DEZOITO
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Tudo ficou confuso depois
disso.Eu tive uma vaga impressão de entrar e sair da consciência, de
pessoas dizendo o meu nome,
e de estar no ar de novo. Eventualmente, eu acordei na
enfermaria da escola e
encontrei a Dra. Olendzki olhando para mim.
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“Olá, Rose,’ ela disse. Ela
era uma Moroi de meia idade e freqüentemente brincava que eu era
sua paciente numero um.
“Como está se sentindo?”
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Os detalhes do que tinha
acontecido voltaram. Os rostos. Mason. Os outros fantasmas. A dor
horrível na minha cabeça.
Tudo tinha sumido.
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“Ótima,” eu disse, meio
surpresa de dizer aquelas palavras. Por um segundo, eu imaginei se
tinha sido um sonho. Então
eu olhei além dela e vi Dimitri e Alberta aparecendo ali perto. Seu
jeito e rostos me disseram
que os eventos no avião tinham realmente acontecido.
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Alberta limpou a garanta, e
a Dra. Olendzki olhou para trás. “Podemos?” Alberta perguntou. A
doutora acenou, e os dois vieram
para frente.
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Dimitri, como sempre, era
um balsamo para mim. Não importa o que aconteça, eu sempre me
sinto segura na sua
presença. E no entanto nem ele foi capaz de parar o que tinha acontecido
no aeroporto. Quando ele
olha pra mim do jeito que ele estava olhando agora, com uma
expressão de tanta ternura
e preocupação, dispara sentimentos misturados. Parte de mim
ama que ele se importe
tanto. A outra parte quer ser forte para ele e não fazer ele se
preocupar.
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“Rose...” começou Alberta
incerta. Eu percebi que ela não tinha idéia de como falar sobre isso.
O que tinha acontecido era
além de uma experiência comum. Dimitri assumiu.
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“Rose, o que aconteceu lá?”
Antes de eu falar uma palavra, ele me cortou. “E não diga que não
foi nada dessa vez.”
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Bem, se eu não podia dar
essa resposta, então eu não sabia o que dizer.
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A Dra. Olendzki puxou seus
óculos que estavam na ponta do seu nariz. “Só queremos ajudar
você.”
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“Eu não preciso de ajuda,”
eu disse. “Estou bem.” Eu soava como Brandon e Brett. Eu
provavelmente estava a um
passo de dizer,”eu cai.”
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Alberta finalmente se
recuperou. “Você estava bem quando estávamos no ar. Quando
pousamos, você
definitivamente não estava bem.”
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“Estou bem agora,” eu
respondi friamente, sem encontrar os olhos dela.
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“O que aconteceu então?”
ela perguntou. “Porque você gritou? O que você quis dizer quando
disse que nós precisávamos
fazer “eles” irem embora?”
Eu considerei dar outra
resposta, aquela sobre o estresse. Isso soava completamente estúpido
agora. Então, de novo, eu
não disse nada. Para minha surpresa, eu senti lagrimas saírem dos
meus olhos.
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“Rose,” murmurou Dimitri, a
voz tão suave como seda contra a minha pele. “Por favor.”
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Algo dentro de mim quebrou.
Era tão difícil para mim ficar contra ele. Eu virei minha cabeça e
encarei o teto.
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“Fantasmas,” eu sussurrei.
“Eu vi fantasmas.”
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Nenhum deles esperava isso,
mas honestamente, como eles poderiam? Um forte silencio caiu.
Finalmente, a Dra. Olendzki
falou em uma voz vacilante.
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“C-como assim?”
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Eu engoli. “Ele tem em
seguido nas ultimas semanas. Mason. No campus. Eu sei que parece
loucura – mas é ele. Ou o
seu fantasma. Foi isso que aconteceu com Stan. Eu congelei porque
eu vi Mason lá, e eu não
sabia o que fazer. No avião... eu acho que ele estava lá também... e
outros. Mas eu não consiga
ver ele exatamente quando estávamos no ar. Só deslumbres... e a
dor de cabeça. Mas quando
pousamos em Martinville, ele estava com sua forma completa. E –
e ele não estava sozinho.
Tinha outros com ele. Outros fantasmas.” Uma lagrima escapou dos
meus olhos, e eu a limpei
com presa, esperando que ninguém a tivesse visto.
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Então eu esperei, sem ter
certeza do que esperar. Alguém iria rir? Me dizer que eu estava
louca? Me acusar de mentir
e exigir saber o que realmente tinha acontecido?
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“Você os conhecia?” Dimitri
finalmente perguntou.
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Eu virei e encontrei seus
olhos. Ele ainda tinha um olhar sério e preocupado, não de zombação.
”Sim... eu vi alguns dos
guardiões de Victor e as pessoas do massacre. Os... os familiares de
Lissa também.”
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Ninguem disse nada depois
disso. Eles só meio que trocaram olhares, esperando que talvez um
deles pudesse ter uma
resposta para isso.
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A Dra. Olendzki suspirou.
“Posso falar com vocês dois em particular?”
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Os três saíram da sala de
exames, fechando a porta atrás dela. Eu tomei vantagem.
Levantando da cama, eu
atravessei a sala e parei perto da porta. A pequena abertura foi o
suficiente para minha
audição de dhampir ouvir a conversa. Eu me senti mal por espionar, mas
eles estavam falando sobre
mim, e eu não conseguia parar de achar que meu futuro estava em
risco.
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“-obvio o que está
acontecendo,” disse a Dra. Olendkzi. Era a primeira vez que eu a ouvia soar
tão irada. Com pacientes,
ela era a visão da serenidade. Era difícil imaginar ela com raiva, mas
ela claramente estava
irritada agora. “Aquela pobre garota. Ela está passando por um estresse
pós traumático, e não é de
se admirar depois de tudo o que aconteceu.”
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“Você tem certeza?”
perguntou Alberta. “Talvez seja outra coisa...” Mas quando as palavras
dela saiam, eu percebi que
ela não sabia o que mais poderia ser.
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“Veja os fatos: uma garota
adolescente que testemunha seu amigo sendo assassinado e então
teve que matar os
assassinos. Você não acha que isso é traumático? Você não acha que isso
teve o mínimo efeito nela?”
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“Tragédia é algo que todos
os guardiões tem que lidar,” disse Alberta.
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“Talvez não tenha muito que
possa ser feito com guardiões em campo, mas Rose ainda é uma
estudante aqui. Existem
recursos que podem ajudar ela.”
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“Como o que?” perguntou
Dimitri. Ele soava curioso e preocupado, não como se tivesse
desafiando ela.
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”Aconselhamento. Falar com
alguém sobre o que aconteceu pode fazer muito bem. Vocês
deveriam ter feito isso
assim que ela voltou. Vocês deveriam fazer isso pelos outros que
estavam com ela. Porque
ninguém pensa nessas coisas?”
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“É uma boa idéia,” disse
Dimitri. Eu reconheci o tom na sua voz – a mente dele estava girando.
“Ela poderia fazer isso no
seu dia de folga.”
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“Dia de folga? Mais para
todo dia. Vocês devem retirar ela da experiência de campo. Ataques
falsos de Strigoi não são
jeito de se recuperar de um ataque real.”
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“Não!” Eu abri a porta
antes que me desse conta. Todos eles me encaravam, e imediatamente
eu me senti idiota. Eu
acabei de me flagrar espionando.
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“Rose,” disse a Dra.
Olendzki, voltando para seu preocupado (mas levemente punitivo) modelo
de médica. “Você deveria ir
se deitar.”
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“Estou bem.E você não pode
me fazer desistir da experiência de campo. Eu não vou me formar
se eu desistir.”
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“Você não está bem, Rose,e
não tem motivos para ter vergonha pelo que aconteceu com você.
Pensar que está vendo
fantasmas de pessoas que morreram não é muito estranho quando
você considera as
circunstancias.”
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Eu comecei a corrigir ela
no “pensar que esta vendo” mas então eu parei. Discutir que eu
realmente estava vendo
fantasmas provavelmente não iria me ajudar, e decidi, mesmo que eu
estivesse começando a
acreditar que era exatamente isso que eu estava vendo.
Freneticamente, eu tentei
pensar em uma maneira de convencer a ela que eu ficasse na
experiência de campo. Eu normalmente
era muito boa eu me tirar de situações ruins.
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“A não ser que você vá me
por em aconselhamento 24 horas por dia, você só vai fazer as
coisas piorarem. Eu preciso
fazer algo. A maior parte das minhas aulas estão suspensas. O que
eu deveria fazer? Esperar?
Pensar de novo e de novo no que aconteceu? Eu vou ficar louca –
de verdade. Eu não quero
sentar e esperar para sempre. Eu preciso movimentar meu futuro.”
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Isso fez eles começarem a
argumentar sobre o que fazer comigo. Eu escutei, mordendo a
língua, sabendo que eu
precisava ficar de fora. Finalmente, com alguma discussão da doutora,
todos decidiram que eu
participaria por meio período da experiência de campo.
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Provou ser o compromisso
ideal para todos – bem, exceto para mim. Eu só queria que a vida
funcionasse do mesmo jeito
que antes. Ainda sim, eu sabia que provavelmente era uma boa
idéia aceitar. Eles
decidiram que eu faria 3 dias de experiência de campo por semana, com
nenhum serviço a noite.
Durante os dias, eu teria que fazer um treinamento e qualquer
trabalho que eles
arranjassem para mim.
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Eu também tinha que ver um
conselheiro, o que não me deixou muito animada. Eu não tinha
nada contra o conselheiro.
Lissa tinha visto um, e foi útil para ela. Falar sobre as coisas ajuda.
Era só... bem, isso era
algo que eu não queria conversar.
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Mas se era isso ou ser
expulsa da experiência de campo, eu estava mais que feliz em aceitar
isso. Alberta achava que
eles ainda podiam justificar eu passar com meio período. Ela também
gostava da idéia deu ver um
conselheiro enquanto lidava com os ataques falsos dos Strigoi – só
em caso deles realmente
serem traumatizantes.
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Depois de mais uns exames,
a Dra. Olendzki me liberou e disse que eu podia voltar para o meu
dormitório. Alberta saiu
depois disso, mas Dimitri ficou me levar.
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“Obrigado por pensar
naquela coisa do meio período,” eu disse a ele. A passarela estava
molhada porque o tempo
tinha esquentado depois da tempestade. Não era o tempo pra por
roupa de banho nem nada,
mas muito do gelo e da neve estava derretendo. Água pingava das
arvores, e tínhamos que
desviar das poças.
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Dimitri parou abruptamente
e virou para que ficasse parado bem na minha frente, bloqueando
o meu caminho. Eu escorrei,
quase dando um encontrão nele. Ele agarrou o meu braço, me
puxando para perto dele de
um jeito que eu não esperava que ele fizesse em publico. Os
dedos dele afundaram em
mim, mas não doeu.
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“Rose,” ele disse, a dor em
sua voz fazendo meu coração parar,”essa não deveria ter sido a
primeira vez que eu ouvi
sobre isso!Porque você não me contou?Você sabe como foi? Você
sabe como foi para mim ver
você daquele jeito e não saber o que estava acontecendo?Você
sabe o quão assustado eu
fiquei?”
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Eu estava atordoada, pela
explosão dele e pela nossa proximidade. Eu engoli, sem conseguir
falar no inicio. Tinha
tanto no rosto dele, tantas emoções. Eu não conseguia lembrar a ultima
vez que eu vi tanto dele
sendo mostrado. Era maravilhoso e assustador ao mesmo tempo. E
então eu disse a coisa mais
estúpida possível.
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“Você não tem medo de
nada.”
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“Eu tenho medo de muitas
coisas. Eu estava com medo por você.” Ele me soltou, e deu um
passo para trás. Ainda
tinha paixão e preocupação em todo ele. “Eu não sou perfeito. Eu não
sou invulnerável.”
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“Eu sei, eu só...” Eu não
sabia o que dizer. Ele estava certo. Eu sempre via Dimitri maior que a
vida. Como se ele soubesse
tudo. Invencível. Era difícil para mim acreditar que ele pudesse se
preocupar tanto comigo.
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“E isso tem acontecido a
muito tempo também,” ele acrescentou. “Estava acontecendo com
Stan, quando você estava
conversando com o Padre Andrew sobre fantasmas – você estava
lidando com isso o tempo
todo!Porque você não contou a ninguém? Porque você não contou
para Lissa...ou...eu?”
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Eu encarei aqueles negros,
negros olhos, aqueles olhos que eu amava. “Você teria acreditado
em mim?”
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Ele franziu a sobrancelha.
“Acreditado no que?”
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“Que eu estou vendo
fantasmas.”
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“Bem... eles não são
fantasmas, Rose. Você apenas acha que eles são porque-“
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“Foi por isso,” eu
interrompi. “Foi por isso que eu não podia te contar ou a ninguém. Ninguém
acreditaria em mim, não sem
pensar que eu estava louca.”
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“Eu não acho que você está
louca,” ele disse. “Mas eu acho que você passou por muita coisa.”
Adrian tinha tido quase
exatamente a mesma coisa quando eu perguntei a ele como saber se
eu estava louca ou não.
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“É mais que isso,” eu
disse. Eu comecei a andar de novo.
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Sem dar outro passo, ele se
aproximou e me agarrou de novo. Ele me puxou para perto dele,
então ficamos ainda mais
perto que antes. Eu olhei ao redor de novo, me perguntando se
alguém pudesse nos ver, mas
o campus estava deserto. Era cedo, o sol nem tinha se posto
ainda, tão cedo que a
maioria das pessoas provavelmente nem levantaram para a aula ainda.
Não variamos movimentação
por aqui pelo menos por outra hora. Ainda sim, eu estava
surpresa por ver Dimitri
arriscar tanto.
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“Então me diga,” ele disse.
“Me diga como é mais do que isso.”
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“Você não vai acreditar em
mim,” ele disse. “Você não entende? Ninguém vai. Até você... de
todas as pessoas.” Algo
naquele pensamento fez minha voz morrer. Dimitri entendia tanto de
mim. Eu queria – precisava
– que ele entendesse isso também.
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“Eu vou...tentar.Mas eu
ainda não acho que você não entende o que está acontecendo como
você.”
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“Eu entendo,” eu disse
firmimente. “E isso que ninguem entende. Olha, você tem que decidir
de uma vez por todas se
você realmente confia em mim. Se você acha que eu sou uma criança,
muito inocente para
entender o que está acontecendo com sua mente frágil, então você
deveria continuar andando.
Mas se você confia em mim o suficiente para lembrar que eu vi
coisas e sei de coisas que
ultrapassam aqueles da minha idade... bem, então você deveria
entender que eu talvez
saiba um pouco sobre o que eu estou falando.”
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Uma brisa quente, carregada
com o cheiro de neve derretida, passou por nós. “Eu confio em
você, Roza. Mas... eu não
acredito em fantasmas.”
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A serenidade estava ali.
Ele queria me alcançar para entender... mas mesmo que ele fizesse,
existiam crenças que ele
não estava pronto para mudar ainda. Era irônico, considerando que
as cartas do taro
aparentemente o assustaram.
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“Você vai entender?” eu
perguntei. “Ou pelo menos vai tentar não por isso como algum tipo
de psicose?”
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“Sim. Isso eu posso fazer.”
Então eu falei para ele
sobre as primeiras vezes que eu vi Mason e como eu tive medo de
explicar o incidente de
Stan para qualquer um. Eu falei sobre as formas que eu vi no avião e
descrevi mais detalhes
sobre o que eu tinha visto em terra.
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“Não parece meio,um,
especifico para uma reação de estresse ao acaso?” eu perguntei
quando terminei.
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“Eu não sei se você pode
esperar que “reações de estresse” sejam ao acaso ou especificas. Eles
são imprevisíveis por
natureza.” Ele tinha aquela expressão pensativa que eu conhecia tão
bem, a que me dizia que ele
estava pensado todo tipo de coisa. Eu também percebi que ele
ainda não achava que isso
era uma história real de fantasmas mas que ele estava tentando
muito manter sua mente
aberta. Ele afirmou um segundo depois: “Porque você tem tanta
certeza que isso não são
apenas coisas que você está imaginando?”
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“Bem, a principio eu pensei
que estava imaginando tudo. Mas agora... eu não sei. Tem algo
sobre isso que parece
real... em pensar que eu sei que isso não é realmente uma evidencia.
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Mas você ouviu o que disse
o Padre Andrew – sobre fantasmas ficarem aqui depois de
morrerem de quando jovens e
de forma violenta.”
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Dimitri mordeu seu lábio.
Ele iria me dizer para não levar ao pé da letra o que disse o padre. Ao
invés disso ele perguntou,
“Então você acha que Mason voltou para se vingar?”
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“Eu pensei isso no inicio,
mas agora não tenho certeza. Ele nunca tentou me machucar. Só
parece que ele quer algo. E
então... todos esses outros fantasmas parecem querer algo
também – mesmo aqueles que
eu não conhecia. Porque?”
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Dimitri me deu um olhar
sábio. “Você tem uma teoria.”
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“Eu tenho. Eu estava
pensando sobre o que Victor disse. Ele mencionou que porque eu sou
uma shadow-kissed – porque
eu morri – eu tenho uma conexão com o mundo da morte. Que
eu nunca vou deixar isso
inteiramente. “
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A expressão dele endureceu.
“Eu não colocaria todas as minhas moedas no que Victor Dashkov
diz a você.”
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“Mas ele sabe coisas! Você
sabe que ele sabe, não importa o quão filho da puta ele seja.”
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“Ok, vamos supor que isso
seja verdade, que ser uma shadow-kissed permite que você veja
fantasmas, porque isso está
acontecendo agora? Porque não aconteceu logo depois do
acidente de carro?”
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“Eu pensei nisso,” eu
disse. “Foi outra coisa que Victor disse – que agora que eu estava lidando
com a morte, eu estava mais
perto do outro lado. E se causar a morte de outra pessoa
fortaleceu minha conexão e
agora fez isso possível? Eu acabei de matar alguém. Duas
pessoas.”
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“Porque é tão acidental?”
perguntou Dimitri. “Porque aconteceu, quando aconteceu? Porque
no avião? Porque não na
Corte?”
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Meu entusiasmo diminuiu um
pouco. “O que é você, um advogado?” Eu surtei. “Você está
questionando tudo que eu
estou dizendo. Eu pensei que você ia manter sua mente aberta.”
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“Eu estou. Mas você também
precisa. Pense. Porque esse padrão de avistamentos?”
|
“Eu não sei,” eu admiti. Eu
me curvei derrotada. “Você ainda acha que eu sou louca.”
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Ele se estendeu e segurou
meu queixo, levantando meu rosto para olhar para ele. “Não.
Nunca. Nenhuma dessas
teorias me faz pensar que você é louca. Mas eu sempre acreditei que
a explicação mias simples
faz sentido. A Dra. Olendzki acha. A teoria dos fantasmas tem
buracos. Mas, se você puder
descobrir mais... então podemos ter algo para trabalhar.”
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“Nós?” eu perguntei.
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“É claro. Não vou deixar
você sozinha nisso, não importa o que. Você sabe que eu nunca vou
abandonar você.”
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Tinha algo muito doce e
nobre sobre suas palavras, e eu senti que eu precisava retornar isso,
embora a maior parte soou
idiota. “E eu não vou abandonar você, sabe. Eu quero dizer... não
|
que esse tipo de coisa aconteça
com você, é claro, mas se você começar a ver fantasmas ou
qualquer coisa assim, eu
vou ajudar você.”
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Ele deu uma pequena e suave
risada. “Obrigado.”
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Nossas mãos se encontraram,
os dedos se entrelaçando juntos. Nós ficamos daquele jeito por
um minuto, nenhum de nós
disse nada. O único lugar que nos tocávamos eram nossas mãos. A
brisa começou de novo, e
embora a temperatura estivesse baixa, para mim parecia primavera.
Eu esperava que as flores
florescessem ao nosso redor. Como se tivéssemos dividindo o
mesmo pensamento, soltamos
a mãos ao mesmo tempo.
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Chegamos no meu dormitório
logo depois disso, e Dimitri perguntou se eu estava bem para ir
sozinha. Eu disse a ele que
eu ficaria bem e que ele deveria ir fazer suas próprias coisas. Ele
saiu, mas quando eu estava
prestes a alcançar a porta do lobby, eu percebi que minha mala
ainda estava na clinica.
Murmurando algumas coisas que me fariam entrar em detenção, eu
me virei e corri de volta
para a direção que eu tinha acabado de vir.
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A recepcionista da Dra.
Olendzski me levou em direção a sala de exame quando eu disse a ela
porque estava lá. Eu peguei
minha mala do meu quarto agora vazio e me virei em direção ao
corredor para sair. De
repente, no quarto oposto ao meu, eu vi alguém deitado na cama. Não
tinha sinal de ninguem que
trabalhasse na clinica, e minha curiosidade – sempre tirando o
melhor de mim – me fez
espiar lá dentro.
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Era Abby Badica, uma Moroi
veterana. Fofa e alegre eram adjetivos que vinham a mente
quando eu descrevia Abby,
mas dessa vez, ela era tudo menos isso. Ela estava machucada e
arranhada, e quando ela
virou seu rosto para olhar para mim, eu vi machucados vermelhos.
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“Me deixe adivinhar,” eu
diss. “Você caiu.”
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“O-que?”
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“Você caiu. Eu ouvi que
essa é a resposta padrão: Brandon, Brett, e Dane. Mas te digo a
verdade – vocês precisam
criar outra coisa. Eu acho que a doutora está começando a
suspeitar.”
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Os olhos dela ficaram
selvagens. “Você sabe?”
|
Foi ai que percebi meu erro
com Brandon. Eu fui até ele exigindo respostas, o que o deixou
relutante para dividir
qualquer coisa. Aqueles que questionaram Brett e Dane tinham tido
resultados similares. Com
Abby, eu percebi que tinha que agir como se eu já soubesse as
respostas, e então ela
liberaria a informação.
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“É claro que eu sei. Eles
me contaram tudo.”
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“O que?” ela chiou. “Eles
juraram eu não iriam. É parte das regras.”
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Regras? Do que ela estava
falando? O grupo vigilante da realeza não parecia ser o tipo que
tinha regras. Tinha outra
coisa acontecendo com ela.
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“Bem, eles não tiveram
muita escolha. Eu não sei porque, mas eu continuo encontrando vocês
depois. Eu tive que ajudar
a cobrir para eles. Eu digo a você, eu não sei quanto tempo isso
|
pode durar antes que alguém
comece a fazer perguntas.” Eu falei como se eu fosse uma
simpatizante, querendo
ajudar se pudesse.
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“Eu deveria ter sido mais
forte. Eu tentei, mas não foi o bastante.” Ela parecia cansada – e com
dor. “Só mantenha tudo em
segredo até tudo se acertar, ok? Por favor?”
|
“Claro,” eu disse, morrendo
de vontade de saber o que ela “tentou.” “Eu não vou arrastar mais
ninguém pra isso. Como você
acabou aqui? Você deveria evitar de chamar atenção.” Ou foi o
que eu assumi.Eu estava
totalmente inventado isso.
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Ela olhou. “A responsável
pelo dormitório notou e me fez vir aqui. Se o resto da Mână
descobrir, eu vou ter
problemas.”
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“Quem sabe a doutora te
libere antes que eles descubram. Ela é meio ocupada. Você tem as
mesmas marcas que Brett e
Brandon, e nenhum deles estava em estado grave.”Eu esperava.
“A...uh, marcas de
queimadura são um pouco complicadas, mas eles não tiveram problemas.”
|
Eu estava jogando meu
próprio jogo. Não só eu não tinha idéia sobre os detalhes específicos
sobre os machucados de
Brett, eu também não sabia que se as marcas que Jill tinha descrito
nele eram queimaduras. Se
não fossem, eu poderia ter terminado com o meu fingimento. Mas,
ela não me corrigiu, e os
dedos dela inconscientemente passar pelos machucados.
|
“Sim, eles falaram que os
danos não iam durar muito. Eu só vou ter que inventar algo para a
Olendzki.” Um pequeno
brilho de esperança brilhou nos olhos dela. “Eles disseram que não
iriam, mas talvez... talvez
eles me deixem tentar de novo.”
|
Foi naquele momento que a
boa doutora retornou. Ela estava surpresa por me ver ainda ali eu
precisava voltar pro
dormitório e descansar. Eu disse tchau para as duas e andei de volta para
o frio. Eu mal notei o
tempo enquanto andava, pensando. Finalmente, finalmente, eu tinha
uma pista do quebra cabeça.
Mână.
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