QUATORZE
Eu continuei espionando Lissa através dos dias seguintes, me
sentindo meio culpada toda vez.
Ela sempre odiava quando eu fazia isso por acidente, e agora
eu fazia de propósito.
Firme, eu assiste quando ela se reintegrava com os poderosos
da realeza um por um. Ela podia
usar compulsão em grupo, mas pegar uma pessoa sozinha era
tão efetivo quanto só mais
devagar. E realmente, muitos não precisavam de compulsão
para começar a andar com ela
novamente. Muitos não eram tão superficiais quanto pareciam;
eles lembravam de Lissa e
gostavam dela por quem ela era. Eles se juntavam a ela, e
agora, um mês e meio desde que
havíamos voltado pra academia, era como se ela nunca tivesse
partido. E enquanto sua fama
aumentava, ela falava ao meu favor e contra Mia e Jesse.
Numa manhã, eu entrei na mente dela enquanto ela estava se
aprontando pro café da manhã.
Ela passou os últimos 20 minutos secando e alisando o seu
cabelo, algo que ela não fazia a
algum tempo. Natalie, estava sentada na cama no quarto
delas, olhando o processo com
curiosidade. Quando Lissa começou a se maquiar, Natalie
finalmente falou.
“Hey, nós vamos assistir um filme no quarto da Erin depois
da aula. Você vai vir?” Nós sempre
fizemos piadas sobre a Natalie ser sem graça, mas a amiga
dela Erin tinha a personalidade de
uma parede.
‘Não posso. Eu vou ajudar Camille a pintar o cabelo de
Carly.”
“Você com certeza tem passado muito tempo com elas agora.”
‘É, eu acho.” Lissa passou o rimel em seus cílios,
instantaneamente os fazendo ficar maior.
“Eu pensei que você não gostasse mais delas.’
“Eu mudei de idéia.’
“Elas com certeza parecem gostar muito de você agora. Eu
quero dizer, não que alguém não vá
gostar de você, mas desde que você voltou e não falou com
elas, elas pareciam ok em ignorar
você. Eu escutei elas falarem muito de você. Eu acho que
isso não é surpresa, já que eles são
amigos da Mia também, mas não estranho o quanto eles gostam
de você agora? Tipo, eu
escuto eles sempre esperando pra saber o que você vai fazer
antes deles fazerem planos. E
muitos deles estão defendendo Rose agora, o que é realmente
louco. Não que eu acredite
naquelas baboseiras sobre ela, mas eu nunca pensei que isso
fosse possível – “
Por debaixo da divagação da Natalie estava a semente da
suspeita, e a Lissa captou isso.
Natalie provavelmente nunca pensaria em compulsão, mas Lissa
não podia arriscar que
perguntas inocentes se tornassem algo mais. “Quer saber?”
ela interrompeu. “Talvez eu passe
na Erin mais tarde. Eu aposto que o cabelo da Carly não vai
levar tanto tempo.”
A oferta tirou Natalie da sua linha de pensamento. “Verdade?
Oh wow, isso é incrível. Ela
estava me dizendo como ela está triste por você não estar
mais por perto como antes, e eu
disse a ela...”
E assim continuou. Lissa continuou usando compulsão e
retornou aos populares. Eu assisti
quieta, sempre me preocupando, mesmo percebendo que os seus
esforços diminuíram os
olhares e as fofocas sobre mim.
“Isso vai sair pela culatra,” eu sussurrei pra ela um dia.
“Alguém vai começar a perceber e a
fazer perguntas.”
“Pare de ser tão melodramática. O poder muda o tempo todo
por aqui.”
“Não desse jeito.”
“Você acha que a minha personalidade não poderia fazer isso
sozinha?”
“Claro que poderia, mas se o Christian percebeu
imediatamente, então mais alguém vai –“
Minhas palavras foram interrompidas quando dois caras
sentados num dos bancos da igreja de
repente explodiram em risadas. Olhei pra cima, e vi eles
olhando diretamente pra mim, sem
nem ao menos se preocupar em esconder os sorrisos afetados.
Olhando pra longe, eu tentei ignorá-los, desejando de
repente que o pastor começasse de uma
vez. Mas Lissa olhou pra eles, e uma ferocidade surgiu de
repente em seu rosto. Ela não disse
uma palavra, mas os sorrisos deles diminuíram devido ao seu
olhar fixo.
“Diga a ela que vocês sentem muito,” ela disse a eles. “E
façam com que ela acredite.”
Um segundo depois, eles praticamente tropeçaram em si mesmo
se desculpando, e
implorando por perdão. Eu não podia acreditar. Ela havia
usado compulsão em publico – na
igreja, entre todos os lugares. E em duas pessoas ao mesmo
tempo.
Eles finalmente esgotaram suas suplicas de desculpas, mas
Lissa não tinha terminado.
“Isso é o melhor que vocês podem fazer?” ela surtou.
O olhar deles escondido por medo, os dois com medo que eles
tivessem irritado ela.
“Liss,” eu disse rapidamente, tocando o braço dela. “Está
tudo bem, eu, uh, aceito as desculpas
deles.”
O rosto dela ainda radiava desaprovação, mas ela finalmente
acenou. Os caras caíram de
alivio.
Eca. Eu nunca fiquei mais aliviada de ver uma missa começar.
Através do nosso laço, eu senti
uma certa satisfação negra vindo de Lissa. Não era natural
para ela, e eu não gostei.
Precisando me distrair do seu comportamento problemático, eu
observei outras pessoas tanto
quanto eu costumava fazer. Ali perto, Christian observava
Lissa abertamente, um olhar
perturbado em seu rosto. Quando ele me viu, ele fez uma
careta e se virou pra longe.
Dimitri estava sentado mais atrás como sempre, pela primeira
vez não avaliando todos os
cantos em busca de perigo. A sua atenção estava em ali
dentro, sua expressão quase doida. Eu
ainda não sei porque ele veio para a igreja. Ele sempre
parecia estar lutando contra algo.
Na frente o padre estava falando sobre o Santo Vladimir de
novo.
“O espírito dele era forte, e ele tinha um dom genuinamente
vindo de Deus. Quando ele
tocava eles, os aleijados andavam, e os cegos podiam ver.
Onde ele andava, flores floresciam.”
Cara, os Moroi precisavam arranjar mais santos –
Curando aleijados e cegos?
Eu esqueci tudo sobre o Santo Vladimir. Mason tinha
mencionado que Vladimir trazia as
pessoas de volta a vida, e isso tinha me lembrado da Lissa
naquele tempo. Então outras coisas
me distraíram. E eu não pensei mais sobre o santo ou seu
guardião “Shadow-Kissed”* - ou sua
ligação – em algum tempo. Como eu podia ter ignorado isso?
Sra. Karp, eu percebi, não era a
única Moroi que podia curar como Lissa. Vladimir podia
também.
*Pra não estragar a leitura com uma tradução idiota
Shadow-Kissed vai permanecer igual ao
original, sem ser traduzido.
“E todo o tempo, as massas se reunião ao lado dele, amando
ele, ansiosos pra seguir seus
ensinamentos e ouvi-lo pregar a palavra de Deus...”
Me virando, eu encarei Lissa. Ela me olhei perplexa. “O
que?”
Eu não tive a chance de elaborar –eu nem sei se eu poderia
formar palavras – porque eu
estava de volta a minha prisão quase tão logo a missa havia
terminado.
De volta ao meu quarto, eu entrei online para pesquisar
sobre o Santo. Vladimir mas acabou
sendo inútil. Merda. Mason tinha lido todos os livros da
biblioteca e havia dito que tinha pouco
lá. O que me restava?Eu não tinha outro jeito de saber mais
sobre aquele santo velho e
empoeirado.
Ou eu tinha? O que Christian tinha dito no primeiro dia com
Lissa?
Lá nós temos uma caixa velha cheia de antigos escritos do
abençoado e louco Santo Vladimir.
O armazém sobre a capela. Tinha escritos. Christian os tinha
apontado. Eu precisava olhar eles,
mas como? Eu não podia pedir para o padre.Como ele iria
reagir se ele soubesse que
estudantes estavam indo até lá?Iria colocar um fim no
esconderijo de Christian. Mas talvez,
talvez o próprio Christian pudesse ajudar.
No entanto era domingo, e eu não o veria até amanhã a tarde.
Mesmo assim, eu não sabia se
teria a chance de falar com ele sozinha.
Enquanto me dirigia ao treino,eu parei na cozinha esperando
pegar uma barra de cereais.
Enquanto eu esperava, eu passei por alguns caras novatos,
Miles e Anthony. Miles assoviou
quanto ele me viu.
“Como tem estado, Rose?Você está se sentindo sozinha?Quer
companhia?”
Anthony riu. “Eu não posso morder você, mas eu posso dar a
você outra coisa que você quer.”
Eu tinha que passar pela porta onde eles estavam pra chegar
lá fora. Eu consegui os empurrar
pra passar, mas Miles me pegou pela cintura, sua mão
escorrendo para a minha bunda.
“Tire as suas mãos da minha bunda antes que eu quebre a sua
cara,” eu disse a ele, me
afastando. Fazendo isso eu apenas dei um encontrei em
Anthony.
“Vamos,” Anthony disse, “Eu pensei que você não tinha
problemas em pegar dois caras ao
mesmo tempo.”
Uma voz nova falou. “Se vocês não se afastarem agora, eu
quebro vocês dois.” Mason. Meu
herói.
‘Você é tão cheio de si, Ashford,” disse Miles. Ele era o
maior dos dois e me deixou pra se
acertar com o Mason. Anthony se afastou de mim, mais
interessado em saber se haveria ou
não uma luta. Tinha tanta testosterona no ar, que eu senti
como se eu precisasse de uma
mascara de gás.
“Você está fazendo com ela também?” Miles perguntou a Mason.
“Você não quer dividir?”
“Diga mais alguma palavra sobre ela, e eu vou arrancar sua
cabeça.”
“Porque? Ela só é uma barata meretriz –“
Mason socou ele. Não arrancou a cabeça de Mason ou fez nada
quebrar ou sangrar, mas
pareceu doer.Seus olhos se alargaram em direção a Mason e
ele riu. O som das portas abrindo
no hall fez com que todos congelassem. Novatos entravam em
muitos problemas por brigar.
“Provavelmente alguns guardiões vindo.” Mason disse.”Você
quer que eles saibam que estava
batendo em uma garota?”
Miles e Anthony trocaram olhares. “Vamos,” Anthony disse,
“Vamos embora. Nós não temos
tempo pra isso.”
Miles o seguiu relutante. “Eu vou encontrar você depois,
Ashford.”
Quanto eles foram embora, em me virei pro Mason. “Bateu numa
garota?”
“De nada,” ele disse secamente.
“Eu não precisava da sua ajuda.”
“Claro. Você estava ótima sozinha.”
“Eles me pegaram com a guarda baixa, só isso. Eu poderia
lidar com eles eventualmente.”
“Olha,não desconte a sua raiva deles em mim.”
“Eu só não gosto de ser tratada como... uma garota.”
“Você é uma garota. E eu estava só tentando ajudar.”
“Bom... obrigado. Desculpe por descontar em você.”
Nós conversamos um pouco, e eu consegui fazer com que ele me
contasse mais algumas
fofocas da escola. Ele tinha notado o status crescente de
Lissa mas não achou estranho.
Enquanto eu falava com ele, eu notei o olhar de adoração
dele enquanto ele estava ao meu
redor no rosto dele. Me fez ficar triste o fato de que eu
não sentia o mesmo por ele. Me senti
culpada, até.
O quão difícil seria, eu perguntava, sair com ele? Ele era
legal, engraçado, e razoavelmente
bonito. Nós nos dávamos bem. Porque eu fui pega por tantas
confusões com outros caras
quando eu tinha o cara perfeitamente doce que me queria?
Porque eu não podia
simplesmente retribuir os sentimentos dele?
A resposta veio até mim antes que eu terminasse de me fazer
a pergunta. Eu não podia ser a
namorada do Mason porque quando eu imaginava alguém me
segurando e sussurrando coisas
sujas no meu ouvindo, ele tinha um sotaque russo.
Mason continuou a olhar maravilhado, sem saber o que se
passava na minha mente. E vendo
aquela adoração, eu de repente me dei conta de como eu
poderia usá-la ao meu favor.
Me sentindo um pouco culpada, eu mudei o rumo da conversa a
um estilo de flerte e observei
os olhos de Mason brilharem mais.
Eu me inclinei pra perto dele na parede para que nossos
braços se tocassem e dei a ele um
sorriso preguiçoso. “Você sabe, eu ainda não aprovo o seu
ato heróico, mas você os assustou.
Isso quase valeu a pena.”
“Mas você não aprova?”
Eu toquei meus dedos no braço dele. “Não. Eu quero dizer, é
sexy a principio mas não é
pratico”
Ele riu. “Diabos que não é.” Ele pegou a minha mão e me deu
um olhar de conhecimento. “As
vezes você precisa ser salva. Eu acho que você gosta de ser
salva as vezes mas simplesmente
não admite.”
“E eu acho que você se excita em salvar as pessoas e não
admite.”
“Eu não acho que você saiba o que me excita.Salvar donzelas
como você é só uma coisa
honrada de se fazer.” Ele declarou.
Eu reprimi a vontade de bater nele pelo uso da ‘donzela’.
‘Então prove. Me faça um favor só
porque é o certo a se fazer.’
“Claro,” ele disse imediatamente. “Manda.”
“Eu preciso que você mande uma mensagem pra Christian
Ozera.”
Sua vontade vacilou. “O que diabos -? Você não está falando
sério.”
“Sim. Completamente.”
‘Rose... eu não posso falar com ele. Você sabe disso.”
“Eu pensei que você tinha dito que ia ajudar. Eu achei que
você disse que ajudar “donzelas”
era uma coisa honrada a se fazer.’
“Eu não vejo nenhuma honra envolvida aqui.” Eu dei a ele o
olhar mais suplico que eu
consegui. Ele caiu. “O que você quer que eu diga a ele?”
“Diga a ele que eu preciso dos livros do Santo Vladimir. Os
que estão no deposito. Ele precisa
me dar eles logo. Diga a ele que é por Lissa. E diga a
ele... diga a ele que eu menti pra ele
aquela noite na recepção.” Eu hesitei. “Diga a ele que eu
sinto muito.”
“Isso não faz sentido.”
“Tem sim. Só faça isso. Por favor?” Eu dei meu sorriso lindo
de novo.
Com garantias de que ele veria o que ele podia fazer, ele
partiu para o almoço e eu fui para
prática.
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