NOVE
EU ENTREI NA MENTE DELA, mais uma vez vendo e diretamente
experimentando o que se
passava ao seu redor.
Ela estava entrando no sótão da capela novamente,
confirmando meus piores receios. Tal
como da última vez, ela não encontrou resistência. Bom
Deus,eu pensei,aquele padre poderia
ser pior quanto a garantir a segurança em sua capela?
O pôr do sol iluminou a janela de vidro colorido, e a
silhueta de Christian foi moldada sobre
ele: ele estava sentado no assento da janela.
“Você está atrasada,”ele disse a ela. “Fiquei esperando um
tempão.”
Lissa puxou uma instável cadeira, tirando o pó dela. “Eu
achei que você estaria preso com a
Diretora Kirova.”
Ele sacudiu a cabeça. "Não chegou a isso. Eles me
suspenderam por uma semana, isso é tudo.
Não que fosse difícil escapar." Ele acenou sua mão ao
redor. “Como você pode ver.”
“Eu estou surpresa que você não tenha pegado mais tempo de
detenção.”
Um raio de luz iluminou seus olhos azul-cristal.
“Decepcionada?”
Ela olhou em choque. “Você botou fogo em alguém!”
“Não, eu não botei. Você viu alguma queimadura nele?”
“Ele estava coberto de chamas.”
“Eu as tinha sob controle. Eu as mantive longe dele.”
Ela suspirou. “Você não devia ter feito aquilo.”
Deixando sua posição relaxada, ele se sentou e inclinou-se
na direção dela. “Eu fiz isso por
você.”
“Você atacou alguém por mim?”
“Claro, ele estava implicando com você e a Rose. Ela estava
fazendo um bom trabalho contra
ele, eu acho, mas eu achei que ela podia usar o apoio. Além
do mais, isso vai calar a boca de
qualquer outra pessoa quanto à coisa da raposa, também.”
"Você não deveria ter feito isso,” ela repetiu,
afastando o olhar. Ela não sabia como se sentir
acerca dessa “generosidade”. “E não aja como se fosse tudo
por mim. Você gostou de fazê-lo.
Parte de você queria – só isso.”
A expressão de orgulho de Christian caiu, sendo substituída
por uma surpresa não
característica. Lissa poderia não ser adivinha, mas tinha a
incrível capacidade de ler as pessoas.
Vendo-o com a guarda baixa, ela continuou. "Atacar
alguém com magia é proibido – e esse é
exatamente o motivo pelo qual você queria fazê-lo. Você se
sentiu excitado com isso.”
“Aquelas regras são estúpidas. Se nós usarmos mágica como
uma arma em vez de somente
para coisas idiotas, os Strigois não iriam matar tantos de
nós.”
"É errado,” disse ela firmemente. "Magia é um dom.
É pacífica.”
"Só porque eles dizem que é. Você está repetindo a
mesma linha de pensamento com a qual
nós temos sido alimentados por toda a vida.” Ele se levantou
e passeou pelo pequeno espaço
do sótão. "Não foi sempre assim, sabe. Nós costumávamos
lutar bem do lado dos guardiões –
séculos atrás. De repente as pessoas começaram a ficar
assustadas e pararam. Achando que
era mais seguro apenas se esconder. Eles esqueceram os
feitiços de ataque.”
“Então como você sabe disso?”
Ele deu um sorrido torto para ela. “Nem todos esqueceram.”
“Como a sua família? Como seus pais?”
O sorriso desapareceu. “Você não sabe nada sobre os meus
pais.”
Seu rosto ficou mais obscuro, seu olhar mais duro. Para a
maioria das pessoas, ele poderia ter
aparentado assustador e intimidador, mas assim que Lissa
estudou e admirou suas feições, ele
de repente pareceu muito, muito vulnerável.
"Tem razão," ela admitiu suavemente, depois de um
momento. "Eu não sei. Me desculpe."
Pela segunda vez neste encontro, Christian parecia
espantado. Provavelmente, ninguém se
desculpava com ele com tanta freqüência. Que inferno,
ninguém nem falava com ele com
freqüência. Certamente, ninguém nem escutava. Como sempre,
ele logo retomou ao seu jeito
arrogante.
“Esquece.” Abruptamente, ele parou de andar e se ajoelhou na
frente dela para que pudessem
se olhar nos olhos. Senti-lo tão perto fez com que ela
prendesse a respiração. Um sorriso
perigoso surgiu em seu rosto. “E realmente, eu não sei
porque você, de todas as pessoas,
deveria estar tão indignada por eu ter usado magia
‘proibida’.”
“Eu entre todas as pessoas? O que você quer dizer?”
“Você pode se fazer de inocente o quanto quiser – e você faz
um trabalho muito bom – mas eu
sei a verdade.”
“Que verdade é essa?” Ela não podia esconder seu
constrangimento de mim ou de Christian.
Ele chegou ainda mais perto. “Que você usa compulsão. O
tempo todo.”
“Não, eu não uso.” Ela disse imediatamente.
“É claro que você usa. Eu tenho ficado acordado à noite
tentando descobrir como que vocês
duas foram capazes de alugar um lugar e ir para a escola
secundária sem que ninguém ao
menos quisesse conhecer seus pais. Então eu adivinhei. Você
estava usando compulsão. Esse é
provavelmente o modo como vocês saíram daqui, em primeiro
lugar.”
“Ah sim. Você apenas adivinhou. Sem qualquer prova.”
"Eu tenho toda a prova de que necessito, apenas
observando você."
“Você ficou me observando – me espionando – para provar que
eu estou usando compulsão?”
Ele se encolheu. "Não. Na verdade, eu estive observando
você só porque eu gosto disso. A
compulsão foi um bônus. Eu vi você usá-la no outro dia para
estender o prazo de entrega da
tarefa de matemática. E você a utilizou em Sra. Carmack
quando ela quis que você fizesse mais
provas.”
“Então você presumiu que é compulsão? Talvez eu seja apenas
muito boa em convencer as
pessoas.” Havia um tom desafiante em sua voz: compreensível,
considerando o seu medo e a
sua raiva. Mas, ela entregou a mensagem com uma sacudida de
cabelo, que – se eu não
soubesse – poderia ter sido considerado um flerte. E eu
sabia... certo? De repente, eu não
tinha certeza.
Ele continuou, mas algo em seus olhos me disse que ele
reparou no cabelo, que ele sempre
reparava em tudo sobre ela. “Pessoas ficam com esse olhar
pateta quando você fala com elas.
E não é qualquer pessoa – você é capaz de fazer isso com
Moroi. Provavelmente dhampirs,
também. Agora,isso é loucura. Eu nem sabia que isso era
possível. Você é algum tipo de
celebridade. Algum tipo maligno de celebridade usuária de
compulsão.” Isso era uma
acusação, mas seu tom e sua presença irradiava a mesma linha
de flerte dela.
Lissa não sabia o que dizer. Ele estava certo. Tudo o que
ele disse estava certo. Sua compulsão
era aquilo que tinha nos permitido driblar as autoridades e
viver mundo afora sem ajuda de
adultos. Era o que tinha nos permitido convencer o banco a
deixá-la tocar em sua herança.
E era considerado tão errado quanto usar magia como uma
arma. Porque não? Isto era uma
arma. Uma poderosa, uma que poderia ser utilizada
abusivamente com muita facilidade.
Crianças Moroi aprendiam desde cedo que compulsão era algo
muito, muito errado. Ninguém
era ensinado a usá-la, apesar de que todo Moroi,
tecnicamente, tinha essa habilidade. Lissa
apenas meio que se envolveu com ela – profundamente – e,
como Christian tinha salientado,
ela podia fazer isso em Morois, bem como em humanos e Dhampirs.
“E o que você vai fazer, então?” ela perguntou.“Você vai me
dedurar?”
Ele sacudiu a cabeça e sorriu. "Não. Eu acho que é
atraente.”
Ela o encarou, com o olhar bem aberto e coração acelerado.
Algo sobre o formato de seus
lábios a intrigava. “Rose acha que você é perigoso,” ela
soltou por causa do nervosismo. “Ela
pensa que você pode ter matado a raposa.”
Eu não sabia como me sentir por ter sido envolvida nessa
conversa bizarra. Algumas pessoas
tinham medo de mim. Talvez ele também tivesse.
A julgar pela diversão em sua voz quando ele falou, parecia
que ele não tinha. "As pessoas
pensam que sou instável, mas devo dizer-lhe, Rose é dez
vezes pior. Claro, isso torna mais
difícil para as pessoas ferrarem com você, então por mim
está tudo bem.” Inclinando sobre
seus calcanhares, ele finalmente quebrou o espaço íntimo
entre eles. "E eu com certeza não fiz
aquilo. Descubrir quem fez, no entanto… e o que eu fiz com
Ralf nem vai se comparar.”
Sua galante oferta de vingança assustadora não exatamente
tranqüilizou Lissa... mas a deixou
um pouco emocionada. “ Eu não quero você fazendo nada disso.
E eu ainda não sei quem fez
aquilo.”
Ele se inclinou de volta na direção dela e pegou os pulsos
delas em suas mãos. Ele começou a
dizer alguma coisa, depois parou e olhou para baixo
surpreso, passando seus dedos sobre
leves, quase apagadas cicatrizes. Olhando novamente para
ela, ele tinha uma estranha – para
ele – bondade em seu rosto.
"Você pode não saber quem fez. Mas você sabe alguma
coisa. Algo que você não está
contando."
Ela o encarou, uma espiral de emoções brincando em seu
peito. "Você não pode saber todos
os meus segredos,” ela murmurou.
Ele olhou novamente para os pulsos dela e os liberou,
retomando aquele seu seco sorriso.
“Não, eu acho que não.”
Um sentimento da paz estabeleceu-se sobre ela, um sentimento
que eu pensei que somente
eu poderia trazer. Retornando à minha própria cabeça e a meu
quarto, eu sentei no chão
encarando meu livro de matemática. Então, por razões que não
sabia ao certo, eu o fechei
com tudo e o joguei contra a parede.
Eu passei o resto da noite pensando até que a hora do meu
suposto encontro com Jesse
chegou. Descendo as escadas, eu fui para a cozinha – um
lugar que eu podia visitar livremente
contanto que não me demorasse – e encontrei seus olhos
enquanto atravessava a área dos
visitantes.
Passando por ele, eu parei e sussurrei. “Existe uma sala no
quarto andar que ninguém utiliza.
Pegue as escadas do outro lado dos banheiros e me encontre
lá em cinco minutos. A fechadura
da porta está quebrada.”
Ele obedeceu no mesmo segundo, e nós encontramos o salão
escuro, empoeirado e deserto. A
queda no número de guardiões ao longo dos anos implicou em
um monte de dormitórios
completamente vazios, um triste sinal para a sociedade
Moroi, mas terrivelmente conveniente
agora.
Ele se sentou no sofá, e eu deitei ali, colocando meus pés
em seu colo. Eu ainda estava irritada
com o bizarro romance de Lissa e Christian no sótão, e não
queria nada mais do que esquecer
tudo aquilo por um tempo.
“Você está aqui realmente para estudar ou foi só uma
desculpa?” Eu perguntei.
“Não. Era verdade. Tinha que fazer um trabalho com Meredith”
O tom em sua voz indicou que
ele não estava muito feliz com a idéia.
“Oooh,” eu provoquei. “Fazer um trabalho com uma dhampir
apesar de seu sangue real? Eu
deveria ficar ofendida?”
Ele sorriu, mostrando uma boca com perfeitos dentes e
presas. “Você é muito mais atraente
que ela.”
“Ainda bem que eu passei no teste.” Havia um tipo de calor
em seus olhos que estava me
excitando, assim como a mão dele que deslizava na minha
perna. Mas eu precisava fazer algo
primeiro. Era hora de ter alguma vingança. “Mia também, já
que a deixam andar com vocês.
Ela não é da realeza.”
Seus dedos cutucaram divertidamente minha panturrilha. “Ela
está com Aaron. E eu tenho
muitos amigos que não são da realeza. E amigos que são
dhampir. Eu não sou um total idiota.”
"Sim, mas você sabia que seus pais são praticamente
serventes dos Drozdovs?"
A mão sobre a minha perna parou. Eu tinha exagerado, mas ele
era louco por fofocas – e era
conhecido por espalhá-las.
“Sério?”
“Yeah. Lavando o chão e coisas do tipo.”
“Huh.”
Eu podia ver as engrenagens girando em seus olhos
azul-escuro, e tive que esconder um
sorriso. A semente tinha sido plantada.
Sentando-me, eu me movi para perto dele e coloquei uma perna
em cima de seu colo. Eu pus
meus braços em volta dele, e sem mais delongas, os
pensamentos de Mia desapareceram
enquanto a sua testosterona tomava conta. Ele me beijou
ansiosamente – até meio negligente
– empurrando-me contra a parte de trás do sofá, e eu relaxei
no que seria a primeira atividade
física agradável que eu fazia em semanas.
Nós nos beijamos daquela forma por muito tempo, e eu não o
parei quando ele tirou minha
blusa.
"Eu não vou fazer sexo," Eu avisei entre beijos.
Eu não tinha qualquer intenção de perder
minha virgindade em um sofá de uma sala.
Ele parou, pensando sobre isso, e finalmente decidiu não
forçar. “Okay.”
Mas ele me empurrou no sofá, deitando sobre mim, ainda
beijando com a mesma ferocidade.
Seus lábios foram para a minha nuca, e quando as pontas
afiadas de seus caninos roçaram
minha pele, eu não pude evitar um suspiro excitado.
Ele se levantou um pouco, olhando para mim com uma enorme
surpresa. Por um momento eu
mal pude respirar, recordando aquele fluxo de prazer que uma
mordida de vampiro poderia
me fazer sentir, perguntando como seria sentir isso enquanto
dava uns amassos. Então os
velhos tabus vieram. Mesmo se nós não fizéssemos sexo, dar
sangue enquanto fazíamos isto
ainda era sujo, era errado.
“Não.” Eu avisei.
“Você quer.” A voz dele transparecia uma animada admiração.
“Eu posso ver.”
“Não, eu não quero.”
Seus olhos se acenderam. “Você quer. Como – Hey, você já fez
isso antes?”
“Não” Eu zombei. “É claro que não.”
Aqueles lindos olhos azuis me olhavam, e eu podia ver as
engrenagens girando através deles.
Jesse podia flertar muito e ter uma boca grande, mas ele não
era estúpido.
“Você age como se tivesse feito. Você ficou excitada quando
encostei em seu pescoço.”
“Você beija bem,” eu contrariei, apesar de não ser
inteiramente verdade. Ele babava um
pouco mais do que eu preferiria. “Você não acha que todo
mundo saberia se eu estivesse
dando sangue?"
A compreensão o atingiu. "A menos que você não
estivesse fazendo antes de partir. Você fez
isso enquanto estava longe, não é? Você alimentou
Lissa."
"Claro que não," Eu repeti.
Mas ele estava na pista certa e ele sabia disso. "Era o
único jeito. Vocês não tinham
alimentadores. Oh, cara."
"Ela encontrou alguns," Eu menti. Era mesma linha
de pensamento com a qual tínhamos dado
a Natalie, a que ela tinha espalhado e ninguém – exceto
Christian – tinha questionado. “Muitos
humanos topam fazer isso.”
“Claro” Ele disse sorrindo. Ele levou sua boca de volta para
o meu pescoço.
“Eu não sou uma Meretriz de sangue.” Eu rebati, me afastando
dele.
“Mas você quer. Você gosta. Todas as garotas dhampirs
gostam.” Seus dentes estavam em
minha pele novamente. Afiados. Maravilhoso.
Eu senti que hostilidade só pioraria as coisas, então eu
contornei a situação com provocação.
"Pare," eu disse gentilmente, colocando um dedo
sobre seus lábios. "Eu lhe disse, eu não sou
assim. Mas se você quiser fazer alguma coisa com sua boca,
eu posso te dar algumas idéias."
Aquilo despertou seu interesse. "Yeah? Como o
qu—?"
E foi quando a porta abriu.
Nós nos separamos rapidamente. Eu estava pronta para lidar
com um colega estudante ou
mesmo possivelmente um inspetor. Com quem eu não estava
pronta para lidar era Dimitri.
Ele arrebentou a porta como se esperasse nos encontrar, e
naquele terrível momento, com ele
feroz como uma tempestade, eu compreendi por que razão Mason
o tinha chamado de ‘deus’.
Num piscar de olhos, ele atravessou o quarto e pegou Jesse
por sua camisa, quase levantando
o Moroi do chão.
“Qual é seu nome?" gritou Dimitri.
"J-Jesse, senhor. Jesse Zeklos, senhor."
"Sr. Zeklos, você tem permissão para estar nesta parte
do dormitório?"
“Não, senhor.”
"Você conhece as regras sobre as interações entre os
sexos masculino e feminino por aqui?"
"Sim, senhor."
"Então eu sugiro que você saia daqui o mais rápido que
puder antes que eu lhe entregue para
alguém que irá lhe punir de acordo. Se eu te ver mais alguma
vez desse jeito”—Dimitri
apontou para onde eu me encolhia, semi-vestida, no sofá
–"Eu vou ser quem irá punir você. E
irá doer. Muito.Você entendeu?"
Jesse engoliu, olhos bem abertos. Nada de sua usual bravata
estava sendo mostrada agora. Eu
acho que havia um "normalmente" e, então, havia o
ser segurado pela gola por um cara russo
muito violento, muito alto, e muito irritado. “Sim,senhor!”
"Então vá." Dimitri o liberou e, se possível,
Jesse saiu de lá mais rápido ainda do que Dimitri
havia passado pela porta. O meu mentor, em seguida, virou-se
para mim, um perigoso brilho
em seus olhos. Ele não disse nada, mas a furiosa mensagem de
desaprovação foi passada em
alto e bom som.
E de repente houve uma mudança.
Era quase como se ele tivesse sido pego de surpresa, como se
nunca tivesse me notado antes.
Se fosse qualquer outro cara, eu teria dito que ele estava
me secando. Fosse o que fosse, ele
estava definitivamente me estudando. Estudando meu rosto,
meu corpo. Então eu
repentinamente percebi que eu estava apenas de jeans e sutiã
- um sutiã preto. Eu sabia
perfeitamente que não tinham muitas garotas nessa escola que
ficariam bem em um sutiã
como eu. Mesmo um cara como Dimitri, que parecia tão focado
no dever e no treinamento e
em tudo isso, tinha que apreciar isto.
E, finalmente, constatei que um jorro de calor estava se
espalhando sobre mim, e que o seu
olhar estava causando mais em mim do que os beijos de Jesse.
Dimitri era quieto e distante às
vezes, mas ele também tinha uma dedicação e uma intensidade
que eu nunca vi em nenhuma
outra pessoa. Eu me perguntei como esse tipo de poder e
força se traduzia em… bem, sexo.
Imaginei como seria se ele me tocasse e—Droga!
O que eu estava pensando? Eu estava louca? Envergonhada, eu
escondi meus sentimentos
com atitude.
“Você vê alguma coisa de que gosta?” Eu perguntei.
“Se vista.”
A forma de sua boca endureceu, e qualquer coisa que ele
tivesse sentido estava terminada.
Sua fúria me deixou mais sóbria e me fez esquecer de minha
perturbada reação. Eu
imediatamente botei minha blusa de volta, apreensiva por ver
seu lado agressivo.
“Como você me achou? Você está me seguindo para ter certeza
que eu não fugi?”
“Fique quieta,” ele repreendeu, se inclinando para baixo de
modo que nos encaramos no
mesmo nível. “Um zelador viu você e relatou isso. Você tem
alguma idéia do quão estúpido
isso foi?”
“Eu sei, eu sei, toda essa coisa de condicional, né?”
“Não só isso. Eu estou falando da estupidez de ficar nesse
tipo de situação em primeiro lugar.”
“Eu fico nesse tipo de situação todo o tempo, camarada. Não
é grande coisa.” Raiva substituiu
meu medo. Eu não gostava de ser tratada como criança.
“Pare de me chamar disso. Você nem sabe do que você está
falando.”
“Claro que eu sei. Eu tive que fazer um relatório sobre a
Rússia e a R.S.S.R no ano passado.”
“U.R.S.S. E é uma grande coisa para um Moroi estar com uma
garota dhampir. Eles gostam de
se gabar.”
“E daí?”
“E daí?” Ele me olhou com desgosto. “Você não tem nenhum
respeito? Pense em Lissa. Você
faz você mesma parecer fácil. Você vive de acordo com o que
muita gente já pensa sobre
garotas dhampirs, e isso reflete nela. E em mim.”
“Oh, entendi. É sobre isso que estamos falando? Eu estou
ferindo seu grande e malvado
orgulho masculino? Você está com medo de que eu arruíne a
sua reputação?”
“Minha reputação já esta formada, Rose. Eu defini minhas
metas e batalhei por elas há muito
tempo. O que será da sua ainda está para ser visto.” A voz
dele endureceu novamente. “Agora
volte para o seu quarto – se você conseguir fazer isso sem
se atirar em outra pessoa.”
“Este é o seu jeito sutil de me chamar de vadia?”
“Eu ouço as histórias que vocês contam. Eu ouvi histórias
sobre você.”
Ouch. Eu queria gritar que não era da conta dele o que eu
fazia com o meu corpo, mas algo
sobre a raiva e o desapontamento em seu rosto me fez
hesitar. E eu não sabia o que era.
“Desapontar” alguém como Kirova não era grande coisa, mas
Dimitri?... Eu me lembrei de
como me senti orgulhosa quando ele me elogiou nas últimas
vezes em que praticamos. Vendo
isso desaparecer dele...bem, repentinamente me fez sentir
como se eu fosse tão fácil quanto
ele supôs que eu era.
Alguma coisa se quebrou em mim. Piscando para afastar as
lágrimas, eu disse, “ Por quê é tão
errado... não sei, se divertir? Eu tenho dezessete anos,
sabe. Eu deveria poder aproveitar isto.”
“Você tem dezessete, e em menos de um ano, a vida e a morte
de alguém vai estar em suas
mãos.” A voz dele continuava firme mas havia uma delicadeza
também. “Se você fosse
humana ou Moroi, poderia se divertir. Você poderia fazer
coisas que as outras garotas
podem.”
“Mas você está dizendo que eu não posso.”
Ele se distanciou, e seus olhos negros ficaram sem foco. Ele
estava pensando em alguma coisa
bem longe daqui. “Quando eu tinha dezessete anos eu conheci
Ivan Zeklos. Nós não éramos
como você e Lissa, mas nos tornamos amigos, e ele me
requisitou como seu guardião quando
eu me formei. Eu era o melhor estudante da escola. Eu
prestava atenção em tudo nas minhas
aulas, mas no fim, não foi o suficiente. É assim que é nessa
vida. Um deslize, uma distração...”
Ele suspirou. “E é tarde demais”.
Um caroço se formou na minha garganta quando pensei em um
deslize ou uma distração
custando a vida de Lissa.
“Jesse é um Zeklos,” Eu disse repentinamente percebendo que Dimitri
tinha expulsado um
parente de seu antigo amigo e encarregado.
“Eu sei.”
“Isso incomoda você? Ele te faz lembrar de Ivan?”
“Não importa como eu me sinto. Não importa como nenhum de
nós nos sentimos.”
“Mas isso incomoda você.” Isso repentinamente ficou óbvio
para mim. Eu podia ler sua dor,
embora ele trabalhasse duramente para escondê-la. “Você
sofre. Todos os dia. Não é? Você
sente falta dele.”
Dimitri olhou surpreso, como se não quisesse que eu soubesse
disto, como se eu tivesse
exposto alguma parte secreta dele. Eu estive pensando que
ele era um cara durão, alienado e
anti-social, mas talvez ele estivesse se mantendo afastado
das pessoas para não se machucar
se as perdesse. A morte de Ivan tinha claramente deixado uma
marca permanente.
Eu me perguntava se Dimitri era solitário.
O olhar surpreso desapareceu, e seu olhar sério de sempre
voltou. “Não importa como eu me
sinto. Eles vêm antes. Protegê-los.”
Eu pensei em Lissa novamente. “Sim, eles vêm.”
Um longo silêncio pairou até ele falar de novo.
“Você me falou que quer lutar,realmente lutar. Isto ainda é
verdade?”
“Sim. Absolutamente.”
“Rose... eu posso te ensinar, mas eu tenho que acreditar que
você vai se dedicar. Se dedicar
realmente. Eu não posso ter você distraída com coisas como
esta.” Ele gesticulou ao redor da
sala. “Eu posso confiar em você?”
Mais uma vez, senti vontade de chorar sob aquele olhar,
sobre a seriedade do que ele
perguntou. Eu não entendia como ele tinha todo esse poderoso
efeito sobre mim. Eu nunca
me importei tanto com o que alguém pensava. “Sim, eu
prometo.”
“Então bem, eu vou te ensinar, mas preciso que você seja
forte. Eu sei que você odeia a
corrida, mas é realmente necessário. Você não tem idéia de
como são os Strigois. A escola
tenta preparar vocês, mas até você ver o quão forte e rápido
eles são...
bem, você não pode nem imaginar. Então eu não posso parar
com a corrida e o
condicionamento. Se você quiser aprender mais sobre luta,
precisamos adicionar mais
treinamentos. Eu vou tomar mais do seu tempo. Você não vai
ter muito tempo de sobra para
os deveres ou para qualquer outra coisa. Você ficará
cansada. Muito cansada.”
Eu pensei sobre isso, sobre ele e sobre Lissa. “Isso não
importa, o que você disser para fazer,
eu farei.”
Ele me estudou longamente, como se estivesse decidindo se
iria acreditar em mim. Finalmente
satisfeito, ele assentiu. “Começaremos amanhã.”
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