Já estou comodamente instalada na primeira
classe, na qual te agradeço. Conto os minutos que faltam para vê-lo esta noite
e possivelmente te torturar para te arrancar a verdade sobre minhas revelações
noturnas.
Sua Ana x
Data: 3
de junho de 2011 09:58
Para:
Anastásia Steele
Assunto:
indo para casa
Anastásia, desejo muito vê-la.
Christian
Grey
CEO,
Grey Participações e Empreendimentos Inc.
Sua resposta me faz franzir o cenho. Soa
cortante e formal, não está escrita em seu habitual estilo sucinto, mas
criativo.
De:
Anastásia Steele
Data: 3
de junho de 2011 13:01 EST
Para:
Christian Grey
Assunto:
indo para casa
Queridíssimo senhor Grey:
Acredito que tudo vá bem com respeito ao
"problema". O tom de seu email me parece preocupante.
Ana
x
De:
Christian Grey
Data: 3
de junho de 2011 10:04
Para:
Anastásia Steele
Assunto:
indo para casa
Anastásia:
O problema poderia estar melhor. Já
embarcou? Se o estiver, não deveria estar me mandando e-mails. Esta se pondo em
perigo e transgredindo diretamente as normas relativa a sua segurança pessoal.
Sobre os castigos é sério.
Christian
Grey
CEO,
Grey Participações e Empreendimentos Inc.
Merda. Muito bem. Deus... O que esta
acontecendo? Qual será "o problema"?
Taylor pediu demissão, Christian perdeu uns milhões na Bolsa de
Valores... então.
De:
Anastásia Steele
Data: 3
de junho de 2011 13:06 EST
Para:
Christian Grey
Assunto:
Reação desmedida
Querido senhor casca-grossa:
As portas do avião ainda estão abertas.
Estamos atrasados, mas decolamos em dez minutos. Meu bem-estar e dos
passageiros que estão ao meu redor está assegurado. Pode guardar suas mãos por
agora.
Senhorita Steele
De:
Christian Grey
Data: 3
de junho de 2011 10:08
Para:
Anastásia Steele
Assunto:
Desculpas; mãos guardadas
Sinto sua falta e de sua língua afiada,
senhorita Steele.
Quero que chegue em casa sã e salva.
Christian
Grey
CEO,
Grey Participações e Empreendimentos Inc.
De:
Anastásia Steele
Data: 3
de junho de 2011 13:10 EST
Para:
Christian Grey
Assunto:
Desculpas aceitas
Estão fechando as portas. Você não vai
ouvir o bip das minhas mensagens, ainda mais com a sua surdez.
Até mais tarde.
Ana x
Desligo o Black-Berry, incapaz de me
liberar da angústia. Acontecia alguma coisa com Christian. Para que "o
problema" tenha escapado de suas mãos. Encosto no assento, olhando o
compartimento do bagageiro onde guardei minhas bolsas. Está manhã, com a ajuda
de minha mãe, comprei para Christian um pequeno presente para lhe agradecer as
viagens de primeira classe e os voos de planador. Sorrio ao lembrar da
experiência do planador... Um autêntico gozador. Ainda não sei se darei a ele o
brinquedo que comprei. Agora me parece infantil; ou, se estiver de humor
estranho, talvez não.
Uma parte de mim esta desejando voltar, mas
outra teme o que me espera no final da viagem. Enquanto repasso mentalmente as
distintas possibilidades a respeito de qual pode ser "o problema",
tenho em conta que, uma vez mais, o único lugar livre é o que está a meu lado.
Meneio a cabeça ao pensar que possivelmente Christian pagou pela parte
conjugada para que ela não falasse com ninguém. Descarto a ideia absurda:
Pensando que não poderia haver ninguém tão controlador, tão ciumento. Quando o
avião entra em pista, fecho os olhos.
Oito horas depois, saio do terminal de
chegada de Sa-tac e encontro Taylor me esperando, segurando um letreiro que diz
SENHORITA A. STEELE.
Que exagero! Mas me alegro ao vê-lo.
— Olá, Taylor!
— Senhorita Steele, me saúda com formalidade, mas detecto um traço
risonho em seus intensos olhos marrons.
Tão impecável como sempre: num elegante
traje cinza escuro, camisa branca e gravata também cinza.
— Já te conheço, Taylor, não precisava de cartaz. Além disso,
agradeceria se me chamasse de Ana.
— Ana. Permita que eu leve sua bagagem?
— Não, eu mesma posso levar. Obrigada.
Apertou os lábios visivelmente.
— Mas se você ficar mais tranquilo levando-a... pegue-a.
— Obrigado. Ele pega a mochila e a mala recém comprada que minha
mãe me deu de presente. Por aqui, senhora.
Suspiro. É tão educado... Recordo de algo
que queria apagar da minha memória, que este homem comprou roupas intimas para
mim. De fato e isso me inquieta, foi o único homem que me comprou roupa
intimas. Nem sequer Ray teve que passar por esse apuro. Caminhamos em silencio
até o Audi SUV negro que esperava lá fora, no estacionamento do aeroporto, ele
abre a porta para mim. Enquanto subo, me pergunto se foi uma boa ideia ter
colocado uma saia tão curta na minha volta a Seattle. Na Geórgia me parecia
elegante e apropriada; aqui me sinto nua. Assim que Taylor colocou minha
bagagem no porta-malas, saímos para o Escala.
Avançamos devagar, apanhados pela hora do
rush o tráfego era intenso. Taylor não tirava os olhos da estrada. Descrevê-lo
como taciturno seria muito pouco.
Não suportando mais o silêncio.
— Como vai Christian, Taylor?
— O senhor Grey está preocupado, senhorita Steele.
Sim, deve estar se referindo ao
"problema". Achei uma fonte de ouro.
— Preocupado?
— Sim, senhora.
Olho carrancuda para Taylor e ele me
devolve o olhar pelo retrovisor; nossos olhos se encontram. Não vai me contar
mais. Droga, é tão fechado quanto o controlador obsessivo.
— Ele está bem?
— Acredito que sim, senhora.
— Se sente mais cômodo me chamando de senhorita Steele?
— Sim, senhora.
— Ah, bem.
Isso acaba por completo com a nossa
conversa, assim seguimos em silêncio. Começo a pensar no recente deslize de
Taylor, quando me disse que Christian estava de mau humor, foi uma distração.
Ou melhor se envergonhava de ter comentado, ele se preocupava por ter sido desleal.
O silêncio me deixava asfixiada.
— Poderia pôr música, por favor?
— Certamente, senhora. O que gosta de ouvir?
— Algo relaxante.
— Algo relaxante.
Vejo desenhar um sorriso nos lábios do
Taylor quando nossos olhares voltam a se cruzar brevemente no retrovisor.
— Sim, senhora.
Aperta uns botões no painel e os suaves
acordes do Canon do Pachelbel inundam o espaço que nos separa. OH, sim... era isso que me estava fazendo falta.
— Obrigada.
Encosto-me no assento enquanto entramos em
Seattle, a um ritmo lento mas constante, pela interestadual 5.
Vinte e cinco minutos depois, estamos na
frente da impressionante fachada do Escala.
— Vamos senhora — me diz, abrindo a porta. — Agora vou subir a bagagem.
Sua expressão era calma, cálida, afetuosa
inclusive, como um tio querido.
Isso... Tio Taylor, boa ideia.
— Obrigada por ir me buscar.
— Um prazer, senhorita Steele.
Sorri, e eu entro no edifício. O porteiro
me saúda com a cabeça e com a mão.
Enquanto subo para o trigésimo andar, sinto
milhares de borboletas batendo suas asas e voando pelo meu estômago. Por que estou tão nervosa? Sei que é
porque não tenho nem ideia de como esta o humor de Christian quando eu chegar. Minha
deusa interior estava confiante para um tipo especifico de humor; meu
subconsciente, como eu, parece um monte de nervos.
Abrem-se as portas do elevador e me
encontro no vestíbulo. Parece-me tão estranho que Taylor não me receba. Está
estacionando o carro, claro. No salão, vejo Christian falando no Black-Berry
enquanto contempla a cidade de Seattle pela janela. Usa um traje cinza com o
casaco desabotoado e está passando a mão pelo cabelo. Está inquieto, tenso
inclusive. O que esta acontecendo? Inquieto ou não, é sempre um prazer olhá-lo.
Como pode ser tão... irresistível?
— Nem um pouco... como... Sim.
Virou-se, e me vê, e sua atitude muda por
completo. Passa da tensão ao alívio e logo a outra coisa: um olhar que chama a
atenção diretamente da minha deusa interior, um olhar de sensual a carnal, em
seus ardentes olhos cinza.
Minha boca seca e o desejo renasce dentro
de mim ... ui.
—
Me mantenha informado — ele fala decidido e autoritário enquanto
avança com passos decididos para mim.
Espero paralisada que cubra a distância que
nos separa, me devorando com o olhar. Minha nossa, algo esta acontecendo... A
tensão de sua mandíbula, a angústia de seus olhos. Tira seu casaco, a gravata
e, pelo caminho, os joga no sofá. Logo me envolve com seus braços e me aperta
contra seu corpo, com força, rápido, me agarrando pelos ombros para levantar
minha cabeça, e me beija como se desse a vida por isso.
Que diabos esta acontecendo aqui? Tira com
violência o prendedor do meu cabelo, mas pouco me importa. Sua forma de me
beijar me parece primária e desesperada. Por isso será que, neste momento me
necessita tanto? Eu jamais me senti tão desejada. Parece escuro, sensual,
alarmante, tudo de uma vez só. Devolvo o beijo com igual ardor, afundando os
dedos em seus cabelos, retorcendo-os Nossas línguas se entrelaçam, a paixão e o
ardor resplandece entre nós. Divino, ardente, sexy, e seu cheiro de gel de
banho e de Christian me excitam muito. Separa sua boca da minha e fica me
olhando, me prende em uma emoção inefável.
— O que aconteceu? — pergunto.
— Alegra-me muito que tenha voltado. Tome banho comigo. Agora.
Não sei se me pede isso ou me ordena isso.
— Sim — sussurro e, me agarrando pela mão, me tira
do salão e me leva a seu dormitório, ao banheiro.
Uma vez lá, me solta e abre a torneira da
banheira super espaçosa. Vira devagar e me olhe, excitado.
— Eu gosto de sua saia. É muito curta — diz com voz grave. —Tem pernas
lindas.
Tira os sapatos e se abaixa para tirar
também as meias três quartos, sem afastar os olhos de mim. Seu olhar voraz me
deixa muda. Uau, eu desejo tanto este deus grego... Imito-o e tiro as
sapatilhas negras. De repente, me agarra e me empurra contra a parede. Beija-me
no rosto, o pescoço, os lábios... Agarra-me os cabelos.
Sinto os azulejos frios e suaves nas minhas
costas quando se aproxima tanto de mim que me deixa emparedada entre seu calor
e a fria porcelana. Timidamente, me prendo em seus braços e ele grunhe quando
aperto com força.
—
Quero fazer isso agora. Aqui, rápido, duro — Diz, e põe as
mãos nas minhas coxas e sobe a saia. Ainda está menstruada?
— Não — respondo me ruborizando.
— Bom.
Desliza os dedos pelas calcinhas brancas de
algodão e, de repente, se agacha para arrancá-la de uma vez só. Tenho a saia
totalmente levantada e enrugada, dessa forma estou nua da cintura para baixo,
ofegando, excitada. Agarra-me pelos quadris, me empurrando de novo contra a
parede, e me beija no ponto onde se encontram minhas pernas. Agarrando-me pela
parte superior de ambas as coxas, separa as minhas pernas. Grito com força ao
notar que sua língua acaricia meu clitóris. Deus... Jogo a cabeça para trás sem
querer e gemo, me agarrando a seu cabelo.
Sua língua é desumana, forte e persistente,
me melando, dando voltas e voltas sem parar. É delicioso e a sensação é tão
intensa que quase é dolorosa. Começa a acelerar; então, para. O que? Não! Ofego
com a respiração entrecortada, e o olho impaciente. Pega meu rosto com ambas as
mãos, me segura com firmeza e me beija com violência, colocando a língua na
minha boca para que eu saboreie minha própria excitação. Logo abaixa sua cueca
e libera sua ereção, me agarra pelas coxas por trás e me levanta.
— Enrosca as pernas em minha cintura, bebê —
me ordena, tremendo, tenso.
Faço o que me diz e me penduro nele, e ele,
com um movimento rápido e resolvido, me penetra até o fundo.
—
Ah! — Gemo, grito. Agarra minha bunda, cravando os dedos na suave
carne, e começa a se mover, devagar no começo, com um ritmo fixo, mas, assim
que perde o controle, acelera, cada vez mais.
—
Ahhh! — Jogo a cabeça para trás e me concentro nessas sensações
invasoras, castigadoramente celestiais, que me empurra e me empurra para
frente, cada vez mais alto e, quando já não posso mais aguentar, estralo ao
redor de seu membro, entrando na espiral de um orgasmo intenso e devorador. Ele
se deixa levar com um gemido profundo e afunda a cabeça em meu pescoço e afunda
seu membro ainda mais em mim, grunhindo escandalosamente enquanto se deixa ir.
Logo que pode respirar, me beija com
ternura, sem se mover, sem sair de mim, e eu o olho sentindo saudades, sem
chegar a vê-lo. Quando por fim consigo olhá-lo, se retira devagar e me levanta
com força para que possa pôr os pés no chão. O banheiro está cheio de vapor e
faz muito calor. Estou com roupas de mais.
— Parece que você ficou alegre ao me ver, — murmuro com um sorriso tímido.
Contrai a boca, risonho.
— Sim, senhorita Steele, acredito que minha alegria é mais do que
evidente. Veem, deixa que te leve a banheira.
Desabotoa os três botões seguinte camisa,
solta os punhos, tira a camisa pela cabeça e a joga no chão. Logo tira as
calças do traje e a boxer de algodão e os joga com o pé. Começa a desabotoar os
botões da minha blusa branca enquanto o observo; anseio poder tocar seu peito,
mas me contenho.
— Como foi sua viagem? — Pergunta calmo.
Parece muito mais tranquilo agora que
desapareceu sua inquietação, ela se dissolveu em nossa transa.
— Bem, obrigada — murmuro, ainda sem fôlego. —
Obrigada outra vez pelas passagens. É muito mais agradável viajar de primeira
classe. — Sorrio para ele timidamente. — Tenho algo pra
te contar acrescento nervosa.
— Sério?
Olha-me enquanto desabotoava o último
botão, deslizou a blusa pelos braços e a atirou com o resto da roupa.
— Consegui um trabalho.
Ele ficou imóvel, logo sorri com ternura.
— Parabéns, senhorita Steele. Vai me dizer aonde agora?
Provoca-me.
— Não sabe?
Nega com a cabeça, carrancudo.
— Por que deveria saber?
— Dada a sua tendência de perseguição, pensei que saberia...
Encolho-me ao ver que a expressão dele
muda.
— Anastásia, jamais me ocorreria interferir em sua carreira
profissional, salvo que me pedir isso, claro.
Parecia ofendido.
— Então, não tem nem ideia de que editora é?
— Não. Sei que há quatro editoras em Seattle, assim imagino que é
uma dessas.
— SIP.
— Ah, a mais pequena, bem. Muito bem. Inclina-se e me beija a
frente. Esta pronta? Quando começa?
— Na segunda-feira.
— Tão logo, não? Mais é certo que desfrute de ti enquanto posso.
Vire-se.
Desconcerta-me a naturalidade que me
ordena, mas faço o que me diz, e ele desabotoa o meu prendedor e abaixa a barra
da saia. Abaixa-me e aproveita para me agarrar o traseiro e me beijar o ombro.
Inclina-se sobre mim e me cheira os cabelos, inspirando fundo. Aperta minha
bunda.
— Embriaga-me, senhorita Steele, e me acalma. Uma mistura
interessante.
Beija-me meu cabelo. Logo me pega pela mão
e me enfia na ducha.
— Ai.
A água está visivelmente fervendo.
Christian sorri enquanto a água cai por cima dele.
— Esta um pouquinho quente.
E, no fundo, tem razão. Sinto as maravilhas
de tirar de cima de mim o suor da calorosa Georgia e o do sexo que acabamos de
fazer.
— Vire-se — me ordena, e eu obedeço e me ponho de cara
para a parede. Quero te lavar — murmura.
Pega o gel e joga um pouco na mão.
— Tenho algo para te contar — sussurro
enquanto me ensaboa os ombros.
— Ah, é? Diga.
Respiro fundo e me armo de coragem.
— A exposição fotográfica do meu amigo José será inaugurada na
quinta-feira em Portland.
Suas mãos param e ficam suspensas sobre
meus seios. Dei ênfase em especial à palavra "amigo".
— Sim, e o que acontece? — Pergunta muito
sério.
— Disse a ele que iria. Quer vir comigo?
Depois do que me pareceu uma eternidade,
pouco a pouco começa a me lavar outra vez.
— A que horas?
— A que horas?
— A inauguração é às sete e meia.
Beija-me a orelha.
— Certo.
Em meu interior, meu subconsciente relaxa,
desaba e cai pesadamente no velho e maltratado cérebro.
— Estava nervosa porque tinha que me perguntar isso?
— Sim. Como sabe?
— Anastásia, acaba de relaxar o corpo inteiro —
diz seco.
—
Bom, parece que você é... um pouco ciumento.
— Sou sim, — diz ameaçador. —
E te fará bem em lembrar. Mas obrigado por perguntar. Iremos no Charlie Tango.
Ah, no helicóptero, claro... Estou boba...
Outro vôo... imagino! Sorrio.
— Posso te lavar? — pergunto.
— Parece que não — murmura, e me beija brandamente e me viro
para recuperar a dor da negativa.
Faço companhia à parede enquanto ele
acaricia as minhas costas com sabão.
—
Me deixará te tocar algum dia? — Pergunto audazmente.
Voltou a parar, a mão cravada em meu
traseiro.
— Apoie as mãos na parede, Anastásia. Vou te penetrar outra vez — sussurra ao ouvido me agarrando pelos quadris, e sei que a
discussão terminou.
Mais tarde, estamos sentados na cozinha, eu
de penhoar, depois de nós termos comido a deliciosa massa Alle Vongole da
senhora Jones.
— Mais vinho? — pergunta Christian com um brilho em seus
olhos cinzas.
— Um pouquinho, por favor.
O Sancerre é revigorante e delicioso.
Christian me serve e logo se serve também.
— Como vai o "problema" que te trouxe para Seattle? — pergunto timidamente.
Franziu o cenho.
— Fora de controle — fala com
amargura. Mas você não se preocupe com isso, Anastásia. Tenho planos para ti
esta noite.
— Ah, é?
— Sim. Quero você no quarto de jogos dentro de quinze minutos.
Levanta-se e me olha.
— Pode se preparar em seu quarto. O guarda roupas agora está cheio
de roupa para ti. Não admito discussão a respeito.
Espremendo os olhos, me desafiando para
dizer qualquer coisa. Ao ver que não o faço, vai com passo rápidos a seu
escritório.
Eu! Discutir? Contigo, Cinquenta Sombras? Pelo bem de meu traseiro, não. Fico
sentada no banco, momentaneamente estupefata, tentando digerir esta última
informação. Comprou roupas para mim. Olho o nada de forma exagerada, sabendo
bem que não posso reclamar. Carro, móveis, motorista, roupas... Qual seria o
próximo: um maldito apartamento, e então já serei sua querida em todas as regras.
Jesus!
Meu subconsciente está em estado crítico. Ignoro e subo a meu quarto. Porque
sigo tendo meu quarto. Por quê?
Pensei que tinha mudado ao deixar dormir com ele. Suponho que não está
acostumado a dividir seu espaço pessoal, claro que eu tampouco. Consola-me a
ideia de ter ao menos um lugar onde posso me esconder dele.
Ao examinar a porta de minha habitação,
descubro que tem fechadura, mas não chave. Digo a mim mesma que possivelmente a
senhora Jones tenha uma cópia. Perguntarei a ela. Abro a porta do guarda roupas
e volto a fechar rapidamente. Puta merda...
gastou uma fortuna. Lembrei de Kate, com toda essa roupa perfeitamente
alinhada e pendurada nas barras. No fundo, sei que tudo vai ficar bem, mas não
tenho tempo para isso agora: esta noite tenho que ir até o quarto vermelho
da... dor... ou do prazer, espero.
Estou só de calcinhas, encostada junto à
porta. Tenho o coração na boca. Minha nossa, pensava que com o sexo no banho
teria tido o bastante. Este homem é insaciável, ou possivelmente todos os homens
o sejam. Não sei, não tenho com quem comparar. Fecho os olhos e procuro me
acalmar, conectar com tudo que há em meu interior. Por lá, em alguma parte,
escondida atrás da deusa que levo dentro de mim.
A
espera faz borbulhar meu sangue pelas veias como um refresco efervescente. O
que ele irá fazer comigo? Respiro fundo, devagar, mas não posso negar: estou
nervosa, excitada e já estou molhada. Isto é tão... Quero pensar que é errado, mas de algum modo sei que não é
assim. É certo com Christian. É o que ele quer e, depois destes últimos dias...
depois de tudo o que tem feito, tenho que lhe dar valor e aceitar o que me diz
que precisa, seja o que for.
Lembro seu olhar quando cheguei hoje, sua
expressão ofegante, a forma resolvida que se dirigiu para mim, como se eu fosse
um oásis no deserto.
Faria quase tudo para voltar a ver essa
expressão. Aperto as coxas de prazer ao pensar nele, e isso me recorda que devo
separar as pernas. Faço.
Quanto me fará esperar? A espera me está
matando, me mata de desejo turvo e provocante. Dou uma olhada no quarto que
esta iluminado: a cruz, a mesa, o sofá, o banco... a cama. Vejo-a imensa, e
está coberta com lençóis vermelhos de cetim. Que objeto usará hoje?
A porta se abre e Christian entra como um
sopro, me ignorando por completo. Abaixo a cabeça em seguida, olho as minhas
mãos e separo com cuidado as pernas. Christian deixa algo sobre a enorme cômoda
que existe junto à porta e se aproxima devagar na cama. Permito-me olhá-lo por
um instante e quase para meu coração. Esta descalço, com o torso descoberto e
com um desses jeans gastos com o botão superior desabotoado. Deus, está tão gotoso... Meu
subconsciente se abana com desespero e a minha deusa interior se balança e
convulsiona com um primitivo ritmo carnal. Vejo que esta muito disposta.
Umedeço os lábios instintivamente. O sangue corre mais rápido por todo o meu
corpo, densa e carregada de luxuria. O
que vai fazer comigo?
Dá meia volta e se dirige tranquilamente
até a cômoda. Abre uma das gavetas e começa a tirar coisas e às colocar em
cima. Minha curiosidade me mata, mas resisto à imperiosa necessidade de dar uma
olhada. Quando termina o que está fazendo, se coloca diante de mim. Vejo seus
pés descalços e quero beijar até o último centímetro deles, passar a língua
pela pele, chupar cada um dos seus dedos.
— Está linda, — diz.
Mantenho a cabeça abaixada, consciente de
seu olhar fixo e de que estou visivelmente nua. Noto que o rubor se estende
devagar pela face. Inclina-se e pega meu queixo, me obrigando a olhar para ele.
— É uma mulher linda, Anastásia. E é toda minha — murmura. Levanta-te — ordena em voz
baixa, transbordando de promessas sensuais.
Tremendo, fico de pé.
— Olhe para mim, — diz, e elevo meus olhos a seus olhos
ardentes.
É seu olhar de amo: frio, duro e sexy, com
sombras de pecado inimaginável em um só olhar provocador. Seca minha boca e sei
em seguida que vou fazer o que me pedir. Um sorriso quase cruel se desenha em
seus lábios.
— Não assinamos o contrato, Anastásia, mas já falamos sobre os
limites. Além disso, recordo que temos as palavras de segurança, certo?
Minha Nossa...
o que terá planejado para que eu vá precisar das palavras de segurança?
— Quais são? — Pergunta de maneira autoritária.
Franzo um pouco o cenho para ouvir a
pergunta e seu gesto se endurece visivelmente.
— Quais são as palavras de segurança, Anastásia? — Diz muito devagar.
— Amarelo, — murmuro.
— E? — insiste, apertando os lábios.
— Vermelho, — digo.
— Não as esqueça.
E não posso evitar... arqueio uma
sobrancelha e estou a ponto de recordar
a ele minha nota media, mas o repentino olhar gélido e cinzento me detém em
seco.
— Cuidado com essa boquinha, senhorita Steele, se não quer que a
corte em rodelas. Entendido?
Trago saliva instintivamente. Certo. Pisco muito rápida, arrependida.
Na realidade, me intimida mais seu tom de voz que a ameaça em si.
— E bem?
— Sim, senhor — falo atropeladamente.
— Boa garota. — Fez uma pausa e me olha. — Não é que vai precisar das palavras de segurança porque vai doer
em você, mas sim por que o que vou fazer vai ser intenso, muito intenso, e
preciso que me guie. Entendido?
Na verdade não. Intenso? Uau.
— Isso é sobre tato, Anastásia. Não vais poder reclamar nem me ouvir, mas
poderá me sentir.
Franzindo o cenho. Não vou te ouvir? E como isso vai funcionar? Se vira. Em cima da cômoda há uma caixa
brilhosa plana de cor preta. Quando passou a mão por cima, a caixa se dividiu
em dois, abrindo duas portas e ficou à vista um Cd player com um monte de
botões. Christian aperta vários em sequência. Não acontece nada, mas ele parece
satisfeito. Eu estou desconcertada. Quando se vira de novo para me olhar, vejo
aquele seu sorrisinho de "Tenho um segredo".
— Vou te amarrar na cama, Anastásia, mas primeiro vou vendar seus
olhos e não vai poder me ouvir. Colocou o iPod que levava nas mãos. A única
coisa que vai ouvir é a música que vou pôr para você.
Certo. Um interlúdio musical. Não é
precisamente o que esperava. Alguma vez fez o que eu esperava?
Deus, espero que não seja rap.
— Vem.
Pega-me pela mão e me leva a antiga cama de
dossel. Há correntes nos quatro cantos: uns cadeados metálicos e finos com
pulseiras de couro brilhando sobre o cetim vermelho.
Uf, meu coração vai sair do peito. Derreto
de dentro para fora; o desejo percorre o meu corpo inteiro. Poderia eu estar
mais excitada?
— Fique aqui de pé.
Estou olhando para a cama. Inclina-se para
frente e me sussurra ao ouvido:
— Espera aqui. Não tire os olhos da cama. Imagine-se aí deitada, amarrada e
completamente a minha mercê.
Minha Nossa.
Ele se afasta por um momento e o ouço pegar
algo perto da porta. Tenho todos os sentidos hiper-alertas; a audição a mais
aguçada. Pegando algo do rack de chicotes e palmatórias que estavam junto à
porta. Minha nossa. O que vai fazer
comigo?
Noto que ele esta nas minhas costas.
Pega-me pelos meus cabelos, faz um montinho e começa a trançar eles.
—
Embora eu goste de suas trancinhas, Anastásia, estou impaciente para te ter,
você vai ter que se conforma só com uma, — diz com voz
grave e suave.
Roça as minhas costas de vez em quando com
seus dedos hábeis enquanto me faz a trança, e cada carícia acidental é como uma
doce descarga elétrica em minha pele.
Ele prende o final com um elástico de cabelo,
então delicadamente puxa a trança de forma que me vejo obrigada a me inclinar
para seu corpo. Puxa de novo, desta vez para um lado, e eu inclino a cabeça e
lhe dou acesso a meu pescoço. Inclina-se e me enche de pequenos beijos,
percorrendo a base da orelha até o ombro com os dentes e a língua. Cantarola em
voz baixa enquanto o faz e o som ressona em mim por dentro. Justo lá... lá
embaixo, em minhas vísceras. Gemo brandamente sem poder evitar.
— Bom, — diz respirando contra minha pele.
Levanta as mãos diante de mim; seus braços
acariciam os meus. Na mão direita leva um chicote de tiras. Lembro-me de minha
primeira visita a este quarto.
— Toque-o, — sussurra, e me soa como o próprio diabo.
Meu corpo se incendeia em resposta.
Timidamente, abro os braço e roço as largas franjas do chicote. Tem muitas
faixas largas, todas suave e com pequenas contas nas pontas.
— Vou usar ele. Não vai doer, mas fará que corra o sangue pela
superfície da pele e fique sensível.
Oh, ele diz que não vai doer.
— Quais são as palavras de segurança, Anastásia?
— Tá... "amarelo" e "vermelho", senhor — sussurro.
— Boa garota.
Deixou o chicote sobre a cama e põe as mãos
na minha cintura.
— Não vai precisar, sussurra.
Então pega minha calcinha e a baixa de uma
vez só. As tiro pelos pés torpemente, me apoiando no poste da cama.
— Fique quieta — ordena, logo me beija o traseiro e me dá
dois beliscões; Fico tensa. Deite-se de barriga para cima acrescenta, me dando
uma palmada forte no traseiro que me faz pular.
Apresso-me a subir ao colchão duro e rígido
e me deito, olhando Christian. Sinto na pele o cetim suave e frio do lençol.
Vejo-o impassível, salvo pelo olhar: em seus olhos brilha uma emoção contida.
— As mãos por cima da cabeça— ordena, e eu
obedeço.
Deus... meu corpo está sedento dele. Já o
desejo.
—
Vire-se, — e pelo canto do olho, vejo ele se dirigir de novo à cômoda e
voltar com o iPod e o que parece uma máscara para dormir, similar ao que usei
em meu voo a Atlanta. Ao lembrar, me da vontade de rir, mas não consigo que
meus lábios respondam. A impaciência me consome. Sei que meu rosto está
completamente imóvel e que o olho com os olhos arregalados.
Sentou na borda da cama e coloca em mim o
iPod. Tem conectados uns pontos auriculares e tem uma estranha antena. Que
estranho... Carrancuda, tento averiguar para que serve.
— Isto vai transmitir ao iPod o que quero que você ouça —
diz, dando umas batidinhas na pequena antena e respondendo assim a minha
pergunta não formulada. — Eu vou ouvir o mesmo que você, e tenho um
comando a distancia para controlar.
Dizia seu habitual sorriso de "Eu sei
de algo que você não sabe" e me mostra um pequeno dispositivo plano que
parece uma calculadora muito moderna. Inclina-se sobre mim, coloca com cuidado
os pontos auriculares nos ouvidos e deixa o iPod sobre a cama por cima de minha
cabeça.
— Levanta a cabeça, — ordena, e o
faço imediatamente.
Devagar, põe e mim a máscara, passando o
elástico pela nuca. Já não vejo. O elástico da máscara segura os pontos
auriculares. Ouço ele levantar da cama, mas o som é apagado. Ensurdece-me minha
própria respiração, entrecortada e errática, reflexo de meu nervosismo.
Christian me agarra pelo braço esquerdo, estica-o com cuidado até o canto
esquerdo da cama e me prende na pulseira de couro. Quando termina, acaricia-me
o braço inteiro com seus largos dedos. OH!
A carícia me produz uma deliciosa sensação entre o calafrio e cosquinhas.
Ouço-o circular a cama devagar até o outro lado, onde pega meu braço direito
para me prender. De novo passeia seus dedos largos por ele. Minha nossa, estou a ponto de estalar.
Por que isso é tão erótico? Vão ate os pés da cama e pega ambos os tornozelos.
— Levanta a cabeça — outra vez e ordena.
Obedeço, e me puxa de forma que os braços
ficam completamente esticados e quase suspensos pelas pulseiras. Deus... não
posso mover os braços.
Um calafrio de inquietação misturado com
uma tentadora excitação percorre meu corpo inteiro e me põe ainda mais molhada.
Grunhi. Separando as pernas, prende primeiro o tornozelo direito e logo o
esquerdo, de modo que fico bem preso, de braços e pernas abertas, e
completamente a sua mercê. Desconcerta-me não poder vê-lo. Escuto com
atenção... o que faz? Não ouço nada, apenas a minha respiração e os fortes
batimentos do meu coração, que bombeia o sangue com fúria contra meus tímpanos.
De repente, um suave assobio do iPod
aparece. Desde dentro de minha cabeça, uma voz angelical canta sem
acompanhamento uma nota longa e doce, a que se une imediatamente outra voz e
logo mais, minha nossa, um coro celestial, cantando a capela de um hinário
antigo. Como se chama isto? Jamais ouvi nada semelhante. Algo quase
insuportavelmente suave passeia por meu pescoço, deslizando devagar pela
clavícula, pelos peitos, me acariciando, me endurecendo os mamilos... é muito
suave, inesperado. Isso é pelo!
Uma luva de pelos?
Christian passeia a mão, sem pressa e
deliberadamente, por meu ventre, riscando círculos ao redor de meu umbigo, logo
depois de quadril a quadril, e eu trato de adivinhar aonde irá depois, mas a
música metida em minha cabeça me transporta. Segue a linha dos meus pelos
pubianos, passa entre minhas pernas, por minhas coxas; desce por um, sobe pelo
outro, e quase me faz cosquinhas. Unem-se mais vozes ao coro celestial, cada
uma com fragmentos distintos, se fundindo gostoso e docemente em uma melodia
mais harmoniosa que eu tenha ouvido antes. Eu pego uma palavra "Deus"- e me dou conta de que cantam
em latim.
A luva de pelos segue me baixando pelos
braços, me acariciando a cintura, subindo de novo pelos peitos. Seu roce me
endurece os mamilos e ofego, me perguntando aonde irá sua mão depois. De
repente, a luva de pelos desaparece e noto que as faixas do chicote de tiras
fluem por minha pele, seguindo o mesmo caminho que a luva, e me resulta muito
difícil me concentrar com a música que soa em minha cabeça: é como um tilintar
de vozes cantando, tecendo uma tapeçaria etérea de ouro e prata, delicioso e
sedoso, que se mistura com o tato do suave em minha pele, me percorrendo... minha nossa. Subitamente, desaparece.
Logo, de repente, uma chicotada seca no ventre.
— Aaaggghhh! —grito.
Pega-me de surpresa. Não dói exatamente;
mas bem me produz um forte formigamento por todo o corpo. E então volta a me
açoitar. Mais forte.
— Aaahhh!
— Aaahhh!
Quero me mover, me retorcer, escapar, ou
desfrutar de cada golpe, não sei... acaba sendo tão irresistível... Não posso
mexer os braços, tenho as pernas presas, estou bem presa. Volta a me açoitar,
desta vez nos peitos. Grito. É uma doce agonia, suportável... prazerosa; não,
não de forma imediata, mas, com cada novo golpe, minha pele canta em perfeito
ritmo com a música que soa na cabeça, e me vejo arrastada a uma parte muito
escuro de minha psique que se rende a esta sensação tão erótica. Sim... já entendi. Açoita-me no quadril,
logo sobe com golpes rápidos pelo pelos pubiano, segue pelas coxas, pela parte
interna, sobe de novo, pelos quadris. Continua enquanto a música alcança um
clímax e então, de repente, para de soar. E ele também para. Logo começa o
canto outra vez, vai crescendo, e ele me orvalha de golpes e eu grito e me
retorço. De novo para, e não se ouve nada, salvo minha respiração entrecortada
e meus ofegos descontrolados. Não... o que acontece? O que vai fazer agora? A
excitação é quase insuportável. Entrei em uma zona muito escura, muito carnal.
Noto
que a cama se move e que ele se coloca por cima de mim, e o hino volta a
começar. Será que ele vai repetir tudo. Desta vez são seu nariz e seus lábios
os que me acariciam... passeiam por meu pescoço e minha clavícula, me beijando,
me chupando... descendo para meus peitos... Ah!
Sai de um mamilo para o outro, passeando a língua ao redor de um enquanto belisca
sem piedade o outro com os dedos... Gemo, muito forte, acredito, embora não
ouço. Estou perdida, perdida nele... perdida nessas vozes astrais e
angélicos... perdida em todas estas sensações das que não posso escapar...
completamente a mercê de suas peritas mãos.
Descende até o ventre, riscando círculos com a
língua ao redor do umbigo, seguindo o caminho do chicote e da luva. Gemo.
Beija-Me, me chupa, me mordisca... segue abaixo... e de repente tenho sua
língua ali, no clitóris. Jogo a cabeça para trás e grito, a ponto de desmaiar,
a beira do orgasmo... E então ele para.
Não! A cama se move e Christian se ajeita
entre minhas pernas. Inclina-se para um
poste e, de repente, a corrente do tornozelo desaparece. Subo a perna até o
centro da cama, a apoio contra ele. inclina-se para o outro lado e liberta a
outra perna. Esfrega ambas as pernas, as espremendo, as massageando, as
reavivando.
Logo
me pega pelos quadris e me levanta de forma que já não tenho as costas
encostadas na cama; estou arqueada e apoiada só nos ombros. O que? Coloca-se entre minhas pernas... e com uma rápida e
certeira investida me penetra... OH,
Deus... e volto a gritar. Iniciam as convulsões de meu orgasmo iminente, e
então para. Cessam as convulsões... OH, não... vai continuar me torturando.
— Por favor! choramingo.
Pega em mim com mais força... para me
advertir? Não sei. Crava os dedos no meu traseiro enquanto eu ofego, assim me
manda ficar quieta. Muito lentamente, começa a se mexer outra vez: sai,
entra... angustiantemente devagar. Minha
nossa... por favor! Grito por dentro e, conforme aumenta o número de vozes
do coral, vai aumentando ele seu ritmo, de forma infinitamente controlada,
completamente ao som da música. Já não aguento mais.
— Por favor — suplico a ele, e com um só movimento
rápido volta a me deixar na cama e se deita sobre mim, com as mãos nos lados de
meus seios, aguentando seu próprio peso, e empurra.
Quando a música chega a seu clímax, me
precipito... Em queda livre... ao orgasmo mais intenso e angustiante que jamais
tive, e Christian me segue, investindo forte três vezes mais... até que
finalmente fica imóvel e cai sobre mim.
Quando recupera a consciência e volta de
qualquer lugar que tenha estado, Christian sai de mim. A música cessou e noto
como ele se estira sobre meu corpo para soltar a pulseira direita. Grunhi ao
sentir por fim a mão livre. Em seguida solta a outra, retira com cuidado a
máscara de meus olhos e tira os pontos auriculares dos ouvidos. Pisco à luz
tênue do quarto e levanto os olhos para seu intenso olhar de olhos cinzas.
— Olá, — murmura.
— Olá, respondo timidamente.
Em
seus lábios se desenha um sorriso. Inclina-se e me beija brandamente.
— Muito bem, — sussurra. — Vire-se.
Minha Nossa...
o que me vai fazer agora? Seu olhar se enternece.
— Só vou te dar uma massagem nos ombros.
— Ah, certo.
Viro, tensa, de barriga para baixo. Estou
exausta. Christian se senta escarranchado sobre minha cintura e começa a
massagear meus ombros. Gemo forte; tem uns dedos fortes e experientes.
Inclina-se e beija minha cabeça.
— Que música era essa? — Consigo
balbuciar.
— É o coral a quarenta vozes de Thomas Talis, titulado Spem in
alium.
— Foi... impressionante.
— Sempre quis fazer ao ritmo dessa peça.
— Não me diga que também foi a sua primeira vez?
— Com certeza, senhorita Steele.
Volto a gemer enquanto seus dedos fazem sua
magia em meus ombros.
— Bom, também é a primeira vez que eu transo com essa música, — murmuro sonolenta.
— Mmm... você e eu estamos estreando juntos em muitas coisas, — diz com total naturalidade.
— O que te hei dito em sonhos, Chris... err... senhor?
Interrompe um momento a massagem.
— Disse-me um montão de coisas, Anastásia. Falou de jaulas e
morangos, me disse que queria mais e que sentia minha falta.
Ah, graças a Deus.
— Só isso? — Pergunto com evidente alívio.
Christian conclui sua esplêndida massagem e
se deita a meu lado, fincando o cotovelo na cama para levantar a cabeça.
Olha-me carrancudo.
— O que pensava que tinha dito?
OH, merda.
— Que eu tinha dito que você era feio e arrogante, e que era um
desastre na cama.
Franzido ainda mais o cenho
— Certo, está claro que tudo isso é verdade, mas agora me deixou
intrigado de verdade. O que é o que me esconde, senhorita Steele?
Pisco com ar inocente.
— Não te escondo nada.
— Anastásia, — lembra.
— Pensava que fosse me fazer rir depois do sexo.
— Pois por aí vamos mal. — Esboça um
sorriso. — Não sei contar piadas.
— Senhor Grey! Ha alguma coisa que não sabe fazer? — Digo sorrindo, e ele me sorri também.
— Não, aparentemente contar piadas.
Adota um ar tão digno que me faz rir.
— Eu também não os conto.
—Eu
adoro te ouvir rir, — murmura, se inclina e me beija. — Esconde-me alguma coisa, Anastásia? Vou ter que te torturar para
surrupiar isso de você, Sei que algo te preocupa.
Dakota é muito bonito. A verdade é que eu não li o livro, mas eu tive a oportunidade de ver o filme no cinema, e eu diria que em nenhum momento a fita estava animado, eu não produziu qualquer sensação. As cenas eróticas não estão bem desenvolvidos como eles não são todo o público esperado, pode realmente ser divertido, mas apenas por um tempo maior parte do filme é chato. Mas vale a pena conferir! e criar seu próprio julgamento na história.
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