CAPÍTULO 27
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O especialista em segurança de sistemas Mark Zoubianis sempre
se orgulhava da própria
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capacidade de desempenhar múltiplas tarefas. Naquele momento,
estava sentado em seu futon com
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um controle de TV, um telefone sem fio, um laptop, um palm e uma
tigela grande de salgadinhos.
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Com um olho grudado no jogo dos Redskins - que acabara de
colocar no mudo - e outro no laptop,
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Zoubianis falava em seu microfone Bluetooth com uma mulher de
quem não tinha notícias havia um
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ano.
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Só Trish Dunne mesmo para ligar na noite de um play-off.
Confirmando mais uma vez sua
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falta de traquejo social, a ex-colega havia achado que o jogo
dos Redskins era o momento perfeito
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para passar uma cantada em Zoubianis e lhe pedir um favor.
Depois de jogar um pouco de conversa
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fora sobre os velhos tempos e sobre como sentia saudades das
suas ótimas piadas, Trish disse
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finalmente o que queria: estava tentando descobrir um endereço de IP oculto, provavelmente de um
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servidor seguro na área de Washington. O servidor
continha um pequeno documento de texto que ela
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desejava acessar. Se isso não fosse possível, queria informações sobre quem era o dono do arquivo.
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Cara certo, hora errada, ele lhe respondera. Trish então o cobriu de elogios, sendo que a
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maioria era verdade mesmo, e quando Zoubianis se deu conta já estava digitando em seu laptop um
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endereço de IP de aspecto estranho.
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Zoubianis deu uma olhada no número e na mesma hora ficou
apreensivo.
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– Trish, esse IP tem um formato esquisito. Está escrito em um protocolo que ainda
nem está
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disponível para o público. Provavelmente inteligência do governo ou militar.
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– Militar? - Trish riu. - Acredite, eu acabei de acessar um
arquivo editado desse servidor, e ele
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não era militar. - Zoubianis acessou sua janela de terminal e
tentou um traceroute.
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– Você disse que o seu rastreador morreu?
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– Sim. Duas vezes. No mesmo ponto.
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– O meu também. - Ele acessou um programa de
diagnóstico e o inicializou. - E o que esse IP
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tem de tão interessante?
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– Eu executei um delegador que acessou uma ferramenta de busca
nesse IP e encontrou um
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arquivo editado. Preciso ver o resto desse arquivo. Eu não me importaria de pagar por ele,
mas não
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consigo descobrir quem é o proprietário do IP nem como acessá-lo.
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Zoubianis franziu o cenho para o monitor.
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– Tem certeza disso? Estou fazendo um diagnóstico e o código desse firewall parece... Coisa
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– É por isso que você vai ganhar uma bolada.
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Zoubianis pensou um pouco. Era uma fortuna por um trabalho fácil.
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– Só uma pergunta, Trish. Por que você está tão interessada nisso?
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Trish demorou um pouco para responder.
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– Estou fazendo um favor para uma amiga.
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– Deve ser uma amiga especial.
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– É, sim.
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Zoubianis deu uma risadinha e segurou a língua. Eu sabia.
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– Olhe aqui. - Disse Trish, soando impaciente. - Você é bom o suficiente para identificar
esse
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IP oculto? Sim ou não?
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– Sim, eu sou bom o suficiente. E sim, eu sei que estou na palma
da sua mão.
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– Quanto tempo vai levar?
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– Não muito. - Disse ele, digitando enquanto falava. - Devo precisar
de uns 10 minutos mais ou
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menos para entrar em uma das máquinas dessa rede. Quando estiver lá dentro e souber o que estou
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vendo, ligo de volta.
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– Obrigada. E aí, tudo bem com você? - Só agora ela pergunta?
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– Trish, pelo amor de Deus, você me liga em noite de play-off e
agora quer jogar conversa
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fora? Quer que eu entre nesse IP ou não?
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– Obrigada, Mark, fico muito agradecida. Aguardo sua ligação.
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– Quinze minutos. - Zoubianis desligou, pegou a tigela de
salgadinhos e ligou o som da TV.
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